Objetivo:
“Projetando o futuro e o desenvolvimento autossustentável da sua empresa, preparando-a para uma competitividade e lucratividade dinâmica em logística e visão de mercado, visando sempre e em primeiro lugar, a satisfação e o bem estar do consumidor-cliente."
Hospital atingido atendia centenas de pacientes e também servia de abrigo para civis, segundo governo palestino. Ordem israelense para retirada de civis do norte de Gaza pode configurar crime internacional, diz ONU. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> https://g1.globo.com/mundo/ao-vivo/guerra-hamas-israel. Postado em 17 de outubro de 2023 às 07h30m #.*Post. - N.\ 10.981*.#
Resumo
Conflito entra no 11º dia nesta terça-feira (17), com 4.400 mortos — 3.000 palestinos e 1.400 israelenses, a grande maioria civis.
Reunião do Conselho de Segurança da ONU, que aconteceria nesta terça, foi cancelada.
Forças israelenses divulgam imagens de ponto de luz que seria um foguete da Jihad Islâmica
Explosão deixa centenas de mortos em hospital na cidade de Gaza
Repórter brasileiro busca abrigo para se proteger de ataque aéreo enquanto mostrava destroços de Kibutz destruído em Israel
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Joe Biden diz que EUA vão investigar explosão
O governo dos EUA divulgou uma nota oficial do presidente Joe Biden sobre a explosão no hospital de Al Ahli, na cidade de Gaza.
"Eu estou indignado e triste pela explosão no hospital de Al Ahli em Gaza e pela terrível perda de vidas. Assim que ouvi a notícia, eu conversei com o rei Abdullah II, da Jordânia, e o primeiro-ministro Netanyahu, de Israel, e determinei que minha equipe de segurança nacional siga juntando informações sobre o que ocorreu exatamente. Os EUA defendem a proteção da vida de civis e nós lamentamos pelos pacientes, pela equipe médica e pelos demais inocentes mortos ou feridos nessa tragédia".
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Numa entrevista coletiva pela internet, um porta-voz das Forças de Defesa de Israel disse há pouco que o foguete que atingiu o hospital, pela forma como explodiu, não poderia fazer parte dos arsenais de Israel. E reiterou também que, no momento do ataque, não havia nenhuma operação militar israelense em curso com alvos naquela região.
As forças israelenses divulgaram imagens em que um ponto de luz -- que seria um foguete da Jihad Islâmica -- perde altitude repentinamente. Segundo Israel, o foguete falha, cai e explode às 18h59, na hora local. Ainda segundo as forças israelenses, foi no mesmo momento em que o hospital era atingido.
Forças israelenses divulgam imagens de ponto de luz que seria um foguete da Jihad Islâmica
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"A França condena o ataque ao hospital Al-Ahli em Gaza, que fez tantas vítimas palestinas. Os nossos pensamentos estão com eles. Toda a luz deve ser lançada sobre as circunstâncias", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, no X.
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Discussões sobre alternativas à moeda americana tem se espalhado por todo o mundo. Mas quais são os motivos para mais diversidade monetária? <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por BBC Postado em 13 de outubro de 2023 às 14h25m #.*Post. - N.\ 10.980*.#
Dólar seria a arma dos EUA no mundo — Foto: Getty Images
No último final de semana, Brasil e China completaram a primeira
operação comercial realizada apenas com as moedas locais dos dois países
— yuan e real.
A transação envolvendo uma empresa de celulose brasileira foi
concretizada após a assinatura de um memorando de entendimento entre
Brasília e Pequim durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ao gigante asiático em abril deste ano.
O presidente brasileiro vem pedindo que o Sul Global seja menos dependente do dólar.
Do yuan chinês à bitcoin, as discussões sobre alternativas à moeda tem se estendido por mais de um ano.
Alimentado pelos receios de que os Estados Unidos
possam estar usando o dólar como uma arma em um sistema financeiro
global dominado pela moeda, o debate se tornou tão atual que foi um dos
principais temas avaliados pelos integrantes dos Brics durante a 15ª
cúpula do bloco em agosto.
No encontro, as lideranças de Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul discutiram a criação de uma moeda comum para facilitar as transações
entre os membros do grupo — a decisão ainda não foi implementada
oficialmente, mas segundo Lula a área econômica de cada país fará
estudos para que propostas sejam apresentadas na próxima reunião da
cúpula, em 2024.
"Quem decidiu que era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro
como padrão? Por que não foi iene? Por que não foi o real? Por que não
foi peso? Porque as nossas moedas eram fracas, porque hoje um país
precisa correr atrás do dólar para poder exportar, quando ele poderia
exportar sua própria moeda e os bancos centrais certamente poderiam
cuidar disso", afirmou o presidente brasileiro em sua passagem por
Pequim.
Em que se baseiam as acusações?No plano de fundo do debate estão as
constantes acusações por parte de adversários políticos e econômicos dos
EUA, como Rússia e China, e até de analistas e especialistas do mercado
financeiro, de que Washington tem se aproveitado da dominância do dólar
para agir em seu próprio benefício em questões geopolíticas.
A guerra na Ucrânia tornou as denúncias mais intensas. As sanções
implementadas contra a Rússia pelos EUA e seus aliados se beneficiaram
da onipresença do dólar americano para penalizar Moscou.
Desde a aplicação das medidas, os principais bancos russos foram
excluídos do Swift, a principal rede de pagamentos globais, que conecta
11 mil instituições financeiras em mais de 200 países.
Além disso, o país teve suas reservas internacionais congeladas e, logo
no início do conflito, os EUA impediram o Banco Central da Rússia de
realizar transações em dólar, além de terem bloqueado totalmente o fundo
de investimento direto russo.
“Em outras palavras, o sistema baseado no dólar simplesmente não está
mais disponível para os indivíduos, empresas ou regime sancionado”,
explica Zongyuan Zoe Liu, pesquisadora do think tank americano Council
on Foreign Relations (CFR).
Lideranças do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul discutiram nova moeda comum em cúpula dos Brics — Foto: Reuters
"Isso vai desde o nível mais básico, com a proibição de acesso a uma
conta bancária ou um cartão de crédito, até o que chamamos de sanções
secundárias, quando nenhuma outra entidade pode facilitar transações
para essa entidade ou regime sancionado de forma legal, sob risco de ser
penalizada também."
Segundo Liu, o debate sobre o uso de moedas alternativas é motivado em
parte pelo desejo de mitigar os riscos e perdas em caso de sanções
americanas.
Isso é verdade especialmente para países que já foram penalizados no
passado ou que correm o risco de enfrentarem sanções no futuro.
E a lista de sanções aplicadas pelos EUA nos últimos anos não é curta.
Inclui governos estrangeiros identificados por Washington como
apoiadores do terrorismo, responsáveis pela proliferação de armas
nucleares ou acusados de violações de direitos humanos e corrupção, como
Irã, Cuba, Coreia do Norte, Síria, Belarus, Burundi, República
Centro-Africana, Congo, Líbia, Nicarágua, Somália, Sudão do Sul,
Venezuela, Iêmen e Zimbábue.
Também foram alvos entidades ou indivíduos que não cumpriram normas do
Conselho de Segurança da ONU e indivíduos e organizações ligadas a
Vladimir Putin, entre eles Andrey Menichenko, o homem mais rico da
Rússia.
Por tudo isso, o dólar tem sido tratado constantemente em encontros
entre autoridades russas e chinesas. A China também promove tratados
bilaterais com diversos países para que as trocas comerciais sejam
realizadas em yuan e na moeda nacional do país, o renmimbi.
Renmimbi é o nome da moeda oficial da China. Enquanto ela é utilizada
como valor de troca em compra e venda de mercadorias, o yuan serve como
um numerário aplicado para se tornar o valor de base no mercado e,
assim, monitorar preços. Mas nos últimos anos, o yuan virou praticamente
um sinônimo da moeda na linguagem menos formal.
Durante a cúpula dos Brics em agosto, Putin disse em um discurso
transmitido online que as sanções financeiras e o congelamento de ativos
pelo Ocidente equivalem a "pisar em todas as normas e regras básicas do
livre comércio".
Em junho, Andrei Kostin, CEO do VTB, o segundo maior banco da Rússia,
controlado pelo Estado, também fez duras críticas à dominância do dólar
em entrevista à agência Reuters. "A longa era histórica do domínio do
dólar americano está chegando ao fim", disse o ex-diplomata, que afirmou
ainda acreditar que os EUA estão delineando um conflito "pior que o da
Guerra Fria".
Há ainda quem acuse Washington de usar as sanções — e o dólar — como moeda de barganha em prol de seus interesses.
Em setembro, o governo de Joe Biden autorizou bancos a burlarem as
sanções contra o Irã e transferirem a soma de US$ 6 bilhões, bloqueados
na Coreia do Sul, numa troca pela liberação de cinco americanos detidos
no país do Oriente Médio. Washington avisou que teria direito de
controle sobre como e quando o dinheiro será gasto.
Dezenas de bilhões de dólares do Irã, advindos do petróleo e de outras
exportações, foram congelados em contas bancárias em todo o mundo desde
2018, quando o então presidente Donald Trump abandonou um acordo nuclear
internacional com Teerã e restabeleceu as sanções americanas.
Potências proeminentes como Índia e Emirados Árabes Unidos (EAU) também
começaram oficialmente a negociar entre si em suas moedas locais.
Mesmo aliados de longa data, como a França, realizaram transações em
outras moedas desde que os EUA aumentaram as suas sanções. Em abril, o
presidente francês Emmanuel Macron disse que a Europa deve reduzir a sua
dependência do dólar americano, a fim de manter a sua "autonomia
estratégica" e evitar tornar-se "vassalo"(subordinado) de Washington.
Manifestação contra as sanções americanas em Caracas, na Venezuela — Foto: Getty Images
Mas segundo os especialistas consultados pela BBC News Brasil, há também razões puramente econômicas por trás do debate.
"Muitos países, como a China, buscam reduzir o custo das transações e
mitigar o risco cambial envolvido em usar o dólar", afirma Liu.
Os custos envolvidos dizem respeito às taxas de conversão, que
influenciam os preços de compra e venda nas importações e exportações.
Por riscos cambiais, a especialista se refere, por exemplo, à
volatilidade das taxas de câmbio, sob a qual muitos países que usam o
dólar americano em transações estão sempre sujeitos.
Como o dólar se tornou a moeda dominante?
"O fato de os Estados Unidos
terem poder para desligar outros governos ou empresas do sistema
financeiro global baseado no dólar está muito ligado ao estatuto
dominante da moeda", explica Zongyuan Zoe Liu.
Segundo a especialista, essa dominância do dólar pode ser notada ou
medida de diferentes formas. Ela destaca, por exemplo, o quadro atual em
que os mercados de títulos dos EUA são os mais líquidos e profundos.
Isso significa que eles são considerados os mais seguros do mundo, pois
um risco de um calote é praticamente nulo. "É quase tão bom quanto
dinheiro, por isso chamamos de ativos de risco zero", diz Liu.
O dólar também é a moeda mais usada nas reservas globais e nas
transações no sistema Swift. Os bancos centrais de diversos países ainda
mantêm suas reservas internacionais em dólar.
Além disso, a moeda domina no comércio internacional de commodities,
especialmente no mercado de petróleo, em que o valor do barril é sempre
precificado em dólares.
O acordo de Bretton Woods definiu que cada país seria obrigado a manter
a taxa de câmbio de sua moeda "congelada" ao dólar — Foto: Getty Images
Ou seja, países, empresas, bancos ou indivíduos sancionados pelos EUA
podem ser totalmente excluídos do sistema monetário financeiro
internacional e do sistema de pagamentos global, a depender do nível das
sanções.
Para Pedro Paulo Bastos, professor do Instituto de Economia da Unicamp,
foi isso o que aconteceu com a Rússia. "Já havíamos visto algo
semelhante acontecer com o Irã, mas nunca com um país do tamanho da
Rússia, gigante tanto do ponto de vista geopolítico quanto econômico,
especialmente importante para o provimento de petróleo, gás e cereais",
diz.
A consolidação do dólar como moeda internacional tem origem no período
posterior à 2ª Guerra Mundial, quando os EUA, em conjunto com a
Inglaterra, criaram o padrão ouro-dólar e, ao mesmo tempo, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
A decisão foi tomada pelos chamados acordos de Bretton Woods, que
definiram que cada país seria obrigado a manter a taxa de câmbio de sua
moeda "congelada" ao dólar, com margem de manobra de cerca de 1%. A
moeda norte-americana, por sua vez, estaria ligada ao valor do ouro em
uma base fixa.
Em 1971, os EUA aboliram unilateralmente os acordos e abandonaram o
padrão ouro, de forma que o dólar tornou-se uma moeda fiduciária.
"Ou seja, você determina que a moeda seja emitida e o único limite para
seu uso é a confiança no valor dela. Não precisa mais ter um lastro
metálico ou baseado em uma mercadoria específica", explica Bastos.
Quais os interesses brasileiros?
Para o professor da Unicamp, os interesses econômicos e a vontade de
reduzir custo e riscos ajudam a explicar a relevância do tema para o
Brasil — e para os demais países membros dos Brics.
Mas segundo ele, usar o yuan chinês ou lutar por uma moeda comum é
também uma forma de se proteger de eventuais ações dos EUA contra
importantes aliados econômicos.
"O Brasil não quer ficar inteiramente sujeito às prioridades e decisões
arbitrárias do Estado americano", diz, afirmando ainda que quaisquer
medidas punitivas tomadas por Washington contra Pequim podem ser
extremamente danosas para o mercado brasileiro, que tem nos chineses
seus maiores parceiros comerciais da atualidade.
China é o maior parceiro comercial brasileiro hoje — Foto: Getty Images
Ao mesmo tempo, também há preocupação com a neutralidade. "O real
evidentemente não tem condições de ser uma moeda internacional
relevante, mas essa movimentação garante ao governo brasileiro mais
autonomia, ao mesmo tempo em que opera de uma forma mais neutra", diz
Pedro Paulo Bastos, da Unicamp. “Se recusar a usar o yuan seria se
alinhar politicamente com os EUA.”
Segundo o jornal Valor Econômico, circulam ainda no governo brasileiro
queixas sobre como as sanções americanas poderiam estar dificultando o
pagamento e renegociação das dívidas atrasadas de US$ 520 milhões de
Cuba e de US$ 1,3 bilhão da Venezuela com o Brasil.
Em abril do ano passado, na esteira das discussões sobre a criação de
uma "unidade de referência comum para o comércio" entre Brasil e
Argentina, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o economista Gabriel
Galípolo, hoje diretor de política monetária do Banco Central,
publicaram um artigo no jornal Folha de S. Paulo em que propunham o uso
de uma moeda comum para toda a América do Sul.
Haddad e Galípolo defenderam que isso poderia ajudar países a
protegerem sua soberania de possíveis sanções impostas por potências
estrangeiras, sobretudo dos EUA, que estão no "topo da hierarquia
mundial", por terem o privilégio de poder emitir a moeda internacional.
"Os EUA e a Europa se valeram do poder de suas moedas para impor
severas sanções contra a Rússia, confiscando reservas internacionais e
excluindo-a do sistema de pagamentos internacionais (Swift)",
escreveram.
"A utilização do poder da moeda em âmbito internacional renova o debate
sobre sua relação com a soberania e a capacidade de autodeterminação
dos povos, em especial para países com moedas consideradas não
conversíveis. Por não serem aceitas como meio de pagamento e reserva de
valor no mercado internacional, seus gestores estão mais sujeitos às
limitações impostas pela volatilidade do mercado financeiro
internacional."
O que dizem os EUA?
Quando questionada sobre o impacto dos debates sobre a busca por novas moedas, a secretária do Tesouro dosEstados Unidos,
Janet Yellen, admitiu que as sanções motivaram alguns países a procurar
alternativas monetárias — mas garantiu que o dólar permanecerá
dominante.
"O dólar desempenha o papel que desempenha no sistema financeiro
mundial por razões muito boas que nenhum outro país é capaz de replicar,
incluindo a China", disse ela em uma audiência no Congresso americano
em junho.
"Temos mercados financeiros abertos com profunda liquidez, um Estado de direito forte e uma ausência de controles de capital."
Ela alertou, no entanto, que a participação do dólar nas reservas
globais pode continuar a diminuir à medida que os países procuram
"diversificar" — o dólar americano viu uma queda de 8% em sua
participação nas reservas globais em 2022.
Os americanos ainda defendem sua política de implementação de sanções
como justa. No caso da Rússia, o presidente Joe Biden afirmou em
diversas ocasiões que Putin "escolheu a guerra" e agora "ele e o seu
país sofrerão as consequências".
"Os Estados Unidos não estão fazendo isso sozinhos. Durante meses, temos construído uma
coligação de parceiros que representam bem mais de metade da economia
global", disse Biden ao anunciar uma segunda rodada de sanções contra
Moscou e seus aliados em fevereiro de 2022.
'O dólar desempenha o papel que desempenha no sistema financeiro
mundial por razões muito boas que nenhum outro país é capaz de
replicar', disse secretária do Tesouro americano — Foto: Getty Images
É possível 'desdolarizar' a economia mundial?
Em debates sobre o tema, economistas discordam sobre a possibilidade do
dólar ser destronado diante das campanhas por mais diversidade
monetária.
Mas segundo os analistas, discutir propostas ou a criação de moedas comuns não significa necessariamente acabar com o dólar.
"Não necessariamente todos os países [que buscam alternativas ao dólar]
estão ativamente buscando 'desdolarizar' o sistema global ou destronar o
dólar americano", diz Zongyuan Zoe Liu. "Porque na maioria das
circunstâncias, ter uma moeda única para precificar e liquidar o
comércio internacional é uma conveniência."
A pesquisadora explica que, antes da adoção de uma moeda global, as
transações eram mais complexas, especialmente no momento de precificar
os produtos.
A própria China, diz Liu, se beneficia por vezes da dolarização da
economia. "Nunca um político chinês disse que o país tem interesse na
desdolarização. O processo de internacionalização do renminbi tem sido
feito com muita cautela e de forma gradual", afirma.
Mas, na opinião da pesquisadora, há espaço para o crescimento e ganho de influência de moedas alternativas à americana.
"A infraestrutura para o desenvolvimento de um sistema financeiro global alternativo já está fazendo progressos", avalia.
Jim O’Neill, criador do termo Bric, classificou como “ridícula” a ideia
de que o grupo possa desenvolver sua própria moeda — Foto: Chatham
House
Liu cita como exemplos iniciativas a nível individual de diferentes
países, como a Rússia que tem sua própria versão do sistema de
pagamentos Swift, chamado SPFS, ou a China que possui o Cross-Border
Interbank Payment System, baseado em renminbis. Índia, África e Irã
também desenvolveram aparelhos semelhantes.
"É uma questão de se esses países serão capazes de conectar essas infraestruturas domésticas", diz.
"Mas até hoje nenhuma outra moeda chegou perto de atingir o desempenho
superior do sistema baseado no dólar. O Tesouro dos EUA é um proxy de
risco zero para o sistema financeiro moderno."
Para Pedro Paulo Bastos, superar esse status é uma tarefa extremamente difícil neste momento.
"Existe uma enorme dependência da economia de redes. O fato de os
países precisarem estar na rede os obriga a utilizar os protocolos e
métodos que são típicos dessa rede - e como essa rede usa o dólar, todo o
mundo vai precisar usar. Isso acaba reforçando e reproduzindo essa rede
no longo prazo", diz.
O economista ressalta ainda que o sistema financeiro chinês - um dos
principais cotados no momento - enfrentaria grande resistência do
próprio governo comandado pelo Partido Comunista Chinês em caso de uma
expansão global.
"O yuan não pode substituir o dólar porque o sistema financeiro chinês
não é integrado ao mundial e o Estado chinês não quer isso", diz. "Fazer
essa integração significaria fortalecer muito o poder dos financistas e
a política do PCC é estimular o desenvolvimento capitalista mantendo o
controle político pelo Estado."
Em debates sobre o tema, o ex-economista do Goldman Sachs que cunhou o
acrônimo Bric (ainda sem a África do Sul), Jim O’Neill, classificou como
"ridícula" a ideia de que o grupo possa desenvolver sua própria moeda.
“Nada disso acontecerá até que esses países queiram que suas moedas
sejam usadas por pessoas em outras partes do mundo”, disse O’Neill ao
jornal Financial Times sobre previsões de que o iene, o euro ou o
renminbi eventualmente superariam o dólar.
Já Joseph W. Sullivan, ex-assessor econômico da Casa Branca durante a
administração Trump, afirmou que uma moeda comum dos Brics pode sim
"balançar a dominância do dólar".
Em um artigo publicado na revista Foreign Policy, ele afirmou que
"todos os governos dos Brics indicaram que querem entrar juntos pela
porta de braços dados para emitir uma moeda conjunta".
"Eles podem tropeçar por essa porta e desapontar aqueles que esperam
que a moeda dos Brics fosse onda de choque geopolítica, mas também podem
avançar", escreveu.