Objetivo:
“Projetando o futuro e o desenvolvimento autossustentável da sua empresa, preparando-a para uma competitividade e lucratividade dinâmica em logística e visão de mercado, visando sempre e em primeiro lugar, a satisfação e o bem estar do consumidor-cliente."
Um engenheiro britânico que ficou mais de um ano coletando dados sobre o avião desaparecido em 2014 acredita que pode ajudar a resolver um dos maiores mistérios da aviação do mundo. ===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +==== Por BBC Postado em 06 de dezembro de 2021 às 11h25m Post.- N.\ 10.117
Parentes ainda têm muitas perguntas sem resposta sobre o desastre — Foto: AFP/Getty Images/Via BBC
O famoso desaparecimento de um voo da companhia aérea Malaysia Airlines,
que transportava 239 passageiros e tripulantes, é um dos maiores
mistérios da aviação mundial desde 2014. Mas um engenheiro aeronáutico
britânico, que passou mais de um ano trabalhando no caso, acha que
finalmente conseguiu calcular onde o voo MH370 caiu.
Richard Godfrey acredita que o Boeing 777 caiu no Oceano Índico, a 2.000 km a oeste de Perth, na Austrália Ocidental.
A aeronave desapareceu do radar durante um voo em março de 2014.
Três russos e um ucraniano são acusados por queda do voo MH-17 da Malaysia Airlines
Godfrey disse à BBC que espera "sermos capazes de dar uma resposta aos
parentes, ao público que utiliza aviões e à indústria da aviação sobre o
que exatamente aconteceu com o voo MH370, além de podemos prevenir que
tragédias como essa ocorram no futuro".
Ele combinou diferentes dados que antes eram mantidos em locais
separados para chegar a esse novo local no sul do Oceano Índico.
Godfrey
disse que seu trabalho foi um "exercício complicado". Afirma também
que, anteriormente, houve uma "falta de pensamento lateral, em várias
disciplinas, para reunir todos os lados."
Governo da Malásia anuncia fim pelas buscas do MH370 da Malaysia Airlines
"Ninguém teve a ideia de combinar dados de satélite Inmarsat, de
desempenho da Boeing, com dados de deriva de detritos flutuantes
oceanográficos, e dados de rede WSPR", disse.
Godfrey afirmou que o trabalho de sua equipe está progredindo há um
ano. "Fizemos muitos testes com essa nova ideia e adquirimos a confiança
para aplicá-la ao caso do MH370".
O ponto exato determinado por cálculos de dados é cerca de 33 graus ao sul e 95 graus a leste no Oceano Índico.
Houve duas buscas extensas no Oceano Índico pelo MH370, mas elas produziram resultados inconclusivos.
As
buscas custaram centenas de milhões de dólares e, embora haja a demanda
dos familiares para encontrar seus entes queridos, os custos associados
são enormes.
'Provas tangíveis'
Grace Nathan perdeu sua mãe, Anne, no acidente.
"É realmente apenas um pesadelo contínuo. Nunca tem um fim. Parece que
estamos andando em círculos e batendo em uma parede após a outra. Há
muito tempo que esperávamos por algo novo, um novo avanço, algo que
justificasse o reinício das buscas e que aumente as chances de encontrar
o avião ", disse ela à BBC.
Richard Godfrey diz que usou um conjunto de dados para apontar a localização do acidente — Foto: Richard Godfrey/Via BBC
Nathan, uma advogada de defesa criminal que mora em Kuala Lumpur, quer
que os novos dados sejam testados por especialistas em aviação que
entendam a ciência e a física por trás da localização e testem se a
teoria é confiável.
"Agradecemos todas as novas descobertas, especialmente se forem
baseadas em evidências tangíveis, como agora. São coisas que podem ser
calculadas. Não são baseadas apenas em imagens do Google ou coisas
soltas que não podem ser comprovadas", disse.
As pesquisas anteriores pelo MH370 foram difíceis devido ao tamanho da área de pesquisa.
"Uma área tão grande quanto 120 mil quilômetros quadrados foi
revistada. Não é procurar uma agulha em um palheiro: é procurar por algo
microscópico em um palheiro. É muito difícil de fazer", diz Godfrey.
4.000 metros de profundidade
A nova teoria do engenheiro aponta um raio circular de 40 milhas
náuticas onde o avião poderia ter caído, bem menor do que as pesquisas
anteriores.
"Os destroços podem estar atrás de um penhasco ou em um desfiladeiro no
fundo do oceano", disse ele. "Os destroços podem atingir até 4.000
metros de profundidade", acrescentou.
Mais de trinta pedaços de aeronaves foram levados para as praias da costa africana e ilhas do Oceano Índico.
Em 2009, Godfrey seria passageiro da Air France 447 do Rio de Janeiro a
Paris, mas os planos de trabalho exigiam que ele permanecesse no
Brasil.
Esse voo nunca chegou ao seu destino e caiu no Oceano Atlântico. A
partir deste ponto, o engenheiro passou a se interessar por voos
perdidos no mar e por tentar localizá-los.
Godfrey é um membro fundador do MH370 Independent Group, e um
engenheiro com experiência na construção de automóveis. Já David Gleave é
o investigador chefe da Aviation Safety Consultants — ele trabalhou em
acidentes e desaparecimentos de aviões por décadas.
Em 2015, policiais franceses inspecionam um grande pedaço de destroços
de avião encontrados na ilha francesa de La Reunion, no Oceano Índico —
Foto: Reuters/Via BBC
"O problema será o financiamento da nova rodada de buscas. Como agora
temos dados adicionais precisos sobre a localização do acidente, isso
parece ser totalmente confiável e consistente", diz Gleave.
O momento e o lançamento de outra busca dependerão da disponibilidade
de equipamentos especialmente projetados e também do estado do mar.
Evidência consistente
"Realisticamente, queremos estar no Oceano Antártico no verão do sul,
que ocorre em breve. E as buscas podem voltar em 12 meses. Mas acho que
ou os chineses vão assumir a responsabilidade e procurar suas vítimas.
Ou as empresas privadas podem fazer a busca, patrocinadas por
seguradoras", afirma.
"Trabalhei muito em sistemas de informação e lidando com muitos dados e
isso é importante nesta análise. Há uma grande quantidade de dados para
filtrar", diz.
Havia 122 cidadãos chineses a bordo do MH370, que partiu de Kuala Lumpur, mas nunca chegou ao seu destino, Pequim.
O desaparecimento levou a um grande número de teorias sobre o que aconteceu.
Uma delas aponta para um 'sequestro do piloto': uma outra pessoa teria
assumido o controle e desativado a tecnologia de radar antes de virar
sobre o Golfo da Tailândia e seguir para oeste.
"Se você está escolhendo esconder o avião no Oceano Índico Meridional,
apenas certifique-se de que ele estava mais a oeste da rota de voo
padrão, longe do alcance das aeronaves das equipes de busca e resgate da
Austrália. Então, esta localização exata é consistente com essa
teoria", diz Gleave.
O envolvimento do Australian Transport Safety Board (ATSB) na busca subaquática do MH370 foi concluído em outubro de 2017.
"O ATSB não está envolvido em nenhum esforço atual para estabelecer a
localização da aeronave. Qualquer decisão de retomar a busca pela
aeronave seria assunto do governo da Malásia, conforme o estado de
registro da aeronave", disse o órgão.
O governo da Malásia e o governo chinês foram procurados, mas não responderam à BBC News.
"É do interesse da segurança da aviação global que este avião seja
encontrado para que possamos evitar que algo assim aconteça no futuro",
diz Grace Nathan.
A vacinação obrigatória nos acompanha há séculos, silenciosamente salvando vidas. ===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +==== Por Christine Ro*, BBC 05/12/2021 09h17 Atualizado há 5 horas Postado em 05 de dezembro de 2021 às 14h20m Post.- N.\ 10.116
Uma mulher segura um pequeno frasco de vacina contra a Covid-19 em 30 de outubro de 2020 — Foto: Dado Ruvic/Reuters
A vacinação obrigatória nos acompanha há séculos, silenciosamente
salvando vidas — e geralmente sem oposição, enquanto não ocorrem
mudanças.
Para o centro médico Virginia Mason Franciscan Health, no estado de Washington,
nos Estados Unidos, 18 de outubro de 2021 foi um dia para colocar à
prova o histórico até então bem-sucedido de vacinação dos seus
funcionários.
Dez semanas antes, o centro havia decidido que todos os seus
funcionários deveriam ser vacinados contra a Covid-19 até aquela data,
para proteger os trabalhadores e os pacientes do centro médico contra a
doença. Era uma exigência potencialmente polêmica, considerando a falta
de pessoal e a resistência à vacinação que atingia outras partes do
setor médico norte-americano.
Mas, quando 18 de outubro chegou, 95% dos funcionários haviam atendido à
exigência com vacinação ou isenção aprovada. Os outros 5%, incluindo os
funcionários com vacinação parcial, estão agora licenciados do serviço.
Charleen Tachibana, executiva que dedicou toda a sua carreira ao centro
médico, acredita que essa alta taxa de vacinação deve-se, em parte, "à
nossa longa história de vacinação obrigatória... é algo que se tornou
bem normal".
Em 2004, o Virginia Mason anunciou ter se tornado o primeiro centro
médico a exigir que todos os seus funcionários fossem vacinados contra a
influenza anualmente. A administração do centro formou grupos de
conscientização e promoveu outras atividades, incluindo jogos e um
evento, para incentivar a discussão sobre a nova exigência. A abordagem
foi muito bem sucedida e a taxa de vacinação dos funcionários de
Virginia Mason contra a influenza disparou de 54% para 98% em dois anos.
As lições aprendidas com essa experiência serviram de base para
implantar a vacinação obrigatória contra o coronavírus. Um aspecto foi
garantir a maior conveniência possível para que os funcionários tomassem
a vacina. O outro aspecto foi um sério enfoque na comunicação a
respeito da nova exigência, incluindo sessões de informação e documentos
em diversos idiomas.
"Nós
levamos a sério nossas obrigações", segundo Tachibana. "Existe tanto
conhecimento científico claro a respeito — que a vacina é
comprovadamente segura e tão eficaz — que levamos [a questão] adiante."
A experiência de Virginia Mason sugere que a vacinação obrigatória é
uma ferramenta poderosa para proteger a saúde pública. Mas pode também
ser muito contestada. De certa forma, o comportamento relativo à
necessidade atual de vacinação contra a Covid-19 reflete os padrões de
séculos atrás, o que ressalta a importância de compreender as lições
históricas da vacinação obrigatória.
Precedentes de vacinações obrigatórias
No século 17, médicos chineses descobriram que certas preparações de
varíola, quando sopradas pelo nariz, poderiam gerar doença mais suave
que a infecção natural, seguida por imunidade. A técnica acabou por
difundir-se para a Europa e as Américas, onde geralmente era esfregado
material infeccioso em uma punção na pele.
À medida que ela se espalhou pelo mundo, alguns líderes decidiram
eventualmente obrigar esse tipo de inoculação. Durante a Guerra da
Independência Americana, em 1777, por exemplo, o general George
Washington exigiu que todas as tropas fossem inoculadas contra a
varíola.
A inoculação deu lugar à vacinação mais sofisticada, depois que o
médico inglês Dr. Edward Jenner desenvolveu uma vacina contra a varíola
em 1796, com base no vírus da varíola mais suave, que infecta as vacas. A
vacinação obrigatória começou poucos anos depois. Em 1806, Elisa
Bonaparte, governante de Lucca e Piombino, no território que hoje
pertence à Itália(e irmã de Napoleão), ordenou a vacinação de bebês recém-nascidos e adultos.
Outro marco histórico ocorreu em 1853, quando a Lei da Vacinação Obrigatória exigiu que os bebês da Inglaterra e do País de Gales fossem vacinados contra a varíola.
Embora
algumas vacinas inicialmente fossem populares, como a da pólio,
observa-se um padrão em que o público se acostuma com uma exigência de
vacina específica ao longo do tempo. Isso até que algumas pessoas
comecem a ficar assustadas com o surgimento de vacinas novas.
"Os Estados Unidos estabeleceram a vacinação obrigatória no final dos
anos 1970", segundo Lee Hampton, pediatra e médico epidemiologista da
Aliança pelas Vacinas (Gavi).
Vacinação no Brasil
Imagens da produção da vacina contra febre amarela na primeira metade do século XX — Foto: Acervo Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz
No Brasil, o nome mais marcante da vacinação no país é o do médico
Oswaldo Cruz, que liderou a campanha de combate sanitário contra a
varíola, a peste bubônica e a febre amarela. As três seriam erradicadas
em poucos anos do Rio de Janeiro, então capital federal. Seu nome
batizaria décadas depois a Fundação Oswaldo Cruz, que surgiu em 1900 a partir do Instituto Soroterápico Federal, criado para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica.
Cruz é bastante conhecido também pela reações que gerou. Então chefe da
Direção-Geral de Saúde Pública (equivalente a ministro da Saúde), ele
defendeu a adoção da vacinação obrigatória contra varíola, o que
desencadeou diversas reações violentas de parte da população, que já
vivia forte opressão social. Uma delas foi a Revolta da Vacina, em 1904,
que levaria à revogação da obrigatoriedade naquele mesmo ano.
Mas em 1908, em meio a um grave surto de varíola no Rio de Janeiro, a
população passaria a buscar voluntariamente a imunização. A doença seria
erradicada do país em 1971. Desde então, vacinas são aplicadas de
maneira ampla, gratuita e coordenada no Brasil com implantação do Plano
Nacional de Vacinação, nos anos 1970. E, aos poucos, restrições
começaram a ser impostas a quem não se vacinasse.
Atualmente, embora não se obrigue fisicamente pessoas a tomarem a
vacina, há restrições a direitos civis para quem não cumprir o
calendário vacinal do Sistema Único de Saúde.
"Quando se fala que vai ter vacinação obrigatória, a maioria das
pessoas imagina uma cena com um agente de saúde entrando na sua casa com
uma seringa na mão e vacinando você à força, contra a sua vontade", diz
a pesquisadora Natalia Pasternak, PhD em microbiologia e integrante da
Equipe Halo, uma iniciativa da ONU que reúne cientistas do mundo todo para aumentar o alcance da ciência.
A microbiologista e pesquisadora da USP Natalia Pasternak fala na CPI da Covid — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
"Isso não existe e não vai acontecer. Não é assim que as vacinas são tratadas em países democráticos."
Exemplos de como a "obrigatoriedade" na imunização se aplica no Brasil incluem exigência de vacinação em dia para matrícula em escolas públicas em vários estados, como São Paulo, Goiás e Pernambuco, para registro em grande parte dos concursos públicos, para obter Bolsa Família(renomeadoAuxílio Brasil) e para se alistar nas Forças Armadas.
Na Itália, EUA, Reino Unido...
Outros países também exigem a vacinação para o exercício pleno de direitos civis. A Itália exige a vacinação das crianças contra uma série de patógenos, como a hepatite B, difteria, coqueluche, poliomielite, tétano, Haemophilus influenzae do tipo B, sarampo, caxumba, rubéola e varicela.
Segundo Hampton, "a obrigação propriamente dita... na verdade não
causou nenhum problema. O que ocasionou mudanças ao longo do tempo nesse
tipo de contexto foram as alterações da obrigação." Esse padrão vem
sendo observado, por exemplo, com as novas exigências de vacinação
contra a hepatite B, antraz e agora, é claro, a Covid-19.
A vacinação agora é necessária, em alguns casos, para o comparecimento às escolas (por exemplo, na Eslovênia, contra a hepatite B), para transplantes de órgãos (algumas regiões doReino Unidoexigem a vacinação para transplantes renais) e, em um caso extremo na Itália, para manter a custódia de crianças. As penalidades pelo não cumprimento, na maioria dos casos, são educativas ou financeiras.
A vacinação obrigatória é especialmente comum nos países ricos, segundo
Hampton. Existem também tendências de variação de acordo com o estilo
de governo, em que "quanto mais autoritário for o governo, mais provável
o estabelecimento da vacinação obrigatória".
Isso não é uma surpresa, já que é mais fácil para esse tipo de governo
impor novas regras, incluindo as de interesse público (como no caso das
vacinas).Gâmbia,
por exemplo, ordenou a imunização infantil em 2007, durante um período
de regime autoritário (após uma queda na cobertura vacinal).
Mas a vacinação obrigatória também é comum em países democráticos
durante situações de emergência, como as pandemias. O estado de Nova
York, nos Estados Unidos, impôs temporariamente a vacinação obrigatória
dos funcionários da saúde contra a gripe durante a pandemia de gripe
suína em 2009.
O legado da "objeção consciente"
Ao longo dos séculos, surgiram algumas objeções sobre os componentes utilizados na fabricação das vacinas.
Algumas vacinas incluem pequenas quantidades de produtos animais, como
esqualeno, um óleo extraído do fígado de tubarões. A vacina contra a
pólio usava anteriormente células de rins de macacos. Esses ingredientes
causaram certa oposição dos vegetarianos.
A primeira vacina contra a varíola incluía linfa de varíola bovina,
retirada da vesícula de bezerros. Para parte do crescente movimento
vegetariano e antivivissecção na Grã-Bretanha vitoriana, isso era
repulsivo.
Esses questionadores das vacinas tinham vários argumentos diferentes,
segundo Sylvia Valentine, atualmente trabalhando em sua tese de PhD
sobre o tema na Universidade de Dundee, no Reino Unido. "Algumas das
denominações inconformistas acreditavam que o corpo humano não deveria
ser contaminado com material animal", segundo ela.
"O movimento antivivissecção também estava envolvido com os antivacinas
e muitos questionadores eram 'anti' muitas outras coisas, incluindo a
interferência do Estado nas suas vidas. Os antivivisseccionistas
questionavam os métodos empregados para obter a linfa de bezerro, que
eram um tanto perversos, para ser honesta, e se preocupavam com o
bem-estar animal", segundo Valentine.
Tecidos suínos também levaram parte dos muçulmanos a se preocupar se
algumas vacinas seriam halal — permitidas pelo Islã — por exemplo, se
elas usassem gelatina de porcos como estabilizante. Isso foi um desafio
para a vacinação contra o sarampo na Indonésia, em 2018.
Mais recentemente,clérigos muçulmanos na Indonésia declararam que as vacinas contra aCovid-19 são aceitáveis e os fabricantes de vacinas contra a Covid-19 afirmaram que suas
vacinas não contêm produtos derivados de porcos. Algumas autoridades do
Judaísmo também insistiram que não deveria haver problemas com vacinas
não orais que contenham ingredientes derivados de porcos.
Outro componente contestado são as linhagens de células de fetos
obtidas após abortos que foram realizados legalmente décadas atrás.
Essas linhagens celulares continuam a ser utilizadas nos testes de
algumas vacinas e no desenvolvimento de outras. Mas o Vaticano declarou que as vacinas contra o coronavírus são "moralmente aceitáveis".
Embora haja discordâncias entre as religiões e os indivíduos,
particularmente nas religiões altamente descentralizadas — como entre os
cristãos evangélicos nos Estados Unidos —, nenhuma religião
estabelecida proíbe a vacinação.
De fato, ao longo de toda a história, as autoridades religiosas
desempenharam papéis importantes no incentivo à vacinação e sua
implementação. Afinal, é do interesse delas proteger a saúde dos seus
seguidores.
Além dos questionadores espirituais, muito ativismo trabalhista foi relacionado à oposição contra as vacinas.
Durante a era vitoriana, alguns empregadores ingleses impuseram a
vacinação obrigatória contra a varíola, que afetava particularmente a
classe trabalhadora — que também apresentava muita resistência. Os
sindicatos geraram forte oposição organizada (incluindo, em 2004, as
enfermeiras sindicalizadas que questionaram a exigência de vacinação
contra a influenza no centro médico Virginia Mason).
Em 1898, a Inglaterra
passou a admitir objeções conscientes à vacinação obrigatória. Mas a
aprovação dessas isenções tornou-se relativamente fácil apenas em 1907 —
e chegou a atingir um a cada quatro nascimentos.
Atualmente, apenas uma pequena minoria de pessoas antivacina é muito
atuante, mas "o movimento antivacina na era vitoriana era muito maior",
segundo Nadja Durbach, professora especialista na história do corpo da
Universidade de Utah, nos Estados Unidos. "Era muito mais disseminado
que o movimento antivacina atual. Não se conhecia muito da ciência de
vacinação e a falta de condições sanitárias significava que o processo
podia facilmente causar infecções."
Mas continua a haver paralelos entre os protestos antivacina históricos
e contemporâneos. Símbolos antivacinas continuam ocasionalmente a ser
queimados em alguns lugares, como ocorreu em Utah, em maio deste ano.
Mas uma diferença é o ambiente dos protestos vitorianos, que, às vezes,
lembrava o carnaval. Durbach descreveu que "uma demonstração
antivacinação comum envolvia levar um prisioneiro antivacina
recém-libertado, muitas vezes ainda com as roupas da prisão, em uma
carroça adornada com fitas e faixas, acompanhada por uma charanga
musical".
Impulsos x entraves
A vacinação obrigatória contra a varíola terminou no Reino Unido em 1947, em meio a uma tendência mais ampla de vacinação opcional (por
exemplo, contra a difteria), concentrada na educação e na persuasão.
Mas, como estamos vendo agora com a Covid-19 e como vimos anteriormente
com a varíola, a vacinação obrigatória realmente aumenta as
inoculações. Quando a França
ordenou a vacinação infantil contra 11 doenças potencialmente mortais
para os nascidos após 2018, por exemplo, o número de crianças totalmente
vacinadas aumentou significativamente com relação aos anos anteriores.
Quando escolhida com cuidado, é inquestionável que a vacinação obrigatória pode salvar vidas.
Um estudo demonstrou, por exemplo, que os pacientes são
substancialmente menos propensos a morrer – com taxas de mortalidade de
cerca de 13,6% contra 22,4% – em hospitais com níveis mais altos de
vacinação contra a gripe entre os funcionários de assistência médica em
comparação com as instituições com níveis de vacinação menores, embora a
probabilidade dos pacientes serem infectados pelo vírus seja a mesma.
Outro estudo europeu também concluiu que, em países com vacinação
obrigatória contra o sarampo e sem isenções de ordem não médica, a
incidência da doença foi 86% inferior a países onde a vacinação não era
obrigatória.
Existe tensão comum entre a obrigação, que pode aumentar a hostilidade,
e a vacinação voluntária, que pode aumentar a transmissão. Alguns
especialistas em saúde preocupam-se com a vacinação obrigatória porque
essas políticas podem reduzir a confiança nas autoridades médicas a
longo prazo. Como exemplos, a vacinação obrigatória gerou distúrbios
violentos no Brasil e pode haver contribuído com furiosos movimentos
antivacina em toda a Europa.
Na França,
que é um dos principais locais de hesitação contra as vacinas do mundo,
o Ministério da Saúde tentou reduzir os efeitos polarizantes da
vacinação obrigatória ampliando seus esforços para criar leis que
estabeleçam confiança. Isso gerou maior cobertura vacinal, embora uma
minoria significativa ainda permaneça hesitante com relação às vacinas –
o que sugere a importância de continuar a monitorar comportamentos e
fortalecer as relações entre as instituições médicas e o público.
Mas nem todos concordam com a definição do que é "obrigatório". Existe
um argumento de que muitas das chamadas vacinações obrigatórias
tecnicamente não o são porque as pessoas muitas vezes podem decidir não
se vacinar em certas circunstâncias, como crenças religiosas. E a
execução pode ser deficiente ou até inexistente.
A vacinação coercitiva – que envolve a execução de vacinação
obrigatória com força física ou intimidação – é diferente. E, apesar dos
efeitos benéficos do aumento da cobertura vacinal, existe um consenso
de que essa estratégia deve ser evitada.
Ainda assim, segundo o pesquisador chinês da ONG Human Rights Watch,
Yaqiu Wang, táticas coercitivas, que incluem espionagem e perseguição,
estão sendo relatadas em algumas partes da China.
Wang explica que esta não é necessariamente uma política oficial do
país, mas o governo central emite quotas de vacinação rigorosas para os
governos locais, como a orientação de vacinar pelo menos 90% das
crianças na China,
emitida em setembro de 2021. "Esse tipo de quota/decreto do governo
central eleva a taxa de vacinação, mas, às vezes, pode resultar em
vacinações coercitivas a nível local", segundo Wang.
Mesmo na ausência de força física, certas penalidades pelo
descumprimento das normas obrigatórias podem ser contraproducentes – por
exemplo, se forem cobradas altas multas de pessoas que já têm
dificuldade de sair do trabalho ou de se deslocar para os locais de
vacinação. Isso foi um ponto de discórdia entre os criadores de
bicho-da-seda no século 19 e permanece sendo um obstáculo para algumas
pessoas que ainda não foram vacinadas.
Para Lee Hampton, a vacinação obrigatória é "algo a ser utilizado com
moderação", com o mínimo de execução possível. As condições para o seu
uso deverão incluir "a existência de uma doença mortal, particularmente
uma doença mortal altamente contagiosa, e intervenções [seguras e]
eficazes para reduzir a transmissão dessa doença. Trata-se normalmente
de uma boa combinação."
"O
que ajuda é que as vacinas que temos contra a Covid-19, afinal, são
extremamente seguras", acrescenta ele. Hampton permanece otimista que a
vacinação obrigatória continuará a ser uma forma útil de proteger a
população, apesar da oposição encontrada.
"Com cuidado e critério, o benefício da vacinação obrigatória superará
os riscos", afirma ele. Só o tempo dirá se isso é suficiente para
convencer os céticos das vacinas.
Monte Semeru entrou em erupção no sábado (4); vídeo mostra pessoas fugindo de nuvem de cinzas. ===+===.=.=.= =---____--------- ---------____------------____::_____ _____= =..= = =..= =..= = =____ _____::____-------------______--------- ----------____---.=.=.=.= +==== Por g1 05/12/2021 08h04 Atualizado há uma hora Postado em 05 de dezembro de 2021 às 09h10m Post.- N.\ 10.115
Imagens aéreas mostram danos causados pela erupção de vulcão na Indonésia
Subiu para 14 o número de mortos depois da erupção do vulcão Semeru, na Indonésia,
no sábado (4), anunciaram as autoridades do país por volta de meio-dia,
no horário de Brasília, deste domingo (5). Pela manhã, o número de
mortes estava em 13.
56 pessoas ainda estão hospitalizadas, a maioria com queimaduras,
segundo o porta-voz da Agência Nacional de Mitigação de Desastres, Abdul
Muhari. Outras 9 pessoas ainda estão sendo procuradas.
Mais de 1,3 mil moradores da região foram para abrigos de emergência
improvisados, mas muitos outros desafiaram os avisos oficiais e optaram
por permanecer em suas casas para cuidar de seus rebanhos e proteger
suas propriedades, segundo autoridades.
Foto mostra moradores inspecionando danos em sua casa em uma área
afetada pela erupção do Monte Semeru, em Lumajang, Java Oriental,
Indonésia, neste domingo (5). — Foto: Trisnadi/AP
O governo prometeu realocar os moradores das vilas mais atingidas para
lugares mais seguros nos próximos seis meses e fornecer 500 mil rúpias
indonésias (cerca de R$ 195) por mês como compensação para cada família
enquanto esperam por novas casas.
Os esforços de busca e resgate tiveram que ser temporariamente
suspensos na tarde deste domingo (5), devido ao temor de que cinzas e
detritos pudessem voltar a cair da cratera do vulcão devido às fortes
chuvas.
Erupção
Moradores fogem de nuvem gigantesca de cinzas durante erupção de vulcão na Indonésia
Imagens divulgadas em redes sociais mostraram moradores fugindo de uma
nuvem gigantesca de cinzas, logo após a erupção do vulcão (veja vídeo acima) no sábado (4).
A erupção foi causada por uma tempestade somada a dias de chuva – que
derrubaram a cúpula de lava no topo do Semeru, afirmou Eko Budi Lelono,
que chefia o centro de pesquisa geológica do país, à agência Associated
Press. O Semeru tem 3.676 metros de altura e é o mais alto da Indonésia.
Foto mostra prédio de uma fábrica coberto por cinzas da erupção do
Monte Semeru, no distrito de Lumajang, província de Java Oriental na
Indonésia, neste domingo (5). — Foto: Trisnadi/AP
Segundo a AP, o Monte Semeru expeliu grossas colunas de cinzas a mais
de 12 mil metros de altura. Gás e lava desceram pelas encostas do monte.
Várias aldeias ficaram cobertas de cinzas.
De acordo com o chefe da agência geológica, os fluxos de gás escaldante e lava desceram por até 800 metros até um rio próximo.
Foto mostra Monte Semeru expelindo fumaça neste domingo (5), depois de entrar em erupção no sábado (4). — Foto: Trisnadi/AP
Os destroços e lava misturados com a chuva formaram uma lama espessa
que destruiu a ponte principal que conecta Lumajang, onde ocorreu a
erupção, e o distrito vizinho, de Malang, além de uma ponte menor.
Foto mostra aldeia coberta por cinzas da erupção do Monte Semeru, no
distrito de Lumajang, província de Java Oriental, na Indonésia, neste
domingo (5). — Foto: Trisnadi/AP
Alguns moradores que fugiram para um abrigo do governo perto da sede do
distrito de Lumajang disseram que as autoridades não deram nenhuma
informação sobre as atividades do vulcão.
“De
repente, tudo escureceu, a tarde clara se transformou em noite. Um som
estrondoso e calor nos forçaram a correr para a mesquita”, disse
Fatmah, uma moradora que fugiu para um abrigo a cerca de 5 quilômetros
da cratera.
“Foi uma erupção muito mais forte do que em janeiro”, disse,
referindo-se à última vez em que o Semeru também entrou em erupção, sem
deixar vítimas.
A porta-voz do Ministério dos Transportes, Adita Irawati, disse que seu
escritório emitiu um aviso no sábado para que companhias aéreas
evitassem rotas perto do vulcão. Ela disse que as operações de voo ainda
estão ocorrendo conforme programado e que as autoridades continuarão
monitorando a situação.
Erupção do vulcão Semeru: incidente foi na ilha de Java Oriental — Foto: g1
A Indonésia é um arquipélago com mais de 270 milhões de habitantes
propenso a terremotos e atividades vulcânicas, porque fica ao longo do
“Anel de Fogo” do Pacífico.