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sábado, 28 de março de 2020

Cidades dos EUA que usaram isolamento social contra gripe espanhola tiveram recuperação econômica mais rápida, diz estudo

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Medidas contra pandemia de 1918 incluíram ações similares as que têm sido adotadas hoje contra o novo coronavírus, como fechamento de escolas, teatros e igrejas.
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 Por BBC  

 Postado em 28 de março de 2020 às 13h55m  

Gipope-Marketing

      Post.N.\9.193  
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Economistas analisaram a recuperação econômica de cidades americanas após o fim da pandemia de gripe espanhola — Foto: Getty Images via BBCEconomistas analisaram a recuperação econômica de cidades americanas após o fim da pandemia de gripe espanhola — Foto: Getty Images via BBC

Preocupado em evitar uma forte retração econômica, o presidente Jair Bolsonaro contraria a orientação de epidemiologistas e tenta convencer a maioria dos brasileiros a abandonar a quarentena contra o novo coronavírus. Na sua avaliação, apenas os mais idosos e portadores de outras doenças deveriam ficar em casa.

Médicos e economistas críticos a essa proposta têm argumentado, no entanto, que essa estratégia levaria à rápida expansão da doença no Brasil — o que também provocaria danos à economia, além de um número maior de mortes.
Um estudo sobre os efeitos da epidemia de gripe espanhola sobre cidades americanas em 1918 indica que, ao menos um século atrás, medidas preventivas de isolamento social foram positivas não apenas para prevenir mortes, mas também amenizar o impacto da pandemia sobre a economia.

Ao analisar como se deu a recuperação econômica em 43 cidades americanas após o fim do surto de gripe espanhola, seus autores concluíram que a atividade voltou a crescer mais rápido onde as autoridades municipais adotaram medidas para conter a expansão da epidemia, em comparação com locais que não atuaram para reduzir o contágio.

A pesquisa publicado na última quinta-feira (26/03) é assinada pelos economistas Sergio Correa, do Banco Central americano, Stephan Luck, do Banco Central de Nova York, e Emil Verner, do Instituo de Tecnologia de Massachusetts.

Segundo eles, diversas cidades americanas adotaram em 1918 estratégias de distanciamento social similares às que têm sido usadas hoje ao redor do mundo contra o coronavírus, como "fechamento de escolas, teatros e igrejas" e "a proibição de reuniões de massa".

Além disso, também aplicaram outras ações como "uso obrigatório de máscara, isolamento de pessoas infectadas, tornar a gripe uma doença notificável e medidas públicas de desinfecção e higiene".

A adoção dessas políticas contra a gripe espanhola, no entanto, não foi uniforme em todo país. "As autoridades da cidade de Filadélfia intervieram apenas muito tarde e até permitiram a realização de grandes reuniões públicas, como o Liberty Loan Parade (um desfile patriótico para angariar fundos para os esforços militares americanos na 1ª Guerra Mundial), amplamente frequentado", diz o estudo.

"Como consequência, a Filadélfia teve um aumento considerável na mortalidade relacionada à gripe espanhola durante o outono de 1918. As autoridades da cidade de Saint Louis, por outro lado, intervieram rapidamente, e a taxa final de mortalidade foi substancialmente mais baixa."

Recuperação mais rápida da indústria e dos bancos
Ao comparar a forma como 43 cidades usaram essas medidas, os economistas notaram que ações preventivas precoces e com mais intensidade não agravaram a crise econômica.

"Pelo contrário, cidades que intervieram antes e mais agressivamente experimentam um aumento relativo do emprego na indústria, da produção industrial e dos ativos bancários em 1919, após o fim da pandemia", dizem os autores.

Para essa análise, foram cruzados dados como a duração das medidas adotadas, as mortes por gripe espanhola registradas nestas cidades e seus indicadores econômicos.
Desfile na Filadélfia em 1918 foi realizado apesar de alertas de que representava risco de disseminação da gripe espanhola — Foto: U.S. Naval History and Heritage CommadDesfile na Filadélfia em 1918 foi realizado apesar de alertas de que representava risco de disseminação da gripe espanhola — Foto: U.S. Naval History and Heritage Commad

Ações preventivas adotadas dez dias antes da chegada da doença contribuíram para um aumento de 5% no emprego industrial das cidades no período posterior à pandemia de 1918, por exemplo.

Da mesma forma, implementar essas medidas preventivas por mais 50 dias resultaram em um crescimento de 6,5% do emprego na indústria após o fim da pandemia.

Segundo os autores, medidas preventivas que restringem a interação social realmente deprimem a atividade econômica. Mas eles ressaltam que a expansão da epidemia quando essas medidas não são adotadas também impacta negativamente a economia, já que as famílias reduzem por conta própria seu consumo e trabalho para diminuir a chance de contrair a doença.

"Assim, enquanto as medidas preventivas diminuem a atividade econômica, elas (ao mesmo tempo) podem resolver problemas de coordenação associados ao combate à transmissão de doenças e mitigar a ruptura econômica relacionada à pandemia", observam os economistas.

Ações para reduzir a expansão da doença "podem reduzir a mortalidade e, ao mesmo tempo, serem economicamente benéficas".

O que o estudo sinaliza para a pandemia de 2020?
Os autores do estudo afirmam que "há lições importantes da gripe de 1918 para a pandemia atual de Covid-19 (nome da doença causada pelo coronavírus)". Eles reconhecem, porém, que há alguns limites na comparação do contexto atual com o de um século atrás.

Estimativas indicam que a taxa de mortalidade da gripe espanhola é maior que a da Covid-19, especialmente entre trabalhadores mais jovens, o que sugere que o impacto econômico da pandemia de 1918 pode ter sido maior.

Além disso, elementos importantes da economia atual — como o avanço de tecnologias de comunicação, o crescimento do setor de serviços e a grande complexidade da cadeia mundial de fornecedores — não estavam presentes em 1918 e, por isso, não são capturados na análise econômica da pandemia de gripe espanhola.
As autoridades da cidade de Saint Louis intervieram rapidamente e reduziram a taxa de mortalidade — Foto: Library of CongressAs autoridades da cidade de Saint Louis intervieram rapidamente e reduziram a taxa de mortalidade — Foto: Library of Congress

O pesquisador Marcelo Medeiros, professor visitante na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, também aponta limitações no estudo para entender a crise do coronavírus no Brasil, já que a economia do país de hoje é muito diferente da americana em 1918.

"Estamos vivendo uma crise sem precedentes. Por isso, nada do passado serve de referência exata para o nosso futuro. A gente ainda sequer conhece os detalhes dessa epidemia, que pode progredir em várias direções diferentes", pondera.

Feita essa ressalta, Medeiros considera que devemos "prestar atenção no recado que o estudo dá", em especial para analisar como diferentes países estarão posicionados para se recuperar após a pandemia.

"O país que tomar a decisão de se proteger bem agora, controlar a epidemia o máximo possível, vai ter uma vantagem em termos globais. Ao sair mais rápido e menos abalado da crise, vai entrar numa posição de vantagem na economia internacional", afirma ele.

Medeiros cita como exemplo a Alemanha, que já anunciou medidas contra crise que somam mais de 30% do seu PIB.

"A Alemanha está agindo massivamente para combater a epidemia e os efeitos da recessão causada por ela. Está claramente com uma estratégia de avançar em posições na geopolítica global, no seu poder econômico, saindo de uma crise em boas condições", avalia.

Para Medeiros, é um processo semelhante com o que ocorreu com os Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), conflito que devastou especialmente as potências europeias.

"Em alguma medida a gente já observou isso no passado. Foi o que aconteceu quando os Estados Unidos saíram da 2ª Guerra sem destruição do seu capital físico. Eles se tornaram rapidamente a maior potência mundial", compara.

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Coronavírus: Por que testes de antciorpos podem levar a uma guinada na saúde e na economia

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Uma aplicação em massa deste tipo de exame pode nos levar a descobrir se os números de infectados e mortos que crescem a cada dia são apenas a ponta de um iceberg ou não e elaborar estratégias mais eficazes de lidar com a pandemia.
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 Por BBC  

 Postado em 28 de março de 2020 às 11h35m  
Gipope-Marketing
      Post.N.\9.192  
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Profissionais de saúde fazem testes em drive-thru para a Covid-19 neste sábado (28) em Petaling Jaya, Malásia. — Foto: Lim Huey Teng/Reuters
Profissionais de saúde fazem testes em drive-thru para a Covid-19 neste sábado (28) em Petaling Jaya, Malásia. — Foto: Lim Huey Teng/Reuters

Onde está a luz no fim do túnel da pandemia de coronavírus, que já infectou em torno de 500 mil pessoas ao redor do mundo? Em que momento quase 3 bilhões de pessoas vão poder sair de casa normalmente sem medo de ficar doente?

Para responder isso, precisamos de menos incerteza ao fazer, por exemplo, cada vez mais testes para determinar quem está infectado, medida que pode aplacar a preocupação de muita gente e garantir uma estratégia eficiente de combate ao vírus, como na Coreia do Sul.

Mas uma das respostas que podem marcar uma virada nessa pandemia, junto com remédios e vacinas que funcionem, passa não por quantas pessoas estão doentes hoje, mas por quantas já enfrentaram silenciosamente o vírus e sequer perceberam.

Uma busca em massa por anticorpos nas pessoas pode permitir descobrir se todos esses números de infectados e mortos que crescem a cada dia são apenas a ponta de um iceberg.

Se for o caso, será possível tirar duas conclusões. A primeira é que a taxa de letalidade, hoje estimada em cerca de 3,4% pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pode ser bem menor do que se sabe.

A segunda é que milhões de pessoas podem já ter contraído o vírus, desenvolvido algum grau de imunidade e, portanto, não precisariam ficar isoladas.

Essa informação pode influenciar decisões políticas e determinar se o principal "remédio" adotado pelas autoridades contra essa crise — no caso, quarentenas de quase 3 bilhões de pessoas — está na dose certa ou se ele vai ser pior que a doença e matar o paciente, como tem se questionado, a exemplo do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

O debate em torno da real gravidade do novo coronavírus, que matou quase 24 mil pessoas desde dezembro, se agrava ainda mais porque trata de vidas humanas.

Minoria reage a confinamentos
BERLIM - Um casal de idosos atravessa a Pariser Platz deserta, perto do Portão de Brandenburgo, em Berlim, na Alemanha, nesta segunda-feira (23) — Foto: Odd Andersen/AFP
BERLIM - Um casal de idosos atravessa a Pariser Platz deserta, perto do Portão de Brandenburgo, em Berlim, na Alemanha, nesta segunda-feira (23) — Foto: Odd Andersen/AFP

Há uma grande divergência entre basicamente dois grupos. De um lado, uma pequena minoria que inclui os presidentes de Estados Unidos, Brasil e México e alguns especialistas. De outro, amplamente majoritário, estão mais de cem líderes mundiais, a OMS e a maioria dos pesquisadores.

O primeiro grupo, no qual estão Donald Trump e Jair Bolsonaro, defende que os dados disponíveis, ainda que escassos, apontam que a doença não é tão devastadora para a população em geral. Ela se parece com a gripe (ou uma "gripezinha") que circula todo ano. Por isso, seria possível contê-la sem tamanha perda econômica.

Ou seja, argumentam eles, qual é a necessidade de confinar a população inteira se apenas uma minúscula parcela corre de fato o risco de morrer? No caso, as pessoas com mais de 60 anos e aquelas com condições pré-existentes, como doenças cardíacas e diabetes.

Segundo a abordagem defendida por esse grupo minoritário, chamada de isolamento vertical, bastaria proteger os mais vulneráveis e retomar a vida do restante da sociedade até que todo mundo fique imunizado com conta própria.

A conta é que, quando mais de 50% da população estiver imunizada, seria como se todos estivessem vacinados. Ocorreria a chamada "imunidade de grupo ou de rebanho", na qual a imunidade de um acaba protegendo o outro por reduzir a cadeia de transmissão do vírus.
É importante deixar claro que ainda há dúvidas se de fato as pessoas que tiveram a doença uma vez a não terão de novo, como em geral acontece. Saber isso é chave nesse debate.
Os anticorpos são uma espécie de memória de batalha do nosso corpo contra um invasor. Em geral, a gente o derrota uma vez e não se esquece como faz isso.

O problema é que essa imunidade nem sempre ocorre ou é completa. O sarampo tem, por exemplo, a capacidade de fazer o corpo se esquecer de como o combater.

Por outro lado, a grande maioria das autoridades e de especialistas defende que a falta de dados não permite tirar conclusões precipitadas que podem levar ao colapso do sistema de saúde, mesmo que todo esse confinamento gere enormes custos econômicos.
Veja as recomendações para evitar o contágio pelo novo coronavírus
Veja as recomendações para evitar o contágio pelo novo coronavírus

Para esse segundo grupo, não se trata de um cenário hipotético baseado em modelos matemáticos, mas da realidade, e equívocos aqui podem levar à morte de milhares ou milhões de pessoas. Ou seja, uma "gripezinha" seria capaz de lotar hospitais ao redor do mundo de uma forma sem precedentes na história recente.

Não há até o momento qualquer remédio, vacina ou certezas sobre o novo coronavírus. Por isso, o mundo tem se isolado para evitar que as pessoas transmitam a doença entre umas para as outras e que muita gente fique doente ao mesmo tempo, impedindo que o sistema de saúde tenha a capacidade de atender todo mundo.

Anticorpos podem influenciar debate
Foto mostra novo exame de sangue para detectar anticorpos à Covid-19 em um laboratório em Los Angeles, na Califórnia, no dia 26 de março. — Foto: Alan Devall/Reuters
Foto mostra novo exame de sangue para detectar anticorpos à Covid-19 em um laboratório em Los Angeles, na Califórnia, no dia 26 de março. — Foto: Alan Devall/Reuters

Há então como sair desse impasse? Ou essa situação de confinamento durará meses ou até anos?

Bem, uma saída que vem sendo discutida em alguns lugares do mundo, principalmente no Reino Unido, é o teste sorológico massivo e controlado, feito a partir de amostras de sangue, para encontrar nas pessoas anticorpos ligados ao novo coronavírus.

Diversos países estão desenvolvendo e investindo nesses testes, entre eles o Brasil. Especialistas ressaltam que é essencial que essas análises sejam seguras e confiáveis, sem falsos positivos ou falsos negativos, que poderiam ter consequências catastróficas, como expor à contaminação alguém que acredite falsamente que está imune.
O governo britânico decidiu comprar 3,5 milhões de unidades destes testes. A estratégia pode envolver enviar esse material para a casa de habitantes selecionados a fim de tentar descobrir de fato quantas pessoas contraíram o vírus sem saber.
Há uma pequena parcela de pesquisadores que estima que o número de pessoas infectadas que podem já ter adquirido imunidade pode ser dez, cem, mil vezes maior. Ou que a doença mata uma pessoa a cada cem, uma a cada mil ou uma a cada dez mil, como uma gripe.

Para o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o resultado desse experimento pode vir a representar uma grande virada na estratégia de combate à pandemia. Se descobrirmos que a maioria da população já teve contato com o vírus, as medidas de distanciamento social poderiam até ser flexibilizadas ou extintas.

Em última instância, no cenário mais otimista, isso poderia levar à reabertura de lojas, escolas e locais de trabalho, por exemplo.

Para se ter uma ideia, pesquisadores de Oxford estimaram em um exercício teórico que até metade do Reino Unido já pode contraído o vírus. Mas isso é apenas uma hipótese. Só esses testes massivos e controlados com anticorpos poderão esclarecer isso.

Esses testes sorológicos são importantes também para as equipes de saúde serem monitoradas constantemente e evitar que elas contaminem outras pessoas ou sejam contaminadas.

E se esse experimento não encontrar um percentual expressivo de pessoas com anticorpos? Isso não deixa de ser uma informação extremamente relevante também. Caso se confirme essa hipótese, teremos ainda mais certezas sobre:
  • a importância do distanciamento social para evitar a disseminação da doença e todas as medidas de higiene recomendas, como lavar as mãos com sabão por ao menos 20 segundos;
  • o investimento e a mobilização inédita em testes clínicos para encontrar possíveis tratamentos, já que nenhum até agora foi aprovado para esse fim;
  • e de que o desenvolvimento de uma vacina é essencial, algo que pode levar no mínimo mais um ano, já que é preciso garantir também que ela funcione e não tenha o efeito contrário, de nos deixar mais vulneráveis ao vírus.
  • CORONAVÍRUS

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sexta-feira, 27 de março de 2020

Um terço da população mundial está em isolamento; veja medidas de diferentes países para conter o coronavírus

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Para diminuir a velocidade de transmissão da pandemia de Covid-19 e ganhar tempo para equipar os sistemas de saúde, a OMS tem recomendado que os países apliquem restrições de circulação de pessoas em seus territórios. 
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 Por Amanda Polato, Letícia Macedo e Laís Modelli, G1  

 Postado em 27 de março de 2020 às 21h00m  
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Pelo menos 2,8 bilhões de pessoas -- o que representa mais de um terço da população mundial -- vivem atualmente sob algum tipo de restrição de circulação para conter o rápido avanço da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), aponta um balanço da agência France Presse (AFP).

Num momento em que a pandemia se acelera em uma taxa exponencial -- os últimos 100 mil novos casos no mundo foram registrados em apenas dois dias --, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os países tomem medidas duras que favoreçam o isolamento físico das pessoas, apesar do custo social e econômico significativo. "Sem ação agressiva em todos os países, milhões poderão morrer, declarou o diretor-geral da organização, Tedros Ghebreyesus, em 25 de março.

As regras de isolamento social, que variam de país para país, têm por objetivo diminuir o tempo de transmissão do vírus de pessoa a pessoa, dando aos governos tempo para equipar e fortalecer seus sistemas de saúde com equipamentos, expansão de leitos, construção de hospitais e contratação de profissionais de saúde.

Veja um resumo abaixo dos principais países em quarentena (regional ou nacional):
Países em quarentena
País1º caso de Covid-19Primeiras medidas de isolamentoMedidas são regionais ou federaisMedidas adotadasCasos confirmados até 26/3Mortes até 26/3
China*31/12/1922/1RegionalRestringiu circulação; fechou escolas, serviços não essenciais e fronteiras81.3293.287
Coreia do Sul20/120/1RegionalRestringiu aglomeração; fechou escolas e serviços não essenciais9.241131
Taiwan21/120/1NacionalRestringiu aglomeração e circulação; fechou escolas, serviços não essenciais e fronteiras aéreas2522
EUA22/11/3RegionalRestringiu aglomeração; fechou escolas e serviços não essenciais83.8361.209
Singapura23/127/3NacionalRestringiu aglomeração e circulação; fechou escolas; fechou serviços não essenciais e fechou fronteiras aéreas6832
Hong Kong23/120/3NacionalRestringiu circulação; fechou escolas, serviços não essenciais e fronteiras4534
França24/117/3NacionalRestringiu circulação e aglomeração; fechou serviços não essenciais; Escolas e universidades já estavam fechadas desde 12/03; fronteiras com países de fora da UE já estavam bloqueadas.29.1551.696
Alemanha27/120/3RegionalRestringiu aglomeração; fechou escolas nos estados em quarentena; fechou fronteiras terrestres 43.938267
Itália31/123/2NacionalRestringiu aglomeração; fechou escolas, serviços não essenciais e fronteiras80.5898.215
Índia31/125/3nacional Restringiu circulação e aglomeração; fechou escolas e serviços não essenciais72720
Reino Unido31/124/3NacionalRestringiu aglomeração; fechou escolas, serviços não essenciais; fronteiras com países de fora da UE já estavam bloqueadas11.658578
Espanha1/214/3NacionalRestringiu circulação e aglomeração; fechou escolas e serviços não essenciais; escolas já estavam fechadas57.7864.365
Brasil26/216/3RegionalRestringiu aglomeração; fechou escolas; fechou serviços não essenciais e fronteiras2.98577
Chile
3/318/3NacionalRestringiu aglomeração; fechou escolas e serviços não essenciais; fechou fronteiras terrestres, marítimas e aéreas de todo o país. 1.3064
Argentina3/320/3NacionalRestringiu circulação e aglomeração; escolas já estavam fechadas desde 16/03; fronteiras já estavam fechadas desde o dia 155029
Peru6/316/3NacionalRestringiu circulação e aglomeração; fechou escolas, serviços não essenciais e todas as fronteiras5809
Em geral, o modelo de restrição depende do grau de disseminação da doença, do contexto político e do alinhamento com as recomendações da OMS. Costuma começar com limitações de aglomerações, suspensão de aulas, avança com restrições na circulação e, nos casos mais extremos, prevê até toque de recolher e multa a quem sair de casa.

Veja mais detalhes das medidas de restrição em alguns destes países e saiba o que líderes de diferentes espectros políticos têm dito em relação à quarentena:

BRASIL, Jair Bolsonaro
27 de março - Rua 25 de Março, em São Paulo, com movimento baixo na manhã desta sexta-feira (27)  — Foto: Giaccomo Voccio/G1
27 de março - Rua 25 de Março, em São Paulo, com movimento baixo na manhã desta sexta-feira (27) — Foto: Giaccomo Voccio/G1

No país, as medidas de quarentena têm sido adotadas pelos governos estaduais e municipais, que estão preocupados com a sobrecarga nos sistemas de saúde. Mesmo antes da crise do coronavírus, o Brasil já sofria com falta de leitos em UTI em muitas cidades.

No dia 16 de março, o governo do Rio implementou quarentena no estado todo, com fechamento de escolas, shows, cinemas e cancelamento de eventos públicos e culturais; restrição de aglomerações em bares e restaurantes. Naquela semana, outros estados anunciaram o fechamento de escolas e recomendaram que a população evitasse aglomerações.

Em 24 de março, foi vez de o estado de São Paulo entrar em quarentena, com o fechamento de serviços não essenciais, como nas áreas de saúde e segurança.

O governo do presidente Jair Bolsonaro se limitou a fechar as fronteiras terrestres com países da América do Sul, que não são hoje os maiores focos de casos de coronavírus. Em diversas manifestações, Bolsonaro tem criticado a atuação dos governadores e defendido que as cidades voltem à normalidade para evitar danos econômicos.

Tem alguns governadores, no meu entender, eu posso até estar errado, mas estão tomando medidas que vão prejudicar em muito a nossa economia”, afirmou o presidente em entrevista em 17 de março.

Em pronunciamento na TV no dia 24, ele disse que devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércios e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Por que fechar escolas?

CHINA, Xi Jinping
Funcionários espalham desinfetante na Estação de Trens de Wuhan, na província de Hubei, na China, preparando o local para a reabertura após fim da quarentena, na terça-feira (24) — Foto: STR/AFP
Funcionários espalham desinfetante na Estação de Trens de Wuhan, na província de Hubei, na China, preparando o local para a reabertura após fim da quarentena, na terça-feira (24) — Foto: STR/AFP

O presidente chinês, Xi Jinping (Partido Comunista), tomou medidas drásticas para conter o rápido avanço do novo coronavírus no país. A cidade de Wuhan, epicentro da epidemia foi totalmente isolada em 22 de janeiro. Ninguém podia entrar ou sair. Indústrias importantes, comércios, obras, escolas foram fechadas. Dois dias depois, a quarentena foi estendida a mais cidades da província de Hubei, chegando a atingir quase 60 milhões de pessoas. Toda a China passou a ter restrições de viagens internas e externas.

Ainda assim, o presidente foi acusado de não dar alertas mais incisivos no começo da epidemia. Um discurso dele divulgado pela TV estatal mostrou que ele estava no comando do combate ao surto do Covid-19 desde o princípio (7 de janeiro), e só ordenou o confinamento semanas depois.

"Em 22 de janeiro, diante da rápida propagação da epidemia e dos desafios de prevenção e controle, solicitei claramente que a província de Hubei implementasse controles abrangentes e rigorosos sobre a saída de pessoas", disse ele em uma reunião do comitê permanente do Partido Comunista.

O país chegou a construir 16 hospitais temporários para atender à enorme quantidade de pessoas infectadas pelo novo vírus. Semanas após o confinamento em massa, a região começou a ver os números de casos caírem. No país, a taxa de transmissão local chegou a zerar.

Na última sexta-feira (20), a Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiou o sucesso da China no controle do surto. "Wuhan oferece esperança ao resto do mundo de que mesmo a situação mais grave pode ser alterada", disse o secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma teleconferência em Genebra.

A partir de quarta-feira (25), habitantes saudáveis da província de Hubei começaram a circular livremente. Mas os que moram em Wuhan terão que esperar até 8 de abril.

ITÁLIA, Giuseppe Conte
Milão, capital da Lombardia, onde o avanço da doença foi mais acentuado na Itália.  — Foto: Arquivo Pessoal
Milão, capital da Lombardia, onde o avanço da doença foi mais acentuado na Itália. — Foto: Arquivo Pessoal

Os dois primeiros casos de coronavírus na Itália foram registrados na região norte, em 31 de janeiro. No mesmo dia, o governo suspendeu os voos com origem e destino na China. Desde 23 de fevereiro, os governos locais tomavam medidas para restringir a circulação, mas chegaram a ser criticadas pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte, que disse que elas poderiam gerar o caos.

Nas semanas seguintes, conforme os casos de coronavírus disparavam, Conte recuou. Em 7 de março, toda a região norte foi colocada em lockdown (fechamento completo): ninguém podia entrar ou sair sem autorização, havia toque de recolher e todos os serviços não essenciais foram fechados.
"Estamos evitando que o sistema de saúde entre em colapso, as medidas restritivas funcionam", disse o primeiro-ministro Conte no dia 19 de março. Mas, naquele momento, a Itália já era o epicentro da epidemia na Europa, com mais de 41 mil casos de Covid-19 e quase 3 mil mortes.
Conte não foi o único líder italiano a voltar a atrás. Durante uma entrevista à TV RAI, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, afirmou que errou ao divulgar, no fim de fevereiro, um vídeo que dizia que a cidade não pode parar.

Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título Milão não Para. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente, errado”, ele afirmou à RAI no domingo (22).

EUA, Donald Trump
Times Square, em Nova York, nesta quinta-feira (26) — Foto:  REUTERS/Carlo Allegri
Times Square, em Nova York, nesta quinta-feira (26) — Foto: REUTERS/Carlo Allegri

Os Estados Unidos já passaram a China em número de casos de infecção por Covid-19. Por lá, as medidas restritivas demoraram a ser tomadas -- e foram decididas pelos governadores e prefeitos.

Apesar da demora, ao longo de março, vários estados começaram a decretar quarentena: apenas 20, dentre 57 estados e territórios americanos, não tomaram nenhuma medida de restrição de circulação. Ainda assim, praticamente todos suspenderam as aulas e restringiram aglomerações e o funcionamento de bares e restaurantes.

O fechamento do comércio não essencial ocorreu na maior parte dos estados e território -- apenas 17 não aderiram ao pedido. Em alguns estados, como a Califórnia (o mais rico e populoso do país), o "lockdown" é completo: as pessoas só podem sair de casa para atividades essenciais.

Na última terça-feira (24), o presidente Donald Trump (Partido Republicano) chegou a defender a flexibilização do isolamento em várias partes dos Estados Unidos até meados de abril. "Nosso país não foi projetado para fechar. Você pode destruir um país dessa maneira, fechando-o", disse ele à Fox News. Uma "grande recessão" poderá deixar mais vítimas do que o coronavírus, acrescentou.

No entanto, no dia seguinte, ele disse que não se precipitaria para pôr fim às medidas de isolamento.

Nesta semana, Trump enviou cartas à população norte-americana com diretrizes para o combate ao coronavírus, como a recomendação de ficar em casa e a de evitar contato com idosos. A primeira orientação da carta é escutar e seguir as determinações dos estados e autoridades locais.

COREIA DO SUL, Moon Jae-in
Coreia do Sul - Equipe médica usa trajes de proteção em 'drive-thru' de centro montado para realizar testes de coronavírus no Centro Médico da Universidade Yeungnam, em Daegu — Foto: Reuters/Kim Kyung-Hoon/File Photo
Coreia do Sul - Equipe médica usa trajes de proteção em 'drive-thru' de centro montado para realizar testes de coronavírus no Centro Médico da Universidade Yeungnam, em Daegu — Foto: Reuters/Kim Kyung-Hoon/File Photo

Logo após o surgimento dos primeiros casos, no fim de janeiro, o governo sul-coreano começou a rastrear os possíveis focos de transmissão no país, com monitoramento das pessoas suspeitas. Também estabeleceram quarentena para todas as pessoas que chegavam de Wuhan. Houve adoção de testes em massa da população e isolamento dos casos suspeitos e confirmados. Funcionários também foram estimulados a trabalhar de casa.

Em fevereiro, as autoridades descobriram um dos focos de transmissão e determinou quarentena na cidade Daegu, afetando 2,5 milhões de pessoas.

O país inteiro entrou em guerra à doença infecciosa desde que a crise em Daegu e Gyeongbuk atingiu seu ápice, disse o presidente Moon Jae-in (Partido Democrático) em uma reunião em seu gabinete em março, segundo a Reuters.

CHILE, Sebastián Piñera
O conservador Sebastián Piñera tem tomado medidas duras para proteger o país do coronavírus. Em 18 de março, ele decretou estado de exceção por catástrofe para poder restringir reuniões em espaços públicos, assegurar a distribuição de bens e serviços básicos, estocar alimentos e outros bens e impor quarentenas e toques de recolher.

As aulas e eventos públicos foram suspensos, e foi ordenada quarentena de 14 dias para todo mundo que chegasse de outro país.

Em 22 de março, o presidente decretou toque de recolher em todo o território nacional, das 22h às 5h do dia seguinte".
Governadores decidem manter medidas de restrição à circulação de pessoas
Governadores decidem manter medidas de restrição à circulação de pessoas


Aumentam as medidas de restrição à circulação de pessoas na Europa
Aumentam as medidas de restrição à circulação de pessoas na Europa

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