Objetivo:
“Projetando o futuro e o desenvolvimento autossustentável da sua empresa, preparando-a para uma competitividade e lucratividade dinâmica em logística e visão de mercado, visando sempre e em primeiro lugar, a satisfação e o bem estar do consumidor-cliente."
Em menos de 48 horas, a cidade teve 142 milímetros de chuva; o volume esperado para um ano inteiro é de 94,7 milímetros. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por g1 Postado em 17 de abril de 2024 às 10h05m #.*Post. - N.\ 11.176*.#
Veja avião em pista alagada do aeroporto de Dubai
Em pleno deserto, a cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, parou na última terça (16) devido a um problema incomum: a chuva.
Nesta quarta (17), ainda era possível ver dezenas de carros abandonados
em largas avenidas de Dubai, ainda cobertos quase por completo pelas
águas.
Veículos abandonados permanecem alagados em Dubai um dia depois de chuva histórica na cidade — Foto: Jon Gambrell/AP Photo
Segundo a agência de notícias estatal WAM, Dubai viveu um “evento
climático histórico” que ultrapassou “qualquer registro documentado
desde o início da série histórica, em 1949”.
As chuvas também atingiram países vizinhos, como o Bahrein, Omã, Catar e
Arábia Saudita. No entanto, os Emirados Árabes Unidos foram os mais
afetados.
Fator humano
As causas do fenômeno ainda são desconhecidas, mas, de acordo com a
agência de notícias Associated Press, uma das razões pode ser uma
“semeadura de nuvens” mal calculada.
A “semeadura”, ou “cloud seeding”, em inglês, é uma intervenção humana
que consiste em bombardear nuvens com produtos químicos específicos,
como iodeto de prata ou gelo seco. O governo dos Emirados realiza voos
para esse propósito regularmente.
Segundo a AP, relatos de meteorologistas locais dão conta de que o
Centro Nacional de Meteorologia realizou seis ou sete voos de “semeadura
de chuvas” antes das tempestades.
A agência de notícias localizou registros de monitoramento de aviões de pelo menos um desses voos.
Um jornal ligado ao governo da capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu
Dhabi, reportou autoridades dizendo que não houve nenhum voo do tipo na
terça-feira, sem mencionar a ocorrência nos dias anteriores.
A Associated Press questionou o Centro Nacional de Meteorologia, mas não recebeu resposta.
O Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel. As forças de defesa israelenses afirmam que conseguiram interceptar 99% deles. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Jornal Nacional 15/04/2024 21h01 Atualizado há um dia Postado em 16 de abril de 2024 às 07h30m #.*Post. - N.\ 11.175*.#
Com armas desenvolvidas com o apoio da Rússia e da Coreia do Norte, Irã desafia o sistema de defesa de Israel
O sistema de defesa de Israel é um dos mais sofisticados do planeta. Do outro lado desse conflito, o Irã desenvolveu armas com o apoio da Rússia e da Coreia do Norte.
Desde os primeiros alertas de que o Irã iria atacar Israel, a tensão tomou conta do mundo. Foram horas de apreensão, até que drones e mísseis começaram a ser interceptados em explosões brilhantes no céu.
Mas é nos detalhes que se entende melhor esse conflito de contornos inéditos. Os iranianos jamais haviam atacado diretamente os israelenses. O Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel. As forças de defesa de Israel afirmam que conseguiram interceptar 99% deles.
Foram cerca de 170 drones kamikaze não tripulados, como um em formato de asa delta, 30 mísseis de cruzeiro, que navegam sozinhos e podem voar a poucos metros da superfície, e mais 120 mísseis balísticos, que fazem trajetórias em arco usando a força da gravidade - esses teriam sido os poucos que conseguiram atingir de fato Israel.
Armas lançadas pelo Irã em direção a Israel — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
"A variação desse uso é bastante curiosa, não é usual esse tipo de variação. Mas a gente pode analisar para entender que esse processo provavelmente foi como um elemento de demonstração de força. Então, o objetivo central do ataque iraniano a Israel não era necessariamente gerar grandes danos ao território israelense, até porque o número de ogivas, o número de incursões aéreas, foi até pequena se comparado ao arsenal iraniano", avalia Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da PUC-SP.
A distância mais curta entre Irã e Israel é de cerca de mil km. Ataques partiram também de grupos armados, apoiados pelo Irã, em outros países vizinhos: Iraque, Síria, Iêmen, Líbano.
Para um ataque inédito, uma grande operação de defesa com apoio de aliados. Estados Unidos, Reino Unido e a França compartilharam com Israel informações precisas de inteligência. Houve, também, participação direta. Só os Estados Unidos derrubaram, pelo menos, 70 drones e seis mísseis.
A Jordânia, um país árabe que tem um tratado de paz com Israel, também atuou para derrubar mísseis iranianos. Informou que fez isso em defesa própria para evitar que os artefatos caíssem em seu território.
"A Jordânia foi muito crítica em relação a Israel e sua atuação militar em Gaza. Então, isso também mostrou que vários países árabes que criticaram Israel devido a sua guerra contra o Hamas, não necessariamente vão criticar Israel no seu conflito com o Irã, que para vários países do Oriente Médio também é uma ameaça. O Irã tem uma relação muito ambígua, em vários sentidos, muito tensa com o mundo árabe. O Irã tem ambições de liderança regional. A Arábia Saudita também, o Egito também. Então, de certa forma, para a Arábia Saudita, o Irã é um rival. Então, quando o Irã acompanha esse risco de um conflito direto entre Israel e o Irã, a Arábia Saudita não estará do lado iraniano, apesar de também ter uma relação tensa com Israel. Vários desses países árabes são aliados dos Estados Unidos. Então, me parece que não há nenhum interesse por parte do mundo árabe em ver o Irã atacando Israel", diz Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV.
Quando um inimigo ameaça a segurança de Israel, as forças de defesa decidem como reagir e a qual ou quais os sistemas devem usar. O mais conhecido deles é o "Domo de Ferro". É usado para abater foguetes de curto alcance, como os lançados pelo grupo terrorista Hamas, da Faixa de Gaza, e pelos extremistas do Hezbollah, no sul do Líbano. Quando um ataque é identificado, o sistema estima um ponto de impacto e lança um míssil interceptador para explodir o artefato inimigo ainda no ar.
Já o sistema chamado "Estilingue de David" é mais poderoso. Foi desenvolvido por americanos e israelenses para interceptar aviões inimigos. Drones e mísseis e curto e médio alcance. São mísseis que voam em uma altura de até 15 km e percorrem uma distância máxima de 300 km. Podem ser instalados em qualquer lugar do país.
Para derrubar os mísseis balísticos mais sofisticados e utilizados pelo Irã nos últimos anos, Israel desenvolveu o sistema chamado seta ou flecha. Ele é capaz de interceptar um míssil no espaço, do tipo que voa em altitudes de até 100 km, e percorrem quase 2,5 mil km de distância.
A maioria dos mísseis de última geração iraniana é desenvolvida a partir de modelos da Rússia e da Coreia do Norte. O Irã também exporta armas de guerra: a Rússia usa os drones iranianos para atacar a Ucrânia.
No domingo (14), um dia depois dos ataques, um outro sistema entrou em ação para interceptar um drone que teria sido lançado do Iêmen neste domingo. O "Domo C" fica instalado em um navio de guerra e funciona de maneira parecida com o "Domo de Ferro".
Israel também mobiliza a Força Aérea, que tem jatos F-15 e F-16 fabricados nos Estados Unidos e caças capazes de abater drones ou mísseis.
Um dos poucos locais atingidos foi a base aérea de Nevatim. As autoridades israelenses afirmam que esse era o principal alvo do Irã, mas não houve grandes prejuízos.
"Acabou sendo um ataque grande em termos quantitativos, mas o Irã também parece ter desenhado o ataque de uma forma para que Israel tivesse tempo de abater boa parte dos mísseis. O alvo principal parece ter sido bases militares. O que também sinaliza que o Irã não buscou atingir a população civil israelense", explica Oliver Stuenkel.
Na última sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,61%, cotada em R$ 5,1212, renovando o maior patamar em seis meses. Na semana, acumulou alta de 1,11%. Já o principal índice acionário da bolsa brasileira encerrou em queda de 1,14%, aos 125.946 pontos. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por g1 15/04/2024 09h02 Atualizado há 20 minutos Postado em 15 de abril de 2024 às 10h00m #.*Post. - N.\ 11.174*.#
Dólar — Foto: Pixabay
O dólar opera em alta e se aproxima do patamar dos R$ 5,20 nesta segunda-feira (15), refletindo a escalada dos conflitos no Oriente Médio, após o Irã atacar Israel no fim de semana.
Na expectativa de que Israel não vai continuar os ataques, os mercados operam com um pouco mais de tranquilidade neste início de semana, mas a moeda americana continua ganhando força sobre o real e outras moedas de países emergentes.
Com este mesmo cenário de pano de fundo, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera com volatilidade, oscilando entre altas e baixas.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 13h18, o dólar subia 1,23%, cotado a R$ 5,1844. Na máxima do dia, chegou aos R$ 5,1908. Veja mais cotações.
Na sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,61%, cotada em R$ 5,1212, mas alcançou a máxima de R$ 5,1477 ao longo do dia.
Com o resultado, acumula altas de:
1,11% na semana;
2,11% no mês; e
5,54% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,06%, aos 125.864 pontos.
Na sexta, encerrou em queda de 1,14%, aos 125.946 pontos.
A atenção dos investidores segue voltada para o Oriente Médio, enquanto o mundo aguarda novas sinalizações do que deve acontecer.
Na última sexta-feira, os mercados encerraram o dia estressados, com queda nas bolsas de valores ao redor do mundo e fortalecimento do dólar ante outras moedas, depois do Irã informar que lançaria um ataque contra o território israelense.
Os ataques foram uma resposta do país a um suposto ataque de Israel contra a embaixada iraniana na Síria. Essa foi a primeira vez que o Irã atacou Israel diretamente.
"Queira ou não, dólar é proteção. É proteção no mundo inteiro. Então, na sexta-feira, quando aconteceram os ataques, o mundo inteiro correu para o dólar", comenta o analista de investimentos Vitor Mizara.
Autoridades iranianas disseram que veem o assunto como encerrado e justificaram o ataque como legítima defesa. Israel, por outro lado, quer responder o ataque, mas não tem apoio da comunidade internacional, principalmente dos Estados Unidos - que são grandes rivais do Irã.
No Brasil, o destaque é a expectativa de que o governo deve reduzir a meta fiscal e descartar um superávit para 2025. A proposta, segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, será de déficit zero para as contas públicas no próximo ano, o que deve ser apresentado no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025.
Na LDO anterior, o projetado era de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 e de 1% para 2026. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declarou que o governo tentava fixar uma "meta factível" para as contas públicas no ano que vem.
De acordo com a fonte, as metas devem ser corrigidas em zero para 2025 e superávit de 0,25% para 2026, 0,5% para 2027 e 1% para 2028.
Super-ricos e seus herdeiros buscam especialistas para aconselhá-los até sobre casamentos e contratação de parentes enquanto cresce debate sobre imposto global sobre fortunas. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Ligia Guimarães 15/04/2024 07h40 Atualizado há uma hora Postado em 15 de abril de 2024 às 08h40m #.*Post. - N.\ 11.173*.#
Com 31 anos, Mark Mateschitz, herdeiro da marca Red Bull, ganhou o
posto de jovem bilionário com maior fortuna segundo a lista da Forbes
deste ano — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Muitos deles sequer começaram a trabalhar ou escolheram suas carreiras,
mas tiveram uma grande ajuda para estar ali: pela primeira vez desde
2009, todos os bilionários com menos de 30 anos listados no ranking da
Forbes são herdeiros.
Dos 25 bilionários com 33 anos de idade ou menos que figuram no ranking, apenas sete construíram seus próprios impérios.
Para a Forbes, a presença massiva de jovens herdeiros é sinal de que
está em curso um fenômeno há tempo preconizado no universo das finanças
globais: a “grande transferência de riqueza”, período em que grande
parte de todo o patrimônio dos ricos do mundo mudará de mãos para as
próximas gerações.
A estimativa é de que, somente até o fim de 2029, mais de US$ 8,8
trilhões sejam transferidos dos bilionários para seus jovens sucessores.
“E não estamos falando só de dinheiro, mas também das empresas”,
explica o advogado Yuri Freitas, responsável pelo time de planejamento
patrimonial para o Brasil do banco suíço UBS.
Ele comanda um grupo de especialistas que fica à disposição dos
clientes donos de fortunas com uma função: ajudá-los a planejar o que
fazer com seu patrimônio depois que eles morrerem.
Reforma tributária apressou os planos de transferência de heranças
entre os donos de fortunas no Brasil, diz Freitas, do UBS — Foto:
DIVULGAÇÃO via BBC
Apesar da formação financeira e jurídica de Freitas, o trabalho dele e
de sua equipe envolve mais habilidades do que cuidar dos números e
conhecer leis.
Vai desde conversar com a família sobre o uso dos recursos por todos os
parentes e agregados (quem pode usar o jatinho? quem pode emprestar o
iate?) a sugerir regras para a contratação de familiares como
funcionários e calcular o risco que novos casamentos podem representar
para o patrimônio dos herdeiros.
A função inclui também mapear os objetivos de cada cliente para o seu
patrimônio após a morte: como dividir empresas, obras de arte,
embarcações, aeronaves e imóveis, entre outros.
A equipe de planejamento do patrimônio também ajuda a criar protocolos
para questões delicadas que misturam laços familiares e dinheiro. O
planejamento abrange aspectos íntimos da vida familiar, como o regime de
bens se o cliente é casado, se tem filhos, se os filhos são casados, se
moram no Brasil ou fora, por exemplo.
Para quem não é herdeiro de nenhuma grande fortuna, uma boa referência a
esse universo é a série Succession, da HBO, que aborda o drama de uma
família de bilionários.
“Por
mais caricata que a série seja, as famílias têm conflitos que se
desenvolvem numa dinâmica de comportamento parecida”, conta Freitas.
A BBC News Brasil reuniu especialistas, artigos e exemplos práticos
para explicar o que é a grande transferência de riqueza e qual o debate
em torno dos impactos negativos que esse nível de concentração de renda
pode acarretar.
Preparação com comitês e psicólogos
Uma das etapas de um trabalho como o de Freitas é o de construir com a
família dona da fortuna um protocolo familiar, de preferência antes do
doador transmitir a herança aos filhos.
“É quando o patriarca está bem e ativo que é importante tomar essas
decisões para enfrentar conflitos lá na frente”, diz o executivo da UBS.
Pesquisa realizada pela consultoria americana The Williams Group estima que 70% das transferências de riqueza nos Estados Unidos falham, e que 60% dessas falhas resultam em falta de confiança e comunicação entre os membros da família rica.
“A
família precisa ter regras de como lidar com o patrimônio muito bem
estabelecidas. E não estou falando só dos instrumentos jurídicos, como
testamento, o contrato social da empresa, o acordo de acionistas”, diz
Freitas.
“Estou falando do aspecto moral, por exemplo: como eu vou contratar um
primo ou um sobrinho? Que requisitos ele ou ela tem que ter, que
escolaridade? Quem pode usar o jatinho da família?”, segue o
especialista.
Sem familiaridade com o mundo dos bilionários? Assistir à série Succession pode ajudar — Foto: HBO via BBC
A criação do protocolo familiar para o planejamento da herança pode
envolver a criação de comitês familiares para apresentar os
investimentos e até de psicólogos e outros profissionais para mediar as
conversas.
“É
muito comum que a discussão sobre a qualificação do executivo a ser
contratado descambe para: ‘Ah, você contrata o seu filho e agora quer
demitir o meu'. A gente ajuda o cliente a construir esse protocolo”, diz
o executivo.
Em 15 anos de experiência na área, a percepção de Freitas coincide com o
diagnóstico da revista Forbes: a grande transferência de fortuna global
já está em curso de maneira acelerada, e os bilionários do Brasil e do
mundo estão começando cada vez mais cedo a repassar seus patrimônios
para a próxima geração.
Exemplo brasileiro
De tempos em tempos, cada geração de adultos herda das gerações anteriores o patrimônio acumulado por determinada família.
Como no exemplo brasileiro abordado pela Forbes: a Weg, multinacional
que exporta para 135 países e é uma das maiores fabricantes de motores
elétricos do mundo, foi cofundada por Werner Ricardo Voigt, bilionário
que morreu em 2016.
Hoje, são bilionárias também as netas de Werner,Lívia Voigt, 19 anos, e sua irmã Dora Voigt, 26, que não participam ativamente do dia a dia da empresa.
Mas a riqueza fundada por Werner não enriqueceu apenas as duas netas:
além de Lívia e Dora, outros 28 empresários têm a WEG como origem de sua
fortuna. De acordo com a Forbes, os descendentes dos fundadores da WEG
têm, juntos, um patrimônio de R$ 85,53 bilhões.
Movimentos como o da família Voigt estão acontecendo e devem se
acelerar, de acordo com as projeções dos institutos que acompanham as
grandes fortunas.
Os números divergem, mas apontam para o mesmo cenário: nas próximas
duas décadas, trilhões de dólares devem passar das mãos de abastados baby boomers (nascidos
em 1964 ou antes, nas duas décadas após o fim da Segunda Guerra
Mundial) para as afortunadas próximas gerações de herdeiros millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e geração Z(entre 1997 e 2013).
A empresa de pesquisa de mercado Cerulli Associates estima que US$ 84
trilhões mudarão de mãos até 2045 - sendo US$ 72,6 trilhões transferidos
para herdeiros e US$ 11,9 trilhões para filantropia.
Relatório do banco UBS sobre ambições bilionárias em 2023 aponta que,
pela primeira vez na história do estudo, novos bilionários adquiriram
mais riqueza por meio de heranças do que pelo empreendedorismo. Em um
ano, um total de US$ 150 bilhões foram obtidos por 53 herdeiros,
enquanto 84 bilionários acumularam US$ 140,7 bilhões por meio do
empreendedorismo.
O UBS também estima que, nos próximos 20 a 30 anos, mais de mil
bilionários de hoje transferirão mais de US$ 5,2 trilhões a seus
herdeiros.
“Como calculamos esta estimativa? Apenas somando a riqueza dos 1023
bilionários que têm 70 anos ou mais hoje”, diz o relatório.
Nos Estados Unidos, a estimativa é que a geração dos baby boomers
retenha atualmente US$ 95,9 trilhões dos US$ 147,1 trilhões da riqueza
das famílias dos EUA, segundo o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
E por que essa geração que está envelhecendo tem tanto dinheiro para dar aos seus sortudos sucessores?
“A riqueza excepcional resultante do boom da atividade empresarial desde os anos 90 estabeleceu uma base para gerações futuras de famílias bilionárias”, segue o texto.
Clube dos 90+: veja quem são os bilionários mais velhos do mundo
Choque de gerações
“Nunca antes tanto dinheiro - em imóveis, terra, ações e espécie -
mudará tão repentinamente de uma geração para outra, e nunca antes a
próxima geração teve sentimentos tão diferentes sobre o futuro do
planeta e o capitalismo em comparação a seus precursores”, explica em
artigo publicado no ano passado o banqueiro e filantropo sul-africano
Ken Costa, autor do livro The 100 Trillion Dollar Wealth Transfere uma das vozes mais contundentes a respeito do fenômeno.
A principal tese de Costa, ele mesmo um bilionário boomer,
é que os jovens, excluídos da riqueza desfrutada pelas gerações mais
velhas durante tanto tempo, são desgostosos em relação ao capitalismo
atual.
Mais do que isso, culpam com razão os boomers por destruírem o planeta numa corrida precipitada por riquezas a curto prazo. Os boomers, culpados, pioraram as coisas por serem arrogantes e resistentes à mudança, na visão de Costa.
“Os Zennials[nome que ele criou para se referir aos jovens millenials,
nascidos entre 1981 e 1996 mais os Gen Z, entre 1997 e 2013] herdarão
recursos de capital, poder e influência, e a tecnologia será a
ferramenta que utilizarão para implementar a sua filosofia", prevê.
“Não há como escapar deste evento sísmico e, de fato, a transferência
já começou e está acelerando rapidamente. E este evento não acontecerá
isoladamente. Também criará um efeito cascata na economia, na tecnologia
e na cultura. O que sairá dessas mudanças depende da nova geração”.
“O que espero é que eles alcancem um futuro financeiro estável e próspero, e acredito que é essencial que nós, boomers, ajudemos a concretizar isso”, afirma Costa.
Preparação de passagem de fortunas envolve criação de comitês familiares e até psicólogos — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Preocupação com impostos
Há diversos motivos que levam os patriarcas e donos das grandes
fortunas a apressarem cada vez mais a transferência de patrimônio para
as novas gerações, e a principal delas é o medo de pagar mais impostos.
Nos Estados Unidos,
a doação de heranças em vida é isenta de impostos até um limite de US$
12 milhões; sobre o que extrapolar esse limite, as alíquotas chegam a
40% sobre o valor doado.
“É
quase metade do patrimônio que acaba sendo pago em impostos. Então, o
estudo de estruturas e estratégias para suavizar essa transmissão sempre
foi uma preocupação que habitou o imaginário desses executivos”, diz
Freitas.
No Brasil, a pressão dos impostos sobre as grandes fortunas e heranças
sempre foi mais branda que a da maioria dos países e exigiu menos
planejamento dos bilionários - com muitas opções para que os muito ricos
acumulassem rendimentos ao longo da vida com pouca tributação.
No ano passado, o governo agiu para acabar com a vantagem concedida em
algumas aplicações onde era possível adiar o pagamento de impostos que
são devidos quando se aplica o dinheiro.
"Até
o final de 2023, era muito comum que o cliente tivesse um fundo
multimercado exclusivo dele e esse fundo só pagava imposto no momento de
uma amortização, de um resgate. Então você tinha ali uma estrutura que
ficava 10, 15 anos, só rentabilizando sem pagar imposto”, diz o
executivo do UBS.
A reforma tributária de 2023mudou
um pouco o cenário na tributação de heranças, principalmente ao prever
potencial aumento da alíquota do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação (ITCMD), conhecido como o “imposto das heranças”.
Atualmente, o ITCMD é estadual e possui alíquotas que variam entre 4% e
8%. A cobrança é diferente em cada Estado brasileiro. Em São Paulo, a
alíquota é de 4%. Em Minas Gerais, de 5%. Já o Rio de Janeiro prevê seis
alíquotas progressivas de 4% a 8% à medida que a herança aumenta.
A reforma estabelece que o imposto será obrigatoriamente progressivo, -
ou seja, quanto maior o valor da herança ou doação, maior será a
alíquota aplicada.
“O Estado de São Paulo pratica uma alíquota de 4% historicamente, e a
expectativa é que em algum momento a Assembleia Legislativa se mova para
aumentar essa alíquota. Então, muita gente vê muitas transmissões de
patrimônio acontecendo ou se acelerando por conta disso”, explica
Freitas.
Em seu segmento de planejamento patrimonial do UBS, nunca houve tanta
demanda de clientes brasileiros por informações e atendimento a respeito
das novas regras de herança, doações e temas relacionados como no ano
passado, por causa da reforma tributária, diz Freitas.
“Foi o ano mais desafiador da minha carreira. Quando você tem uma reforma que muda toda a regra, e realmente mudou, o baby boomer
precisa entender as novas regras, que são complexas, e rever as
decisões. Tudo isso vai pressionando ele [a acelerar os planos]”, diz.
“O assunto do ano passado foi reforma tributária, e o deste ano são os
ajustes que se tem que fazer para por conta da reforma tributária”,
aponta Freitas.
Bom para quem?
O ativista Peter Tatchell segura um cartaz pedindo imposto sobre a
riqueza dos bilionários para financiar o sistema de saúde britânico em
2023 em Londres — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Essa nova leva de jovens herdeiros bilionários prevista para as
próximas décadas ocorre em um momento da história em que a concentração
de renda nas mãos de poucas famílias piora a vida da maioria das pessoas
do mundo.
O relatório Desigualdade S/A,
divulgado no início do ano pela Oxfam, aponta que a riqueza dos cinco
maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto a de 60% da
população global – cerca de 5 bilhões de pessoas – diminuiu nesse mesmo
período.
Enquanto sete em cada dez das maiores empresas do mundo têm bilionários
como CEOs ou principais acionistas, apenas 0,4% das mais de 1.600
maiores e mais influentes empresas do mundo se comprometeram
publicamente com o pagamento de salários dignos a seus trabalhadores.
O impacto de tanta desigualdade de renda é gritante, destaca a publicação.
“A década de 2020, que começou com a covid-19 e depois assistiu à
escalada de conflitos, à aceleração da crise climática e ao aumento do
custo de vida, parece estar se transformando em uma década de divisão",
diz o documento.
"A
pobreza nos países de renda mais baixa é ainda maior do que era em
2019. Em todo o mundo, os preços estão ultrapassando os salários, e
centenas de milhões de pessoas têm dificuldades”, alerta o texto.
Daniel Duque, pesquisador da área de economia aplicada do FGV Ibre
(Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), explica
que tal esforço dos super-ricos em repassar seus bens para as próximas
gerações pode ser uma reação às recentes iniciativas de diversos países
de debater e implementar modelos mais progressivos de tributação - após
décadas de alíquotas que foram generosas com os bilionários.
Movimento que cresceu fomentado principalmente pela visibilidade dada
ao trabalho do economista francês Thomas Piketty, que defende reparos ao
sistema capitalista capazes de interromper esse processo de
concentração de riqueza.
“Está havendo um movimento em diversos países de haver uma tributação
maior sobre grandes fortunas, o que gera uma pressão sobre os
super-ricos de passar logo para a próxima geração”, diz Duque.
Outro debate que pode pressionar esse público é o que ocorre no G20 em
torno da criação de um tributo global sobre grandes fortunas, proposta
apresentada ao grupo em fevereiro pelo ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, durante encontro em São Paulo.
“Um
tributo como esse tornaria muito mais difícil para os super-ricos
gerarem essa herança sem tributação. Porque até então, quando se cobrava
um imposto, eles migravam o dinheiro para outro lugar", aponta o
pesquisador.
Tanta concentração de renda traz riscos econômicos e políticos para o
planeta, diz o Duque, bem como a assimetria de oportunidades, bastante
desfavorável para quem tem menos dinheiro.
“Um dos principais riscos é como lidar com o poder tão concentrado nas
mãos de tão poucos. Antigamente, a capacidade de os mais ricos
influenciarem a política era mais limitada, com menos capacidade de ação
nos meandros do poder. Com uma concentração alta, isso começa a mudar e
se vê indivíduos que conseguem mudar rumos”, diz ele.
O que pensam os jovens herdeiros?
Como em todo debate geracional, profissionais de todas as áreas têm se
debruçado para tentar prever o comportamento desses jovens herdeiros e
as mudanças que eles causarão no mundo dos negócios.
Principalmente os bancos, que correm o risco de perder os clientes cujo
patrimônio tão vultoso eles ajudaram a construir e compartilharam por
décadas.
O que se sabe é que os bilionários da nova geração são mais conectados
socialmente, mais digitais e, pelo menos no discurso, se importam mais
do que os pais sobre o impacto positivo que os seus investimentos terão
no planeta, tanto no clima quanto socialmente.
Relatório da consultoria EY estima que investidores millenials têm o dobro da disposição em investir em empresas ou fundos que busquem transformações sociais e ambientais.
Além disso, 17% dos millenialsdizem
querer investir em companhias que adotam práticas de ESG de alta
qualidade, comparados a 9% entre investidores não-millenials.
No UBS, a equipe de wealth management realiza há anos uma série de eventos e programas voltada a atender aos investidores next gen, como são chamados os herdeiros de fortunas.
No Brasil, o banco criou em 2019 um encontro de troca de experiências
exclusivamente voltado para herdeiros. "Ali a gente trouxe alguns
herdeiros falando para outros herdeiros sobre temas como inovação no
negócio familiar, governança familiar, family office", afirma Freitas.
Nota-se diferenças comportamentais: se os baby boomers apreciam o sigilo e a privacidade de uma relação formal e de confiança
com o consultor do banco, os jovens gostam de mais interação com seus
pares.
“Ele
vê o banco como um lugar que pode proporcionar para ele contato com
outros empreendedores e pode abrir portas com pessoas com outros
clientes”, diz Freitas.
No programa para sucessores seletos de patrimônio mais elevado, há até
uma comunidade global criada pelo banco especialmente para a convivência
entre herdeiros do mundo todo, onde eles compartilham dicas, eventos e
relações para além das mediadas pelo banco.
Dá para esperar que os bilionários gerarão mudanças positivas para o
mundo - que sofre, entre outras questões, com a enorme concentração de
renda na mão de poucas famílias?
O relatório do UBS pontua que, embora existam vários casos bem
divulgados de empresários bilionários que prometem doar grande parte de
suas fortunas à filantropia, é menos conhecido o fato de que entre
herdeiros essa intenção seja mais reticente.
“Embora
mais do que dois terços (68%) dos bilionários da primeira geração
tenham declarado que seguir seus objetivos filantrópicos e gerar impacto
no mundo tenha sido o objetivo principal de seu legado, menos de um
terço (32%) das gerações herdeiras expressou a mesma intenção", diz o
estudo.
Na experiência do UBS, as gerações sucessoras são muitas vezes
relutantes em doar dinheiro que não ganharam e, em alguns casos, elas
podem simplesmente continuar investindo nas eventuais fundações
existentes na família.
"No entanto, há uma tendência para investir ou gerenciar negócios de
maneira que abordem questões ambientais e sociais, tanto para fins
comerciais como fins altruístas", aponta o relatório.
A pesquisa do banco ouviu alguns desses herdeiros.
“Por
mais que meu pai trabalhasse em petróleo, gás e mineração, estou
tentando mudar todo o negócio para assuntos relacionados à tecnologia,
áreas que têm menos impacto no meio ambiente”, explicou um bilionário de
segunda geração ao estudo.
"Mas eu não vou vender todos esses negócios em um dia. É uma jornada
que comecei há vários anos, quando assumi negócios da família."
Relações familiares e poder
Outro fator que apressa o planejamento da sucessão entre bilionários,
para Freitas, é a pressão crescente dos mercados nas últimas décadas por
mais transparência, regulação e compliance (conjunto de
práticas para garantir o cumprimento de regras legais e éticas definidas
pelos Estados ou pelas próprias empresas).
Segundo o executivo do UBS, no setor bancário, a regulação de compliance nos últimos 30 anos passou a cobrar muito mais transparência, com contatos frequentes por e-mail. "O baby boomerque já construiu a sua fortuna gosta do papel, ele gosta da presença física”, diz ele.
No caso dosbaby boomers brasileiros,
o apego ao controle de todas as decisões financeiras e operacionais
relacionadas ao patrimônio é ainda mais marcante, diz Freitas.
“Mesmo quando faz sentido do ponto de vista tributário um projeto de
passagem de bastão, por exemplo, o projeto não acontece se você não
tiver o patriarca engajado”, afirma, citando um exemplo fictício.
“Às
vezes, ele até diz que está engajado, mas quando chega na hora de falar
‘você deixa de ser executivo da empresa e vai passar para o conselho de
administração', ele topa, mas está ali no chão de fábrica todo dia,
vendo tudo de perto”.
Como imaginar que, tão habituados ao controle de todo seu patrimônio, tais bilionários baby boomers estejam cedendo tão rapidamente o poder às próximas gerações, como sugere a grande quantidade de jovens listados pela Forbes?
Há muitos recursos para manter o poder mesmo após a doação dos ativos,
explica Freitas. Um deles é a reserva de usufruto, que prevê que o dono
fundador mantenha o poder político sobre aquele patrimônio.
“No
exemplo de uma empresa: eu doei as ações, já recolhi o imposto sobre
herança, mas eu reservei o usufruto político e econômico: o que
significa que eu ainda mando e ainda posso receber o rendimento”,
explica.
Existe também a cláusula de incomunicabilidade da herança, que é
prevista no Código Civil para possibilitar que bens herdados ou doados
não sejam transmitidos ao cônjuge - “para que o ativo não se contamine
com patrimônio do agregado, da nora, do genro”, diz Freitas.
O que significa que, embora abastadíssimos, com um futuro promissor e
cheio de regalias, estar na lista da Forbes não significa que a nova
geração já esteja integralmente no comando.
“Muitos
dessa nova geração são muito ricos, mas quando você olha de perto, têm
pouco poder de decisão”, conclui o executivo da UBS.