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segunda-feira, 11 de março de 2024

Sem desigualdade de gênero, mundo poderia ter PIB ao menos 20% maior, diz Banco Mundial

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Relatório mostra o impacto de acabar com as leis e práticas discriminatórias no mercado de trabalho.
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Por Yoanna Stavracas, GloboNews

Postado em 11 de março de 2024 às 16h00m

#.*Post. - N.\ 11.125*.#

Reduzir desigualdade de gênero poderia aumentar o PIB do mundo em mais de 20%. — Foto: Reprodução/ GloboNews
Reduzir desigualdade de gênero poderia aumentar o PIB do mundo em mais de 20%. — Foto: Reprodução/ GloboNews

O Produto Interno Bruto (PIB) global poderia aumentar em mais de 20% com políticas públicas que removessem as dificuldades impostas às mulheres no mercado de trabalho. A descoberta é do 10º relatório anual do Banco Mundial sobre Mulheres, Empresas e Direito.

O estudo mostra que, com práticas que melhorassem as condições de trabalho e abertura de negócios para mulheres, o potencial de crescimento destravado poderia dobrar a taxa de crescimento global na próxima década.

As mulheres têm o poder de turbinar a economia global em crise, afirma a economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, observando que as reformas para prevenir a discriminação desaceleraram.

O texto afirma que os obstáculos que as mulheres enfrentam para entrar na força de trabalho global incluem não só barreiras à abertura de empresas, mas também disparidades salariais persistentes e proibições de trabalhar à noite ou em empregos considerados perigosos.

A pesquisa envolvendo 190 países mostra que nenhuma nação, nem mesmo as mais ricas, oferece uma verdadeira igualdade de oportunidades aos dois gêneros. Quando se leva em conta as diferenças jurídicas que envolvem a violência e o serviço de cuidado com as crianças, as mulheres desfrutam de apenas dois terços (64%) dos direitos legais que os homens têm.

Mulheres têm 2/3 das proteções legais dos homens. — Foto: Gabriel Andrade/ GloboNews
Mulheres têm 2/3 das proteções legais dos homens. — Foto: Gabriel Andrade/ GloboNews

Em média, as mulheres também passam mais 2,4 horas por dia em trabalho de cuidados não remunerado do que os homens, em grande parte cuidando de crianças.

Nesta edição da pesquisa, o relatório avaliou pela primeira vez a forma como os países implementam as leis existentes para proteger as mulheres, e o resultado encontrado foi uma grande lacuna entre a política e a prática.

Segundo a pesquisa, 98 economias promulgaram legislação que determina a igualdade de remuneração para as mulheres pelo mesmo trabalho. No entanto, apenas 35 economias – menos de uma em cada cinco – adotaram medidas de transparência salarial ou mecanismos de aplicação para eliminar as disparidades salariais.

É mais urgente do que nunca acelerar os esforços para reformar leis e promulgar políticas públicas que capacitem as mulheres para trabalhar e iniciar e desenvolver negócios, afirmou Tea Trumbic, principal autora do relatório. Ela reforça que a disparidade de gênero atrapalha o desenvolvimento mundial.

Hoje, apenas metade das mulheres participa da força de trabalho global, em comparação com quase três em cada quatro homens. Isto não é apenas injusto – é um desperdício. Aumentar a participação económica das mulheres é a chave para amplificar as suas vozes e moldar as decisões que as afectam directamente. Os países simplesmente não podem dar-se ao luxo de marginalizar metade da sua população., afirma Trumbic.

G1 em 1 minuto: Mulheres ganham 21% menos que homens e Avião que desapareceu 10 anos

Desigualdade salarial e aposentadoria

Na área salarial, as mulheres ganham apenas 77 centavos por cada dólar pago aos homens. A lacuna de direitos se estende até às aposentadorias.

Em 62 economias, as idades em que homens e mulheres podem se aposentar não são as mesmas. As mulheres tendem a viver mais do que os homens, mas como recebem salários mais baixos enquanto trabalham, tiram férias quando têm filhos e se aposentam mais cedo, acabam recebendo valores mais baixos e enfrentam maior insegurança financeira na velhice.

Violência de gênero

O documento concluiu que as mulheres têm apenas um terço das proteções legais necessárias contra a violência doméstica, o assédio sexual, o casamento infantil e o feminicídio nos 190 países estudados.

O assédio sexual é proibido no local de trabalho em 151 países, mas apenas 40 têm leis que o proíbem em locais públicos.

Como podemos esperar que as mulheres prosperem no trabalho quando é perigoso para elas simplesmente viajar para trabalhar?, disse Indermit Gill, do Banco Mundial.

O relatório inclui recomendações específicas para governos, incluindo a melhoria das leis relativas à segurança, cuidados infantis e oportunidades de negócios; promulgar reformas que eliminem as restrições ao trabalho das mulheres; expandir as disposições sobre licença maternidade e paternidade; e estabelecer cotas vinculativas para mulheres nos conselhos de administração de empresas de capital aberto.

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domingo, 10 de março de 2024

A nova espécie de mamífero descoberta por cientistas no Peru

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É a primeira descoberta de uma nova espécie de cervo neste século em todo o mundo.
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TOPO
Por BBC

Postado em 10 de março de 2024 às 11h15m

#.*Post. - N.\ 11.124*.#

Pudella carlae é uma espécie nova encontrada no Peru — Foto: SERNANP
Pudella carlae é uma espécie nova encontrada no Peru — Foto: SERNANP

Uma nova espécie de cervo foi encontrada no norte do Peru: o Pudella carlae ou pudu da selva peruana.

Já faz muitos anos que pesquisadores descobriram o pudu, um pequeno cervo de pele escura que habita grandes territórios da Argentina à Colômbia.

Até onde se sabia, existiam duas espécies com este nome: o Pudu puda, que habita as florestas da fronteira sul entre Argentina e Chile, e o Pudu mephistophiles, também conhecido como pudu pequeno ou do norte, considerado a menor espécie de veado do planeta.

Essa segunda espécie vive em regiões de montanha localizadas entre o Peru, o Equador e algumas áreas da Colômbia.

Mas agora os pesquisadores da Divisão de Mastozoologia do Centro de Ornitologia e Biodiversidade do Peru conseguiram demonstrar que os Pudu mephistophiles, na verdade, incluem duas espécies diferentes.

Uma delas é a forma típica, que habita a região peruana de Huancabamba e se estende até o norte da América do Sul.

E a outra é a Pudella carlae, endêmica do Peru e que vive no sul da depressão de Huancabamba (cerca de 1.000 quilômetros ao norte de Lima).

Esta é a primeira descoberta de uma nova espécie de cervo em 60 anos na América e a primeira no século 21 em todo o mundo.

A nova espécie, Pudella carlae foi observada no sudeste da depressão de Huancabamba, no norte do Peru — Foto: SERNANP
A nova espécie, Pudella carlae foi observada no sudeste da depressão de Huancabamba, no norte do Peru — Foto: SERNANP

Quais são as diferenças

Nos últimos anos, com o intuito de melhorar os projetos de conservação em áreas habitadas por mamíferos raros (como o pudu), o Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas do Estado do Peru, Sernanp, realizou diversos estudos em diferentes habitats.

Esses estudos, realizados pelo cientista peruano Javier Barrio, indicaram que essas duas espécies eram diferentes, apesar de durante anos terem sido classificadas como o mesmo animal.

Após diversas análises genéticas e morfológicas, a equipe conseguiu demonstrar que os exemplares de pudu que habitavam a região sul da depressão de Huancabamba são diferentes daqueles do norte.

Eles têm duas diferenças, explica Guillermo D'Elía, professor da Universidade Austral do Chile, que participou da pesquisa, à BBC News Mundo, o serviço espanhol da BBC.

A primeira é a sua composição corporal. A Pudella carlae é maior, seu pelo é mais escuro e o formato das orelhas não é semelhante.

E a segunda diferença é genética.

As linhagens dos dois animais não coincidem para que sejam chamados da mesma espécie, diz D'Elía.

O pudú do norte, que habita áreas do Peru, Equador e Colômbia, é conhecido como o menor cervo do mundo. — Foto: WIKICOMMONS
O pudú do norte, que habita áreas do Peru, Equador e Colômbia, é conhecido como o menor cervo do mundo. — Foto: WIKICOMMONS

A origem do nome

Outra decisão foi dar um nome científico de acordo com a descoberta feita.

Pudu vem da palavra püdu que em Mapudungun, a língua mapuche, significa o cervo.

Os Mapuches chamavam assim as espécies que vinham do Chile e da Argentina.

Com o passar dos anos, também se decidiu chamar assim os encontrados no Peru e no Equador.

Pudu vem da palavra que os Mapuche usavam para se referir ao cervo: püdu — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Pudu vem da palavra que os Mapuche usavam para se referir ao cervo: püdu — Foto: GETTY IMAGES via BBC

E o nome carlae vem de uma das cientistas que trabalhou na pesquisa desses animais, Carla Gazzolo.

O nome comum que propomos é pudu da yunga peruana. As yunga, que podem ser encontradas no Peru, são essas áreas florestais onde vivem esses animais, explica o acadêmico.

Para D'Elía, a importância dessa descoberta reside não só em encontrar novas espécies em meio às ameaças ambientais do mundo atual, mas também em fornecer mais informações sobre as espécies de cervos que habitam o continente americano.

Não sabemos muito sobre sua história natural. Não sabemos como eles se movem, como se alimentam, como acasalam. Por isso é importante continuar na área e estudá-los, ressalta.

Os pesquisadores destacam ainda que esses dados são fundamentais para a conversação desses mamíferos.

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sábado, 9 de março de 2024

Seca e ondas de calor em 2023 custarão R$ 700 milhões a mais na conta de energia

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Impacto médio na tarifa de energia vai ser de 0,3%, aplicado nos próximos reajustes tarifários das distribuidoras.
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Por Lais Carregosa, g1 — Brasília

Postado em 09 de março de 2024 às 16h40m

#.*Post. - N.\ 11.123*.#


O cenário de secas, ondas de calor e de menor geração eólica em 2023 vai custar, ao todo, R$ 700 milhões a mais que o esperado na conta de energia para quem compra das distribuidoras. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), levantados a pedido do g1.

Apesar da alta, o impacto médio na tarifa de energia vai ser de 0,3%, aplicado nos próximos reajustes tarifários das distribuidoras (entenda mais abaixo).

Os números se referem ao aumento nos Encargos de Serviço de Sistema (ESS)pago na conta de luz para custear o acionamento de usinas termelétricas em casos pontuais, necessário para garantir a segurança do sistema nacional.

[Esses] encargos são para ressarcir geradores quando eles não estariam originalmente programados para gerar, mas, por uma razão ou por outra, o operador acaba programando, explicou Roberto Brandão, o pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Foi por meio do ESS que as usinas termelétricas acionadas no ano passado foram remuneradas. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a elevação se deve a:

  • aumento do consumo, especialmente no horário de pico (por volta das 19h);
  • e queda na geração de energia eólica.

Isso tem relação com a temperatura também, por conta de ventiladores e ar-condicionado", concluiu a CCEE.

O consumo de energia bateu recorde em novembro de 2023, por causa do calor. Em novembro e dezembro, a demanda aumentou com o uso de ares-condicionados e equipamentos de refrigeração.

Além disso, segundo Brandão, as hidrelétricas do Norte costumam gerar menos energia nos últimos meses do ano, o que, por si só, motiva o acionamento de usinas termelétricas para suprir o consumo. Contudo, esse comportamento sazonal foi intensificado em 2023 pelo fenômeno climático El Niño, que causou secas na região.

"Normalmente, essas usinas geram muito pouco no segundo semestre. [...] No ano passado, como a tivemos uma seca no Norte muito pronunciada, a situação foi ainda pior, afirmou o pesquisador.

Soma-se a esse cenário a menor geração das usinas eólicas no fim do ano, período em que há uma queda sazonal.

A geração eólica, na média, é mais intensa entre agosto e outubro. São os meses em que você tem grande geração eólica, o que muito é bom, porque esse é o período seco. Mas, sobretudo quando está chegando o final de um ano e início do seguinte, a geração eólica cai um pouco, afirmou Brandão.

Houve, então, um cenário de consumo maior que o esperado, por causa do calor, junto a uma redução na geração hidrelétrica, por conta das secas e da geração eólica -- cuja queda é comum para esse período do ano.

Aneel libera testes de aerogeradores no Parque Eólico Coxilha Negra em Santana do Livramento

Valores maiores que o esperado

O repasse dos valores do Encargos de Serviço de Sistema ocorre anualmente, quando a Aneel reajusta as tarifas das distribuidoras de energia, no aniversário do contrato. Dessa forma, em todos os anos a Aneel faz uma projeção do quanto deve custar o ESS e incorpora esse valor no reajuste das distribuidoras.

Para 2023, a projeção da Aneel, com base na previsão anual do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), era de R$ 142,9 milhões. Contudo, as despesas reais chegaram a R$ 842,3 milhões.

A diferença de cerca de R$ 700 milhões será incorporada nos processos de reajuste de 2024, resultando numa elevação da tarifa para o consumidor este ano.

Esse aumento vai ter impacto de 0,3% na tarifa média para o consumidor que compra energia das distribuidoras, segundo estimativa da Aneel.

Veja a projeção e o valor efetivo dos encargos para as distribuidoras em 2023:

Encargos superaram projeção em cerca de R$ 700 milhões
Valores se referem ao que será repassado para o mercado das distribuidoras, ou seja, para consumidores residenciais, pequenas empresas e comércios

milhões de R$projeção

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Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)

Elevação em novembro e dezembro

Os valores da CCEE, que incluem todos os consumidores, apontam um pagamento de R$ 384,3 milhões em novembro e de R$ 465,4 milhões em dezembro — muito acima dos meses anteriores.

A Câmara de Comercialização faz a contabilização desses encargos para todos que compram energia no sistema, sejam distribuidoras ou consumidores livres — empresas que têm consumo alto e podem escolher o seu fornecedor de energia, negociando contratos.

Veja os valores para todos os consumidores por mês:

Valor dos encargos para todos os consumidores, inclusive livres
Consumidores livres são empresas com consumo de energia acima de R$ 10 mil por mês, que podem escolher os seus fornecedores

milhões de R$

realizadojanfevmarabrmaijunjulagosetoutnovdez0100200300400500
Fonte: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)

Bandeira tarifária

Na última terça-feira (5), a Aneel aprovou uma mudança no sistema de bandeiras tarifárias que pode transferir os valores que seriam cobrados dentro do Encargos de Serviço de Sistema para as bandeiras.

Na prática, significa que os consumidores sentirão o impacto do acionamento de térmicas mais cedo.

  • As bandeiras tarifárias sinalizam o custo da geração de energia. Ou seja, se é preciso acionar usinas mais caras, o valor da energia também fica mais caro na conta de luz.

Isso é sinalizado por cores:

🟩 bandeira verde cenário favorável, não há cobrança extra.

🟨 bandeira amarelacenário menos favorável, cobrança de R$ 18,85 por MWh (megawatt-hora) utilizado.

🟥 bandeira vermelha patamar 1 — condições desfavoráveis, tarifa de R$ 44,63 por MWh utilizado.

🟥 bandeira vermelha patamar 2 — condições muito desfavoráveis, tarifa de R$ 78,77 por MWh utilizado.

A mudança implementada pela Aneel é um novo gatilho para acionamento dessas bandeiras. Agora, quando o ONS precisar utilizar usinas termelétricas de forma extraordinária e pontual para garantir o funcionamento do sistema, o custo dessa medida pode mudar a cor da bandeira depois.

No modelo anterior, esse custo entrava no ESS. Ou seja, se a regra já estivesse em vigor no ano passado, esses R$ 700 milhões de ESS que não estavam previstos e vão entrar na conta em 2024 poderiam ter sido remunerados pelas bandeiras tarifárias.

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sexta-feira, 8 de março de 2024

Petrobras perde R$ 53,1 bilhões em valor de mercado até as 13h após resultados de 2023

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O levantamento é de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria. Pagamento de R$ 72,4 bilhões em dividendos veio abaixo do esperado pelos investidores.
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Por g1

Postado em 08 de março de 2024 às 16h00m

#.*Post. - N.\ 11.122*.#

Edifício-sede da Petrobras, no centro do RJ  — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Edifício-sede da Petrobras, no centro do RJ — Foto: Marcos Serra Lima/g1

A Petrobras perdia R$ 53,1 bilhões em valor de mercado até as 13h desta sexta-feira (8), após a empresa frustrar as expectativas de analistas com os dividendos propostos — que são uma parcela do lucro das empresas dividida entre os acionistas — na divulgação dos resultados de 2023. O levantamento é de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria.

Durante a tarde, as ações da petroleira chegaram a cair mais de 13%, mas reduziram a perda para a casa dos 10%.

Foram anunciados R$ 14,2 bilhões em dividendos para o trimestre, dentro do modelo mínimo da companhia. O mercado esperava um pagamento de dividendos extraordinários, o que não ocorreu.

Se aprovado, o total de dividendos pagos referentes a 2023 será de R$ 72,4 bilhões. Em 2022, foram distribuídos R$ 194,6 bilhões.

A queda brusca já havia sido sinalizada no pré-mercado da bolsa americana. Na abertura do pregão brasileiro nesta manhã, os papéis foram colocados em leilão. O mecanismo é acionado quando uma ação cai mais de 10% em relação ao valor que ela registrou no fechamento do dia anterior.

As ações despencaram mesmo depois de a empresa registrar seu segundo maior lucro histórico no ano passado, de R$ 124,6 bilhões. Apesar de sólido, o valor representa uma redução de 33,8% em relação ao ano anterior.

Segundo a própria companhia, esse resultado foi influenciado por uma queda de 18% no preço do petróleo nos mercados internacionais, mas parcialmente compensado pelo aumento no volume de vendas da empresa.

Ações da Petrobras despencam após divulgação de balanço

Sem dividendos extraordinários

O valor a ser pago em dividendos é definido pela própria empresa, seguindo alguns critérios. A Petrobras adotou o valor mínimo para pagamento, que é de 45% do fluxo de caixa livre (ou seja, o dinheiro que fica à disposição no caixa da empresa).

Ainda que [a distribuição de dividendos anunciada] esteja em linha com a política de remuneração, [o número] ainda é uma grande decepção, avaliaram os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Henrique Péres, do BTG Pactual, em relatório.

A estimativa do BTG Pactual era de que a Petrobras pagasse um dividendo adicional de cerca de US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 20 bilhões), baseado no resultado fiscal da companhia do ano passado.

Em vez de ser distribuído, o lucro remanescente do exercício, que totaliza R$ 43,4 bilhões, será integralmente destinado para a reserva de remuneração de capital da empresa – uma reserva recém-criada para assegurar os pagamentos aos acionistas em outros compromissos financeiros.

Nesta sexta-feira, o diretor financeiro da companhia, Sergio Caetano, afirmou que a empresa pode distribuir o montante aos acionistas "a qualquer momento", caso haja uma decisão futura neste sentido.

"A apuração (de dividendos extraordinários) continua sendo no final do ano a cada exercício. Uma outra questão é o recurso que está em reserva, que como o (CEO) Jean Paul (Prates) falou, continua sobre análise e pode acontecer a determinação de distribuição a qualquer momento."

Para analistas, o histórico de investimentos da companhia gera receio nos investidores de que a empresa esteja tomando um rumo ruim de alocação de capital.

No plano estratégico da Petrobras de 2020 a 2024, ainda na gestão passada, a companhia havia anunciado o desejo de realizar de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões em desinvestimentos (venda de ativos, como edifícios, equipamentos etc.) para o período. Mas isso já foi revertido no planejamento até 2028.

Em entrevista à GloboNews, o economista André Perfeito afirmou que o que está na mesa agora são as dúvidas do mercado a respeito do que a companhia vai fazer com o dinheiro que ficou como recurso dentro da estatal.

"Já se viu no mercado que a Petrobras vai se orientar para mais investimentos. Mas que investimentos? De que jeito? Vai ser transição energética? Isso vai dar quanto lucro? É natural que [...] o mercado e os investidores estrangeiros queiram saber o que vai ser feito com esse lucro", afirmou.

Economista analisa queda da Petrobras na bolsa após decidir não pagar dividendo extra aos acionistas

Para os analistas da XP Investimentos André Vidal e Helena Kelm, isso faz com que os investidores repensem sua visão sobre os riscos da Petrobras.

Vemos a tese de investimentos agora como uma questão de avaliar a probabilidade de grandes movimentos de M&A [sigla em inglês para fusões e aquisições] ocorrerem no curto prazo, avaliaram em relatório.

Eles afirmam que, se foi isso que levou à decisão do Conselho de Administração, as ações provavelmente cairão ainda mais,devido a uma combinação de má alocação de capital com dividendos mais baixos.

Por outro lado, se isso tiver sido motivado principalmente pela vontade do governo de manter um plano de reserva para o caso de as contas fiscais se deteriorarem em breve, então esse dinheiro estocado acabará sendo pago de volta aos investidores e as ações poderão apresentar um bom desempenho de retorno total no futuro, completaram os analistas em relatório.

A XP Investimentos, em relatório, disse que esperava uma distribuição de dividendos de R$ 19,2 bilhões, "para o mínimo", a R$ 27,1 bilhões, "para o extraordinário".

O Conselho de Administração da Petrobras encaminhou à Assembleia Geral Ordinária (AGO) um pagamento equivalente a cerca de R$ 1,10 por ação, dividido em duas parcelas de R$ 0,55 por ação.

"Tal valor implica em um rendimento de 2,7% no 4T23 e 10,8% em termos anualizados – interessante, mas não o suficiente para justificar um posicionamento mais agressivo no papel", pontua Vitor Souza, analista de Setor Elétrico e Saneamento da Genial Investimentos.

Em relatório, Souza destaca que os números apresentados pela petroleira são vistos como "neutros". "Ainda que abaixo do consenso, é importante mencionar que o resultado trimestral foi puxado para baixo devido a um evento não-recorrente e não-caixa (ou seja, situações específicas e que não são previstas para os próximos trimestres) de valor expressivo: R$7,4 bilhões", comenta.

A queda na Petrobras puxava para baixo o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira. O indicador tinha queda de 1,10%, aos 126.963 pontos. Sozinha, a Petrobras tem cerca de 13% de peso no índice.

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