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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Gente do campo: Johanna Döbereiner descobriu que plantas podem gerar seu próprio adubo interagindo com bactérias

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Técnica sustentável fez o Brasil reduzir o uso de fertilizantes químicos nas lavouras de soja, o que provocou economia US$ 2 bi por ano na cultura e ajudou a impulsionar o país como um dos maiores produtores do grão.
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Por Paula Salati, G1

Postado em 22 de setembro de 2021 às 09h00m


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Johanna Döbereiner no laboratório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner no laboratório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). — Foto: Divulgação

Muito reconhecida pela comunidade acadêmica dentro e fora do país, Johanna Döbereiner é uma das cientistas que ajudaram o Brasil a se tornar um dos maiores produtores do agro.

Nascida em 1924 na antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca e a Eslováquia), imigrou para o Brasil em 1950, em meio à instabilidade e perdas deixadas pelo fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Por aqui, dedicou toda a sua vida à ciência, liderando pesquisas de microbiologia do solo a partir a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até o final de sua vida, em 2000.

Sempre com foco em sustentabilidade, em uma época em que o tema era pouco debatido, Johanna demonstrou que é possível eliminar o uso de adubos químicos poluentes e caros em culturas como a soja, aproveitando-se somente do que já existe na natureza.

Mais especificamente das Bactérias Fixadoras de Nitrogênio, que são capazes de capturar o nitrogênio do ar, um adubo natural para as plantas. Esses seres vivos, que vivem no solo, nas folhas, nos caules, foram descobertos em 1901 pelo microbiologista Martinus Beijerinck.

Johanna Döbereiner sempre focou em sustentabilidade, em uma época em que o tema era pouco debatido. — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner sempre focou em sustentabilidade, em uma época em que o tema era pouco debatido. — Foto: Divulgação

Mas foram os estudos de Johanna, a partir da década de 1950, que mostraram como usar as bactérias a serviço da agricultura, já que nem todas têm capacidade de transferir o nitrogênio para as plantas, explica a agrônoma Vera Baldani, aluna, colega de trabalho e amiga muito próxima da cientista.

"A Johanna e os pesquisadores que embarcaram na ideia dela descobriram que as bactérias Rizóbio fazem uma simbiose perfeita com a soja: elas se alimentam da seiva da planta e, em troca, fornecem o nitrogênio para a soja. Uma tecnologia limpa", conta Vera.

A técnica consiste em introduzir as bactérias nas sementes de soja, que, quando começam a germinar, produzem nódulos nas raízes da planta que funcionam como usinas para a extração de nitrogênio do ar.

A fixação biológica de nitrogênio no plantio da soja gera uma economia de US$ 2 bilhões por ano com adubos químicos, diz Embrapa. — Foto: Divulgação/Ascom Seagri
A fixação biológica de nitrogênio no plantio da soja gera uma economia de US$ 2 bilhões por ano com adubos químicos, diz Embrapa. — Foto: Divulgação/Ascom Seagri

Os estudos derrubaram a crença da época de que os fertilizantes químicos eram insubstituíveis. A descoberta, ao reduzir os custos de produção, ajudou a transformar a soja nacional em um dos principais produtos de exportação do Brasil.

Estima-se, inclusive, que a fixação biológica de nitrogênio no plantio da soja gere uma economia de US$ 2 bilhões por ano com adubos químicos, segundo a Embrapa. 
Uma vida dedicada às bactérias

Além da soja, Johanna liderou pesquisas sobre a fixação biológica de nitrogênio por palmáceas, como o dendezeiro. E descreveu a bactéria Beijerinckia fluminensis, que interage com a cana-de-açúcar, o que foi um de seus grandes feitos, conta a jornalista Kristina Michahelles, em seu livro "Johanna Döbereiner: uma vida dedicada à ciência".

A cientista dizia que seu "insightse deu a partir da observação de que a planta da cana-de-açúcar estava sempre verde, mantendo certa produção constante há séculos no país, mesmo em períodos secos, sem o uso de adubação especial.

Johanna Döbereiner fala, em campo, sobre as pesquisas com a planta da cana-de-açúcar. — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner fala, em campo, sobre as pesquisas com a planta da cana-de-açúcar. — Foto: Divulgação

Além disso, Johanna coordenou estudos sobre as limitações da fixação de nitrogênio em leguminosas, como o feijão, nos quais Vera trabalhou.

Ela foi também professora e orientadora de vários cientistas que hoje ocupam posição de destaque na pesquisa no Brasil. Tem mais de 500 títulos publicados, mais de 20 prêmios, além de uma indicação ao Prêmio Nobel de Química em 1997. 
Anos de turbulência na guerra

Antes de fazer história na ciência, Johanna passou por duras perdas na Europa. Uma das principais foi a de sua mãe, Margarethe Kubelka, que morreu em um campo de concentração após o fim da Segunda Guerra, em 1945, como muitos sudetos, povos de origem alemã.

Nascido austríaco, o pai de Johanna, Paul Kubelka, recebeu a cidadania tcheca em 1918, que foi anulada com a ocupação nazista no país, em 1939. A família se tornou alemã, mas "não tinham a menor simpatia pelos invasores", conta a jornalista Kristina.

Paul, que era químico, foi constantemente espionado pela Gestapo, teve seus cursos proibidos da Universidade de Praga e ajudou amigos judeus a fugirem da perseguição nazista.

Johanna Döbereiner — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner — Foto: Divulgação

Com o fim da guerra, os pais de Johanna foram internados em um campo de trabalho forçado, enquanto ela conseguiu fugir para a Alemanha com seus avós paternos. Seu pai teve um destino diferente do sua mãe, e conseguiu escapar do campo de concentração para as terras alemãs.

Da sua mãe, ficaram lembranças de uma mulher com ideias à frente de seu tempo: Não devemos falar para a nossa filha que o seu destino será encontrar um marido. Devemos dizer à nossa filha que a sua vitória terá sido alcançada quando se orgulhar daquilo que realizou, anotou Margarethe, em seu diário.

Johanna Döbereiner — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner — Foto: Divulgação

Com a Europa em escombros, o pai de Johanna imigrou em 1948 para o Brasil.

A cientista, entretanto, só chegaria dois anos depois, após ter se formado em agronomia na Escola Superior Técnica de Munique, onde conheceu o seu esposo, o médico veterinário Jürgen Döbereiner, que a acompanhou na mudança de país.

Nova pátria

"A minha mãe viu o Brasil como o início de uma nova vida. Não tinha como voltar para Praga, que estava sob o comunismo, e a Alemanha não era o lar dela. Então ela abraçou o Brasil com tudo e aprendeu logo a língua", conta a filha mais velha de Johanna, Marlis Arkcoll.

Johanna não perdeu mesmo tempo. Assim que chegou, fez contatos para conseguir trabalhar com pesquisa e, em menos de seis meses, já estava empregada no Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola (IEEA), precursor do que atualmente é a Embrapa Agrobiologia, em Seropédica, interior do Rio de Janeiro.

Ela e seu esposo se naturalizaram brasileiros em 1956.

Johanna Döbereiner em sua casa em em Seropédica, interior do Rio de Janeiro. — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner em sua casa em em Seropédica, interior do Rio de Janeiro. — Foto: Divulgação

Quem abriu as portas para ela foi o pesquisador Álvaro Barcellos Fagundes, diretor do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, que tinha enorme interesse pelas aplicações práticas da fixação biológica de nitrogênio no solo por meio das bactérias.

Foi em Seropédica também que Johanna e seu marido Jürgen fizeram morada e criaram seus três filhos: Marlis, Christian e Lorenz.

Johanna Döbereiner com seu marido e filhos. — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner com seu marido e filhos. — Foto: Divulgação

Olhares de filha e amiga

Desde que entrou na pesquisa, Johanna não parou mais. Eram constantes as suas viagens para congressos e seminários, rememora Marlis.

"Ela fez com que nós, filhos, nos tornássemos responsáveis bem cedo na vida. Ela viajava muito, em uma época que era difícil ver mulher viajando sozinha. Ela adora viajar, voltava com os olhos brilhando e com a mala cheia de presentinhos exóticos, sementes", conta Marlis,.

Em casa, Johanna e Jürgen também faziam com que os que filhos só lessem em alemão e em inglês para que eles pudessem aprender outras línguas além do português na escola.

Johanna Döbereiner no laboratório da Embrapa. — Foto: Divulgação
Johanna Döbereiner no laboratório da Embrapa. — Foto: Divulgação

No laboratório, ela também era dinâmica, além de uma incansável questionadora, conta a pesquisadora Vera Baldani, amiga de toda uma vida de Johanna, que entrou na Embrapa em 1976.

"Com ela não tinha meio termo, ela era bem direta. A gente discutia muito por causa de experimento, pesquisa, porque ela ensinava a gente a ser crítica. Era bastante exigente e enérgica. Mas também de um coração fantástico [...] Sabia quando tinha algo errado com a gente apenas com o olhar", conta Vera.

Fora do laboratório, era comum que Vera e Johanna se reunissem para fazer tricô e ouvir música clássica. "A gente conversava de tudo, ciência, música, marido, filho. Nós tínhamos uma ligação muito forte, de mãe e filha", diz Vera.

Últimos anos de vida

Vera acompanhou ainda os primeiros sinais do Alzheimer que acometeu Johanna no início dos anos 90.

"Mesmo com a doença, ela nunca deixou de ir para a Embrapa. Foi duro porque, naquela época, não se acreditava que as pessoas que trabalhavam tanto a mente teriam Alzheimer", conta Vera.

A doença piorou com a trágica morte de seu filho mais novo, Lorenz, assinado em março de 1996, com um tiro disparado por um motoqueiro, em um sinal de trânsito em São Paulo, em circunstâncias que não foram esclarecidas até hoje.

Johanna morreu quatro anos depois, com 75 anos, em 5 de outubro de 2000, por uma broncopneumonia causada por aspiração.

Seu nome ressoa até hoje nas pesquisas de microbiologia do solo. E foi até imortalizado em suas companheiras de toda uma vida: as bactérias fixadoras de nitrogênio Cluconacetobacter johannae sp. e Azospirillum doebereinerae sp.

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terça-feira, 21 de setembro de 2021

Pantanal, 1 ano depois: fotógrafo retrata resiliência após queimada histórica e impacto da seca

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Ricardo Martins é especializado em fotografia de natureza e foi premiado pelo prêmio Jabuti em 2012. Em agosto deste ano, fez uma travessia pelo bioma para registrar a falta de água.
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Por G1

Postado em 21 de setembro de 2021 às 09h05m


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Tanque de água seco com jacaré morto após grande seca em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins
Tanque de água seco com jacaré morto após grande seca em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins

Um jacaré morto, seco e com a pele se confundindo com as crateras do chão do Pantanal. Uma anta no meio de uma reserva que já teve água com os urubus à espreita, só esperando a morte. Ricardo Martins, ganhador do Jabuti de fotografia em 2012, fez uma expedição pelo bioma em agosto e retratou, 1 ano após o fogo histórico, como está o ecossistema da região.

"O Pantanal é um ciclo, ele enche, ele seca, só que eu nunca tinha visto uma seca desse jeito. E conversando com as pessoas de lá todo mundo me falava: muito seco, muito tempo sem chover, e eu vi cenas bem dramáticas, principalmente de jacarés na busca pela água", contou ao g1.

O fotógrafo contou que seu pai "é do bioma" e que, por isso, sempre esteve lá. "Por esse motivo, quis fazer um livro e homenagear a região, que aliás me inspirou a ser fotógrafo de natureza". Ele está lançando o livro "Pantanal, um patrimônio natural e sua cultura".

Ricardo Martins andou pela região e chegou a achar que todos os jacarés estavam mortos, mas, em alguns momentos, se surpreendeu.

"Nem passava pela minha cabeça que aquele bicho pudesse estar vivo, para mim ele era pele e osso. Tanto é que nem imaginei, mas, na hora que você chega perto, ele começa a se mexer. Então, pareciam zumbis andando", contou.

Outra cena marcante, segundo o fotógrafo, foi a de uma anta tentando aproveitar o resto de água em uma reserva que já foi alagada: "Era um tanque de água, e hoje você encontra já totalmente seco. Ela estava se enfiando naquele barro até onde dava, com os olhos fechados de desespero, ali como se fosse um oásis, no meio do nada, e é o que ela tinha. E eu andei no meio dela e ela nem se preocupou de sair de tão exausta. Tinham urubus em volta verificando se ela estava morta".

Em 2020, o Pantanal registrou o maior número de focos de fogo desde o início do monitoramento do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Pesquisadores estimaram que mais de 17 milhões de vertebrados morreram devido às queimadas.

Veja imagens de Ricardo Martins em sua expedição pelo Pantanal:

Tanque de água seco com jacarés mortos por resultado da grande seca no Pantanal em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins
Tanque de água seco com jacarés mortos por resultado da grande seca no Pantanal em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins


Salinas do Pantanal e a seca na região da Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul, em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins
Salinas do Pantanal e a seca na região da Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul, em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins


Comitiva com mais de 1000 cabeças de gado em Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul, em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins
Comitiva com mais de 1000 cabeças de gado em Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul, em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins


Anta em busca de um pouco de água e urubus ao seu redor conferindo se ainda estava viva em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins
Anta em busca de um pouco de água e urubus ao seu redor conferindo se ainda estava viva em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins


Casa do poeta Manoel de Barros na região da Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul — Foto: Ricardo Martins
Casa do poeta Manoel de Barros na região da Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul — Foto: Ricardo Martins


Pescador no Rio Paraguai, no Mato Grosso do Sul, em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins
Pescador no Rio Paraguai, no Mato Grosso do Sul, em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins


Catadores de isca conhecida como tuvira, que serve para a pesca do peixe pintado, no Pantanal em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins
Catadores de isca conhecida como tuvira, que serve para a pesca do peixe pintado, no Pantanal em agosto de 2021 — Foto: Ricardo Martins


Onça- Pintada no Rio Cuiabá, na região de Porto Jofre, em Mato Grosso — Foto: Ricardo Martins
Onça- Pintada no Rio Cuiabá, na região de Porto Jofre, em Mato Grosso — Foto: Ricardo Martins


O peixe que virou o símbolo da proteção da fauna no Pantanal
O peixe que virou o símbolo da proteção da fauna no Pantanal

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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Avião elétrico da Rolls-Royce faz primeiro voo teste antes de tentar recorde de 480 km/h

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Em sua demonstração, aeronave fez um sobrevoo de cerca de 15 minutos no Reino Unido. Modelo utiliza motores elétricos de 543 cavalos de potência.
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Por G1

Postado em 20 de setembro de 2021 às 22h30m


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Avião elétrico Rolls-Royce Spirit of Innovation  — Foto: Divulgação
Avião elétrico Rolls-Royce Spirit of Innovation — Foto: Divulgação

A Rolls-Royce anunciou que o primeiro voo do seu avião elétrico foi completo com sucesso. Chamado de Spirit of Innovation, o modelo foi desenvolvido pela empresa para ser o mais rápido de seu segmento.

O objetivo é que a aeronave bata os 480 km/h, se tornando o avião elétrico mais rápido do mundo. Em sua demonstração inicial, o avião fez um sobrevoo de cerca de 15 minutos no Reino Unido.

Rolls-Royce Spirit of Innovation — Foto: Divulgação
Rolls-Royce Spirit of Innovation — Foto: Divulgação

Para ser o mais leve possível, o veículo leva apenas uma pessoa, ressaltando suas características esportivas. Ainda em fase de testes, a velocidade máxima atual está 20% a baixo do esperado.
Rolls-Royce Spirit of Innovation — Foto: Divulgação
Rolls-Royce Spirit of Innovation — Foto: Divulgação

Para ganhar os ares, o modelo é impulsionado por um trem de força de 400 kW (543 cavalos) composto por três motores conectados a uma bateria de 6.000 células, o que seria a bateria de maior densidade já feita para um avião.

O projeto faz parte do programa ACCEL, uma iniciativa financiada, em parte, pelo Instituto de Tecnologia Aeroespacial do Reino Unido e pelo governo britânico para a criação de aviões elétricos.

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O raro tsunami que atingiu o Brasil em 1755

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Um dos estudos mais recentes afirma que o Brasil já foi atingido por um tsunami em 1755, causado pelo forte terremoto que sacudiu Lisboa, em Portugal, naquele ano.
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TOPO
Por BBC

Postado em 20 de setembro de 2021 às 21h15m


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Terremoto de 1755 em Lisboa foi o mais forte registrado na Europa e gerou tsunami no Brasil, segundo pesquisadores — Foto: Getty Images
Terremoto de 1755 em Lisboa foi o mais forte registrado na Europa e gerou tsunami no Brasil, segundo pesquisadores — Foto: Getty Images

A erupção do vulcão Cumbre Vieja, de La Palma, nas Ilhas Canárias (Espanha), no final de semana levou muitas pessoas a se perguntarem se o evento no outro lado do Oceano Atlântico poderia causar um tsunami no Brasil. Especialistas dizem que a possibilidade de um tsunami é remota, mas o Brasil já registrou um tsunami no passado.

Um dos estudos mais recentes, realizado em 2020 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), afirma que o Brasil já foi atingido por um tsunami em 1755. Ao contrário dos tsunamis mais conhecidos, esse tsunami teria sido causado pelo forte terremoto que sacudiu Lisboa, em Portugal, naquele ano, no outro lado do Oceano Atlântico.

O assunto foi abordado no Twitter da Rede Sismográfica Brasileira, com um vídeo do professor aposentado do Instituto de Geociências e ex-chefe do Observatório Sismológico da UnB, José Alberto Vivas Veloso.

O terremoto de 1755 foi o maior já registrado na Europa, com magnitude de 8,7. Ele destruiu Lisboa, grande parte do sul da Espanha e do Marrocos, e causou um enorme tsunami que atingiu a Irlanda e o Caribe. As estimativas de vítimas variam pela carência de registros, mas as menores estão entre 20 mil e 30 mil óbitos, enquanto as maiores falam em 100 mil. O terremoto também deu início a uma era moderna nos estudos sismológicos.

A onda gigante que se formou com o terremoto em Lisboa atravessou o Atlântico e causou estragos na costa brasileira, afirmam o trabalho liderado pelo professor Francisco Dourado do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres (Cepedes).

Vulcão entra em erupção nas Ilhas Canárias espanholas e destrói mais de 100 casas
Vulcão entra em erupção nas Ilhas Canárias espanholas e destrói mais de 100 casas

A pesquisa foi feita com base em um levantamento histórico do professor Alberto Veloso, autor do livro Tremeu a Europa e o Brasil também. Os pesquisadores da equipe de Dourado realizaram trabalho de campo ao longo de 270 quilômetros e 22 praias entre Rio Grande do Norte e o sul de Pernambuco.

"No início da tarde de 1º de novembro de 1755, um tsunami atingiu o litoral do Nordeste. Ele penetrou terra adentro, destruiu habitações modestas e desapareceu com duas pessoas. Isso é desconhecido da maioria dos brasileiros", diz Veloso.

Há relatos quatro cartas da época falando sobre o maremoto no Brasil. Essas cartas foram escritas pelo arcebispo da Bahia, pelos governadores de Pernambuco e da Parayba e por um militar e estão no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa.

"As águas transcenderam os seus limites e fizeram fugir os habitantes das praias", diz uma carta de 10 de maio de 1756, relatando o episódio acontecido em 1 de novembro do ano anterior em praias da Paraíba.

Outra carta relatada por Veloso, de 4 de março de 1756, diz: "Em Lucena e Tamandaré, a enchente do terremoto entrou pela terra adentro coisa de uma légua (4 a 5 km) terra adentro e levou algumas casas de palhoça e falta um rapaz e uma mulher."

Há relatos de mares revoltos também no Rio de Janeiro no dia do terremoto de Lisboa.

Pesquisadores brasileiros e portugueses disseram ter coletado vestígios de microanimais e de elementos químicos que só poderiam ter sido trazidos a determinadas praias brasileiras por grandes ondas. O primeiro passo foi fazer uma simulação matemática de como teria sido o tsunami. Baseado nessa simulação, os pesquisadores foram a campo.

Na praia de Pontinhas, na Paraíba, eles identificaram uma camada de areia grossa que teria vestígios do fenômeno.

Segundo o estudo da Uerj, na região da praia de Lucena, na Paraíba, as ondas variaram entre 1,8 e 1,7 metros de altura. Na região pernambucana de Tamandaré, as ondas atingiram de 1,9 a 1,8 metros, com grande volume de água.

As ondas inundaram até 4 quilômetros terra adentro, principalmente em locais banhados por rios e nas proximidades da Ilha de Itamaracá (PE). Em Tamandaré a inundação foi de até 800 metros, e em Lucena, 300 metros.

Momento em que a corrente de lava do vulcão destrói uma casa em La Palma, na Espanha
Momento em que a corrente de lava do vulcão destrói uma casa em La Palma, na Espanha

'Minitsunami?'

Em um artigo para a Revista da USP de 2018, o professor Veloso questiona se ondas gigantes registradas no passado no Brasil poderiam ser consideradas "tsunamis".

"Tsunamis são fenômenos raros, mas podem acontecer em qualquer dos oceanos, em diversos mares e em porções menores de massas de água. eles podem ter diferentes origens, ser grandes ou pequenos, desastrosos ou inofensivos. Tais características abrem um amplo leque de oportunidades, inclusive para formular a pergunta: já ocorreu, ou poderá acontecer, um tsunami no Brasil? Talvez não seja possível responder tais indagações de forma precisa", escreve Veloso.

O artigo afirma que a explicação mais comum para a ausência de tsunamis no Brasil seria a falta de terremotos de grande magnitude no mar. Mas ele afirma que a falta de registros no passado não é garantia de que o Brasil não possa vir a ter um tsunami, apesar de uma possibilidade remota de esse fenômeno ser intenso.

"O desconhecimento de abalos significativos no passado e o não registro de sismos fortes na atualidade não asseguram situação similar para o futuro."

Seu artigo se debruça sobre cinco episódios de "manifestações marinhas incomuns" no litoral brasileiro: em São Vicente (SP) em 1541, em Salvador em 1666, em Cananeia (SP) em 1789, na Baía de Todos os Santos (BA) em 1919 e no Arquipélago de São Pedro e São Paulo (no litoral de PE) em 2006.

Em todos esses episódios, houve relatos de mar violento ou ressaca forte. Mas boa parte desses fenômenos sequer foi antecedido por algum tipo de abalo sísmico ou erupção vulcânica, o que descaracteriza a ocorrência como um tsunami. Os episódios de grandes ondas em Cananeia e Baía de Todos os Santos tiveram sua origem em terremotos — mas com magnitudes relativamente baixas.

"Identificou-se um tremor que gerou ondas parecidas com um pequeno tsunami. Apesar de modesto o caso é significativo, pois se está validando um 'minitsunami' brasileiro."

Cumbre Vieja

O artigo do professor Velasco também especula sobre a possibilidade de um tsunami se formar com a erupção do Cumbre Vieja, das Ilhas Canárias.

"Se, ao invés do passado, voltarmos ao futuro, podemos nos deparar com a ameaça de um possível megatsunami partindo do meio do Oceano Atlântico. O alerta partiu de pesquisadores britânicos e ganhou notoriedade após o maremoto da Indonésia, de 2004 (Ward & Day, 2001)", escreve ele.

"O estudo sugere que durante uma nova erupção do vulcão Cumbre Vieja, na Ilha Las Palmas, nas Canárias, junto à costa ocidental da África, um de seus flancos colapsaria em direção ao mar, provocando um imenso tsunami, principalmente contra a costa das Américas. Dependendo do volume das rochas envolvidas no deslizamento, algo entre 150 km³ e 500 km³, enormes ondas com amplitudes de 15 a 20 m chegariam à costa dos Estados Unidos e também ao litoral norte do Brasil."

Mas o professor afirma que tsunamis provocados por erupções de vulcões são raros, e que há poucos dados sobre o Cumbre Vieja para se especular sobre a formação de um tsunami no litoral do Brasil.

"O artigo é polêmico pelo tema incomum e por envolver mecanismos desconhecidos, como grandes colapsos laterais em ilhas vulcânicas. Ademais, os pesquisadores enfatizaram o pior cenário ao admitir a caída total do bloco rochoso, uma vez que ele poderia vir abaixo, em partes, e o impacto final seria bem menor. Outra questão é saber se o tsunami se dispersaria rapidamente, ou se se propagaria a distâncias transoceânicas, implicando, nesse caso, grande perigo às populações costeiras. Apesar de todas as incertezas de ocorrência, um tsunami dessa natureza produziria danos por quase todo o Atlântico."

O professor conclui: "Não há por que temer, em nosso litoral, o aparecimento de tsunamis com a grandeza e o mecanismo sísmico similares aos dos acontecidos no Japão em 2011, ou na Indonésia em 2004".

A possibilidade de um novo foi praticamente descartada por geólogos da Rede Sismográfica Brasileira, que publicou em sua página no Facebook um post sobre o tema.

A origem dessa preocupação seria de um feito por geólogos americanos sobre a possibilidade de um desabamento de uma parte da ilha (de La Palma) provocar um tsunami no Brasil. Mesmo aquele estudo considerava remota essa possibilidade.

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