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domingo, 19 de março de 2023

Por que alguns países ficaram ricos e outros continuam pobres, segundo autor de livro apontado como 'novo Sapiens'

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Economista israelense Oded Galor apresenta em 'A Jornada da Humanidade' uma tentativa de desvendar as forças fundamentais que determinaram a evolução das sociedades humanas a partir do aparecimento do homo sapiens.
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TOPO
Por BBC

Postado em 19 de março de 2023 às 12h05m

 #.*Post. - N.\ 10.722*.#

Economista israelense Oded Galor é autor de 'A Jornada da Humanidade' — Foto: Peter Goldberg/Divulgação
Economista israelense Oded Galor é autor de 'A Jornada da Humanidade' — Foto: Peter Goldberg/Divulgação

O economista israelense Oded Galor se propôs uma missão que pode muito bem ser classificada de ambiciosa: explicar como o homo sapiens foi capaz de gerar tamanha riqueza e desenvolvimento tecnológico ao longo da história e responder por que essa riqueza foi distribuída de forma tão desigual no mundo.

Ele é professor da Universidade Brown, nos Estados Unidos, e autor do livro "A Jornada da Humanidade" (editora Intrínseca, 2022), lançado recentemente no Brasil.

Por ter desenvolvido durante três décadas a Teoria Unificada do Crescimento, Galor foi apresentado pelo jornal alemão "Frankfurter Allgemeine" como um forte candidato ao Prêmio Nobel de Economia.

"A teoria é uma tentativa de desvendar as forças fundamentais que determinaram a evolução das sociedades humanas a partir do aparecimento do homo sapiens", diz o economista, em entrevista à BBC News Brasil.

A Teoria Unificada do Crescimento, de forma bastante resumida, pode ser descrita da seguinte forma:

  • O cérebro do homo sapiens deu vantagem sobre outras espécies e proporcionou a introdução de inovações.
  • Inovações possibilitam mais recursos para um grupo humano. Com mais recursos, mais crianças nascem, mais crianças conseguem sobreviver, e a população aumenta.
  • Consequentemente, com uma população maior, em determinado momento os recursos para sustentá-la se tornam insuficientes e há um retorno às condições anteriores de pobreza. Esse ciclo se repete por centenas de milhares de anos.
  • Mas a revolução industrial no século 19 criou a necessidade de desenvolvimento educacional. Assim, as famílias optam por menos filhos para investir em formação escolar, e as taxas de fertilidade caem.
  • Para Galor, o progresso tecnológico desde então se converteu em mais prosperidade e não em uma população maior.
  • No entanto, as desigualdades de riqueza entre nações persistem por fatores como geografia, instituições locais, cultura, diversidade genética e impactos da revolução agrícola.

Sua abordagem "macrohistórica" levou a muitas comparações com outro autor israelense, Yuval Noah Harari. Na capa da edição brasileira aparece uma frase do jornal francês "L'Express" que de cara remete ao livro do conterrâneo: "[A Jornada da Humanidade é] Um novo Sapiens!".

O economista concorda que o escopo de sua obra tem semelhanças com o famoso best-seller, mas faz questão de se distanciar da metodologia e das conclusões oferecidas por Harari:

"O meu livro é baseado em pesquisas científicas e o de Harari é baseado em especulações, intuições, elementos não necessariamente corretos tecnicamente ou que pelo menos a comunidade científica está em desacordo."

"E a segunda parte do meu livro, que é basicamente discutir as raízes da desigualdade, não está presente em 'Sapiens'. Meu livro baseia-se em 30 anos de extensa pesquisa sobre o tema, 30 anos em que teorias foram desenvolvidas e cada elemento dela foi testado empiricamente."

Harari já admitiu que seus livros têm informações incorretas (ele chegou a colocar em seu site uma lista com erratas), mas disse que esses equívocos não comprometem a lógica principal de seus argumentos.

Veja abaixo as explicações de Galor sobre a trajetória de produção de riqueza e formação da desigualdade ao longo da história.

A agricultura faz surgir a elite do conhecimento

Na China, agricultura com domesticação de plantas começou há cerca de 10 mil anos — Foto: Getty Images/via BBC
Na China, agricultura com domesticação de plantas começou há cerca de 10 mil anos — Foto: Getty Images/via BBC

O homo sapiens surgiu há cerca de 300 mil anos na África. Seu cérebro diferenciado lhe deu vantagem sobre outras espécies, mas a evolução foi bastante lenta até a humanidade alcançar o estágio de domínio sobre a natureza.

Apenas 12 mil anos atrás, ou seja, só nos últimos 4% dessa trajetória aconteceria a revolução que fez com que o homo sapiens se tornasse o centro do mundo.

A revolução agrícola ou neolítica, além de tirar o ser humano do estágio de caça e coleta, levou a um ciclo de inovações que representou imenso avanço tecnológico. Uma mudança crucial de consequências nem sempre positivas.

Galor explica que "durante esse processo, o ser humano primeiro domestica plantas e animais, e isso permite a transição para a agricultura".

"Nesse período, sociedades começam a se organizar em torno da produção agrícola e, sob certas circunstâncias, também é aberto um espaço para um grupo de indivíduos dedicar seu tempo ao desenvolvimento da ciência, do conhecimento e das línguas."

A escrita, por exemplo, surgiu para contabilizar grãos e registrar a distribuição de porções de alimento.

"Isso marca o aparecimento de uma elite do conhecimento, permitindo que as sociedades tivessem uma vantagem tecnológica que abrigasse populações maiores e o surgimento de cidades e Estados." 
A influência da geografia sobre o desenvolvimento

Como um dos elementos centrais de sua tese, o economista israelense defende que as vantagens geográficas — que deram condições melhores para desenvolver a agricultura — foram determinantes para as diferenças de riqueza entre os países até hoje.

"Não é acidente que a revolução neolítica tenha ocorrido em diferentes épocas nas regiões do globo, com diferença de milênios", diz.

A biodiversidade de cada localidade determinava o aparecimento de um grande número de plantas e animais domesticáveis que criavam as circunstâncias para a agricultura. E a Eurásia saiu na frente.

"Ela tinha uma vantagem sobre outros continentes por duas questões. Uma era a biodiversidade propícia, mas a outra foi a questão da orientação leste-oeste do continente."

Sem barreiras significativas, práticas agrícolas eram copiadas ao longo de latitudes semelhantes, afirma Galor.

"Essas diferenças geográficas e de momento de adoção e evolução da agricultura influenciam a grande diferença na economia mundial em termos de sofisticação tecnológica e de dominação, no sentido de que as sociedades que adotaram a agricultura antes permaneceram tecnologicamente mais avançadas do que outras."

Mas, de acordo com Galor, a vantagem de lugares como o Crescente Fértil (uma faixa que vai do Egito, passa pelo Oriente Médio e chega ao Iraque), a primeira região a adotar a agricultura, foi perdida a partir do século 16, quando o setor agrícola entrou em declínio gradual e começou a abrir espaço para o setor urbano.

Houve também nesse período o início da era das grandes navegações, dominada pelos europeus.

A Peste Negra e a formação de instituições

Outro item da tese de Galor para explicar a disparidade de riquezas está na formação de instituições voltadas para garantir a segurança de trocas comerciais — o que levaria a um maior desenvolvimento econômico de uma sociedade.

O progresso proporcionado pela agricultura tornou alguns grupos mais numerosos e complexos. A implementação de moedas únicas, a proteção a direitos de propriedade e um conjunto de leis aplicadas de maneira uniforme organizaram essas sociedades com um ambiente favorável para negócios.

Ele lembra que eventos inesperados também podem influenciar esse processo. E usa um acontecimento histórico de grande magnitude para ilustrar como a formação das instituições inglesas levou o país a liderar a Revolução Industrial.

A Peste Negra chega à Europa em 1347. Em um período muito curto, aniquila 40% da população europeia daquele tempo. Há uma redução dramática na força de trabalho, particularmente na Inglaterra, que já tinha no período um setor urbano relativamente desenvolvido.

"Para manter a força de trabalho, a aristocracia teve que fazer concessões para que ficasse mais atraente permanecer no campo. Como resultado, vemos o declínio do sistema feudal da época. Vemos a emancipação de grande parte do trabalho e gradualmente o desenvolvimento dos direitos de propriedade fora da aristocracia. Isso pode ter levado a uma industrialização precoce na Inglaterra antes de outros lugares", afirma.

Galor defende que o predomínio dessas instituições na Inglaterra protegeu comerciantes e empresários, e não proprietários de terra que evitariam o progresso tecnológico e tentariam se perpetuar no poder.

A Revolução Industrial muda curso de 300 mil anos

Segundo Oded Galor, a Revolução Industrial interrompeu um ciclo de centenas de milhares de anos de estagnação — Foto: Getty Images/via BBC
Segundo Oded Galor, a Revolução Industrial interrompeu um ciclo de centenas de milhares de anos de estagnação — Foto: Getty Images/via BBC

A Teoria Unificada do Crescimento aponta que a ruptura de um ciclo de 300 mil anos de estagnação na história da humanidade ocorreu com a chegada da Revolução Industrial na Inglaterra, há cerca de 200 anos.

"Quando você olha para as evidências, está bastante aparente que, em mais de 99,9% da jornada da existência humana, as sociedades viveram no que definimos como estagnação malthusiana", afirma Galor.

Ele se refere à tese do economista Thomas Malthus — muitas vezes associada a programas de controle populacional e alvo de fortes críticas.

"A razão pela qual eu apresento Malthus de forma neutra é que, na verdade, ele capturou muito bem o que aconteceu em quase toda a história da humanidade."

É o ciclo, explica Galor, em que uma nova tecnologia proporciona mais recursos, mas também o aumento de um grupo. Isso dificulta, após um tempo, a garantia do bem estar material para essa população de número maior.

"Dessa forma, o progresso tecnológico era convertido em mais pessoas em vez de promover melhores padrões de vida", diz.

A revolução industrial muda isso porque leva a sociedade a lidar com um ambiente tecnológico de rápida mudança, segundo o economista.

"Os indivíduos precisam gastar dinheiro em educação. No momento em que o investimento em capital humano começa ocorrer, as famílias são muito pobres para investir na educação de seus filhos. Assim, precisam usar um outro elemento de restrição orçamentária, que é o tamanho de suas famílias."

"Vemos um declínio dramático nas taxas de fertilidade. E, dessa forma, o processo de crescimento é liberado do efeito de contrapeso do aumento da população."

Os países que começaram investiram em uma população com formação educacional superior são os que conseguiram acumular mais riquezas, de acordo com a tese.

Mas ele aponta para melhoras que ocorreram nesse período mesmo em países pobres. Cita índices como o aumento de 14 vezes da renda per capita no mundo em apenas um século e o avanço nas condições de vida — 250 anos atrás, quase um quarto dos recém-nascidos não chegava a completar um ano.

O peso do colonialismo e da escravidão em lugares como o Brasil

Galor diz que o colonialismo e a escravidão tiveram um peso para "determinar o ritmo de giro das rodas da mudança".

Embora não reserve um capítulo específico de "A Jornada de Humanidade" para esses fatores, ele ressalta que o desenvolvimento das forças coloniais foi financiado pela extração de recursos do Novo Mundo e a exploração do comércio de escravos.

E, numa fase posterior, puderam se especializar na produção de bens manufaturados em vez de se limitar à produção agrícola.

Por outro lado, as colônias foram forçadas a se especializarem na produção de matéria-prima e bens agrícolas. Essa limitação atravancou o desenvolvimento tecnológico, industrial e, segundo sua lógica, educacional.

Nisso também entra o peso da formação de instituições, como explicado antes.

"No Brasil, vemos o surgimento de instituições extrativistas que são projetadas para manter o status quo e a desigualdade", observa o israelense.

"O colonialismo afeta as instituições brasileiras hoje, afeta a coesão social do país, afeta a confiança no governo e entre indivíduos. Em algumas sociedades, o colonialismo explica uma porção significativa das desigualdades entre os países."

Galor diz que o tipo de agricultura surgida na América do Norte não exigia grandes plantações, o que levou a uma menor concentração da propriedade da terras. Isso, para ele, levou gradualmente ao surgimento de instituições mais democráticas.

"Dessa forma, as instituições podem ser o resultado do tipo das produções agrícolas em diferentes lugares do mundo", afirma.

Mas o economista enfatiza sua visão de que o colonialismo surgiu da diferença de desenvolvimento que já existia antes.

"De forma que se queremos entender o desenvolvimento do mundo, nós temos que nos perguntar, por que algumas sociedades conseguiram colonizar outras?"

Influências culturais e genéticas

Normas culturais, que são os valores compartilhados, crenças e preferências características de uma sociedade, influenciam em seu desenvolvimento, teoriza Galor.

Ele cita em seu livro que uma luta interna no judaísmo 2.000 anos atrás acabou por incentivar a alfabetização universal e se formou uma obrigação moral para pais providenciarem educação aos filhos. Isso criou um forte valor para o estudo nesse grupo.

Traços que promoveram mais cooperação dentro de uma sociedade ou um pensamento voltado para o futuro também representaram influência no desenvolvimento econômico, segundo o economista.

Críticos apontaram que nesse ponto Galor se torna "especulativo e dúbio" em sua teoria unificada.

Há ainda mais restrições sobre sua hipótese de que a diversidade genética e cultural em uma sociedade tem bons efeitos (pela "polinização cruzada" de ideias, de mais saídas para os problemas) e outros considerados ruins (menos coesão social).

Biólogos e antropologistas consideraram problemático estabelecer uma relação causal entre diversidade genética/cultural e sucesso econômico, mas Galor afirma que há uma interpretação superficial das técnicas empíricas empregadas.

Crescimento: dádiva ou desgraça?

O economista, que muitas vezes é definido como um "otimista", defende o crescimento econômico mundial dos últimos 200 anos como uma etapa de imenso progresso da humanidade, como o aumento da renda per capita e a diminuição da mortalidade infantil.

Galor aponta que, mesmo nos países em que a pobreza ainda é bastante presente, a conjuntura social teve uma melhora sensível na comparação com 100 ou 200 anos atrás.

Mas a ânsia por crescimento que marca o capitalismo moderno (iniciado com a revolução industrial) também está relacionada à crise climática que pode levar o planeta à devastação e até mesmo a extinção do homo sapiens.

"Bem, a questão é se definimos a progressão da humanidade como algo que provoca o tipo de catástrofe que vemos no momento na forma da mudança climática e talvez até na forma da inteligência artificial que vai tirar o lugar de muitos trabalhadores da sociedade", diz Galor.

"Minha visão é diferente: fizemos muitos progressos. O progresso foi tremendo, as condições de hoje parecem irreais se comparadas ao que existia antes. E isso está se manifestando de forma perceptível. Não é que não haja desafios a serem enfrentados. Mas eles podem ser superados desde que estejamos alertas sobre as consequências. Acho que seremos capazes de mitigá-los e permitir que a prosperidade humana continue seu caminho."

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sábado, 18 de março de 2023

Argentina, Chile, Equador, México e Peru registram terremotos

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Os tremores mais fortes foram observados nas regiões costeiras de Peru (magnitude 7,0) e Equador (magnitude 6,7). De acordo com a imprensa equatoriana, pelo menos 12 pessoas morreram.
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Por g1

Postado em 18 de março de 2023 às 19h30

 #.*Post. - N.\ 10.721*.#

Carro destruído pelos destroços do terremoto que atingiu Cuenca, cidade localizada a mais de 200 km do epicentro, na costa do Equador — Foto: Xavier Caivinagua/AP
Carro destruído pelos destroços do terremoto que atingiu Cuenca, cidade localizada a mais de 200 km do epicentro, na costa do Equador — Foto: Xavier Caivinagua/AP

Pelo menos cinco países da América Latina foram atingidos por terremotos neste sábado (18): Argentina, Chile, Equador, México e Peru.

Todos esses países integram o Círculo de Fogo do Pacífico, uma grande área de 40 mil quilômetros em forma de ferradura que circunda o oceano Pacífico (passa também por EUA, Canadá, Rússia, Japão, Sudeste Asiático e Oceania). Ao longo dele, são pelo menos 450 vulcões ativos e alta incidência de terremotos - cerca de 90% de todos tremores registrados no mundo ocorrem dentro dele.

Mapa identifica a região do Círculo de Fogo do Pacífico — Foto: Ciência/G1
Mapa identifica a região do Círculo de Fogo do Pacífico — Foto: Ciência/G1

Até o momento, o tremor mais forte do dia foi registrado no Peru. O Centro Sismológico Nacional peruano registrou um sismo de magnitude 7,0 às 12h12 (horário local; 14h12 horário de Brasília), com epicentro em Tumbes, norte do país. De acordo com o Instituto Nacional de Defesa Civil, não há notícias de mortos ou feridos e nem de perdas materiais.

Na sexta-feira, o Peru já havia registrado mais dois tremores: um de magnitude 4,2 em Huarmey, na costa peruana; e outro de 3,5, em Caylloma, sul do país.

No Equador, um terremoto de magnitude de 6,7 atingiu a costa do país às 12h12 (horário local; 14h12 horário de Brasília). Seu epicentro foi a cerca de 30 quilômetros do município de Balao, província de Guayas, informa o Instituto Geofísico da Escola Politécnica Nacional do Equador. Segundo a agência Reuters, não há ameaça de tsunami no litoral do país.

Na sequência foram registrados dois novos abalos na mesma região, de magnitudes 4,6 e 3,7, e moradores de Guayaquil e mais seis cidades relataram notar os tremores. O presidente Guillermo Lasso confirmou a morte de 12 pessoas.

Nas últimas 24 horas, o Instituto Nacional de Prevenção Sísmica identificou dois tremores na Argentina: em Mendoza (magnitude 5,0) e em Catamarca (magnitude 3,0), com menos de meia hora de diferença um do outro - o primeiro ocorreu às 12h41. Cerca de 40 minutos depois, um novo tremor foi observado em San Juan (magnitude 2,6).

No mesmo período, pelo menos seis ocorrências de tremores foram registradas no Chile. O mais forte deles foi observado em Arica (magnitude 4,0), no extremo norte do país, às 5h01. As cidades de Antofagasta, Araucania, Bio-Bio, Calam e Cobquecura também foram afetadas

Já no México, há o registro de pelo menos 18 tremores, informa o Serviço Sismológico Nacional mexicano. O epicentro do mais forte deles (magnitude 4,3) foi identificado a cerca de 150 quilômetros de San Jose Del Cabo, na costa oeste do país, às 10h33 (horário local; 13h33).

Outros tremores, que variaram entre magnitudes 3,3 a 4,2, ocorreram nas regiões de Michoacan, Chiapas, Guerrero, Jalisco, Oaxaca e Baja California.

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O que são os arcos de galáxias, estruturas gigantescas que desafiam o que sabemos sobre o Universo

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A descoberta de imensas estruturas no espaço - como o "Arco Gigante" e a "Grande Muralha" - estão forçando os cientistas a redefinir suas teorias sobre a evolução do Universo.
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TOPO
Por Jasmin Fox-Skelly, BBC

Postado em 18 de março de 2023 às 18h40m

 #.*Post. - N.\ 10.720*.#

A descoberta de imensos subconjuntos de galáxias está desafiando nossa própria compreensão do Universo — Foto: Hanglouwawa/Guetty Images via BBC
A descoberta de imensos subconjuntos de galáxias está desafiando nossa própria compreensão do Universo — Foto: Hanglouwawa/Guetty Images via BBC

Em 2021, a estudante de PhD Alexia Lopez estava analisando a luz proveniente de quasares distantes quando fez uma descoberta surpreendente.

Ela encontrou um arco de galáxias gigante, quase simétrico, a 9,3 bilhões de anos-luz da Terra, na constelação do Boieiro.

Com imensos 3,3 bilhões de anos-luz de extensão, a estrutura cobre 1/15 do raio do Universo observável. Se pudéssemos vê-la da Terra, teria o tamanho de 35 luas cheias enfileiradas no céu.

Conhecida como o Arco Gigante, a estrutura questiona algumas das nossas concepções básicas do Universo.

Segundo o modelo padrão de cosmologia – a teoria na qual se baseia a nossa compreensão do Universo –, a matéria deveria ser distribuída de forma mais ou menos homogênea pelo espaço. Quando os cientistas observam o Universo em escalas muito grandes, eles não deveriam observar grandes irregularidades; tudo deveria ter a mesma aparência em todas as direções.

Mas o Arco Gigante não é o único exemplo da sua espécie. Essas imensas estruturas agora estão forçando os cientistas a redefinir sua teoria sobre a evolução do Universo.

Lopez estudava para o seu mestrado na Universidade do Centro de Lancashire, no Reino Unido, quando seu orientador sugeriu que ela usasse um novo método para analisar estruturas em grande escala no Universo.

Ela usou quasares – galáxias distantes que emitem uma extraordinária quantidade de luz – para procurar sinais de magnésio ionizado, que são claros indícios da existência de nuvens de gás em volta de uma galáxia.

Quando a luz passa através desse magnésio ionizado, certas frequências são absorvidas, deixando "assinaturas" de luz exclusivas que podem ser detectadas pelos astrônomos.

"Observei aglomerados de galáxias conhecidos e documentados e comecei a traçar a aparência dessas regiões pelo método Magnésio II", diz a britânica.

"Um conjunto que observei era muito pequeno, mas quando o analisei no Magnésio II, havia essa interessante faixa densa de absorção de magnésio através do campo de visão, ela conta.

"Foi assim que acabei descobrindo. Foi um feliz acidente e simplesmente tive a sorte de ter sido quem o encontrou."

O "feliz acidente" de Lopez trouxe uma descoberta espetacular. Observado através da constelação do Boieiro, um conjunto de cerca de 45 a 50 nuvens de gás, cada qual associada a pelo menos uma galáxia, parecia dispor-se em um arco com 3,3 bilhões de anos-luz de extensão. O tamanho é considerável, já que a amplitude do Universo observável é de 94 bilhões de anos-luz.

As enormes estruturas sendo descobertas no espaço estão forçando os cientistas a reavaliar sua teoria sobre a evolução do Universo — Foto: Standret/Getty Images via BBC
As enormes estruturas sendo descobertas no espaço estão forçando os cientistas a reavaliar sua teoria sobre a evolução do Universo — Foto: Standret/Getty Images via BBC

O artigo de Lopez afirma que é extremamente improvável (apenas 0,0003% de probabilidade) que essa grande estrutura tenha surgido ao acaso.

A pesquisadora sugere que ela pode ter sido formada por alguma razão na física natural do Universo que atualmente não conhecemos.

Suas descobertas desafiam diretamente uma faceta central do modelo cosmológico padrão, que é a melhor explicação que temos para explicar o início e a evolução do Universo.

Esta faceta é conhecida como o princípio cosmológico. Ela afirma que, em grande escala, o Universo deve ter aproximadamente a mesma aparência em toda parte, independentemente da sua posição ou da direção na qual você estiver olhando. Não deve haver estruturas gigantes e o espaço deve ser suave e uniforme.

Isso é conveniente, pois permite aos pesquisadores tirar conclusões sobre todo o Universo com base apenas no que vemos do nosso canto particular. Mas também faz sentido que, após o Big Bang, o Universo tenha se expandido para fora, lançando matéria simultaneamente em todas as direções.

É aqui que surge o problema. Segundo o modelo padrão, estruturas como o Arco Gigante simplesmente não teriam tido tempo de se formar.

"A ideia atual sobre como se formaram as estruturas no Universo é por meio de um processo conhecido como instabilidade gravitacional", segundo Subir Sarkar, professor de física teórica da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Cerca de um milhão de anos depois do Big Bang, quando o Universo estava se expandindo, minúsculas flutuações de densidade fizeram com que pedaços de matéria se acumulassem. Ao longo de bilhões de anos, a força da gravidade conseguiu fazer com que esses aglomerados formassem estrelas e galáxias.

Mas existe uma limitação de tamanho para este processo. Qualquer objeto com mais de cerca de 1,2 bilhão de anos-luz simplesmente não teria tido tempo suficiente para se formar.

"Para formar estruturas, você precisa que as partículas se reúnam entre si, para que ocorra o colapso gravitacional", explica Sarkar. "Estas partículas precisariam mover-se de fora para dentro da estrutura para chegar lá."

"Então, se a sua estrutura tiver 500 milhões de anos-luz de extensão, a luz levaria 500 milhões de anos para mover-se de uma extremidade para a outra", prossegue o professor.

"Mas estamos falando de partículas que estão se movendo muito mais lentamente que a luz, de forma que levaria bilhões de anos para criar uma estrutura desse tamanho – e o Universo existe apenas há cerca de 14 bilhões de anos."

O Arco não está sozinho

Descobriu-se que a constelação do Boieiro, visível apenas no hemisfério norte, contém um arco gigante de galáxias com cerca de 3,3 bilhões de anos-luz de extensão — Foto: Allexxandra/Getty Images via BBC
Descobriu-se que a constelação do Boieiro, visível apenas no hemisfério norte, contém um arco gigante de galáxias com cerca de 3,3 bilhões de anos-luz de extensão — Foto: Allexxandra/Getty Images via BBC

O Arco Gigante descoberto por Lopez não é a única estrutura em larga escala descoberta pelos astrônomos.

Existe também a "Grande Muralha" de galáxias (também chamada de Grande Muralha CfA2), descoberta em 1989 por Margaret Geller e John Huchra. A muralha tem cerca de 500 milhões de anos-luz de comprimento, 300 milhões de anos-luz de largura e 15 milhões de anos-luz de profundidade.

A Grande Muralha Sloan é ainda maior – uma estrutura cósmica formada por uma parede gigante de galáxias, descoberta em 2003 por J. Richard Gott 3°, Mario Juric e seus colegas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Esta muralha tem cerca de 1,5 bilhão de anos-luz de extensão.

E a descoberta desses colossos astronômicos se acelerou ainda mais na última década.

Em 2014, os cientistas descobriram o superaglomerado Laniakea, uma coleção de galáxias onde fica a nossa Via Láctea. Laniakea tem 520 milhões de anos-luz de extensão e sua massa equivale a cerca de 100 quatrilhões de sóis.

Em 2016, foi descoberta a Grande Muralha BOSS – um complexo de galáxias com mais de um bilhão de anos-luz de extensão. BOSS é composta de 830 galáxias separadas, que foram atraídas pela gravidade para formar quatro superaglomerados. As galáxias são conectadas por longos filamentos de gás quente.

E, em 2020, a Muralha do Polo Sul, com 1,4 bilhão de anos-luz de extensão, foi acrescentada à lista.

Mas o recorde atual entre essas estruturas é da Grande Muralha Hércules-Coroa Boreal. Descoberta em 2013, ela cobre 10 bilhões de anos-luz – mais de 10% do tamanho do Universo observável.

As galáxias começaram a se formar cerca de um milhão de anos depois do Big Bang, quando a matéria começou a reunir-se — Foto: Pixel Particle/Getty Images via BBC
As galáxias começaram a se formar cerca de um milhão de anos depois do Big Bang, quando a matéria começou a reunir-se — Foto: Pixel Particle/Getty Images via BBC

"Fizemos os cálculos e percebemos, 'uau, esta é a maior coisa do Universo'", relata Jon Hakkila, professor de física e astronomia da Universidade do Alabama em Huntsville, nos Estados Unidos.

Sua preocupação era justificada. Hakkila e Lopez fizeram uma série de testes estatísticos para tentar comprovar que os resultados não poderiam ter surgido ao acaso. Para o Arco Gigante, os resultados apresentaram nível de confiabilidade de 99,9997%.

Na pesquisa científica, o padrão-ouro para significância estatística é conhecido como 5-sigma, que é igual à probabilidade de cerca de 1 em 3,5 milhões de que os resultados se devem ao acaso. O Arco Gigante atingiu significância de 4,5 sigma, de forma que ainda existe a possibilidade de que a estrutura seja uma disposição de estrelas ao acaso.

"Nossos olhos são muito bons para observar padrões", explica Sarkar. "Você pode ver letras nas nuvens, mas não é uma estrutura real. Sua mente está formando uma estrutura com base no que, na verdade, é aleatório."

"Mas não acho que seja o caso nesta situação. Acho que é uma cadeia física real de superaglomerados", afirma o professor.

Mudança de padrão

Se for comprovada a existência de outras estruturas como o Arco Gigante e a Grande Muralha Hércules-Coroa Boreal, os astrônomos serão obrigados a reescrever (ou, pelo menos, revisar) o modelo padrão de cosmologia.

Não é a primeira vez que o modelo precisará ser adaptado. Em 1933, o cientista Fritz Zwicky, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, mediu a massa de um aglomerado de galáxias e concluiu que o número era menor que o esperado.

Na verdade, a massa era tão pequena que as galáxias deveriam ter se separado e escapado da força gravitacional do aglomerado. Por isso, alguma outra coisa deveria manter os aglomerados de galáxias juntos.

Esta "outra coisa" é a matéria escura, uma substância misteriosa que se acredita que forme 27% do Universo.

Em 1998, o modelo recebeu novas adaptações para incluir a energia escura, depois que duas equipes independentes de astrônomos mediram a expansão do Universo e descobriram que ela está se acelerando.

De qualquer forma, deveremos saber ao certo nos próximos anos o que precisará ser feito. A Pesquisa do Legado do Espaço e Tempo (LSST, na sigla em inglês) é um estudo planejado de 10 anos do céu do hemisfério sul que pode fornecer aos astrônomos uma visão do Universo sem precedentes.

"É preciso muito esforço para fazer uma mudança de paradigma, especialmente se as pessoas investiram suas vidas e carreiras nele", afirma Sarkar. "Mas, na ciência, precisamos ver, em última instância, quem tem razão."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

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