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quarta-feira, 13 de abril de 2022

Mega foto do Sol mostra forma humana? Entenda o que está por trás da imagem e o que revela a ciência

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Foto registrada pela Solar Orbiter mostra forma curiosa, mas a ciência busca ir muito além e analisar os dados para prever eventuais interferências do nosso astro sobre itens como o GPS e outros sistemas.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 13 de abril de 2022 às 08h00m

Post.- N.\ 10.291

O sol de perto: ESA divulga imagem do astro com resolução mais alta já feita até hoje
O sol de perto: ESA divulga imagem do astro com resolução mais alta já feita até hoje

O que a imagem mais detalhada do Sol já registrada revela? Um zoom em um dos pontos dessa foto composta por um mega mosaico de imagens mostra formas que se assemelham a um homem de costas, olhando para a esquerda.

Por mais que nossos olhos tendam a encontrar figuras humanas em todos os cantos, a ciência explica que por trás das traços amarelos e dourados há, na verdade, conceitos como gás, plasma, arcos magnéticos e tempestades geomagnéticas capazes de interferir na vida na Terra.

Parece complicado, mas são fenômenos que estão sob alguma das camadas da megafoto e eles não ditam apenas a dinâmica da nossa estrela de 4,5 bilhões de anos.

O Sol e seus fenômenos podem afetar desde o funcionamento de sistemas de Internet e GPS aqui na Terra até a segurança de astronautas em missões espaciais. E tudo está ali, revelado ou sob outras áreas que a foto não alcançou.

Forma humana? Imagem mostra um detalhe da foto do Sol com a maior resolução já feita.  — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)
Forma humana? Imagem mostra um detalhe da foto do Sol com a maior resolução já feita. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)

O que a imagem mostra de fato?

A foto, um conjunto de 25 imagens individuais, foi feita pelo telescópio espacial de alta resolução acoplado à sonda lançada em 2020 pela Nasa juntamente com a Agência Espacial Europeia, a ESA.

Na imagem, além de ser possível enxergar uma figura humana intrigante (um fenômeno que a psicologia chama de pareidolia – o reconhecimento de uma imagem, som ou objeto familiar em um estímulo aleatório, como enxergar formas de animais em nuvens), o que temos em destaque é a última camada da atmosfera do Sol, a coroa solar, que é bem mais quente que superfície da estrela.

Sim, assim como a Terra, o Sol possui uma atmosfera. E ela é dividida em duas partes, a cromosfera, a camada mais inferior, e a coroa (a que de fato vemos nas imagens).

As regiões mais luminosas da foto são chamadas de manchas solares ou regiões ativas, locais de alta concentração de campo magnético. Isso quer dizer que, diferentemente do que imaginamos quando olhamos para o espaço, o Sol não é uma bola estática.

Os campos magnéticos estão a todo tempo produzindo uma dança de gás e plasma, o material que forma a estrela.

O Sol é uma estrela muito ativa. Ele tem períodos em que essas regiões ativas aparecem em maior número (que chamamos de máximo solar) e outros em que elas quase não aparecem, diz Alessandra Abe Pacini, cientista do grupo de Física Espacial do CIRES/NOAA, na Universidade do Colorado.

O que intriga os cientistas por muito tempo é o fato de que a dinâmica de aquecimento dessas regiões é algo único.

Diferentemente do esperado, a camada mais exterior da nossa estrela (a coroa vista na foto da ESA) é mais quente que sua superfície. São temperaturas que ali chegam à casa do milhão, enquanto a superfície solar chega a apenas 5 mil graus Celsius.

Adriana Valio, astrônoma do Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie, explica que isso é curioso porque aqui na Terra, quando pensamos numa fogueira, por exemplo, as regiões mais quentes que ardem em chamas ficam justamente nas camadas mais inferiores, o inverso da dinâmica do Sol.

"Isso eu acho bárbaro", diz. "É uma questão que intriga há mais de 30 anos e que a sonda poderá resolver".

O Sol visto pelo Solar Orbiter em luz ultravioleta extrema a uma distância de aproximadamente 75 milhões de quilômetros.  — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)
O Sol visto pelo Solar Orbiter em luz ultravioleta extrema a uma distância de aproximadamente 75 milhões de quilômetros. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)

A 'tomografia' da atmosfera solar

A ESA também divulgou imagens que mostram a cromosfera do Sol. São quatro imagens 'coloridas' que revelam detalhes sobre essa camada da atmosfera que não é visível aqui da Terra.

Adriana Valio explica que a sonda tem dois grupos de instrumentos: câmeras imageadoras, que tiram as fotos em alta resolução do começo desta reportagem, e ferramentas que fazem uma espécie de "tomografia" do Sol, medindo a densidade de partículas da estrela e do vento solar.

Na Solar Orbiter, esse "tomógrafo" é um instrumento chamado de SPICE. A função dele é entender como o Sol cria e controla a heliosfera, a região do espaço onde o nosso sol exerce sua influência.

"O Sol tem um fluxo continuo de partículas. Esse fluxo preenche todo o Sistema Solar", explica Valio. "E a Solar Orbiter conseguiu mapear, pela primeira vez, de onde sai esse vento solar".

Cores mostram diferentes pontos da atmosfera do Sol.  — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/SPICE team; Data processing: G. Pelouze (IAS)
Cores mostram diferentes pontos da atmosfera do Sol. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/SPICE team; Data processing: G. Pelouze (IAS)

Por que mapear de onde sai esse vento solar?

As 4 regiões mais brilhantes e esbranquiçadas ao centro das imagens da figura acima mostram áreas mais ativas do nosso Sol. É justamente nelas onde há maior concentração de campo magnético.

Um exemplo de região ativa capturada pela sonda da ESA é a imagem do topo desse matéria, que se assemelha à figura de um homem saindo do Sol. Nela podemos ver arcos magnéticos, partículas super energéticas em forma de espiral.

Pacini explica que essas regiões ativas podem eventualmente explodir. Elas têm altíssimas temperaturas, mas ainda não são chamadas de erupções solares. Elas têm cerca de 400 mil a 1 milhão de graus Celsius. Se, de fato, explodirem, chegam a dezenas de milhões de graus.

Um dos objetivos da Solar Orbiter é justamente entender melhor a atividade do Sol e como esse campo magnético solar funciona. Mostrar como e de onde partem os ventos solares.

É com essa atividade magnética que ocorrem as explosões solares e as ejeções de massa, quando bilhões de toneladas de matéria são lançadas para o meio interplanetário e podem até atingir a Terra, ressalta Adriana Valio.

Entender esses processos será fundamental para descobrir como essas explosões solares surgem e como isso influencia o nosso clima espacial.

Satélites europeus do programa Galileo devem ser lançados no 2º semestre para concorrer com sistema GPS — Foto: ESA/P. Carril/Divulgação
Satélites europeus do programa Galileo devem ser lançados no 2º semestre para concorrer com sistema GPS — Foto: ESA/P. Carril/Divulgação

Isso é importante porque não é somente a aurora boreal que é provocada pelos efeitos da atividade solar. Sinais de Internet, o GPS e até a transmissão de energia elétrica podem ser impactados por essas tempestades geomagnéticas, daí a importância de prevermos esses eventos.

"A gente tem também doses letais de radiação solar. Se tivermos algum astronauta desprotegido enquanto faz uma missão fora da Estação Espacial Internacional, por exemplo, isso é um problema", diz a astrônoma.

A professora ainda explica que, no passado, diversos satélites de bilhões de dólares eram perdidos por causa desse problema. Hoje em dia, a principal preocupação é com os sistemas de GPS.

Os GPS utilizam satélites. Hoje os aviões todos pousam e decolam automaticamente por conta dessa tecnologia. Então isso pode ser realmente um problema grave, alerta a pesquisadora.

Segundo a Nasa, a tempestade geomagnética mais forte já registrada foi o chamado Evento Carrington, que levou o nome astrônomo britânico Richard Carrington. Foi ele quem observou a erupção solar de 1º de setembro de 1859 que desencadeou o evento.

Na época, os sistemas de telégrafo do mundo todo apresentaram problemas e seus operadores chegaram a levar descargas elétricas.

O evento foi tão atípico que auroras boreais puderem ser vistas em países da América Central, como Cuba, Bahamas, Jamaica, El Salvador.

Tudo o que acontece no Sol vai perturbar o ambiente da Terra. Hoje a nossa sociedade depende fortemente de tecnologia espacial e tudo isso depende, por sua vez, do clima espacial, lembra a astrônoma Alessandra Pacini.

A importância de entendermos a origem dessas explosões solares é realmente a capacidade de a prevermos. Temos que saber quando elas vão acontecer para que consigamos nos proteger.

Comparação ilustrativa mostra a enorme diferença do tamanho entre o Sol e a Terra. Os cientistas calculam que mais de 1 milhão de planetas Terra poderiam ocupar o volume da estrela.   — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)
Comparação ilustrativa mostra a enorme diferença do tamanho entre o Sol e a Terra. Os cientistas calculam que mais de 1 milhão de planetas Terra poderiam ocupar o volume da estrela. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)

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terça-feira, 12 de abril de 2022

21 países não vacinaram nem 10% da população contra Covid-19, diz OMS

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Ao todo, são 68 nações com cobertura abaixo de 40%, que era a meta estabelecida pela entidade para o final do ano passado. No Brasil, percentual da população vacinável com duas doses é de 81%; com o reforço, de 50%.
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Por g1

Postado em 12 de abril de 2022 às 10h45m

Post.- N.\ 10.290

Homem recebe dose de reforço de vacina contra Covid-19 em Guadalajara, no México, no dia 6 de abril. — Foto: Ulises Ruiz / AFP
Homem recebe dose de reforço de vacina contra Covid-19 em Guadalajara, no México, no dia 6 de abril. — Foto: Ulises Ruiz / AFP

21 países do mundo não vacinaram não vacinaram nem 10% de suas populações contra a Covid-19, divulgou nesta segunda-feira (11) a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ao todo, 68 países ainda não atingiram a meta de 40% de cobertura vacinal, estabelecida pela entidade para o final do ano passado.

Três países aparecem com 0% da população vacinada no relatório da organização: a Coreia do Norte, o Burundi e a Eritreia, os dois últimos no continente africano. Dos 21 que não têm nem sequer 10% de seus habitantes vacinados, 16 estão na África.

Em nota, a OMS observou que as baixas coberturas deixam as populações mais vulneráveis desses países em risco.

Além de cobrir 40% da população de todos os países até o fim de 2021, a organização também estabeleceu a meta de 70% de cobertura vacinal contra a Covid-19 até meados deste ano. Poucos países, entretanto, atingiram o percentual até agora; o Brasil é um deles, com 81% da população vacinável já tendo recebido as duas doses do esquema primário. Cerca de metade dos brasileiros que estão aptos já receberam uma dose de reforço.

Outras campanhas

A entidade também chamou atenção para o atraso causado pela pandemia em outras campanhas de vacinação, como a da pólio e do HPV, responsável pela maioria dos casos de câncer de colo de útero.

O Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas da OMS (SAGE, na sigla em inglês) observou que, no ritmo atual, a implementação da vacinação contra o HPV não vai atingir as metas da estratégia global para eliminação do câncer do colo de útero em 2030.

O comitê recomendou que todos os países introduzam urgentemente a vacina contra o HPV – primeiro para meninas de 9 a 14 anos e, quando viável e acessível, para meninas mais velhas. Já a vacinação de meninos e de grupos mais velhos deve ser "cuidadosamente gerenciada até que haja suprimento irrestrito de vacina".

Já no caso da pólio, a entidade expressou preocupação com o caso recente de poliovírus selvagem detectado no Malaui e com a transmissão contínua de poliovírus derivado de vacinas – principalmente na África, onde a Nigéria ainda enfrenta surtos.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Espiritualidade, exercício e café: o que os especialistas aconselham para o coração

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Som da voz também pode ser analisado e prever doença coronariana, mostraram pesquisadores em evento do Colégio Americano de Cardiologia.
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Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

Postado em 11 de abril de 2022 às 16h20m

Post.- N.\ 10.289

Em se tratando de coração, qualquer novidade é consumida com avidez, por isso aproveito para escrever sobre quatro estudos recém-divulgados. O primeiro trata de um tema que ganha cada vez mais espaço nos congressos médicos: a espiritualidade, associada à descoberta de um significado e propósito para a existência, mas sem estar necessariamente vinculada a qualquer religião. Pacientes com insuficiência cardíaca enfrentam sintomas como falta de ar (dispneia), dor no peito, fadiga, dificuldade para dormir, ansiedade e depressão, que limitam suas atividades físicas e sociais. Para Rachel Tobin, médica do Duke University Hospital, diferentemente de outras doenças crônicas, trata-se de uma condição que pode levar ao isolamento e à desesperança. Ela é um dos pesquisadores que fizeram uma revisão de 47 artigos e constataram que o bem-estar espiritual havia trazido uma significativa melhora na qualidade de vida desses indivíduos.

Espiritualidade: bem-estar espiritual traz melhora na qualidade de vida dos pacientes  — Foto: Devanath para Pixabay
Espiritualidade: bem-estar espiritual traz melhora na qualidade de vida dos pacientes — Foto: Devanath para Pixabay

A reboque, emendo com o segundo estudo, sobre como a atividade física ajuda a ativar partes do cérebro que se contrapõem ao estresse. Dessa forma, exercitar-se é ainda mais vantajoso para as pessoas que sofrem de ansiedade e depressão. A pesquisa apontou que indivíduos que praticavam exercícios com regularidade tinham um risco 17% menor de sofrer um evento cardiovascular de grandes proporções. Esse benefício se ampliava, e chegava à diminuição de risco de 22%, para quem tinha lidava com um quadro de ansiedade e depressão.

Na linha de frente da inteligência artificial, trabalho apresentado na 71ª. Sessão Científica do Colégio Americano de Cardiologia mostrou que um programa de computador, baseado em algoritmos, conseguia prever a probabilidade de uma pessoa sofrer problemas cardiovasculares devido ao entupimento de artérias baseado no seu registro de voz. Os pesquisadores recrutaram 108 participantes e cada um deles enviou três gravações de 30 segundos: a primeira era a leitura de um texto; na segunda, se falava livremente sobre uma experiência positiva; e a terceira era também um discurso livre, mas sobre uma experiência negativa. O aplicativo Vocalis Health é capaz de analisar 80 características das amostras, sendo que seis delas estão relacionadas com doença cardiovascular. Um terço dos pacientes exibiu pontuação alta, de maior risco; dois terços, uma pontuação baixa. O grupo foi monitorado por dois anos e, entre os que tinham sido apontados como de risco, 58.3% tiveram algum tipo de evento cardiovascular. A tecnologia ainda não está disponível para uso clínico, mas tem enorme potencial na telemedicina. Estratégias não invasivas e que possam ser utilizadas remotamente ganharam importância durante a pandemia, afirmou Jaskanwal Deep Singh Sara, cardiologista da Mayo Clinic. Enviar uma amostra de voz é algo simples e até divertido, além de permitir aos médicos aperfeiçoar o monitoramento dos pacientes, acrescentou.

Café: duas ou três xícaras por dia estão associadas a uma chance menor de doença cardiovascular ou arritmias  — Foto: Engin Akyurt para Pixabay
Café: duas ou três xícaras por dia estão associadas a uma chance menor de doença cardiovascular ou arritmias — Foto: Engin Akyurt para Pixabay

Para encerrar, uma boa notícia para os amantes de café: duas ou três xícaras por dia estão associadas a uma chance menor de doença cardiovascular ou arritmias. Como o café pode acelerar os batimentos cardíacos, algumas pessoas se preocupam que a bebida pode ser um gatilho ou piorar uma condição cardíaca, mas nossos dados sugerem que o consumo diário de café não deveria ser desencorajado, e sim fazer parte da dieta de indivíduos com ou sem doença cardiovascular, disse o médico Peter Kistler, professor do Baker Heart Institute, na Austrália. Seu time utilizou as informações do UK BioBank, com dados de 500 mil britânicos que foram acompanhadas por pelo menos dez anos, e mapeou a relação entre a ingestão de café (de uma a seis xícaras diárias) e arritmias, insuficiência cardíaca e derrames.

No primeiro levantamento, os pesquisadores examinaram dados de mais de 382 mil pessoas sem diagnóstico de problemas cardíacos para ver se beber café representaria algum perigo nos dez anos de monitoramento da sua saúde. Os participantes tinham, em média, 57 anos, e metade era composta de mulheres. Nesse grupo, beber de duas a três xícaras de café estava associado à diminuição de risco de 10% a 15% de doenças do coração. O segundo estudo incluiu 34 mil indivíduos com algum tipo de distúrbio cardíaco e o consumo da mesma quantidade de café também estava atrelado a menores chances de complicações.

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Os microchips que permitem pagamento com a mão

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Empresas oferecem chips de pagamento injetados sob a pele, que podem ser usados para pagar contas como um cartão de débito ou crédito comum.
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TOPO
Por BBC

Postado em 11 de abril de 2022 às 13h15m

Post.- N.\ 10.288

Uma mulher pagando sua refeição em um café usando um chip de pagamento sem contato implantado em sua mão — Foto: PIOTR DEJNEKA
Uma mulher pagando sua refeição em um café usando um chip de pagamento sem contato implantado em sua mão — Foto: PIOTR DEJNEKA

O holandês Patrick Paumen, de 37 anos, causa rebuliço sempre que paga por algo em uma loja ou restaurante.

Ele não precisa usar dinheiro, cartão de banco ou celular para pagar. Em vez disso, ele simplesmente coloca a mão esquerda perto do leitor de cartão e o pagamento é realizado.

"As reações que recebo dos caixas são impagáveis", diz Paumen, que trabalha como guarda de segurança.

Ele consegue pagar usando apenas sua mão porque em 2019 ele teve um microchip de pagamento injetado sob a pele.

"O procedimento dói tanto quanto quando um beliscão na pele", diz Paumen.

A primeira vez que um microchip foi implantado em um ser humano foi em 1998, mas foi apenas na última década que essa tecnologia ficou disponível comercialmente.

A empresa anglo-polonesa Walletmor diz que se tornou, no ano passado, a primeira empresa a colocar à venda chips de pagamento implantáveis.

Paumen tem um chip sob a pele da mão esquerda que acende quando entra em contato próximo com uma máquina de pagamento — Foto: PATRICK PAUMEN
Paumen tem um chip sob a pele da mão esquerda que acende quando entra em contato próximo com uma máquina de pagamento — Foto: PATRICK PAUMEN

"O implante pode ser usado para pagar uma bebida na praia do Rio, um café em Nova York, um corte de cabelo em Paris — ou no supermercado local", diz o fundador e presidente-executivo Wojtek Paprota. "Ele pode ser usado onde quer que pagamentos sem contato sejam aceitos."

O chip de Walletmor, que pesa menos de um grama e é pouco maior que um grão de arroz, é composto por um minúsculo microchip e uma antena envolta em um biopolímero — um material de origem natural, semelhante ao plástico.

Paprota diz que o chip é totalmente seguro, tem aprovação regulatória e funciona imediatamente após ser implantado. Também não requer bateria ou outra fonte. A empresa diz que já vendeu mais de 500 chips.

A tecnologia que a Walletmor usa é a comunicação de campo próximo ou NFC, em inglês - o sistema de pagamento por aproximação em smartphones. Outros implantes de pagamento são baseados em identificação por radiofrequência (RFID), que é a tecnologia similar normalmente encontrada em cartões de débito e crédito físicos por aproximação.

Para muitos de nós, a ideia de ter um chip implantado em nosso corpo é horrível, mas uma pesquisa de 2021 com mais de 4 mil pessoas no Reino Unido e na União Europeia descobriu que 51% considerariam fazer um implante.

Um raio-x mostrando um implante Walletmor, que é injetado na mão de uma pessoa após um anestésico local — Foto: WALLETMOR
Um raio-x mostrando um implante Walletmor, que é injetado na mão de uma pessoa após um anestésico local — Foto: WALLETMOR

No entanto, sem fornecer uma porcentagem, o relatório acrescentou que "questões de invasão e segurança continuam sendo uma grande preocupação" para os entrevistados.

Paumen diz que não tem nenhuma dessas preocupações.

"Os implantes de chip contêm o mesmo tipo de tecnologia que as pessoas usam diariamente", diz ele, "desde chaveiros a destrancar portas, cartões de transporte público como o cartão Oyster [do transporte público de Londres] ou cartões bancários com função de pagamento sem contato."

"A distância de leitura é limitada pela pequena bobina da antena dentro do implante. O implante precisa estar dentro do campo eletromagnético de um leitor RFID [ou NFC]. Somente quando há um acoplamento magnético entre o leitor e o transponder o implante pode ser lido."

Ele acrescenta que não está preocupado em ter seu paradeiro rastreado.

"Os chips RFID são usados ​​em animais de estimação para identificá-los quando estão perdidos", diz ele. "Mas não é possível localizá-los usando um implante de chip RFID — o animal desaparecido precisa ser encontrado fisicamente. Então todo o corpo é escaneado até que o implante de chip RFID seja encontrado e lido."

No entanto, o problema com esses chips (e o que causa preocupação) é se no futuro eles se tornarão cada vez mais avançados e cheios de dados privados de uma pessoa. E se essas informações são seguras e se uma pessoa pode de fato ser rastreada.

Theodora Lau diz que no futuro precisaremos saber qual o limite dos implantes — Foto: THEODORA LAU
Theodora Lau diz que no futuro precisaremos saber qual o limite dos implantes — Foto: THEODORA LAU

A especialista em Tecnologia Financeira, Theodora Lau, é coautora do livro Beyond Good: How Technology Is Leading A Business Driven Revolution (Além do Bem: Como a Tecnologia Está Liderando uma Revolução Impulsionada pelos Negócios, em tradução livre).

Ela diz que os chips de pagamento implantados são apenas "uma extensão da internet das coisas". Ou seja, trata-se de uma nova maneira de conectar e trocar dados.

No entanto, embora ela diga que muitas pessoas estão abertas à ideia — pois tornaria o pagamento das coisas mais rápido e fácil — o benefício deve ser ponderado com os riscos. Especialmente na medida em que os chips comecem a carregar mais informações pessoais.

"Quanto estamos dispostos a pagar por conveniência?" ela diz. "Onde traçamos a linha quando se trata de privacidade e segurança? Quem protegerá a infraestrutura crítica e os humanos que fazem parte dela?"

Nada Kakabadse, professora de Política, Governança e Ética na Henley Business School da Reading University, também é cautelosa sobre o futuro de chips mais avançados.

"Existe um lado sombrio da tecnologia que tem potencial para abuso", diz ela. "Para aqueles que não amam a liberdade individual, abre novas e sedutoras visões de controle, manipulação e opressão. E quem é o dono dos dados? Quem tem acesso aos dados? E é ético colocar chip em pessoas como fazemos com animais de estimação?"

O resultado, ela adverte, pode ser "o desempoderamento de muitos para o benefício de poucos".

Steven Northam, professor de Inovação e Empreendedorismo da Universidade de Winchester, diz que as preocupações são injustificadas. Além de seu trabalho acadêmico, ele é o fundador da empresa britânica BioTeq, que fabrica chips implantados wireless desde 2017.

Seus implantes são voltados para pessoas com deficiência que podem usar os chips para abrir portas automaticamente.

"Temos consultas diárias", diz ele, "e realizamos mais de 500 implantes no Reino Unido — mas a covid causou alguma redução na procura".

"Essa tecnologia é usada em animais há anos", argumenta. "São objetos muito pequenos e inertes. Não há riscos."

Paumen também tem ímãs implantados em seus dedos — Foto: PATRICK PAUMEN
Paumen também tem ímãs implantados em seus dedos — Foto: PATRICK PAUMEN

Na Holanda, Paumen se descreve como um "biohacker" — alguém que coloca pedaços de tecnologia em seu corpo para tentar melhorar seu desempenho. Ele tem 32 implantes no total, incluindo chips para abrir portas e ímãs embutidos.

"A tecnologia continua evoluindo, então continuo colecionando mais", diz ele. "Meus implantes aumentam meu corpo. Eu não gostaria de viver sem eles", diz ele.

"Sempre haverá pessoas que não querem modificar seus corpos. Devemos respeitar isso — e eles devem nos respeitar como biohackers."

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