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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Petróleo dispara 5% após Biden afirmar que discute ataques a instalações iranianas; entenda papel do Irã no mercado

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Preço do barril da commodity fechou acima de US$ 77. Irã tem uma das maiores refinarias de petróleo do mundo.
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Por Bruna Miato, g1

Postado em 03 de outubro de 2024 às 16h35m

#.* Post. - Nº.\  11.359 *.#

Domo de Ferro abate mísseis disparados pelo Irã em Ashkelon, em Israel, nesta terça-feira (1º). — Foto: Amir Cohen/Reuters
Domo de Ferro abate mísseis disparados pelo Irã em Ashkelon, em Israel, nesta terça-feira (1º). — Foto: Amir Cohen/Reuters

O preço do petróleo disparou mais de 5% nesta quinta-feira (3) e a cotação do barril superou os US$ 77, depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mencionou a possibilidade de Israel atacar refinarias de petróleo do Irã.

Nas últimas semanas, os bombardeios de Israel ao Líbano já deixaram quase 2 mil pessoas mortas, e na terça-feira o Irã lançou ataque contra os israelenses em resposta às recentes mortes de chefes do Hezbollah.

Biden foi questionado se apoiaria um ataque israelense às instalações petrolíferas iranianas em conversa com repórteres nesta quinta. "Estamos discutindo isso. Acho que seria um pouco...", respondeu.

Após a fala do presidente, o preço do barril de petróleo, que já estava em alta, passou a subir ainda mais. No dia, o petróleo tipo Brent avançou 5,18% e o barril fechou negociado a US$ 77,73.

Desde a última sexta-feira (27), a commodity já disparou cerca de 8%, com a intensificação dos conflitos. Entenda, abaixo, como a participação do Irã na guerra faz o preço da commodity subir.

O novo capítulo da guerra no Oriente Médio, com o Irã atacando Israel, fez com que uma preocupação para além da tragédia humanitária também tomasse conta do mundo: a produção e o preço do petróleo.

O petróleo subiu 3,85% após o Irã disparar centenas de mísseis contra o território israelense na terça-feira (1°). O preço continua avançando nesta quarta-feira (2), conforme seguem as ameaças de retaliação que chegam de Israel e dos Estados Unidos, seu maior aliado.

O Oriente Médio é uma das regiões mais importantes para a produção da commodity no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, o Irã era o sétimo maior produtor de petróleo no mundo em 2023, com uma produção de 3,9 milhões de barris por dia.

Com esse número, o país respondeu por quase 5% de toda a produção mundial, que foi de 82,8 milhões de barris por dia. (veja abaixo o comparativo)

Embora sozinho pareça não ter tanta relevância na produção mundial, o Irã tem um papel-chave como membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+). Esse é o cartel de petróleo mais importante do mundo, e é quem determina na prática os rumos do preço da commodity.

Entre os países membros e aliados da Opep+ estão Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Rússia, por exemplo.

Como membro da Opep+, o Irã pode influenciar e receber o apoio dos demais países do grupo caso a guerra escale ainda mais, explica Celso Grisi, professor especialista em macroeconomia da FIA Business School.

O cartel pode escolher reduzir sua produção diária de barris de petróleo para diminuir a oferta da commodity no mundo. Se a opção for pela redução, os preços do barril de petróleo no mercado internacional podem subir ainda mais.

O Irã também tem como trunfo uma das maiores reservas de petróleo do mundo, responsável por 10% de toda a disponibilidade global conhecida até aqui.

"O Irã tem um papel extremamente importante na produção de petróleo de todo o mundo e isso deriva naturalmente de uma reserva de petróleo muito grande com localização geográfica bastante estratégica", diz Grisi.

Cristian Pelizza, economista-chefe da Nippur, explica que o poder de barganha dos países do Oriente Médio vem do excedente de petróleo que produzem. Como são economias pequenas em relação aos gigantes como EUA e China, podem reduzir a produção sem medo de desabastecimento.

Economias desenvolvidas consomem muito petróleo, mesmo que também sejam grandes produtores. Assim, ainda dependem de importação para completar a demanda, em especial por combustíveis.

Outro ponto sensível é se forem aplicadas novas sanções econômicas aos países da região, como já aconteceu outras vezes. Os especialistas ouvidos pelo g1 concordam que isso poderia ser um fator de piora expressiva do preço do petróleo, por problemas de distribuição.

Tensão no Irã e economia brasileira

Estreito de Ormuz

Um aspecto final que faz do Irã uma região estratégica para o mercado de petróleo é sua localização. O Estreito de Ormuz, uma passagem que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico, é uma das principais rotas do petróleo do Oriente Médio para o resto do mundo.

Pelo Estreito de Ormuz passam cerca de 20 a 30 milhões de barris de petróleo todos os dias, comenta Roberto Ardenghy, presidente do IBP.

Em outras oportunidades, como nas tensões entre Israel e Irã ocorridas em abril, o país árabe ameaçou fechar o estreito, impedindo a circulação da commodity. As ameaças nunca se concretizaram, principalmente porque colocariam o Irã em uma posição vulnerável também com os países aliados da Opep+.

O que o Irã pode fazer — e já fez — é interceptar embarcações específicas de países inimigos. De todo modo, Ardenghy destaca que essa é "uma região crítica para o escoamento do produto e qualquer tipo de problema no acesso a ao estreito pode causar problema de abastecimento global".

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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Guerra se alastra por sete frentes diferentes no Oriente Médio

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Ataque massivo do Irã amplia ainda mais o conflito e levará a nova retaliação de Israel, muito provavelmente com o apoio dos Estados Unidos
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Por CNN-Internacional
02/10/2024 às 11:11
Postado em 02 de outubro de 2024 às 11h35m

#.* Post. - Nº.\  11.359 *.#

Projéteis sobrevoando Jerusalém.
Projéteis sobrevoando Jerusalém. • Reuters

O que era um temor passou a ser realidade: o sangrento conflito no Oriente Médio já é uma guerra regional com sete frentes diferentes de combate.

A última delas foi aberta de fato na terça-feira (1º) com os ataques do Irã, que lançou cerca de 200 mísseis balísticos e de cruzeiro contra o território de Israel.

A maior parte dos mísseis foi interceptada ainda no ar, com ajuda dos militares dos Estados Unidos, Reino Unido e outros países (inclusive árabes) que ajudaram mais uma vez a defender os israelenses.

Mas a intenção do governo iraniano era clara: causar o máximo de danos possíveis para vingar as mortes dos líderes do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do Hamas, Ismail Haniyeh – este último morto em julho em plena Teerã, a capital do Irã.

A resposta de Israel, com ataques contra o território e interesses iranianos, é inevitável.

O  primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que os líderes iranianos cometeram um grande erro e já confirmou que vai revidar.

Sete linhas de frente

Com o conflito aberto com o Irã, Israel passa agora a combater em sete linhas de frente – o chamado círculo de fogo, composto não apenas pela República Islâmica mas também por grupos e milícias financiadas e armadas por Teerã.

As outras seis frentes são dominadas por vários inimigos de Israel:

  • Hamas, na Faixa de Gaza
  • Hezbollah, no sul do Líbano
  • O governo e milícias na Síria
  • Rebeldes Houthis que controlam boa parte do Iêmen
  • Grupos paramilitares xiitas no Iraque
  • Militantes de vários grupos na Cisjordânia

O exército israelense está combatendo no terreno em três desses territórios: a Faixa de Gaza (área original da guerra, iniciada com os bárbaros ataques dos militantes do Hamas contra civis no sul de Israel, no dia 7 de outubro do ano passado); o sul do Líbano, invadido no início da semana; e a Cisjordânia, onde as Forças de Defesa de Israel vêm atacando vários grupos militantes nas últimas semanas.

Nos outros territórios, o envolvimento israelenses se dá através de bombardeios de sua força aérea.

Agora, os militares israelenses estão planejando a resposta ao Irã – a cabeça desse polvo com vários tentáculos militares.

Os alvos dos israelenses poderão ser instalações de petróleo do Irã ou até mesmo os locais onde o regime tenta enriquecer urânio para a fabricação de uma bomba nuclear.

É muito provável que os militares dos Estados Unidos não apenas apoiem o revide mas também ajudem os israelenses de alguma forma nos ataques –especialmente com logística e informações de inteligência.

A forma desse revide bem como a extensão da participação americana nele vão definir se o conflito vai se ampliar ainda mais, tendo impactos de fato globais ou não.

O que se sabe sobre o ataque do Irã contra Israel

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Mais Lidas de Internacional

Irã tem o maior arsenal de mísseis do Oriente Médio, diz instituto

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Nesta terça-feira (1º), o país disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção a Israel; a maior parte dos mísseis atingiu Tel Aviv. Indústria de defesa do Irã, apesar de obsoleta, é bem desenvolvida nessa área.
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Por Matheus Moreira, g1 — São Paulo

Postado em 02 de outubro de 2024 às 06h00m

#.* Post. - Nº.\  11.358 *.#




Irã lança mísseis contra Israel; veja imagens registradas por cidadãos e postadas em redes

O Irã tem o maior e mais diverso arsenal de mísseis do Oriente Médio, segundo o "Missile Threat", do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. Veja a lista do arsenal mais abaixo.

Nesta terça-feira (1º), o país disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção a Israel, segundo as Forças Armadas israelenses. Um deles é o Fattah, um míssil hipersônico com alcance de aproximadamente 1.400 quilômetros e que pode chegar a uma velocidade cinco vezes superior à do som, sendo assim um míssil mais difícil de interceptar.

O exército iraniano afirmou ter disparado um míssil Fattah e destruído um radar antimísseis de Israel.

O Irã confirmou o ataque, que é uma resposta à escalada nos conflitos entre Israel e o Hezbollah, grupo extremista que atua no Líbano e recebe financiamento iraniano. As mortes de lideranças terroristas culminaram na escalada de tensões entre Israel e o Hezbollah nas duas últimas semanas.

A maior parte dos mísseis atingiu Tel Aviv. Uma série de explosões foi registrada na cidade de 435 mil habitantes. A população se abrigou em bunkers e em abrigos por mais de uma hora, e o espaço aéreo chegou a ficar totalmente fechado, sendo reaberto após o ataque.

"Missile Threat" é um site que reúne informações e análises atualizadas sobre mísseis e sistemas de defesa internacional. É parte do projeto de Defesa de Mísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Um levantamento de 2022 feito por um órgão do governo dos EUA responsável por operações militares em outros países mostra que o Irã tem cerca de 3 mil mísseis de variados tipos.

Em termos gerais, a indústria de defesa do Irã, apesar de obsoleta, é bem desenvolvida na área de mísseis, segundo o relatório Balanço Militar 2024, feito pelo Instituto Internacional de Estudos de Segurança (IISS).

A indústria doméstica [do Irã] alcançou um alto grau de proficiência na produção de certos tipos de armamentos avançados, como mísseis balísticos e de cruzeiro, mísseis anti-tanque guiados, drones e mísseis superfície-ar, diz relatório do IISS.
Veja mísseis que fazem parte do arsenal do Irã:

Nome: Fattah-1
Alcance: Aproximadamente 1.400 km
Poder destrutivo: Míssil hipersônico com alta capacidade de manobra e de alta velocidade —cinco vezes superior à do som—, tornando-o difícil de interceptar.

Nome: Ra’ad (também conhecido como Hatf-VIII Ra’ad)
Alcance: Aproximadamente 350 km.
Poder destrutivo: Míssil de cruzeiro lançado do ar projetado para transportar ogivas convencionais e nucleares.

Nome: Soumar
Alcance: Entre 2.000 e 3.000 km.
Poder destrutivo: Míssil de cruzeiro de longo alcance baseado no míssil russo Kh-551., capaz de transportar ogivas convencionais e possivelmente nucleares. Seu nome é uma homenagem à vila iraniana cujos habitantes foram mortos em um ataque com armas químicas pelo regime de Saddam Hussein.

Nome: Shahab-1
Alcance: Aproximadamente 300 km.
Poder destrutivo: Míssil balístico de curto alcance —variante iraniana do míssil russo Scud-B1— capaz de transportar ogivas convencionais e possivelmente químicas.

Nome: Shahab-2
Alcance: Aproximadamente 500 km.
Poder destrutivo: Míssil balístico de curto alcance, capaz de transportar uma única ogiva com um peso máximo de 770 kg. Pode ser equipado com ogivas convencionais ou químicas. É uma atualização do Shahab-1, com maior alcance e capacidade de carga.

Nome: Tondar-69
Alcance: Aproximadamente 150 km.
Poder destrutivo: Míssil balístico de curto alcance —versão do chinês CSS-8 (M-7)— capaz de transportar uma carga de 190 kg.

Nome: Fateh-110
Alcance: Entre 200 e 500 km.
Poder destrutivo: Míssil balístico de curto alcance, capaz de transportar uma ogiva química ou altamente explosiva de até 500 kg.

Nome: Fateh-313
Alcance: 500 km
Poder destrutivo: Míssil balístico de curto alcance de maior precisão.

Nome: Qiam-1
Alcance: Entre 700 e 800 km
Poder destrutivo: Variante do Shahab-2 com maior precisão. Pode carregar uma ogiva de 750 kg, altamente explosiva e, possivelmente, nuclear.

Nome: Zolfaghar
Alcance: 700 km
Poder destrutivo: Pode carregar uma ogiva de submunições, aumentando o potencial de destruição ao atingir múltiplos alvos.

Nome: Sejjil
Alcance: 2.000 km
Poder destrutivo: Míssil balístico de médio alcance que pode carregar uma ogiva de 700 kg.

Nome: Emad
Alcance: Entre 1.500 e 1.700 km
Poder destrutivo: Pode carregar uma ogiva de até 750 kg, nuclear ou convencional, tem precisão de até 500 metros do alvo.

Nome: Shahab-3
Alcance: Aproximadamente 1.300 km
Poder destrutivo: Baseado em tecnologia da Coreia do Norte, pode carregar uma ogiva de até 1.200 kg, que pode ser nuclear, química ou de submunições.

Nome: Khorramshahr
Alcance: Entre 2.000 km e 3.000 km
Poder destrutivo: Pode carregar uma ogiva de até 1.800 kg. Também é derivado de um míssil da Coreia do Norte.

As informações sobre o arsenal de mísseis do Irã foram obtidas por meio do Missile Threat. Os dados sobre o míssil hipersônico Fattah são do canal de notícias Al Jazeera.

Irã tem o maior arsenal de mísseis do Oriente Médio, diz instituto — Foto: Arte g1

Irã tem o maior arsenal de mísseis do Oriente Médio, diz instituto — Foto: Arte g1

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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Agência Moody's eleva nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva

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Agora, o país está a um passo do chamado grau de investimento, um selo de bom pagador concedido pelas agências, que assegura aos investidores um menor risco de calotes.
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Por André Catto, g1

Postado em 01 de outubro de 2024 às 18h40m

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Logo da Moody's na sede da empresa em Nova York — Foto: REUTERS/Brendan McDermid

Logo da Moody's na sede da empresa em Nova York — Foto: REUTERS/Brendan McDermid

A agência de classificação de risco Moody's elevou nesta terça-feira (1º) a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva. Agora, o país está a um passo do chamado grau de investimento, um selo de bom pagador concedido pelas agências, que assegura aos investidores um menor risco de calotes.

A nova classificação ainda indica um "grau especulativo" — o que, segundo as agências de risco, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.

Em outras palavras, o Brasil não tem o chamado "selo de bom pagador", classificação que sinaliza menor risco de calote para quem investe em títulos do Tesouro Nacional. (saiba mais sobre as notas de crédito abaixo)

Em maio, a Moody's havia anunciado a manutenção da nota de crédito do Brasil em nível Ba2 e a mudança da perspectiva da avaliação de "estável" para "positiva" — sinalizando uma possível elevação da nota no futuro.

A Fitch Ratings e a Standard & Poor’s (S&P) ainda mantêm a classificação para o Brasil com a nota de crédito BB, com perspectiva "estável", o que coloca o país em um grau especulativo, mas a dois passos do grau de investimento.

Veja na imagem abaixo.

Veja as notas de crédito do Brasil (ratings) em todas as agências de risco — Foto: Arte g1
Veja as notas de crédito do Brasil (ratings) em todas as agências de risco — Foto: Arte g1

O que disse a Moody's

a agência, a elevação da nota brasileira reflete a melhora significativa no crédito do país, incluindo um crescimento mais robusto do Produto Interno Bruto (PIB) e um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais.

A mudança, diz a Moody's, ocorre apesar de o arcabouço fiscal do Brasil ainda ter "credibilidade moderada", como refletido no "custo relativamente elevado da dívida" pública.

"Em contrapartida, um crescimento mais robusto e uma política fiscal que adere consistentemente ao arcabouço fiscal permitirão que a carga da dívida se estabilize no médio prazo, embora em níveis relativamente altos", afirmou a agência.

De acordo com a Moody's, a decisão de manter a perspectiva positiva reflete a possibilidade de que o crescimento econômico e o cumprimento do arcabouço fiscal ajudem a reduzir a incerteza em torno da trajetória da dívida do Brasil.

Ao explicar a elevação do rating soberano do Brasil, a agência informou ter revisado sua projeção de crescimento do PIB do país para 2,5%.

Também passou a prever, no médio prazo, um crescimento "muito mais sólido" em comparação com anos anteriores à pandemia, "resultado, em parte, das reformas estruturais implementadas ao longo de sucessivas administrações".

"Nos próximos anos, antecipamos que o crescimento continuará abrangente, com a demanda interna impulsionada por um mercado de trabalho relativamente forte – em comparação com o passado do Brasil – e por salários reais mais altos", continuou.

No documento, a Moody's ainda apontou como avanços "em sucessivo governos":

  • o fortalecimento da independência do Banco Central;
  • a melhoria na governança das empresas estatais;
  • a digitalização financeira e a reforma trabalhista.

A reforma tributária, por sua vez, foi apontada como "uma reforma estrutural notável que irá melhorar o ambiente de negócios e a alocação de recursos, contribuindo para o potencial de crescimento a longo prazo".

Por fim, em relação às contas públicas, a Moody’s disse esperar uma melhora gradual nos resultados primários do governo, em linha com as metas fiscais para os próximos três anos.

Em comunicado publicado após a decisão da agência, o Ministério da Fazenda disse que "mantém seu compromisso com a melhoria contínua dos resultados fiscais, empreendendo esforços para aumentar a arrecadação e conter gastos".

"Além de estabilizar a relação dívida/PIB, um balanço fiscal mais robusto contribuirá para a redução das taxas de juros e a melhoria das condições de crédito, criando um ambiente favorável à expansão dos investimentos públicos e privados", afirmou a pasta. 
Como funcionam as notas de crédito

As agências têm uma longa escala de classificação, com mais de 20 notas. Quanto mais alta a posição, mais eficiente, confiável e robusta é a economia — e menor o seu risco.

Há ainda uma divisão em duas "prateleiras" principais:

  • Grau de investimento;
  • Grau especulativo.

O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de crédito que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.

O grau especulativo surge quando o país perde o selo de bom pagador, porque as agências deixam de dar sua chancela de segurança para um investimento. Nessa situação, é comum que o país perca também possibilidades de investimento.

Alguns fundos de pensão internacionais, de países da Europa ou Estados Unidos, por exemplo, seguem a regra de que só se pode investir em títulos de países que estejam classificados com grau de investimento por agências internacionais.

"Ter esse selo, portanto, facilita a atração de capital. E à medida que o país recebe mais recursos, ele amplia sua liquidez e sua capacidade de realizar investimentos", explica Alex Nery, professor da FIA Business School.

Na história, o único período em que o país obteve selo de bom pagador foi entre os anos 2008 e 2015. A entrada ou saída do grau de investimento é definida pelas agências de risco a partir de fatores como o nível das reservas internacionais, cenário fiscal e estabilidade política.

De acordo com analistas de mercado, historicamente, um país que perde o selo de bom pagador costuma levar de 5 a 10 anos para recuperar. O Brasil já está a nove anos no grau especulativo.

A trajetória da nota do Brasil

  • ▶️ A chegada ao grau de investimento

As agências internacionais Fitch Ratings e S&P deram grau de investimento ao Brasil pela primeira vez em 2008, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já a Moody's concedeu o selo em 2009. Com as alterações, o país passou naquela época a ser reconhecido como um destino mais seguro para investimentos estrangeiros.

Na ocasião, a S&P atribuiu a elevação da nota brasileira à mudança na política econômica do país — especialmente com a redução da dívida externa — e à melhora das perspectivas de crescimento.

"Um mercado de consumo maior, com crescimento do mercado de capitais e da formalização dão sustentação às intenções de investimento", afirmou, na época, a S&P.

Para a Fitch, a concessão do selo de bom pagador foi resultado da "dramática melhora dos resultados do Brasil nos setores externo e público, que reduziu enormemente a vulnerabilidade do país a problemas externos e a choques de câmbio".

"[Além disso, o Brasil] fortificou a estabilidade macroeconômica e aumentou as perspectivas de crescimento a médio prazo", informou a agência em nota oficial. 
Veja o histórico das notas na imagem abaixo:

Histórico das notas de crédito do Brasil — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Histórico das notas de crédito do Brasil — Foto: Kayan Albertin/Arte g1

  • ▶️ Uma nova elevação

Em 2011, o país subiu mais um degrau na classificação de bom pagador pelas três agências. Já era o início do governo de Dilma Rousseff (PT).

Na ocasião, a Fitch afirmou que a melhora na nota refletia a avaliação de que a taxa de crescimento potencial sustentável da economia brasileira tinha aumentado, suportando as perspectivas fiscais a médio prazo e o fortalecimento contínuo da liquidez externa do país.

Já a Moody's seguiu a mesma linha e enfatizou os ajustes fiscais promovidos pelo país. A agência apontou que o governo vinha se mostrando disposto a reverter políticas expansionistas e a adotar uma posição mais conservadora e consistente com um crescimento sustentável.

A expectativa da agência também era de queda na relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, em conformidade com as metas fiscais do país na época.

  • ▶️ Perda do grau de investimento

A S&P foi primeira a retirar o selo de bom pagador do Brasil, em setembro de 2015. A ação foi seguida pelas agências Fitch, no mesmo ano, e pela Moody's, em 2016. Foram dois anos de intensa crise econômica, depois do fim do manejo de preços no governo de Dilma.

Em seu comunicado, a Fitch apontou que o rebaixamento do Brasil refletiu uma recessão econômica mais profunda do que a prevista. Citou também o aumento das incertezas — o que, segundo a agência, dificultou um cenário de controle fiscal.

A S&P seguiu a mesma linha e destacou, na época, que o país passava por uma deterioração nas contas públicas, enquanto enfrentava desafios políticos.

Aquele ano foi marcado, entre outros pontos, por discussões em torno de um ajuste fiscal e de uma reforma política.

No ano seguinte, a Moody's destacou que o corte da nota foi influenciado pela maior deterioração das métricas de crédito do Brasil, em um ambiente de baixo crescimento, com expectativa de aumento da dívida do governo nos anos seguintes.

O contexto econômico brasileiro

Um grau de investimento não é alcançado da noite para o dia. A classificação depende de um processo mais longo de construção de confiança, que é alicerçada, principalmente, em bons resultados econômicos e em um cenário político estável.

"As agências analisam se o crescimento econômico do país é sustentável, observam como anda a dívida pública, se há esforço para o controle das contas. Além de outros pontos, como o controle da inflação, a política monetária e reformas", explica o professor Alex Nery, da FIA Business School.

Fator importante para a análise das agências, o PIB do Brasil, por exemplo, já vinha apresentando dados positivos anos antes da primeira elevação da nota de crédito do país.

Em 2000, a economia brasileira havia crescido 4,4%. Todos os anos seguintes também foram de resultados favoráveis, até a pequena retração registrada em 2009, em meio à crise econômica global que se iniciou nos Estados Unidos.

A crise do subprime, como ficou conhecido o episódio, levou terror ao mercado financeiro. Em síntese, o problema teve origem no acesso desenfreado ao crédito imobiliário no país, criando uma bolha no setor.

O ápice da crise ocorreu após setembro de 2008, quando o banco Lehman Brothers, uma das maiores instituições de investimentos do país, quebrou. Foi, então, que a contaminação do sistema financeiro se espalhou pelo mundo, gerando falta de confiança e impactando o mundo todo.

Mesmo com a retração em 2009, os dados positivos que o Brasil já vinha registrando ajudaram a manter o grau de confiança no país.

Veja no gráfico abaixo a variação do PIB brasileiro:

Naqueles anos, o Brasil também se beneficiou do chamado "boom das commodities" — que, na época, impulsionou as exportações brasileiras, com uma China superaquecida — e de uma série de medidas do governo para incentivar a economia local em meio à crise global.

O resultado foi o maior avanço do PIB na história recente do Brasil, de 7,5%, em 2010. Foi esse cenário que garantiu mais uma elevação da nota de crédito do país em 2011 pela S&P, Fitch e Moody's.

A dívida do setor público em relação ao PIB, outro ponto essencial na análise das agências, também vinha em processo de melhora — ou seja, de redução — no início dos anos 2000.

"Em 2003, a dívida era, em média, de mais de 70% em relação ao PIB. E esse valor foi caindo, chegando a 63% em 2007. Então, era uma relação decrescente, o que é positivo aos olhos das agências. Significa um esforço fiscal", explica Alex Nery. 
Veja no gráfico abaixo:

O caminho inverso começou a ser desenhado anos depois, até resultar na perda de grau de investimento e em novas reduções na nota do Brasil.

Em 2014, a dívida do governo em relação ao PIB iniciava um movimento de alta mais evidente, chegando ao patamar de 70% em 2015 — ano em que o país deixou de ter o selo de bom pagador.

A dívida pública seguiu em alta, atingindo a casa de 80% do PIB em 2017. O cenário foi o suficiente para duas novas quedas de notas do país: em 2016 e 2018.

Nesses anos, a nota do país caiu de BB+ para BB- tanto pela S&P quanto pela Fitch. Na Moody's, a queda foi de Baa3 para Ba2.

O que esperar pela frente

O Brasil está a dois degraus de obter selo de bom pagador. Para Alex Nery, no entanto, algumas barreiras têm dificultado a elevação da nota brasileira. Uma delas é o fato de o país enfrentar um histórico político recente mais turbulento do que em meados de 2008.

"Temos também fatores como a pandemia de Covid-19 e todo um endividamento que foi surgindo a partir dos eventos recentes. Isso não quer dizer que o Brasil não vai conseguir grau de investimento, mas ainda é preciso fazer a lição de casa e colocar as coisas em ordem", diz o professor da FIA.

No caso da Moody's, a perspectiva "positiva" lançada pela agência em maio deste ano sinaliza que, com o cenário atual, a empresa pode elevar a nota do país em um degrau rumo ao selo de bom pagador. (reveja na arte no início desta reportagem)

A perspectiva "estável", na prática, significa que não há tendência nem de elevação nem de queda da nota.

Após a empolgação do mercado com as aprovações das reformas tributária e da Previdência — que beneficiaram a nota brasileira nas últimas decisões —, o desafio, agora, está na execução e na condução dessas e outras medidas já aprovadas no país.

Alex Nery, da FIA, também inclui na conta o arcabouço fiscal, que ficará no radar das agências daqui para frente. "O desenho do arcabouço é interessante, mas, se mudar muito a meta fiscal, ele perde credibilidade. Esse é outro fator de atenção para as agências de risco", conclui o especialista.

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