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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Pesquisadores encontram fóssil de baleia com até 340 toneladas; 'Nature' aponta que é o animal mais pesado da história da Terra

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Ossos estavam em rocha de 40 milhões de anos. Equipe de paleontólogos internacionais encontrou 13 vértebras, quatro costelas e um osso do quadril. O fóssil indica que a baleia tinha aproximadamente 20 metros de comprimento.
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Por Jornal Hoje

Postado em 03 de agosto de 2023 às14h50m

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Pesquisadores encontram ossos de uma baleia que viveu há 40 milhões anos - e que pesava, em média, 200 toneladas — Foto: Reprodução/TV Globo
Pesquisadores encontram ossos de uma baleia que viveu há 40 milhões anos - e que pesava, em média, 200 toneladas — Foto: Reprodução/TV Globo 

Uma equipe de paleontólogos internacionais encontrou um fóssil que pode ser o animal mais pesado de todos os tempos. São os ossos de uma baleia que estava incrustados em rochas de quase 40 milhões de anos atrás, época em que ela viveu.

Os pesquisadores encontraram 13 vértebras, quatro costelas e um osso do quadril. O fóssil indica que a baleia tinha aproximadamente 20 metros de comprimento e pesava cerca de 200 toneladas. Algumas chegavam até a 340 toneladas. O paleontólogo Mário Urbina, que liderou a equipe na escavação, explica que levará anos para terminar a escavação completa do animal.

Embora o crânio ainda não tenha sido encontrado, a descoberta do esqueleto tornou possível a publicação de um artigo científico para a revista Nature, que estabelece que esse é o "animal mais pesado da história da Terra".

A área do Deserto de Ica, no sul do Peru, é rica em fósseis de baleias, mas esta é a maior descoberta na região até agora e os fósseis foram apresentados pela primeira vez, em Lima.

Exibição de fóssil de baleia em Lima, no Peru, diz que animal pode ser o mais pesado da Terra — Foto: Reprodução/TV Globo
Exibição de fóssil de baleia em Lima, no Peru, diz que animal pode ser o mais pesado da Terra — Foto: Reprodução/TV Globo

Respostas sobre a evolução da vida na Terra

A descoberta chamou a atenção do mundo inteiro. Ela pode trazer respostas a muitas perguntas sobre a evolução da vida na Terra. Informações que podem contribuir para pesquisas em andamento, hoje, em várias áreas da ciência.

O professor Hans Thewissen, que estuda mamíferos, na Universidade de Medicina de Ohio, ficou empolgado. Ele diz que o fóssil é de uma baleia tão grande ou maior do que a baleia azul, que conhecemos. Os pesquisadores sugerem que elas viviam principalmente no fundo do mar.

Pesquisador diz fóssil é de uma baleia tão grande ou maior do que a baleia azul — Foto: Reprodução/TV Globo
Pesquisador diz fóssil é de uma baleia tão grande ou maior do que a baleia azul — Foto: Reprodução/TV Globo

O professor explica que é importante estudar como um animal com ossos tão pesados conseguia regular sua densidade óssea.

"Muitos idosos tem osteoporose e as pesquisas com esses fósseis podem nos dar algumas ideias de como podemos ajudar os humanos em alguns padrões da doença", diz o professor.

A descoberta é também um alerta: a baleia viveu no período eoceno, marcado por grandes mudanças climáticas.

Essa baleia não foi capaz de sobreviver. Estamos agora num período de mudança climática significativa. É bom lembrar que isso aconteceu, no passado e que espécies foram extintas".
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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Brasil tem 364 espécies classificadas como criticamente em perigo; veja animais em risco segundo o ICMBio

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Instituto lançou plataforma que reúne dados de 5 mil espécies da fauna brasileira e grau de extinção. Objetivo é informar localização, estado de conservação e ameaças enfrentadas.
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Por Roberto Peixoto e Beatriz Borges, g1 — São Paulo e Brasília

Postado em 02 de agosto de 2023 às 11h30m

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A ararinha-azul, ou Cyanopsitta spixii, é uma espécie Criticamente em Perigo de extinção, possivelmente extinta na natureza. Restam pouco mais de 160 indivíduos em cativeiro. — Foto: Patrick Pleul/dpa-Zentralbild/dpa Picture-Alliance/via AFP
A ararinha-azul, ou Cyanopsitta spixii, é uma espécie Criticamente em Perigo de extinção, possivelmente extinta na natureza. Restam pouco mais de 160 indivíduos em cativeiro. — Foto: Patrick Pleul/dpa-Zentralbild/dpa Picture-Alliance/via AFP

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou oficialmente nesta quarta-feira (2) uma plataforma que reúne dados de mais de 5 mil espécies da fauna brasileira avaliadas em relação ao risco de extinção.

Chamado de Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), a iniciativa começou a ser desenvolvida em 2016.

Segundo os dados divulgado pelo instituto, a fauna brasileira tem 364 espécies classificadas como Criticamente em Perigo (CR), a categoria de maior risco atribuído pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

Entre elas, encontram-se animais emblemáticos da nossa fauna, como o pica-pau-amarelo, o muriqui-do-norte, o aruá-do-mato, o sapo-folha, a tartaruga-de-couro, a jararaca-ilhoa e a ararinha-azul.

Veja abaixo outras espécies que aparecem na lista, que pode ser acessada na íntegra por meio desse link:

Peixes

  • Tubarão-rabudo, Alopias vulpinus
  • Cação-listrado, Mustelus fasciatus
  • Cambeva-Minhoca-Do-Ribeira, Listrura camposi
  • Piracanjuba, Brycon orbignyanus
  • Cascudinho, Plesioptopoma curvidens
O Brycon orbignyanus, popularmente conhecido como piracanjuba, vive em canais de rios, em águas correntes, preferencialmente em pontos onde as árvores e galhadas se debruçam sobre o leito e derrubam frutos, parte do cardápio da espécie — Foto: Sidney Martins / TG
O Brycon orbignyanus, popularmente conhecido como piracanjuba, vive em canais de rios, em águas correntes, preferencialmente em pontos onde as árvores e galhadas se debruçam sobre o leito e derrubam frutos, parte do cardápio da espécie — Foto: Sidney Martins / TG

Aves:

  • Soldadinho-do-Araripe, Antilophia bokermanni
  • Rabudinho, Leptasthenura platensis
  • Tietê-de-coroa, Calyptura cristata
  • Bicudinho-do-brejo-paulista, Formicivora paludicola
  • Pato-mergulhão, Mergus octosetaceus
Répteis e invertebrados terrestres:

  • Jararaca-de-alcatrazes, Bothrops alcatraz
  • Aranha-de-pernas-longas (ou aranha-treme-treme, aranha-vibratória), Metagonia potiguar
  • Falsa-aranha-violino, Drymusa spelunca
  • Papa-vento-da-chapada, Enyalius erythroceneus
  • Lagartinho-branco-da-areia, Liolaemus lutzae

Em maio, o g1 contou um pouco da história do muriqui, que também integra a lista e é o maior macaco das Américas, nativo da Mata Atlântica e símbolo de tranquilidade e harmonia por viver sempre em grupo e geralmente abraçando seus parceiros e filhotes.

  • O que é o SALVE do ICMBio:

O Salve foi desenvolvido por uma equipe coordenada pelo ICMBio, mas também teve o apoio do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção e a participação de especialistas da comunidade científica.

Até o momento, foram publicadas e disponibilizadas fichas de 5.513 espécies, mas a expectativa é que, até o final deste ano, a lista de espécies ameaçadas da fauna brasileira seja atualizada, e mais informações estejam acessíveis para a sociedade, já que mais de 14 mil espécies foram avaliadas pelo projeto.

🐦 Objetivo: Facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção e tornar as informações mais acessíveis, contribuindo para a geração de conhecimento e a implementação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade.

📲 Como acessar a plataforma: O site pode ser consultado por meio desse link. A interface está disponível para especialistas, estudantes, jornalistas e todos que queiram pesquisar sobre as espécies ameaçadas.

📋 Como é a consulta: Em um sistema de busca, basta inserir a espécie (tanto pelo nome comum quanto pelo nome científico) para obter dados como grupo, categoria, última atualização da avaliação, estados, bioma, classificação taxonômica (biológica), distribuição, história natural e população.

Nosso objetivo não é simplesmente fornecer a informação. Nosso objetivo é que essa informação seja usada, seja instrumento de política pública, instrumento, inclusive, das empresas.
— Mauro Pires, presidente do ICMBio

Esperança para as espécies ameaçadas

O coordenador da Coordenação de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna (COFAU) e analista ambiental do ICMBio, Rodrigo Jorge, destacou que a iniciativa irá contribuir efetivamente com a conservação das espécies ameaçadas.

"O Brasil é reconhecido mundialmente por abrigar a maior biodiversidade do planeta e, a partir da atualização e disponibilização desses dados, será possível reforçar a implementação de ações que promovam a conservação da nossa fauna", disse.

Jorge citou que atividades importantes da gestão ambiental serão beneficiadas diretamente com as informações do sistema, como as demandas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis Naturais (Ibama) e de outros órgãos ambientais.

"Agora, estará tudo disponível prontamente na plataforma. Isso deverá permitir qualificar ainda mais os processos de licenciamento, por exemplo", destacou.

A jararaca-ilhoa, uma das espécies mais perigosas do mundo. — Foto: Rafael Benetti
A jararaca-ilhoa, uma das espécies mais perigosas do mundo. — Foto: Rafael Benetti

Construção de empreendimentos

Outro ponto ressaltado pelo analista é que empreendedores poderão ter acesso a informações relevantes sobre os locais onde planejam construir, auxiliando na tomada de decisões e, consequentemente, na preservação do meio ambiente.

Análises realizadas a partir dos registros de ocorrência de espécies disponibilizados no Salve permitirão verificar áreas de concentração de espécies ameaçadas.

"Empreendedores poderão avaliar, por exemplo, se, numa determinada região, onde pretendem implantar um empreendimento, há maior risco à biodiversidade e, a partir dessa informação, ter um maior cuidado ou mesmo optar por um local alternativo, com menor sensibilidade. Esse tipo de análise vem sendo realizada pelo ICMBio por meio dos Planos de Redução de Impacto à Biodiversidade (PRIM)", complementou Rodrigo Jorge.

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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Julho de caos: imagens de satélite mostram incêndios, seca e outros extremos climáticos pelo mundo

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De acordo com os dados analisados até o vigésimo primeiro dia do mês, julho já responde por 21 dos 30 dias com a maior média global de temperatura do ar.
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Por g1

Postado em 01 de agosto de 2023 às 06h35m

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Impacto da onda de calor em registros do Copernicus

Incêndio florestal no Canadá atingindo o território ártico, a nordeste de Inuvik, em 29 de julho. — Foto: Reprodução: European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery

Os corais do Arquipélago Florida Keys, nos EUA, sofreram um embranquecimento devido ao aumento da temperatura da água do mar, em 9 de julho. — Foto: Reprodução/European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery


Imagens mostram incêndios, seca e outros extremos climáticos pelo mundo durante o mês de julho.

















Imagens de satélite do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) registram os impactos da onda de calor que marcou o mês de julho, que deve ser o mais quente já registrado desde 1940. O observatório Copernicus dedicou 10 das imagens diárias do mês para ilustrar o impacto climático dos eventos extremos do clima, sobretudo no Hemisfério Norte.

Veja na GALERIA ACIMA o compilado dos registros. As imagens de satélite mostram a situação em países como Grécia, Itália, Estados Unidos, Espanha e China.

E confira em detalhes, ABAIXO, a explicação de três das imagens do Copernicus que mostram:

  1. o embranquecimento de corais,
  2. incêndios florestais
  3. aquecimento da temperatura da superfície do mar.
1- Embranquecimento de recife de corais na Flórida
Registro do Arquipélago Flórida Keys, nos EUA, mostrando o embranquecimento dos corais devido ao aumento da temperatura da água do mar, em 9 de julh. — Foto: Reprodução/European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery
Registro do Arquipélago Flórida Keys, nos EUA, mostrando o embranquecimento dos corais devido ao aumento da temperatura da água do mar, em 9 de julh. — Foto: Reprodução/European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery

A perda da cor representa a morte desses animais marinhos, que sobrevivem entre as temperaturas de 21 e 28,8 ºC. Segundo informações da AFP, as águas chegaram a 38,4ºC na data de em 24 de julho em Manatee Bay, cerca de 60 km a sudoeste de Miami.

Vários pesquisadores trabalham contra o tempo para resgatar os corais, coletando amostras a serem guardadas em laboratórios para salvaguardar a diversidade de espécies. O arquipélago é um dos maiores do mundo, se estendendo por cerca de 580 quilômetros.

2- Incêndios florestais na Grécia

Imagem de satélite da ilha de Rodes, na Grécia, mostrando a cicatriz do incêndio e os focos ativos, em 23 de julho. — Foto: Reprodução/European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery
Imagem de satélite da ilha de Rodes, na Grécia, mostrando a cicatriz do incêndio e os focos ativos, em 23 de julho. — Foto: Reprodução/European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery

A Grécia enfrenta uma onda extrema de calor que já levou à retirada de 30 mil pessoas da ilha de Rhodes. A temperatura tem subido acima dos 42 °C e era esperado que o último fim de semana marcasse o maior recorde de calor dos últimos 50 anos, segundo o Serviço Meteorológico Nacional.

Essa é a mais longa onda de calor já registrada na história grega. Os incêndios florestais estavam restritos às montanhas no interior da ilha, mas os fortes ventos somados ao calor e ao clima seco o levaram até a costa, como mostra a imagem.

3- Anomalia da temperatura da superfície do mar

Modelo climático do satélite Copernicus, mostra a anomalia da temperatura da superfície do mar em 24 de julho. O tom mais escuro de vermelho representa um aumento de até 5,5°C ao longo das costas da Itália, Grécia e norte da África. — Foto: Reprodução/European Union, Copernicus Marine Service data
Modelo climático do satélite Copernicus, mostra a anomalia da temperatura da superfície do mar em 24 de julho. O tom mais escuro de vermelho representa um aumento de até 5,5°C ao longo das costas da Itália, Grécia e norte da África. — Foto: Reprodução/European Union, Copernicus Marine Service data

Também como consequência do El Niño, fenômeno climático que provoca temperaturas acima da média, há um aquecimento anormal das águas superficiais dos oceanos.

As áreas afetadas pelo fenômeno estão no leste do Oceano Pacífico Equatorial, próximo às costas do Peru, Equador e Colômbia. Já as anomalias de calor estão localizadas em outras regiões do mundo além da porção equatorial do Pacífico, principalmente em grandes trechos que vão do Atlântico Norte ao Mediterrâneo

"Neste momento, estamos enfrentando um El Niño que ocorre em meio a um oceano global muito aquecido, e não sabemos como o nosso planeta mais quente afetará as condições atmosféricas do El Niño", afirmou a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA).

Grécia passa por onda de incêndiosGrécia passa por onda de incêndios

Saiba por que é possível morrer de calorSaiba por que é possível morrer de calor

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Oppenheimer e Einstein: a conturbada relação entre o 'pai da bomba atômica' e o Nobel de Física

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Oppenheimer admirava o trabalho de Einstein, mas a relação entre os dois era mais fria do que mostra o filme de Christopher Nolan.
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TOPO
Por BBC

Postado em 31 de julho de 2023 às 15h15m

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Albert Einstein e Robert Oppenheimer conviveram no Instituto de Estudos Avançados de Princeton — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Albert Einstein e Robert Oppenheimer conviveram no Instituto de Estudos Avançados de Princeton — Foto: GETTY IMAGES via BBC

"Agora é sua vez de lidar com as consequências de sua conquista."

Essa é a frase que o físico Albert Einstein diz a seu colega Robert Oppenheimer em uma das cenas finais de Oppenheimer, o filme que narra como ele se tornou o "pai" da bomba atômica na década de 1940, ao liderar o Projeto Manhattan do governo dos Estados Unidos.

No filme, Einstein aparece na última fase de sua vida, quando conviveu no Instituto de Estudos Avançados de Princeton com Oppenheimer, que foi diretor da instituição de 1947 a 1966.

Eles foram dois dos cientistas mais importantes de seu tempo, mas tinham diferenças importantes, tanto na forma como entendiam a Física quanto na forma como acreditavam que suas pesquisas poderiam servir — ou prejudicar — o mundo.

"Éramos colegas próximos e até certo ponto, amigos", disse Oppenheimer em uma conferência em Paris em 1965, marcando o décimo aniversário da morte de Einstein.

Em seu filme, o diretor Christopher Nolan coloca os dois físicos em diálogos que, embora fictícios, refletem a relação de um oprimido Oppenheimer que buscou o conselho de um paternal Einstein.

E, embora na vida real mantivessem diferenças importantes, eles tinham muito respeito mútuo.

Tom Conti interpreta Albert Einstein e Cillian Murphy interpreta Robert Oppenheimer no filme de Christopher Nolan — Foto: UNIVERSAL PICTURES via BBC
Tom Conti interpreta Albert Einstein e Cillian Murphy interpreta Robert Oppenheimer no filme de Christopher Nolan — Foto: UNIVERSAL PICTURES via BBC

Duas vidas em paralelo

Quando o jovem Robert Oppenheimer se formou e se especializou em física teórica na década de 1920, Einstein já era Prêmio Nobel de Física e uma figura-chave na história da Ciência por sua Teoria da Relatividade Geral (1915) e outras obras que influenciaram o cientista americano.

Em meio à crescente perseguição aos judeus na Alemanha, Einstein deixou a Europa e se estabeleceu em Princeton, Nova Jersey (EUA), em 1932, onde continuou seu trabalho.

Algum tempo depois, em agosto de 1939, ele assinou a carta endereçada ao então presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, escrita por seu colega Leó Szilárd, na qual alertavam a Casa Branca que a Alemanha poderia desenvolver uma bomba atômica devido a descobertas científicas sobre a fissão do urânio.

Isso supostamente precipitou a criação do ultrassecreto Projeto Manhattan, que o governo dos EUA colocou na mão de Oppenheimer em 1942, quando ele já era um dos principais cientistas em seu campo.

A carta escrita por Szilárd e assinada por Einstein foi enviada ao presidente Roosevelt em agosto de 1939 — Foto: GETTY IMAGES via BBC
A carta escrita por Szilárd e assinada por Einstein foi enviada ao presidente Roosevelt em agosto de 1939 — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Segundo várias fontes, Einstein, de 64 anos, não foi incluído no projeto por causa de sua origem alemã e de suas ideias de esquerda. Além disso, as diferentes concepções das teorias da física que existiam entre ele e Oppenheimer também tiveram peso na decisão.

Kei Bird e Martin J. Sherwin afirmam em seu livro biográfico American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer (American Prometheus: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer, no qual se baseia o filme de Nolan) que o físico americano considerava Einstein "como um santo patrono vivo da física, não como um cientista em atividade".

Nolan tentou refletir em seu filme o tipo de relação que existia entre os dois.

"Vi a relação entre eles como a do professor que havia sido substituído e cujo trabalho havia sido assumido pelo mais novo", disse o diretor ao New York Times.

Com o Projeto Manhattan em andamento, o filme mostra Oppenheimer duvidando do alcance que uma detonação como a bomba atômica que ele estava desenvolvendo poderia ter. Ele então procura a opinião de Einstein.

No entanto, essa foi uma licença criativa do diretor americano, já que essas conversas não aconteceram como mostrado no filme.

"Uma das poucas coisas que mudei é que não foi Einstein que Oppenheimer consultou sobre isso, mas sim Arthur Compton, que dirigia um posto avançado do Projeto Manhattan na Universidade de Chicago", explicou Nolan ao jornal de Nova York.

"Einstein é a personalidade que as pessoas na plateia conhecem."

Oppenheimer e sua equipe desenvolveram a primeira bomba atômica — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Oppenheimer e sua equipe desenvolveram a primeira bomba atômica — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Oppenheimer trabalhou entre 1943 e 1945 no Laboratório de Los Alamos, no Novo México, a milhares de quilômetros de Princeton. Não está claro se nesse tempo o físico americano teve alguma reunião ou conversa com Einstein.

Mas o próprio Oppenheimer se referiu em 1965 a alegações de que Einstein havia de alguma forma participado da criação daquela arma de destruição em massa. "As alegações de que ele trabalhou na criação da bomba atômica eram, na minha opinião, falsas", disse ele na conferência de Paris naquele ano.

Em sua opinião, a carta de 1939 instando o presidente Roosevelt a prestar atenção às capacidades alemãs de desenvolvimento de bombas atômicas praticamente não teve efeito sobre o governo dos Estados Unidos.

'Lá vai um tolo'

Após o teste bem-sucedido da primeira bomba atômica, Oppenheimer enfrentou o problema moral de que seu trabalho não foi usado apenas como uma ameaça — mas sim como arma de destruição em massa, com os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945.

Vários cientistas, entre eles Einstein, Szilárd e outros, condenaram o fato de as bombas terem sido lançadas sobre cidades japonesas, por considerarem que o país já estava praticamente derrotado.

O enredo do filme de Nolan explora como Oppenheimer tentou persuadir o governo de Washington da necessidade de estabelecer limites para o uso da tecnologia que ele havia desenvolvido.

Mas os políticos se voltaram contra ele e questionaram seu passado comunista, considerando-o um risco para a segurança nacional. Ele teve que testemunhar perante um comitê do governo.

Em seu filme, Nolan tenta refletir sobre como Oppenheimer precisou lidar com as consequências da bomba — Foto: UNIVERSAL PICTURES via BBC
Em seu filme, Nolan tenta refletir sobre como Oppenheimer precisou lidar com as consequências da bomba — Foto: UNIVERSAL PICTURES via BBC

Bird e Sherwin contam em seu livro que Einstein disse a Oppenheimer que ele "não precisava se submeter à caça às bruxas, pois havia servido bem a seu país", segundo a conversa testemunhada pela secretária do físico americano, Verna Hobson.

Disse a Oppenheimer que, "se este era o prêmio que os Estados Unidos estavam oferecendo a você, você deveria dar as costas".

No entanto, Hobson afirmou que Oppenheimer "amava a América" ​​​​e que seu amor "era tão profundo quanto seu amor pela ciência".

"Einstein não entende", disse Oppenheimer a Hobson.

Para Einstein, Oppenheimer não deveria esperar muito de Washington. E disse à secretária, apontando para Oppenheimer após a conversa: "Lá vai um narr (tolo, em alemão)", segundo Bird e Sherwin.

Como diretor de Princeton, Oppenheimer mandou instalar uma antena na casa de Einstein para que pudesse ouvir os concertos de música clássica em Nova York que tanto amava, segundo Bird e Sherwin — Foto: GETTY IMAGES via BBC
Como diretor de Princeton, Oppenheimer mandou instalar uma antena na casa de Einstein para que pudesse ouvir os concertos de música clássica em Nova York que tanto amava, segundo Bird e Sherwin — Foto: GETTY IMAGES via BBC

Apesar de suas divergências, ambos tinham admiração e respeito mútuos, ainda que à sua maneira.

Einstein é lembrado por dizer que Oppenheimer era "um homem extraordinariamente capaz, com uma educação multidisciplinar" que ele admirava "por sua pessoa, não por sua física".

Por sua vez, ao comemorar os dez anos da morte de Einstein e os 50 anos da Teoria da Relatividade Geral, Oppenheimer celebrou as contribuições do gênio de origem alemã de forma muito peculiar.

"Os primeiros trabalhos de Einstein eram belíssimos, mas cheios de erros", disse Oppenheimer em Paris, explicando que a compilação da obra de Einstein da qual ele participou levou uma década de revisão.

Mas ele acrescentou: "Um homem cujos erros levam 10 anos para corrigir é um grande homem".

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