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domingo, 21 de abril de 2024

Israel aumentou em 5% a compra de armas desde 2019; Irã fez maior compra de caças em 20 anos

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A tensão entre os dois países cresceu após um ataque israelense na Síria matar o comandante da Guarda Revolucionária Iraniana.
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Por Matheus Moreira, g1 — São Paulo

Postado em 21 de abril de 2024 às 08h40m

#.*Post. - N.\ 11.177*.#

Fumaça perto de edifícios diplomáticos do Irã em Damasco, na Síria, em 1º de abril de 2024 — Foto: Firas Makdesi/Reuters
Fumaça perto de edifícios diplomáticos do Irã em Damasco, na Síria, em 1º de abril de 2024 — Foto: Firas Makdesi/Reuters

Israel e o Irã têm se armado nos últimos cinco anos. Israel aumentou sua importação de armas em 5% no quadriênio de 2019 a 2023 em relação ao quadriênio anterior, 2014 a 2018. O Irã, em 2023, fez sua maior compra dos últimos 20 anos: importou 24 jatos de combate da Rússia.

Os dados são do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês) e foram divulgados em março de 2024.

Israel

O levantamento indica que, na lista de países que mais importaram armas no mundo entre 2019 e 2023, Israel aparece em 15º lugar. Os EUA são responsáveis pela venda de quase 70% das armas importadas pelo governo israelense.

Israel e os EUA tem uma parceria que data da própria fundação do país, em maio de 1948. Contudo, o alto número de mortes na Faixa de Gaza causado pela guerra em curso de Israel contra o Hamas tensionou a relação, levando os EUA a cobrar publicamente seu aliado.

Para se ter uma ideia, em 2023, Israel comprou mais de mil bombas inteligentes, que são munições de alto grau de precisão, 300 misseis Tamir, que são usados pelo Domo de Ferro para defender o território, e 2 mil mísseis antitanque.

A Alemanha é o segundo maior fornecedor de armas para Israel, sendo responsável por 30% de todo o armamento importado pelos israelenses no último quadriênio.

A Alemanha é o 5º país que mais exportou armas no mundo entre 2019 e 2023. Entre os três principais compradores estão países em guerra: Ucrânia, em segundo lugar, e Israel, em terceiro. O maior comprador dos alemães é o Egito.

Nesta sexta (12), advogados entraram com mais uma ação contra o governo alemão após o país aprovar a exportação de 3 mil armas para Israel. É o segundo caso judicial desse tipo aberto neste mês no país.

Entre 2003 e 2023, o Irã fez 18 encomendas que, juntas, somam 1.796 tipos de armas.

Dentre essas encomendas, 13 foram da Rússia e 3 da China. Além disso, houve uma encomenda, em 2010, de Belarus, além de uma outra de um vendedor que o instituto não conseguiu identificar, em 2020.

Apenas da Rússia, o Irã importou 24 caças e cerca de 900 mísseis capazes de derrubar aeronaves.

O Irã também é um país com uma indústria bélica relevante no cenário global. Os principais compradores do Irã — que é o 25º maior exportador do mundo — são Rússia, com 75% do todo, Venezuela, com 16%, e o grupo armado Houthi, com 7,4%.

O levantamento do IISS considera como forças da Cisjordânia aquelas sob comando da Autoridade Palestina, enquanto na Faixa de Gaza é contabilizado o efeitivo sob comando do Hamas. O g1 adotou a lista de países do Oriente Médio usada pela Agência de Inteligência dos EUA (CIA), incluindo o Egito por causa da influência na guerra entre Israel e o Hamas. — Foto: Kayan Albertin/g1
O levantamento do IISS considera como forças da Cisjordânia aquelas sob comando da Autoridade Palestina, enquanto na Faixa de Gaza é contabilizado o efeitivo sob comando do Hamas. O g1 adotou a lista de países do Oriente Médio usada pela Agência de Inteligência dos EUA (CIA), incluindo o Egito por causa da influência na guerra entre Israel e o Hamas. — Foto: Kayan Albertin/g1

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quarta-feira, 17 de abril de 2024

Alagamentos em Dubai: 'semeadura de nuvens' pode ser causa da pior chuva na história da cidade, diz agência

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Em menos de 48 horas, a cidade teve 142 milímetros de chuva; o volume esperado para um ano inteiro é de 94,7 milímetros.
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Por g1

Postado em 17 de abril de 2024 às 10h05m

#.*Post. - N.\ 11.176*.#


Veja avião em pista alagada do aeroporto de Dubai

Em pleno deserto, a cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, parou na última terça (16) devido a um problema incomum: a chuva.

Em menos de 48 horas, a cidade registrou 142 milímetros de chuva – volume muito maior do que o esperado para um ano inteiro, de 94,7 milímetros.

Nesta quarta (17), ainda era possível ver dezenas de carros abandonados em largas avenidas de Dubai, ainda cobertos quase por completo pelas águas.

Veículos abandonados permanecem alagados em Dubai um dia depois de chuva histórica na cidade — Foto: Jon Gambrell/AP Photo
Veículos abandonados permanecem alagados em Dubai um dia depois de chuva histórica na cidade — Foto: Jon Gambrell/AP Photo

Segundo a agência de notícias estatal WAM, Dubai viveu um evento climático histórico que ultrapassou qualquer registro documentado desde o início da série histórica, em 1949.

As chuvas também atingiram países vizinhos, como o Bahrein, Omã, Catar e Arábia Saudita. No entanto, os Emirados Árabes Unidos foram os mais afetados.

Fator humano

As causas do fenômeno ainda são desconhecidas, mas, de acordo com a agência de notícias Associated Press, uma das razões pode ser uma semeadura de nuvens mal calculada.

Asemeadura, ou cloud seeding, em inglês, é uma intervenção humana que consiste em bombardear nuvens com produtos químicos específicos, como iodeto de prata ou gelo seco. O governo dos Emirados realiza voos para esse propósito regularmente.

Segundo a AP, relatos de meteorologistas locais dão conta de que o Centro Nacional de Meteorologia realizou seis ou sete voos de semeadura de chuvasantes das tempestades.

A agência de notícias localizou registros de monitoramento de aviões de pelo menos um desses voos.

Um jornal ligado ao governo da capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi, reportou autoridades dizendo que não houve nenhum voo do tipo na terça-feira, sem mencionar a ocorrência nos dias anteriores.

A Associated Press questionou o Centro Nacional de Meteorologia, mas não recebeu resposta.

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terça-feira, 16 de abril de 2024

Com armas desenvolvidas com o apoio da Rússia e da Coreia do Norte, Irã desafia o sistema de defesa de Israel

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O Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel. As forças de defesa israelenses afirmam que conseguiram interceptar 99% deles.
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Por Jornal Nacional

Postado em 16 de abril de 2024 às 07h30m

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Com armas desenvolvidas com o apoio da Rússia e da Coreia do Norte, Irã desafia o sistema de defesa de Israel

O sistema de defesa de Israel é um dos mais sofisticados do planeta. Do outro lado desse conflito, o Irã desenvolveu armas com o apoio da Rússia e da Coreia do Norte.

Desde os primeiros alertas de que o Irã iria atacar Israel, a tensão tomou conta do mundo. Foram horas de apreensão, até que drones e mísseis começaram a ser interceptados em explosões brilhantes no céu.

Mas é nos detalhes que se entende melhor esse conflito de contornos inéditos. Os iranianos jamais haviam atacado diretamente os israelenses. O Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel. As forças de defesa de Israel afirmam que conseguiram interceptar 99% deles.

Foram cerca de 170 drones kamikaze não tripulados, como um em formato de asa delta, 30 mísseis de cruzeiro, que navegam sozinhos e podem voar a poucos metros da superfície, e mais 120 mísseis balísticos, que fazem trajetórias em arco usando a força da gravidade - esses teriam sido os poucos que conseguiram atingir de fato Israel.

Armas lançadas pelo Irã em direção a Israel — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Armas lançadas pelo Irã em direção a Israel — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

"A variação desse uso é bastante curiosa, não é usual esse tipo de variação. Mas a gente pode analisar para entender que esse processo provavelmente foi como um elemento de demonstração de força. Então, o objetivo central do ataque iraniano a Israel não era necessariamente gerar grandes danos ao território israelense, até porque o número de ogivas, o número de incursões aéreas, foi até pequena se comparado ao arsenal iraniano", avalia Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da PUC-SP.

A distância mais curta entre Irã e Israel é de cerca de mil km. Ataques partiram também de grupos armados, apoiados pelo Irã, em outros países vizinhos: IraqueSíriaIêmenLíbano.

Para um ataque inédito, uma grande operação de defesa com apoio de aliados. Estados UnidosReino Unido e a França compartilharam com Israel informações precisas de inteligência. Houve, também, participação direta. Só os Estados Unidos derrubaram, pelo menos, 70 drones e seis mísseis.

Jordânia, um país árabe que tem um tratado de paz com Israel, também atuou para derrubar mísseis iranianos. Informou que fez isso em defesa própria para evitar que os artefatos caíssem em seu território.

"A Jordânia foi muito crítica em relação a Israel e sua atuação militar em Gaza. Então, isso também mostrou que vários países árabes que criticaram Israel devido a sua guerra contra o Hamas, não necessariamente vão criticar Israel no seu conflito com o Irã, que para vários países do Oriente Médio também é uma ameaça. O Irã tem uma relação muito ambígua, em vários sentidos, muito tensa com o mundo árabe. O Irã tem ambições de liderança regional. A Arábia Saudita também, o Egito também. Então, de certa forma, para a Arábia Saudita, o Irã é um rival. Então, quando o Irã acompanha esse risco de um conflito direto entre Israel e o Irã, a Arábia Saudita não estará do lado iraniano, apesar de também ter uma relação tensa com Israel. Vários desses países árabes são aliados dos Estados Unidos. Então, me parece que não há nenhum interesse por parte do mundo árabe em ver o Irã atacando Israel", diz Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV.

Quando um inimigo ameaça a segurança de Israel, as forças de defesa decidem como reagir e a qual ou quais os sistemas devem usar. O mais conhecido deles é o "Domo de Ferro". É usado para abater foguetes de curto alcance, como os lançados pelo grupo terrorista Hamas, da Faixa de Gaza, e pelos extremistas do Hezbollah, no sul do Líbano. Quando um ataque é identificado, o sistema estima um ponto de impacto e lança um míssil interceptador para explodir o artefato inimigo ainda no ar.

Já o sistema chamado "Estilingue de Davidé mais poderoso. Foi desenvolvido por americanos e israelenses para interceptar aviões inimigos. Drones e mísseis e curto e médio alcance. São mísseis que voam em uma altura de até 15 km e percorrem uma distância máxima de 300 km. Podem ser instalados em qualquer lugar do país.

Para derrubar os mísseis balísticos mais sofisticados e utilizados pelo Irã nos últimos anos, Israel desenvolveu o sistema chamado seta ou flecha. Ele é capaz de interceptar um míssil no espaço, do tipo que voa em altitudes de até 100 km, e percorrem quase 2,5 mil km de distância.

A maioria dos mísseis de última geração iraniana é desenvolvida a partir de modelos da Rússia e da Coreia do Norte. O Irã também exporta armas de guerra: a Rússia usa os drones iranianos para atacar a Ucrânia.

No domingo (14), um dia depois dos ataques, um outro sistema entrou em ação para interceptar um drone que teria sido lançado do Iêmen neste domingo. O "Domo C" fica instalado em um navio de guerra e funciona de maneira parecida com o "Domo de Ferro".

Israel também mobiliza a Força Aérea, que tem jatos F-15 e F-16 fabricados nos Estados Unidos e caças capazes de abater drones ou mísseis.

Um dos poucos locais atingidos foi a base aérea de Nevatim. As autoridades israelenses afirmam que esse era o principal alvo do Irã, mas não houve grandes prejuízos.

"Acabou sendo um ataque grande em termos quantitativos, mas o Irã também parece ter desenhado o ataque de uma forma para que Israel tivesse tempo de abater boa parte dos mísseis. O alvo principal parece ter sido bases militares. O que também sinaliza que o Irã não buscou atingir a população civil israelense", explica Oliver Stuenkel.
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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Dólar opera em alta e se aproxima dos R$ 5,20, com tensões no Oriente Médio; Ibovespa oscila

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Na última sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,61%, cotada em R$ 5,1212, renovando o maior patamar em seis meses. Na semana, acumulou alta de 1,11%. Já o principal índice acionário da bolsa brasileira encerrou em queda de 1,14%, aos 125.946 pontos.
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Por g1

Postado em 15 de abril de 2024 às 10h00m

#.*Post. - N.\ 11.174*.#

Dólar — Foto: Pixabay
Dólar — Foto: Pixabay

O dólar opera em alta e se aproxima do patamar dos R$ 5,20 nesta segunda-feira (15), refletindo a escalada dos conflitos no Oriente Médio, após o Irã atacar Israel no fim de semana.

Na expectativa de que Israel não vai continuar os ataques, os mercados operam com um pouco mais de tranquilidade neste início de semana, mas a moeda americana continua ganhando força sobre o real e outras moedas de países emergentes.

Com este mesmo cenário de pano de fundo, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera com volatilidade, oscilando entre altas e baixas.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

Às 13h18, o dólar subia 1,23%, cotado a R$ 5,1844. Na máxima do dia, chegou aos R$ 5,1908. Veja mais cotações.

Na sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,61%, cotada em R$ 5,1212, mas alcançou a máxima de R$ 5,1477 ao longo do dia.

Com o resultado, acumula altas de:

  • 1,11% na semana;
  • 2,11% no mês; e
  • 5,54% no ano.

Ibovespa

No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,06%, aos 125.864 pontos.

Na sexta, encerrou em queda de 1,14%, aos 125.946 pontos.

Com o resultado, acumula quedas de:

  • 0,67% na semana;
  • 1,69% no mês; e
  • 6,14% no ano.
Entenda o que faz o dólar subir ou descerEntenda o que faz o dólar subir ou descer

O que está mexendo com os mercados?

A atenção dos investidores segue voltada para o Oriente Médio, enquanto o mundo aguarda novas sinalizações do que deve acontecer.

Na última sexta-feira, os mercados encerraram o dia estressados, com queda nas bolsas de valores ao redor do mundo e fortalecimento do dólar ante outras moedas, depois do Irã informar que lançaria um ataque contra o território israelense.

Os ataques foram uma resposta do país a um suposto ataque de Israel contra a embaixada iraniana na Síria. Essa foi a primeira vez que o Irã atacou Israel diretamente.

"Queira ou não, dólar é proteção. É proteção no mundo inteiro. Então, na sexta-feira, quando aconteceram os ataques, o mundo inteiro correu para o dólar", comenta o analista de investimentos Vitor Mizara.

Autoridades iranianas disseram que veem o assunto como encerrado e justificaram o ataque como legítima defesa. Israel, por outro lado, quer responder o ataque, mas não tem apoio da comunidade internacional, principalmente dos Estados Unidos - que são grandes rivais do Irã.

No Brasil, o destaque é a expectativa de que o governo deve reduzir a meta fiscal e descartar um superávit para 2025. A proposta, segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, será de déficit zero para as contas públicas no próximo ano, o que deve ser apresentado no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025.

Na LDO anterior, o projetado era de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 e de 1% para 2026. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declarou que o governo tentava fixar uma "meta factívelpara as contas públicas no ano que vem.

De acordo com a fonte, as metas devem ser corrigidas em zero para 2025 e superávit de 0,25% para 2026, 0,5% para 2027 e 1% para 2028.

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O que é a grande transferência de riqueza, fenômeno que 'fabrica' jovens bilionários pelo mundo

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Super-ricos e seus herdeiros buscam especialistas para aconselhá-los até sobre casamentos e contratação de parentes enquanto cresce debate sobre imposto global sobre fortunas.
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TOPO
Por Ligia Guimarães

Postado em 15 de abril de 2024 às 08h40m

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Com 31 anos, Mark Mateschitz, herdeiro da marca Red Bull, ganhou o posto de jovem bilionário com maior fortuna segundo a lista da Forbes deste ano — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Com 31 anos, Mark Mateschitz, herdeiro da marca Red Bull, ganhou o posto de jovem bilionário com maior fortuna segundo a lista da Forbes deste ano — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Na tradicional lista dos mais ricos do planeta divulgada no início do mês pela revista Forbes, uma tendência chama a atenção: há muitos rostos jovens e desconhecidos figurando entre as maiores fortunas.

Muitos deles sequer começaram a trabalhar ou escolheram suas carreiras, mas tiveram uma grande ajuda para estar ali: pela primeira vez desde 2009, todos os bilionários com menos de 30 anos listados no ranking da Forbes são herdeiros.

Dos 25 bilionários com 33 anos de idade ou menos que figuram no ranking, apenas sete construíram seus próprios impérios.

Para a Forbes, a presença massiva de jovens herdeiros é sinal de que está em curso um fenômeno há tempo preconizado no universo das finanças globais: a grande transferência de riqueza, período em que grande parte de todo o patrimônio dos ricos do mundo mudará de mãos para as próximas gerações.

A estimativa é de que, somente até o fim de 2029, mais de US$ 8,8 trilhões sejam transferidos dos bilionários para seus jovens sucessores.

E não estamos falando só de dinheiro, mas também das empresas, explica o advogado Yuri Freitas, responsável pelo time de planejamento patrimonial para o Brasil do banco suíço UBS.

Ele comanda um grupo de especialistas que fica à disposição dos clientes donos de fortunas com uma função: ajudá-los a planejar o que fazer com seu patrimônio depois que eles morrerem.

Reforma tributária apressou os planos de transferência de heranças entre os donos de fortunas no Brasil, diz Freitas, do UBS — Foto: DIVULGAÇÃO via BBC
Reforma tributária apressou os planos de transferência de heranças entre os donos de fortunas no Brasil, diz Freitas, do UBS — Foto: DIVULGAÇÃO via BBC

Apesar da formação financeira e jurídica de Freitas, o trabalho dele e de sua equipe envolve mais habilidades do que cuidar dos números e conhecer leis.

Vai desde conversar com a família sobre o uso dos recursos por todos os parentes e agregados (quem pode usar o jatinho? quem pode emprestar o iate?) a sugerir regras para a contratação de familiares como funcionários e calcular o risco que novos casamentos podem representar para o patrimônio dos herdeiros.

A função inclui também mapear os objetivos de cada cliente para o seu patrimônio após a morte: como dividir empresas, obras de arte, embarcações, aeronaves e imóveis, entre outros.

A equipe de planejamento do patrimônio também ajuda a criar protocolos para questões delicadas que misturam laços familiares e dinheiro. O planejamento abrange aspectos íntimos da vida familiar, como o regime de bens se o cliente é casado, se tem filhos, se os filhos são casados, se moram no Brasil ou fora, por exemplo.

Para quem não é herdeiro de nenhuma grande fortuna, uma boa referência a esse universo é a série Succession, da HBO, que aborda o drama de uma família de bilionários.

Por mais caricata que a série seja, as famílias têm conflitos que se desenvolvem numa dinâmica de comportamento parecida, conta Freitas.

A BBC News Brasil reuniu especialistas, artigos e exemplos práticos para explicar o que é a grande transferência de riqueza e qual o debate em torno dos impactos negativos que esse nível de concentração de renda pode acarretar.

Preparação com comitês e psicólogos

Uma das etapas de um trabalho como o de Freitas é o de construir com a família dona da fortuna um protocolo familiar, de preferência antes do doador transmitir a herança aos filhos.

É quando o patriarca está bem e ativo que é importante tomar essas decisões para enfrentar conflitos lá na frente, diz o executivo da UBS.

Pesquisa realizada pela consultoria americana The Williams Group estima que 70% das transferências de riqueza nos Estados Unidos falham, e que 60% dessas falhas resultam em falta de confiança e comunicação entre os membros da família rica.

A família precisa ter regras de como lidar com o patrimônio muito bem estabelecidas. E não estou falando só dos instrumentos jurídicos, como testamento, o contrato social da empresa, o acordo de acionistas, diz Freitas.

Estou falando do aspecto moral, por exemplo: como eu vou contratar um primo ou um sobrinho? Que requisitos ele ou ela tem que ter, que escolaridade? Quem pode usar o jatinho da família?, segue o especialista.

Sem familiaridade com o mundo dos bilionários? Assistir à série Succession pode ajudar — Foto: HBO via BBC
Sem familiaridade com o mundo dos bilionários? Assistir à série Succession pode ajudar — Foto: HBO via BBC

A criação do protocolo familiar para o planejamento da herança pode envolver a criação de comitês familiares para apresentar os investimentos e até de psicólogos e outros profissionais para mediar as conversas.

É muito comum que a discussão sobre a qualificação do executivo a ser contratado descambe para: Ah, você contrata o seu filho e agora quer demitir o meu'. A gente ajuda o cliente a construir esse protocolo, diz o executivo.

Em 15 anos de experiência na área, a percepção de Freitas coincide com o diagnóstico da revista Forbes: a grande transferência de fortuna global já está em curso de maneira acelerada, e os bilionários do Brasil e do mundo estão começando cada vez mais cedo a repassar seus patrimônios para a próxima geração.

Exemplo brasileiro

De tempos em tempos, cada geração de adultos herda das gerações anteriores o patrimônio acumulado por determinada família.

Como no exemplo brasileiro abordado pela Forbes: a Weg, multinacional que exporta para 135 países e é uma das maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, foi cofundada por Werner Ricardo Voigt, bilionário que morreu em 2016.

Hoje, são bilionárias também as netas de Werner, Lívia Voigt, 19 anos, e sua irmã Dora Voigt, 26, que não participam ativamente do dia a dia da empresa.

Mas a riqueza fundada por Werner não enriqueceu apenas as duas netas: além de Lívia e Dora, outros 28 empresários têm a WEG como origem de sua fortuna. De acordo com a Forbes, os descendentes dos fundadores da WEG têm, juntos, um patrimônio de R$ 85,53 bilhões.

Movimentos como o da família Voigt estão acontecendo e devem se acelerar, de acordo com as projeções dos institutos que acompanham as grandes fortunas.

Os números divergem, mas apontam para o mesmo cenário: nas próximas duas décadas, trilhões de dólares devem passar das mãos de abastados baby boomers (nascidos em 1964 ou antes, nas duas décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial) para as afortunadas próximas gerações de herdeiros millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e geração Z (entre 1997 e 2013).

A empresa de pesquisa de mercado Cerulli Associates estima que US$ 84 trilhões mudarão de mãos até 2045 - sendo US$ 72,6 trilhões transferidos para herdeiros e US$ 11,9 trilhões para filantropia.

Relatório do banco UBS sobre ambições bilionárias em 2023 aponta que, pela primeira vez na história do estudo, novos bilionários adquiriram mais riqueza por meio de heranças do que pelo empreendedorismo. Em um ano, um total de US$ 150 bilhões foram obtidos por 53 herdeiros, enquanto 84 bilionários acumularam US$ 140,7 bilhões por meio do empreendedorismo.

O UBS também estima que, nos próximos 20 a 30 anos, mais de mil bilionários de hoje transferirão mais de US$ 5,2 trilhões a seus herdeiros.

Como calculamos esta estimativa? Apenas somando a riqueza dos 1023 bilionários que têm 70 anos ou mais hoje, diz o relatório.

Nos Estados Unidos, a estimativa é que a geração dos baby boomers retenha atualmente US$ 95,9 trilhões dos US$ 147,1 trilhões da riqueza das famílias dos EUA, segundo o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.

E por que essa geração que está envelhecendo tem tanto dinheiro para dar aos seus sortudos sucessores?

A riqueza excepcional resultante do boom da atividade empresarial desde os anos 90 estabeleceu uma base para gerações futuras de famílias bilionárias, segue o texto.


Clube dos 90+: veja quem são os bilionários mais velhos do mundo

Choque de gerações

Nunca antes tanto dinheiro - em imóveis, terra, ações e espécie - mudará tão repentinamente de uma geração para outra, e nunca antes a próxima geração teve sentimentos tão diferentes sobre o futuro do planeta e o capitalismo em comparação a seus precursores, explica em artigo publicado no ano passado o banqueiro e filantropo sul-africano Ken Costa, autor do livro The 100 Trillion Dollar Wealth Transfer e uma das vozes mais contundentes a respeito do fenômeno.

A principal tese de Costa, ele mesmo um bilionário boomer, é que os jovens, excluídos da riqueza desfrutada pelas gerações mais velhas durante tanto tempo, são desgostosos em relação ao capitalismo atual.

Mais do que isso, culpam com razão os boomers por destruírem o planeta numa corrida precipitada por riquezas a curto prazo. Os boomers, culpados, pioraram as coisas por serem arrogantes e resistentes à mudança, na visão de Costa.

Os Zennials [nome que ele criou para se referir aos jovens millenials, nascidos entre 1981 e 1996 mais os Gen Z, entre 1997 e 2013] herdarão recursos de capital, poder e influência, e a tecnologia será a ferramenta que utilizarão para implementar a sua filosofia", prevê.

Não há como escapar deste evento sísmico e, de fato, a transferência já começou e está acelerando rapidamente. E este evento não acontecerá isoladamente. Também criará um efeito cascata na economia, na tecnologia e na cultura. O que sairá dessas mudanças depende da nova geração.

O que espero é que eles alcancem um futuro financeiro estável e próspero, e acredito que é essencial que nós, boomers, ajudemos a concretizar isso, afirma Costa.

Preparação de passagem de fortunas envolve criação de comitês familiares e até psicólogos — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Preparação de passagem de fortunas envolve criação de comitês familiares e até psicólogos — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Preocupação com impostos

Há diversos motivos que levam os patriarcas e donos das grandes fortunas a apressarem cada vez mais a transferência de patrimônio para as novas gerações, e a principal delas é o medo de pagar mais impostos.

Nos Estados Unidos, a doação de heranças em vida é isenta de impostos até um limite de US$ 12 milhões; sobre o que extrapolar esse limite, as alíquotas chegam a 40% sobre o valor doado.

É quase metade do patrimônio que acaba sendo pago em impostos. Então, o estudo de estruturas e estratégias para suavizar essa transmissão sempre foi uma preocupação que habitou o imaginário desses executivos, diz Freitas.

No Brasil, a pressão dos impostos sobre as grandes fortunas e heranças sempre foi mais branda que a da maioria dos países e exigiu menos planejamento dos bilionários - com muitas opções para que os muito ricos acumulassem rendimentos ao longo da vida com pouca tributação.

No ano passado, o governo agiu para acabar com a vantagem concedida em algumas aplicações onde era possível adiar o pagamento de impostos que são devidos quando se aplica o dinheiro.

"Até o final de 2023, era muito comum que o cliente tivesse um fundo multimercado exclusivo dele e esse fundo só pagava imposto no momento de uma amortização, de um resgate. Então você tinha ali uma estrutura que ficava 10, 15 anos, só rentabilizando sem pagar imposto, diz o executivo do UBS.

A reforma tributária de 2023 mudou um pouco o cenário na tributação de heranças, principalmente ao prever potencial aumento da alíquota do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), conhecido como o imposto das heranças.

Atualmente, o ITCMD é estadual e possui alíquotas que variam entre 4% e 8%. A cobrança é diferente em cada Estado brasileiro. Em São Paulo, a alíquota é de 4%. Em Minas Gerais, de 5%. Já o Rio de Janeiro prevê seis alíquotas progressivas de 4% a 8% à medida que a herança aumenta.

A reforma estabelece que o imposto será obrigatoriamente progressivo, - ou seja, quanto maior o valor da herança ou doação, maior será a alíquota aplicada.

O Estado de São Paulo pratica uma alíquota de 4% historicamente, e a expectativa é que em algum momento a Assembleia Legislativa se mova para aumentar essa alíquota. Então, muita gente vê muitas transmissões de patrimônio acontecendo ou se acelerando por conta disso, explica Freitas.

Em seu segmento de planejamento patrimonial do UBS, nunca houve tanta demanda de clientes brasileiros por informações e atendimento a respeito das novas regras de herança, doações e temas relacionados como no ano passado, por causa da reforma tributária, diz Freitas.

Foi o ano mais desafiador da minha carreira. Quando você tem uma reforma que muda toda a regra, e realmente mudou, o baby boomer precisa entender as novas regras, que são complexas, e rever as decisões. Tudo isso vai pressionando ele [a acelerar os planos], diz.

O assunto do ano passado foi reforma tributária, e o deste ano são os ajustes que se tem que fazer para por conta da reforma tributária, aponta Freitas.

Bom para quem?

O ativista Peter Tatchell segura um cartaz pedindo imposto sobre a riqueza dos bilionários para financiar o sistema de saúde britânico em 2023 em Londres — Foto: GETTY IMAGES via BBC
O ativista Peter Tatchell segura um cartaz pedindo imposto sobre a riqueza dos bilionários para financiar o sistema de saúde britânico em 2023 em Londres — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Essa nova leva de jovens herdeiros bilionários prevista para as próximas décadas ocorre em um momento da história em que a concentração de renda nas mãos de poucas famílias piora a vida da maioria das pessoas do mundo.

O relatório Desigualdade S/A, divulgado no início do ano pela Oxfam, aponta que a riqueza dos cinco maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto a de 60% da população global – cerca de 5 bilhões de pessoas – diminuiu nesse mesmo período.

Enquanto sete em cada dez das maiores empresas do mundo têm bilionários como CEOs ou principais acionistas, apenas 0,4% das mais de 1.600 maiores e mais influentes empresas do mundo se comprometeram publicamente com o pagamento de salários dignos a seus trabalhadores.

O impacto de tanta desigualdade de renda é gritante, destaca a publicação.

A década de 2020, que começou com a covid-19 e depois assistiu à escalada de conflitos, à aceleração da crise climática e ao aumento do custo de vida, parece estar se transformando em uma década de divisão", diz o documento.

"A pobreza nos países de renda mais baixa é ainda maior do que era em 2019. Em todo o mundo, os preços estão ultrapassando os salários, e centenas de milhões de pessoas têm dificuldades, alerta o texto.

Daniel Duque, pesquisador da área de economia aplicada do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), explica que tal esforço dos super-ricos em repassar seus bens para as próximas gerações pode ser uma reação às recentes iniciativas de diversos países de debater e implementar modelos mais progressivos de tributação - após décadas de alíquotas que foram generosas com os bilionários.

Movimento que cresceu fomentado principalmente pela visibilidade dada ao trabalho do economista francês Thomas Piketty, que defende reparos ao sistema capitalista capazes de interromper esse processo de concentração de riqueza.

Está havendo um movimento em diversos países de haver uma tributação maior sobre grandes fortunas, o que gera uma pressão sobre os super-ricos de passar logo para a próxima geração, diz Duque.

Outro debate que pode pressionar esse público é o que ocorre no G20 em torno da criação de um tributo global sobre grandes fortunas, proposta apresentada ao grupo em fevereiro pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante encontro em São Paulo.

Um tributo como esse tornaria muito mais difícil para os super-ricos gerarem essa herança sem tributação. Porque até então, quando se cobrava um imposto, eles migravam o dinheiro para outro lugar", aponta o pesquisador.

Tanta concentração de renda traz riscos econômicos e políticos para o planeta, diz o Duque, bem como a assimetria de oportunidades, bastante desfavorável para quem tem menos dinheiro.

Um dos principais riscos é como lidar com o poder tão concentrado nas mãos de tão poucos. Antigamente, a capacidade de os mais ricos influenciarem a política era mais limitada, com menos capacidade de ação nos meandros do poder. Com uma concentração alta, isso começa a mudar e se vê indivíduos que conseguem mudar rumos, diz ele.

O que pensam os jovens herdeiros?

Como em todo debate geracional, profissionais de todas as áreas têm se debruçado para tentar prever o comportamento desses jovens herdeiros e as mudanças que eles causarão no mundo dos negócios.

Principalmente os bancos, que correm o risco de perder os clientes cujo patrimônio tão vultoso eles ajudaram a construir e compartilharam por décadas.

O que se sabe é que os bilionários da nova geração são mais conectados socialmente, mais digitais e, pelo menos no discurso, se importam mais do que os pais sobre o impacto positivo que os seus investimentos terão no planeta, tanto no clima quanto socialmente.

Relatório da consultoria EY estima que investidores millenials têm o dobro da disposição em investir em empresas ou fundos que busquem transformações sociais e ambientais.

Além disso, 17% dos millenials dizem querer investir em companhias que adotam práticas de ESG de alta qualidade, comparados a 9% entre investidores não-millenials.

No UBS, a equipe de wealth management realiza há anos uma série de eventos e programas voltada a atender aos investidores next gen, como são chamados os herdeiros de fortunas.

No Brasil, o banco criou em 2019 um encontro de troca de experiências exclusivamente voltado para herdeiros. "Ali a gente trouxe alguns herdeiros falando para outros herdeiros sobre temas como inovação no negócio familiar, governança familiar, family office", afirma Freitas.

Nota-se diferenças comportamentais: se os baby boomers apreciam o sigilo e a privacidade de uma relação formal e de confiança com o consultor do banco, os jovens gostam de mais interação com seus pares.

Ele vê o banco como um lugar que pode proporcionar para ele contato com outros empreendedores e pode abrir portas com pessoas com outros clientes, diz Freitas.

No programa para sucessores seletos de patrimônio mais elevado, há até uma comunidade global criada pelo banco especialmente para a convivência entre herdeiros do mundo todo, onde eles compartilham dicas, eventos e relações para além das mediadas pelo banco.

Dá para esperar que os bilionários gerarão mudanças positivas para o mundo - que sofre, entre outras questões, com a enorme concentração de renda na mão de poucas famílias?

O relatório do UBS pontua que, embora existam vários casos bem divulgados de empresários bilionários que prometem doar grande parte de suas fortunas à filantropia, é menos conhecido o fato de que entre herdeiros essa intenção seja mais reticente.

Embora mais do que dois terços (68%) dos bilionários da primeira geração tenham declarado que seguir seus objetivos filantrópicos e gerar impacto no mundo tenha sido o objetivo principal de seu legado, menos de um terço (32%) das gerações herdeiras expressou a mesma intenção", diz o estudo.

Na experiência do UBS, as gerações sucessoras são muitas vezes relutantes em doar dinheiro que não ganharam e, em alguns casos, elas podem simplesmente continuar investindo nas eventuais fundações existentes na família.

"No entanto, há uma tendência para investir ou gerenciar negócios de maneira que abordem questões ambientais e sociais, tanto para fins comerciais como fins altruístas", aponta o relatório.

A pesquisa do banco ouviu alguns desses herdeiros.

Por mais que meu pai trabalhasse em petróleo, gás e mineração, estou tentando mudar todo o negócio para assuntos relacionados à tecnologia, áreas que têm menos impacto no meio ambiente, explicou um bilionário de segunda geração ao estudo.

"Mas eu não vou vender todos esses negócios em um dia. É uma jornada que comecei há vários anos, quando assumi negócios da família."

Relações familiares e poder

Outro fator que apressa o planejamento da sucessão entre bilionários, para Freitas, é a pressão crescente dos mercados nas últimas décadas por mais transparência, regulação e compliance (conjunto de práticas para garantir o cumprimento de regras legais e éticas definidas pelos Estados ou pelas próprias empresas).

Segundo o executivo do UBS, no setor bancário, a regulação de compliance nos últimos 30 anos passou a cobrar muito mais transparência, com contatos frequentes por e-mail. "O baby boomer que já construiu a sua fortuna gosta do papel, ele gosta da presença física, diz ele.

No caso dos baby boomers brasileiros, o apego ao controle de todas as decisões financeiras e operacionais relacionadas ao patrimônio é ainda mais marcante, diz Freitas.

Mesmo quando faz sentido do ponto de vista tributário um projeto de passagem de bastão, por exemplo, o projeto não acontece se você não tiver o patriarca engajado, afirma, citando um exemplo fictício.

Às vezes, ele até diz que está engajado, mas quando chega na hora de falar você deixa de ser executivo da empresa e vai passar para o conselho de administração', ele topa, mas está ali no chão de fábrica todo dia, vendo tudo de perto.

Como imaginar que, tão habituados ao controle de todo seu patrimônio, tais bilionários baby boomers estejam cedendo tão rapidamente o poder às próximas gerações, como sugere a grande quantidade de jovens listados pela Forbes?

Há muitos recursos para manter o poder mesmo após a doação dos ativos, explica Freitas. Um deles é a reserva de usufruto, que prevê que o dono fundador mantenha o poder político sobre aquele patrimônio.

No exemplo de uma empresa: eu doei as ações, já recolhi o imposto sobre herança, mas eu reservei o usufruto político e econômico: o que significa que eu ainda mando e ainda posso receber o rendimento, explica.

Existe também a cláusula de incomunicabilidade da herança, que é prevista no Código Civil para possibilitar que bens herdados ou doados não sejam transmitidos ao cônjuge - para que o ativo não se contamine com patrimônio do agregado, da nora, do genro, diz Freitas.

O que significa que, embora abastadíssimos, com um futuro promissor e cheio de regalias, estar na lista da Forbes não significa que a nova geração já esteja integralmente no comando.

Muitos dessa nova geração são muito ricos, mas quando você olha de perto, têm pouco poder de decisão, conclui o executivo da UBS.

 Estados Unidos

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