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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Renúncia de Strauss-Kahn abre debate sobre quem deve dirigir o FMI

 

O GloboAgências internacionais
 
 
Alguns dos candidatos a sucessão de Dominique Strauss-Kahn no FMI - AFP

$%=%$ BRUXELAS e NOVA YORK - A renúncia de Dominique Strauss-Kahn do cargo de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao mesmo tempo em que dá mais transparência para a organização que vem sofrendo com as acusações de abuso sexual contra seu chefe, também desencadeia uma disputa imediata sobre quem deve liderar a poderosa instituição e o que isso significará para a economia global. Tanto o bloco europeu como os países emergentes já começaram a apresentar seus candidatos.
Por enquanto, a direção do FMI está sendo ocupada em caráter interino pelo americano John Lipsky, o número dois da instituição, que deve deixar o posto em agosto. O chefe do organismo é escolhido pelos 24 membros do conselho executivo, no qual os maiores contribuintes - como EUA, Japão e China - têm uma maior porcentagem de voto. São os próprios países que apresentam seus candidatos.

A União Europeia defende que o próximo número um do FMI continue sendo europeu. A chanceler Angela Merkel disse nesta quinta-feira que vai apoiar um "candidato europeu" para substituir Strauss-Kahn e ressaltou que é preciso uma "solução rápida" para acabar com os problemas que afligem a zona do euro. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, também pediu que o sucessor seja um europeu.

A ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, se sobressai até o momento como a candidata europeia. Lagarde, de 55 anos, reúne qualidades como uma impecável gestão da crise na França, uma agenda destacada como atual presidente do G-20, um inglês fluente, e sua condição de mulher, numa instituição tradicionalmente dirigida por homens. A política também tem uma relação estreita com Merkel. Contra ela, pesa uma investigação sobre um escândalo empresarial francês pouco conhecido e o fato de quatro dos 11 últimos chefes do FMI desde 1946 terem sido franceses.

Segundo especialistas, o principal adversário de Christine Lagarde seria Kemal Dervis, ex-ministro das Finanças da Turquia. Dervis tem uma carreira de sucesso de 24 anos no Banco Mundial e resgatou a economia do país após a crise financeira em 2001.
Outro candidato seria Gordon Brown. Ex-ministro das Finanças do Reino Unido, Brown é um dos poucos líderes europeus que atuou num nível relativamente profundo durante a crise financeira. Ele possui uma vasta experiência em negociações internacionais e um perfil altamente respeitado em ambos os lados do Atlântico. O problema para Brown é que seu sucessor, David Cameron, já descartou sua candidatura.

Na Alemanha, Axel Weber, ex-presidente do Banco Central do País (Bundesbank), também aparece como possível sucessor. Ele foi membro do conselho do Banco Central Europeu e era visto como provável sucessor de Jean-Claude Trichet na presidência do organismo até sair da disputa em fevereiro.
Na lista de candidatos, ainda aparece o presidente do Banco do Canadá, Mark Carney, de 46 anos. Especialistas sugerem que o canadense, que trabalhou durante 13 anos no Goldman Sachs, seria um líder neutro para conciliar interesses regionais.

Representante de país emergente também é cotado

A sucessão ainda pode levar a uma disputa entre Europa, que mantém o mais alto posto do FMI desde sua criação após a Segunda Guerra Mundial, e países emergentes. A Índia, como a quinta economia do mundo, já tem possíveis candidatos. Um deles é Montek Singh Ahluwalia, vice-presidente da comissão de planificação e ex-chefe do FMI na comissão de avaliação independente. Ahluwalia, de 67 anos, é um influente assessor econômico do primeiro-ministro da Índia e foi figura chave nas reformas econômicas do país em meados dos anos 80.
Outro possível nome é o banqueiro Shri S Sridhar. Ele tem um papel muito relevante dentro do setor privado do Banco Central da Índia e influência nas expansões econômicas agressivas na Ásia.
O Ministério das Relações Exteriores da China fez sentir seu peso na terça-feira, recusando-se a comentar sobre Strauss-Kahn, mas dizendo que o processo seletivo para os líderes do FMI deveria se basear em "justiça, transparência e mérito". O economista chinês Zhu Min há tempos é candidato do país ao cargo. Ex-presidente do Banco da China, ele atualmente atua como conselheiro especial do diretor-gerente. Apesar de seu respeitado por sua atuação na crise, Zhu não teria apoio de europeus e americanos já que a China não é uma economia de mercado.

No Brasil, uma autoridade do governo Dilma disse, sob anonimato, que o próximo chefe do FMI deve ser de um país emergente, mas ressaltou que o Planalto não pretende pressionar ativamente a questão. O nome do ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, apareceu como possível candidato, mas o economista negou que vá disputar a vaga.
No rol de candidatos latino-americanos, está ainda o presidente do Banco do México, Agustin Carstens, de 52 anos, além de Pedro Pablo Kuczynski e Paco Gil.
A África do Sul também conseguiu um papel destacado nos últimos anos na cena econômica. Seu candidato é Trevor Manuel, de 55 anos, muito respeitado nos círculos financeiros globais, após ser ministro das Finanças entre 1996 e 2009. Nascido na Cidade do Cabo durante o regime do apartheid, Manuel foi fundado da Frente Democrática Unida e preso por suas atividades políticas no fim da década de 80.

Fecham a lista o ministro das Finanças de Cingapura e chefe da comissão financeira do FMI, Tharman Shanmugaratnam, e o ex-ministro da Coreia do Sul Il Sakong, que ganhou destaque internacional por sua atuação no comitê presidencial da última cúpula do G-20 em Seoul.

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