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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

As empresas no Brasil que podem ser prejudicadas — ou beneficiadas — pelas tarifas de Trump, segundo relatório

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Um dos setores mais tradicionais na economia e no comércio exterior brasileiro, a indústria de aço e alumínio enfrenta um futuro incerto.
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TOPO
Por BBC

Postado em 12 de Fevereiro de 2.025 às 12h05m

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Gerdau possui siderúrgicas nos EUA e deve ser menos afetada por tarifas de Trump — Foto: Getty Images via BBC
Gerdau possui siderúrgicas nos EUA e deve ser menos afetada por tarifas de Trump — Foto: Getty Images via BBC

Um dos setores mais tradicionais na economia e no comércio exterior brasileiro, a indústria de aço e alumínio enfrenta um futuro incerto desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifa de 25% sobre os produtos brasileiros deste mercado.

As tarifas impostas pelos EUA, um dos mais importantes destinos das exportações brasileiras de aço e alumínio, devem entrar em vigor em 12 de março.

De acordo com um relatório do Itaú BBA publicado na segunda-feira (10/02), produtoras nacionais sem capital aberto — responsáveis por mais de 80% das exportações, no caso do aço — e que têm boa parte de seus negócios voltado para a exportação podem ser prejudicadas nesse novo cenário.

É o caso das operações brasileiras das multinacionais ArcelorMittal e Ternium, que produzem aço — ambas citadas no relatório como exemplos de empresas que "provavelmente" seriam as "mais impactadas negativamente".

Já siderúrgicas brasileiras de capital aberto como Gerdau, Usiminas e CSN provavelmente não seriam tão prejudicadas, pois as exportações não são tão significativas para seus negócios, segundo explicou à BBC News Brasil Daniel Sasson, analista do Itaú BBA para o setor de mineração e siderurgia.

A Gerdau, inclusive, pode até se beneficiar do novo cenário, por ter parte significativa da sua produção nos próprios EUA — apesar de ter sido fundada no Brasil, no Rio Grande do Sul.

Segundo Sasson, o relatório focou mais no aço por este ser um mercado maior do que o alumínio. Mas ele cita que outra gigante deste segmento com capital aberto, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), tampouco deve ser fortemente afetada pelas tarifas americanas por não ter as exportações para os EUA como tão centrais para seu negócio.

Entretanto, o analista alerta que "ainda é cedo" para fazer uma análise de eventuais impactos.

"O aumento das tarifas não foi efetivado ainda, vai ser no começo de março. Então, muita água vai rolar até lá, negociações podem ser feitas", diz Sasson.

"Até porque se de repente as empresas conseguirem redirecionar volumes para outros lugares, não precisariam necessariamente reduzir a produção e mandar gente embora."



Tarifas de Trump sobre aço e alumínio tentam revitalizar indústria americana que perdeu projeção global

'Beneficiada': Gerdau

Diferente de outras empresas brasileiras, a Gerdau, na verdade, poderia se beneficiar do aumento das tarifas — já que ela tem produção nos EUA, de cerca de 3,8 milhões de toneladas por ano, segundo o relatório do Itaú BBA.

"Uma das potenciais implicações dessa medida de Trump é o aumento de preço de aço no mercado americano. E a Gerdau, sendo produtora americana, se beneficiaria desse movimento", aponta Sasson.
'Prejudicadas': ArcelorMittal e Ternium

A ArcelorMittal produz e vende "muito aço" no Brasil, explica o analista.

Mas, em 2023, ela comprou a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) — e essa operação pode ficar mais vulnerável agora.

"[Ela] tem uma capacidade de produção de mais ou menos 3 milhões de toneladas de placas [de aço] por ano, e boa parte desse volume vai para os Estados Unidos. Uma parte das operações da Arcelor no Brasil, especificamente referentes a esta planta, é que fica mais sob risco."

Já a Ternium comprou, em 2017, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), com capacidade de produção de 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano — boa parte da qual vai para os EUA.



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Outros impactos

As tarifas de Trump não afetam apenas as empresas do setor de aço e alumínio.

Segundo a Câmara Americana de Comércio do Brasil (Amcham), que possui mais de 3,5 mil empresas associadas, com as tarifas, há o risco de redução das importações brasileiras de produtos americanos.

Em 2024, as empresas brasileiras importaram US$ 1,4 bilhão em carvão siderúrgico americano, utilizado para a produção do aço no Brasil.

"A indústria siderúrgica brasileira possui significativo grau de integração com os EUA", diz nota da Amcham divulgada na terça-feira (11/2).

"Além disso, o aço brasileiro é um insumo estratégico para a indústria americana. O Brasil, por sua vez, importa um volume relevante de bens fabricados com aço nos EUA, incluindo máquinas e equipamentos, peças para aeronaves, motores automotivos e outros bens da indústria de transformação."

Um dos argumentos de Trump para impor tarifas foi de que a balança comercial americana tem déficit — ou seja, que os americanos compram mais do que vendem aos demais países, gerando prejuízo para o lado americano.

Mas a Câmara Americana de Comércio no Brasil ressaltou que os EUA têm saldo positivo em sua relação com o Brasil.

"A Amcham Brasil espera que os governos do Brasil e dos EUA busquem uma solução negociada para preservar o comércio bilateral, que tem registrado recordes nos últimos anos, com ganhos para ambas as economias e expressivo superávit para o lado americano", diz a entidade.

Os Estados Unidos registraram superávit de US$ 7,3 bilhões com o Brasil em 2024, um aumento de 31,9% em relação a 2023. Esse valor representa o sétimo maior saldo dos Estados Unidos com um parceiro individual em 2024, segundo a Amchan.

Brasil importa bens fabricados com aço nos EUA, incluindo peças para aeronaves — Foto: Getty Images via BBC
Brasil importa bens fabricados com aço nos EUA, incluindo peças para aeronaves — Foto: Getty Images via BBC

Indústria brasileira preocupada

O governo brasileiro ainda não decidiu se vai responder às tarifas anunciadas por Trump. Outros países já anunciaram retaliação.

"A avaliação é de que medidas unilaterais desse tipo são contraproducentes para a melhoria da economia global. A economia global perde com isso, né?", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

"O MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio) está fazendo essa avaliação para levar ao presidente o quadro geral, e nós vamos avaliar conjuntamente."

O próprio Brasil também pratica protecionismo no setor do aço. Em outubro, após mais de um ano de análise, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou para 25% o imposto de importação para 11 tipos de produtos de ferro e de aço. Antes disso, esses produtos pagavam de 10,8% a 14% para entrarem no país.

O pedido foi feito pelo Sindicato Nacional da Indústria de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos (Sicetel), que acusava "concorrência desleal dos produtos importados".



Haddad diz que governo vai aguardar decisão oficial dos EUA sobre taxação do aço e do alumínio

Na terça-feira, os setores de aço e alumínio se posicionaram sobre as medidas de Trump.

A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) manifesta preocupação com os impactos da nova medida.

"Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado", afirma a Abal.

"Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa."

A participação do Brasil no total de importações americanas de alumínio é pequena — menos de 1%. Mas do lado brasileiro, os EUA são importantes: representam 16,8% das exportações brasileiras de alumínio.

Os EUA representam US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024.

A entidade também ressalta outro problema. O alumínio de outros países que também perderão acesso ao mercado americano buscará novos destinos, incluindo o Brasil, "podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais", segundo a Abal.

O Instituto Aço Brasil — que representa as siderúrgicas nacionais — manifestou "surpresa" com as tarifas de Trump.

O instituto afirmou que o Brasil já cumpria cotas de exportação aos EUA — algo que foi negociado pelos dois países. A nota ressalta que o Brasil não ultrapassou em momento algum as cotas negociadas. Industriais americanos que apoiam as tarifas acusaram o México de descumprir essas cotas, exportando volumes acima do negociado.

A entidade brasileira destacou que os EUA dependem de aço importado.

"Os EUA importaram, em 2024, 5,6 milhões de toneladas de placas por não dispor de oferta suficiente para a demanda do produto em seu mercado interno, das quais 3,4 milhões de toneladas vieram do Brasil."

Em sua nota, o Instituto Aço Brasil defendeu o protecionismo praticado pelo Brasil.

"Cabe ressaltar que o mercado brasileiro também vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China", afirma a nota.

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    Gastos militares explodem e chegam a US$ 2,46 trilhões no mundo

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    Estudo do respeitado Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) revela aumento de 7.4% nos investimentos em defesa em 2024 e alerta para fragilidades da Ucrânia na guerra contra a Rússia
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    www.cnnbrasil.com.br/
    12/02/2025 às 09:36
    Postado em 12 de Fevereiro de 2.025 às 10h00m


    #.* Post. - Nº.\  11.504*.#

    Chefe do exército israelense diz que ataques aéreos no Líbano preparam caminho para possível ataque terrestre
    Chefe do exército israelense diz que ataques aéreos no Líbano preparam caminho para possível ataque terrestre • Exército de Israel

    Os gastos militares globais aumentaram 7,4% e chegaram a um recorde de US$ 2.46 trilhões (R$ 14.21 trilhões) em 2024.

    Os dados são do MIlitary Balance, um estudo anual feito pelo respeitado Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).

    Para se ter uma ideia da escala, esse investimento em defesa é bem maior do que o PIB do Brasil, estimado pelo IBGE em US$ 1.8 trilhão (dados de 2023).

    Segundo os autores do estudo, a explosão no investimento militar reflete a instabilidade política e diplomática vista em várias partes do mundo nos últimos anos.

    Todas as regiões aumentaram os gastos militares no ano passado, com exceção da África sub-saariana.

    Segundo o diretor-geral do IISS, Bastian Giegerich, a guerra na Ucrânia foi, mais uma vez, o fator que mais contribuiu para a elevação dos gastos militares.

    Os conflitos no Oriente Médio, no entanto, também tiveram um papel importante nesse cenário.

    Tanto a Rússia como os países da OTAN, a Aliança Militar Ocidental, aumentaram ainda mais os seus orçamentos para a área — em muitos casos encontrando formas pouco convencionais de transferir gastos anteriormente destinados a áreas civis e sociais para o setor.

    Na Europa, os gastos aumentaram 50% em termos nominais desde 2014, com destaque nos últimos tempos para os investimentos da Alemanha e da Polônia.

    A Alemanha aumentou seus gastos militares desde o início da guerra em impressionantes 23.2% e hoje detém o maior orçamento de defesa europeu na OTAN.

    A Polônia, preocupada com possíveis agressões da Rússia no futuro, passou a ter o 15º maior orçamento militar do mundo.


    Soldado polonês se posiciona na fronteira polaco-bielorrussa em Usnarz Gorny, Polônia • 30/08/2023 REUTERS/Kuba Stezycki

    Os dados do IISS mostram ainda que os gastos atuais com defesa da OTAN são de US$ 1,44 trilhão, com a Europa representando menos de um terço do total.

    Isso porque muitos países do bloco não chegaram ainda ao mínimo de investimentos determinados como ideais pela aliança, de 2% do PIB anualmente.

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inclusive, afirmou mais de uma vez que vai suspender a ajuda militar aos países da organização que não chegarem pelo menos a este investimento mínimo.

    O estudo revelou ainda que as evidências sugerem que a Ucrânia sofreu um esgotamento mais sério de seu pessoal (militar) do que a Rússia, com muitas unidades terrestres com força insuficiente no terreno.

    O instituto não apresentou dados detalhados dessas perdas ucranianas, alegando que Kiev não os divulga por tratá-los como informação sigilosa.

    Por outro lado, o instituto também afirma que a Rússia só teria condições de manter o seu atual esforço de guerra até 2026 devido às suas próprias perdas – que são enormes, com mais de 1.400 tanques perdidos em 2024, para ficar em apenas um exemplo, segundo o instituto.

    Por conta disso, os russos devem continuar buscando cada vez mais ajuda do Irã e da Coreia do Norte.

    Tópicos

    terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

    Como tarifas de Trump a aço e alumínio do Brasil e do mundo podem prejudicar economia americana

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    Aço e alumínio importados pelos EUA terão tarifa de 25% a partir de março. Brasil é segundo maior exportador.
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    TOPO
    Por BBC

    Postado em 11 de Fevereiro de 2.025 às 18h30m

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    Alumínio é um dos produtos alvo de tarifas sobre importações do governo Trump — Foto: Getty Images via BBC
    Alumínio é um dos produtos alvo de tarifas sobre importações do governo Trump — Foto: Getty Images via BBC

    "A nossa nação precisa que aço e alumínio sejam produzidos nos Estados Unidos, não em terras estrangeiras."

    A afirmação foi feita pelo presidente americano, Donald Trump, ao assinar na segunda-feira (10/2) ordens executivas que impõem tarifa de 25% sobre alumínio e aço a partir de 12 de março.

    A medida afeta diretamente o Brasil — que é o segundo maior fornecedor de aço aos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.

    A política tarifária de Trump é parte de suas promessas de campanha. Para "tornar a América grande novamente" — seu slogan eleitoral — Trump prometeu aumento de tarifas em diversos produtos importados, para privilegiar as empresas americanas contra a concorrência internacional.

    Em menos de um mês no poder, Trump impôs tarifas de 10% sobre todas as importações da China para os EUA. Tarifas contra Canadá e México também foram anunciadas — mas suspensas por um mês enquanto são negociadas.

    A guerra comercial travada por Trump tem por objetivo fortalecer as empresas americanas.

    Mas economistas e políticos debatem se sua política tarifária pode acabar prejudicando a economia americana — já que parte do aumento das tarifas é pago pelos consumidores.

    Trump assina ordem executiva com tarifas de 25% sobre aço e alumínio que entram nos EUA

    Inflação e desemprego

    Outra promessa de campanha de Trump foi recuperar a economia dos EUA — que enfrentou períodos de alta inflação no governo de seu antecessor, Joe Biden.

    Mas economistas acreditam que tarifas sobre produtos essenciais como aço e alumínio podem gerar ainda mais inflação — pois, em última instância, os consumidores americanos acabam forçados a pagar mais caro pelo aço e o alumínio, já que o custo da tarifa é repassado no preço aos compradores.

    A tarifa funciona como um imposto de importação, que incide sobre o produto e é pago em parte pelo consumidor americano.

    Ou seja: a promessa de campanha de Trump de mais protecionismo pode prejudicar sua outra promessa de campanha de consertar a economia americana.

    Mas o preço da tarifa será mesmo repassado ao consumidor, provocando maior inflação? Isso depende de como as empresas que compram aço nos EUA vão reagir.

    Se a empresa americana compradora de aço do exterior decidir absorver o custo da tarifa, ela lucrará menos. Nesse caso, a tarifa não é sentida pelos consumidores, mas pode ter efeitos em outros pontos da indústria. As empresas podem decidir cortar outros custos — ou até empregos — para conseguir absorver o custo da tarifa.

    Há ainda outro cenário: a empresa estrangeira que vende os produtos pode decidir reduzir seus preços pelo valor da tarifa para manter seus clientes nos EUA. Nesse caso, isso pode significar lucros menores para os negócios no exterior.

    De qualquer forma, uma coisa é clara: os EUA dependem do aço e alumínio de países como o Brasil, Canadá e México.

    Se as siderúrgicas americanas fossem capazes de produzir completamente o aço e alumínio consumido nos EUA, o impacto das tarifas ao consumidor poderia ser minimizado, já que os EUA simplesmente parariam de importar os produtos, substituindo-os por nacionais.

    Mas os EUA não têm essa capacidade. Um estudo do banco Morgan Stanley sugere que pode levar três ou mais anos para a indústria siderúrgica americana construir novas fábricas e expandir sua produção.

    Portanto quaisquer tarifas de importação neste momento provavelmente levarão a preços mais altos aos consumidores americanos.

    EUA não têm capacidade de produzir todo o aço consumido no país e dependem de importações — Foto: Getty Images via BBC
    EUA não têm capacidade de produzir todo o aço consumido no país e dependem de importações — Foto: Getty Images via BBC

    Os americanos são grandes importadores mundiais de aço, e compram do resto do mundo quase 25% do aço que consomem, segundo dados do Instituto Americano de Ferro e Aço. No caso do alumínio, a dependência do exterior é ainda maior.

    Aço e alumínio são usados em diversos produtos industriais, e também são essenciais para a construção civil.

    Duas entidades fizeram alertas sobre o impacto negativo das tarifas na economia americana.

    O Cato Institute, um think tank libertário baseado em Washington e financiado por grandes industriais, disse esta semana que "proteger a siderurgia americana pode ser uma jogada política boa, mas é uma receita para perdas significativas para a economia americana, especialmente para a indústria".

    O instituto cita alguns estudos que mostram que há impacto negativo, como o aumento de US$ 4,57 bilhões em custos para a economia e a perda de 75 mil empregos na indústria — como resultado de aço e alumínio importados mais caros por causa das tarifas.

    O Cato Institute também alerta que tarifas mais altas fazem com que os próprios produtores nacionais de aço e alumínio aumentem seus preços — aproveitando-se do fato de que poderão ter margens maiores de lucro diante dos importados mais caros.

    "Quando a administração Trump ameaçou impor tarifas generalizadas ao México e ao Canadá, que representavam cerca de 35 por cento de todas as importações de aço dos EUA em 2024, os produtores nacionais de aço responderam aumentando os seus preços", afirma o instituto.

    Outra entidade que critica a política de Trump é a Tax Foundation, um think tank baseado em Washington voltado para a política tributária americana.

    A Tax Foundation lembra que muitas tarifas contra importados foram criadas no primeiro governo Trump e mantidas por Biden. Para a fundação, o conjunto de tarifas reduzirão no longo prazo o PIB americano em 0,2%, com perda de 142 mil postos de emprego.

    "Evidências históricas e estudos recentes mostram que tarifas são impostos que aumentam os preços e reduzem as quantidades disponíveis de bens e serviços para empresas e consumidores dos EUA, o que resulta em menor renda, redução de empregos e menor produção econômica", diz a Tax Foundation.

    A Tax Foundation diz que tarifas impostas pelo governo de George W. Bush em 2002 ao aço importado provocaram o fechamento de 200 mil vagas nas indústrias que compram aço. Esse número de empregos, segundo a entidade, é maior do que todos os empregos do setor siderúrgico da época.

    Há estudos que dizem que as tarifas que Trump aplicou em sua primeira administração, além de afetar empresas estrangeiras, também prejudicaram as empresas locais e os próprios consumidores americanos.

    Famílias acabaram tendo que pagar preços mais altos. E a arrecadação de impostos resultante da imposição de tarifas foi muito baixa em comparação com o que o governo arrecada por meio de impostos individuais e corporativos.

    Um exemplo disso é o caso do imposto sobre máquinas de lavar estrangeiras que Trump aplicou em 2018 durante seu primeiro mandato.

    Um estudo realizado por três economistas concluiu que o preço das máquinas de lavar nos Estados Unidos subiu 12% como efeito direto dessa tarifa.



    Governo e indústria querem entender medidas de Trump antes de reagir

    Apoio a tarifas de Trump

    Mas há grupos que dizem o contrário: que tarifas podem beneficiar a economia americana.

    É o caso da Coalizão para uma América Próspera (CPA), uma organização sem fins lucrativos que representa setores da indústria americana, que elogiou Trump na segunda-feira.

    "A decisão do presidente Trump de implementar tarifas globais é um passo fundamental para restaurar a estabilidade da indústria americana, salvaguardando a produção doméstica e garantindo que esses setores críticos não sejam prejudicados por um aumento nas importações", disse Zach Mottl, diretor da CPA.

    "A única maneira de reconstruir a capacidade industrial doméstica é por meio de políticas comerciais fortes e executáveis, e essas tarifas são um grande passo na direção certa."

    A entidade acusa o México de "inundar o mercado americano" com aço e alumínio, violando um acordo de 2019 em que o país se comprometia a manter exportações para os EUA nos níveis de 2015 a 2017. Segundo a CPA, o México vinha ignorando o acordo, exportando mais de 400% acima do limite permitido para alguns produtos.

    "Esta decisão [de Trump] envia uma mensagem clara de que os dias de países estrangeiros explorando o mercado dos EUA às custas de produtores e trabalhadores americanos acabaram", disse Jon Toomey, presidente da CPA.

    "Nossos membros e os trabalhadores americanos que eles empregam já foram diretamente prejudicados pelo aumento das importações de aço e alumínio. O presidente Trump está colocando a indústria americana em primeiro lugar, e a CPA apoia firmemente esta ação."

    Retaliações

    Até o momento o Brasil ainda não respondeu como reagirá às tarifas anunciadas por Trump contra o aço e o alumínio importados. O Brasil é o segundo país que mais exportou aço para os EUA, atrás apenas do Canadá.

    Aço importado pelos EUA — Foto: BBC
    Aço importado pelos EUA — Foto: BBC

    O próprio Brasil também pratica protecionismo no setor do aço. Em outubro, após mais de um ano de análise, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou para 25% o imposto de importação para 11 tipos de produtos de ferro e de aço. Antes disso, esses produtos pagavam de 10,8% a 14% para entrarem no país.

    O pedido foi feito pelo Sindicato Nacional da Indústria de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos (Sicetel) que acusava "concorrência desleal dos produtos importados".

    Alguns países vêm reagindo com retaliações.

    A China reagiu a Trump com tarifas sobre carvão, gás natural, petróleo, máquinas agrícolas, caminhonetes e alguns carros de luxo.

    No caso do alumínio e aço, União Europeia e Canadá também prometeram reações.

    Mas, no Reino Unido, o governo do primeiro-ministro Keir Starmer não pretende retaliar imediatamente.

    Segundo o diretor do Instituto de Assuntos Econômicos do Reino Unido, Tom Clougherty, tarifas retaliatórias afetam negativamente consumidores locais — mais do que atingir o país alvo das medidas.

    "Tarifas são um imposto sobre consumidores domésticos. Com o custo de vida alto e o crescimento lento, elas são a última coisa de que o Reino Unido precisa agora", diz Clogherty.

    "Essa lógica não muda só porque outros países impõem tarifas sobre a importação de seus produtos. Tarifas retaliatórias simplesmente aumentam a dor. O governo deve prestar pouca atenção ao que outros países fazem em resposta ao protecionismo dos EUA."

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