Total de visualizações de página

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Balança comercial: Brasil importa mais do que exporta na relação com os EUA desde 2009

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


No somatório da série histórica desde 1997, Brasil registra déficit comercial de US$ 48,2 bilhões. Desde a posse, Trump tem ameaçado subir tarifas na relação comercial com vários países.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

Postado em 06 de Fevereiro de 2.025 às 06h00m

#.* Post. - Nº.\  11.497*.#

Porto de Paranaguá, local de escoamento das exportações brasileiras e de entrada de importações — Foto: Caminhos do Campo/RPC
Porto de Paranaguá, local de escoamento das exportações brasileiras e de entrada de importações — Foto: Caminhos do Campo/RPC

O relacionamento comercial do Brasil com os Estados Unidos é marcado por predominância da economia norte-americana, segundo números da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A compilação de dados, que tem início em 1997, mostra um saldo superavitário (mais exportações do que importações) de US$ 48,21 bilhões em favor dos EUA. Foram considerados 28 anos de comércio exterior.

Os números oficiais revelam, também, que o Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os Estados Unidos desde 2009, ou seja, nos últimos 16 anos. Nesse período, as vendas americanas ao Brasil superaram suas importações em US$ 88,61 bilhões.

💰 Um déficit comercial, neste caso, significa que o Brasil importou mais produtos americanos do que exportou para os Estados Unidos. O que, para a economia brasileira, representa um cenário desfavorável.

No ano passado, os números manifestam equilíbrio na relação comercial com os Estados Unidos. Foram exportados US$ 40,33 bilhões em produtos, e importados US$ 40,58 bilhões, resultando em um déficit comercial de US$ 253 milhões para o Brasil.

Balança comercial do Brasil com os Estados Unidos
Exportações menos importações em US$ bilhões


Fonte: Ministério do Desenvolvimento

EUA x mundo

Em termos proporcionais, entretanto, a quantidade de produtos importados do Brasil pelos EUA é bem pequena em comparação com outros parceiros comerciais da maior economia do mundo.

Os últimos dados do Departamento de Comércio norte-americano indicam que o volume de importações do Brasil pelos EUA somou US$ 38,5 bilhões (aproximadamente R$ 225,9 bilhões) no ano passado até novembro. Esse valor representa apenas 1,3% do total de importações do país.

Apesar da relação comercial pequena na comparação com outros blocos e países, os números sobre investimentos (veja mais abaixo nessa reportagem) indicam que os Estados Unidos precisam do Brasil.

No entanto, como os norte-americanos são os maiores importadores e os segundos maiores vendedores do mundo, a dependência brasileira é muito maior.

A guerra das tarifas: Trump mostra que vai usar táticas de intimidação até contra aliados

Donald Trump ameaça países

O presidente Donald Trump, que iniciou nova administração em janeiro, tem demonstrado motivações variadas para impor tarifas, muitas delas visando negociações mais vantajosas para os EUA ou garantindo que outros países se mantenham leais aos norte-americanos. Também tem citado questões de segurança.

As sobretaxas são aplicadas por meio do aumento do imposto de importação, que encarece as compras das nações alvejadas.

Analistas avaliam, porém, que essa essa tática pode ser um tiro que sai pela culatra, pressionando a inflação norte-americana.

Nos últimos dias, Trump anunciou aumento das tarifas em 25% sobre produtos canadenses e mexicanos, citando questões de segurança, como tráfico de drogas. Após conversas com os presidentes das nações, que se comprometeram a aumentar o patrulhamento nas fronteiras, ele recuou temporariamente, por um mês.

No caso da China, o presidente norte-americano vinha ameaçando impor tarifa de 60% durante a campanha presidencial, mas decidiu por uma sobretaxa menor, de 10%.

Ele verbalizou questões de segurança, relacionadas com o fentanil, droga que se propagou nos EUA na última década causando milhares de mortes.

Espero que a China pare de nos enviar fentanil e, se não o fizerem, as tarifas vão subir substancialmente, disse Trump nesta semana.

De um total de US$ 3 trilhões importados até novembro de 2024, esses três países (México, Canadá e China) representam mais de 40% das compras dos EUA.

Em contrapartida, o Ministério das Finanças da China informou que vai impor taxas de 15% para carvão e Gás Natural Liquefeito (GNL) dos EUA e 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis. As novas tarifas sobre as exportações dos EUA começarão em 10 de fevereiro, segundo o ministério.

A China avaliou que o fentanil é problema dos EUA e informou que desafiaria as tarifas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e tomaria outras contramedidas, mas também deixou a porta aberta para negociações.

No domingo (2), Trump já sinalizou que seu próximo alvo será a União Europeia, de onde importaram mais US$ 555 bilhões no mesmo período. Ele considerou o déficit comercial com a União Europeia uma atrocidade. Os americanos compram mesmo mais do que vendem para os europeus, um déficit na casa de US$ 50 bilhões por ano.

O chefe de comércio do bloco europeu, Maros Sefcovic, disse que a comunidade europeia está pronta para "ouvir e negociar em nosso interesse mútuo". "Dito isso, a União Europeia vai responder com firmeza a qualquer parceiro comercial que imponha tarifas injustas ou arbitrárias, acrescentou.

Miriam Leitão: Trump recua preocupado com a inflação nos EUA

Ameaças ao Brasil

O novo presidente dos Estados Unidos já iniciou ameaças ao Brasil, e aos demais países dos Brics (bloco econômico que reúne, também, China, Índia, Rússia e África do Sul), mas ainda não anunciou aumento de tarifas diretamente à economia brasileira.

Sobre o Brasil, Trump declarou., em janeiro, que o país, assim como a América Latina, precisam "mais dos EUA do que os EUA precisam deles". E que os Estados Unidos não precisariam do Brasil e da América Latina.

"A relação [dos EUA com Brasil e América Latina] é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós", disse Trump ao ser perguntado se iria falar com o presidente Lula e como seria a relação com o Brasil e com a América Latina.

A ministra interina das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, declarou que a diplomacia brasileira trabalhará para encontrar convergências na relação com o novo presidente dos EUA.

O presidente Trump pode falar o que ele quiser. Ele é presidente eleito dos Estados Unidos. Nós vamos analisar cada passo das decisões que forem tomadas pelo novo governo. Mas acredito que, como somos um povo que tem fé na vida, que tudo vai dar certo sempre. Vamos procurar trabalhar as nossas convergências, que são muitas, declarou ela, em janeiro.

Lula diz que haverá reciprocidade se Trump aumentar as taxas sobre produtos brasileiros

Antes mesmo de assumir oficialmente o cargo, em novembro do ano passado, ele também exigiu que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar outra moeda que substitua o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%.

"Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics, nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana", escreveu Trump em sua rede social, em novembro de 2024.

No fim do mês passado, o presidente Lula afirmou que se os Estados Unidos taxarem o Brasil, vai haver "reciprocidade". "Se ele [Trump] taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil em taxar os produtos que são importados dos EUA", afirmou, na ocasião.

E, nesta quarta-feira (5), o presidente brasileiro afirmou que há políticos que vivem de "bravatas" e voltou a defender o debate dos países do Brics a respeito da substituição do dólar como moeda para transações entre países do bloco, entre os quais Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul.

"Temos direito de discutir forma de comercialização que a gente não dependa só do dólar. Importante que a gente não tenha preocupação com as bravatas do Trump", disse Lula, nesta quarta-feira (5).

Lula diz que haverá reciprocidade se Trump aumentar as taxas sobre produtos brasileiros

Empresas norte-americanas e investimentos

Quando se considera o investimento realizado no Brasil por outros países, os Estados Unidos lideram, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central no final do ano passado com dados relativos ao ano de 2023.

A liderança dos EUA ocorre tanto no conceito de "investidor imediato" (domicílio da empresa não residente que investiu diretamente na subsidiária ou filial) quanto no de "controlador final" (residência do investidor que detém o efetivo controle e interesse econômico na empresa investida no Brasil).

Os dados referem-se à participação no capital, que considera as entradas de recursos em moeda ou bens relativos à aquisição, subscrição ou aumento total ou parcial do capital social de empresas residentes.

Investimentos diretos de empresas estrangeiras no Brasil em 2023 — Foto: Reprodução de estudo do Banco Central
Investimentos diretos de empresas estrangeiras no Brasil em 2023 — Foto: Reprodução de estudo do Banco Central

Dados do Banco Central citados pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) mostram o crescimento do número de empresas norte-americanas no Brasil, e também da participação dessas empresas no país.

Crescimento do número de empresas dos EUA e investimentos no país — Foto: Reprodução de estudo da Amcham (com base em dados do BC)
Crescimento do número de empresas dos EUA e investimentos no país — Foto: Reprodução de estudo da Amcham (com base em dados do BC)

A Amcham também detalhou setores ligados a investimentos recentes no país, assim como informações sobre marcas norte-americanas e patentes no país. Os dados são do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Investimentos, patentes e marcas dos EUA no Brasil — Foto: Amcham e INPI
Investimentos, patentes e marcas dos EUA no Brasil — Foto: Amcham e INPI

De acordo com análise de Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil, os Estados Unidos e o Brasil têm uma relação econômica que gera benefícios para ambas as economias, que se caracteriza pelo alto valor agregado das trocas, complementariedade e diversificação no comércio bilateral.

"Os Estados Unidos são, para o Brasil, o principal mercado de exportação de bens industriais e de serviços. E os Estados Unidos são também o principal investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de mais de US$ 350 bilhões e quase quatro mil empresas americanas operando no país", destaca Abrão Neto, da Amcham Brasil, em janeiro.

Para o CEO da Amcham Brasil, um bom exemplo da ligação comercial entre os países é o setor aeronáutico, no qual o Brasil exporta e importa bilhões de dólares em partes e peças de naves e aeronaves acabadas. "Então essa integração mostra uma interdependência e uma complementariedade no comércio entre os dois países", concluiu.

---++-====-------------------------------------------------   ----------------------=======;;==========----------------------------------------------------------------------  -----------====-++----

Nenhum comentário:

Postar um comentário