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domingo, 13 de abril de 2025

Dólar, bolsas, bitcoin: veja o impacto do tarifaço de Trump nos mercados

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Investidores temem que as tarifas provoquem uma recessão global; por isso, preferem ativos considerados mais seguros e deixam de lado investimentos de risco.
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Por Júlia Nunes, g1

Postado em 13 de Abril de 2.025 às 06h00m

#.* Post. - Nº.\  11.590*.#

Trader trabalha no pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), em 11 de abril de 2025 — Foto: REUTERS/Brendan McDermid
Trader trabalha no pregão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), em 11 de abril de 2025 — Foto: REUTERS/Brendan McDermid

O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou um verdadeiro caos nos mercados financeiros de todo o mundo nos últimos dias.

Desde o dia 2 de abril, quando Trump anunciou tarifas de 10% a 50% sobre produtos importados de mais de 180 países, as bolsas de valores viveram quedas e saltos históricos, relacionados às decisões do republicano.

Os investidores temem que as tarifas encareçam os produtos que chegam ao país, pressionando a inflação e diminuindo o consumo, o que pode provocar uma desaceleração da maior economia do mundo e até uma recessão global.

Neste contexto, "a incerteza de como vão ficar as relações comerciais e o impacto que isso tem na economia faz com que os investidores fujam dos ativos de risco e busquem proteção", explica o analista financeiro Vitor Miziara.

O resultado do tarifaço até o momento foi de queda nas bolsas de valores, bitcoin e petróleo, enquanto o ouro, considerado ativo mais seguro, registrou alta.

O dólar, por sua vez, subiu frente a moedas emergentes, como o real, mas perdeu valor em países desenvolvidos. Os juros dos títulos públicos americanos subiram.

Veja abaixo como o tarifaço de Trump impactou cada um desses ativos.

Bolsas de valores 📉

As bolsas de valores dos EUA, Ásia e Europa despencaram nos dias seguintes à divulgação do tarifaço e caíram ainda mais à medida em que a China anunciou retaliações às taxas americanas, ampliando os efeitos da guerra comercial entre os dois países.

Na quarta-feira (9), então, Trump anunciou uma redução para 10% nas taxas aplicadas para a maioria das nações atingidas pelo tarifaço, com exceção da China, e as bolsas dispararam.

A alta, porém, não foi suficiente para compensar as perdas da maioria dos ativos, com investidores ainda cautelosos com as inúmeras tarifas que seguem em vigor, apesar da redução, e a escalada da guerra tarifária com a China.

Veja o desempenho das principais bolsas pelo mundo desde o anúncio do tarifaço:

  • ➡️ Nos EUA, o Dow Jones caiu 4,76%, o S&P 500 caiu 5,50% e o Nasdaq caiu 5,10%, apesar de ter registrado sua maior alta desde 2001 após o anúncio da redução do tarifaço.
  • ➡️ Na Europa, o índice Euro Stoxx 50, que reúne ações de 50 das principais empresas da Europa, caiu 9,52%.
  • ➡️ Na Ásia, o CSI 1000 (da China) caiu 6,61%, o Hang Seng (de Hong Kong) caiu 9,86%, o Nikkei 225 (do Japão) caiu 5,99%, e o Kospi (da Coreia do Sul) caiu 2,91%.
  • ➡️ No Brasil, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, caiu 2,67%. Por aqui, a bolsa chegou a se segurar logo após o tarifaço, já que o Brasil recebeu a menor taxa, mas despencou no dia seguinte, acompanhando o movimento global.


Dólar 💵

Considerado um ativo seguro, o dólar teve alta de 3,03% em relação ao real desde a divulgação do tarifaço. Durante a semana, chegou a encostar nos R$ 6,10, mas, nesta sexta-feira (11), fechou em R$ 5,87.

A moeda americana, porém, tem perdido valor frente a de outros países desenvolvidos. O índice DXY — que compara o dólar a uma cesta de outras seis moedas fortes, como o euro e o iene japonês — caiu 3,75% desde a divulgação do tarifaço.

O motivo é que a busca de muitos investidores por proteção não está sendo, necessariamente, nos EUA, epicentro da guerra comercial, afirma o especialista em câmbio Luan Aral, da Genial Investimentos.

Eles também têm comprado outras moedas seguras, o que faz com que elas se valorizem em relação ao dólar, explica.

Assim como a maioria dos ativos de risco, as criptomoedas também estão sofrendo com o tarifaço de Trump.

Na segunda-feira (7), o bitcoin, a criptomoeda mais famosa do mundo, atingiu sua menor cotação de 2025 até agora, chegando a US$ 74.524.

Vale lembrar que o bitcoin iniciou o ano cotado a mais de US$ 94 mil e chegou a ser negociado na casa dos US$ 109 mil. A empolgação foi motivada pela posse de Trump como presidente, pois investidores acreditavam que ele poderia favorecer a desregulamentação do mercado.

No entanto, desde os primeiros anúncios de tarifas impostas por Trump, no início de fevereiro, a criptomoeda passou a registrar uma queda contínua.

Desde o dia 2 de abril, especificamente, o bitcoin teve uma alta de 1,76%, atualmente cotado em US$ 83 mil.

Petróleo

O petróleo bruto é a commodity mais negociada no mundo e sofreu perdas expressivas após o tarifaço.

A explicação é que, num cenário de recessão mundial, haveria uma diminuição muito grande da demanda por petróleo. Além disso, o aumento da produção autorizado pela OPEP colabora para baixar os preços.

No dia 2 de abril, o barril do petróleo tipo Brent era negociado a até US$ 75,47, mas chegou a cair para US$ 58,40, o menor valor em quatro anos, após quatro quedas seguidas.

O avanço de 4,23% na quarta (9), após o anúncio da redução das tarifas, não foi suficiente para recuperar o valor perdido. Desde o tarifaço, caiu 13,67%.

E, se o preço do petróleo diminui no mercado internacional, a maior empresa do Brasil sofre impactos. O valor de mercado da Petrobras vem caindo desde o anúncio das novas tarifas.

Ouro 👑

Em meio às incertezas da guerra comercial, o ouro é um ativo seguro que não para de crescer. Ele começou o ano cotado a US$ 2.669 e, nesta sexta-feira (11), fechou em U$ 3.255,94.

Apesar de uma queda no meio do caminho, o preço do ouro subiu 2,82% desde o início do tarifaço, em 2 de abril.

Treasuries 🏛️

Treasuries, os títulos públicos emitidos pelo governo americano, são investimentos considerados os mais seguros do mundo. É natural, portanto, que eles avancem em momentos de crise.

Mesmo assim, dessa vez, a percepção negativa de investidores, empresários e da população em geral sobre as tarifas de Trump chegaram a levantar incertezas sobre a confiabilidade dos títulos norte-americanos.

O mercado, então, passou a exigir um maior retorno pelos títulos públicos americanos, para que a rentabilidade melhor compense os riscos de investir no país.

Desde o anúncio do tarifaço em 2 de abril, os juros para os títulos americanos subiram. Veja:

  • Treasuries com vencimento em 2 anos acumulam alta de 3,41%;
  • Treasuries com vencimento em 10 anos acumulam alta de 9,16%;
  • Treasuries com vencimento em 30 anos acumulam alta de 8,38%.
Veja também:

Peter Navarro, o 'senhor tarifas' de Trump que Musk chamou de 'imbecil'

Tarifaço de Trump provoca boicote internacional a produtos dos EUA

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sábado, 12 de abril de 2025

China mais aberta, EUA isolados e UE enfraquecida: como a guerra de tarifas deve mudar a geopolítica e criar uma nova ordem global

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China e EUA protagonizaram guerra de tarifas nesta semana. De um lado, o maior governo comunista do mundo defendendo o multilateralismo e a "globalização econômica" e investindo em parcerias. Do outro, o país símbolo do capitalismo apontando para o isolacionismo comercial.
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Por Luisa Belchior, g1

Postado em 12 de Abril de 2.025 às 05h00m

#.* Post. - Nº.\  11.589*.#

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, em reunião bilateral em 2019. — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque/Foto de arquivo
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, em reunião bilateral em 2019. — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque/Foto de arquivo

De um lado, o maior governo comunista do mundo defendendo o multilateralismo e a "globalização econômica" e investindo em parcerias.

Do outro, o país símbolo do capitalismo apontando para o isolacionismo comercial.

Além de provocar uma montanha russa nos mercados mundiais, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China também pode estar reconfigurando a atual geopolítica mundial.

Ao longo da semana, em meio aos aumentos mútuos de tarifas entre os dois países, o governo chinês repetiu que a política tarifária de Donald Trump só vai conseguir isolar Washington, enquanto Pequim tem se esforçado para "conectar mercados" — como a África, a América Latina e a Europa.

Desde que começou seu segundo mandato, em dezembro, Trump tem apostado em decretos que afastam mercados e cidadãos estrangeiros, além de investir nas medidas protecionistas, como o tarifaço. É uma forma de o líder norte-americano impor suas regras no tabuleiro mundial, na avaliação do professor de Relações Internacionais da ESPM, Gustavo Uebel, especialista em geopolítica.

"Isso é uma forma de Trump alcançar mudanças geopolíticas sem precisar de guerras ou da diplomacia internacional", disse Uebel.

Já o presidente chinês, Xi Jinping, propôs na sexta-feira (11), ao se pronunciar pela primeira vez sobre a guerra das tarifas, que o mundo se esforce para "manter a tendência de globalização econômica e resistir conjuntamente ao unilateralismo e à intimidação".

Uebel diz achar que o líder chinês seguirá investindo em parcerias e alianças globais, "o único caminho possível" para alimentar e manter a economia chinesa.

Mas a luta de braço entre Putin e Xi, afirma o professor, deve provocar a fragmentação da multipolaridade, que marca a geopolítica atual. No lugar, o mundo pode se encaminhar para três grandes zonas de influência: os EUA, a China e Rússia.

"Essa deve ser uma mudança no regime internacional mais a longo prazo, mas que vai se desenhando", afirmou Uebel.

O texto afirmava que Trump, criando um reequilíbrio de poderes no mundo, rompe com "a era pós-1945" — em referência ao fim da Segunda Guerra Mundial — e propõe um modo de resolução de conflitos "ao estilo de Don Corleone" — o mafioso fictício que protagoniza o filme "O Poderoso Chefão".

"Aproxima-se rapidamente um mundo no qual quem tem poder faz o que quer e em que grandes potências fecham acordos e intimidam as pequenas", disse a revista.
Nova configuração mundial
Brasil e China fazem reunião sobre comércio entre países

Na nova configuração mundial, a União Europeia, acuada nos EUA com Trump e em uma guerra indireta contra a Rússia na Ucrânia, já vem ensaiando uma aproximação com a China.

Na sexta-feira, Xi Jinping se reuniu com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e pediu que a União Europeia se una a Pequim para uma resistência mútua ao tarifaço de Trump.

A tendência será que os europeus, que devem ser os principais perdedores da guerra tarifária, se aproximem cada vez mais do governo de Xi Jinping, de acordo com Uebel.

"Pela primeira vez, a UE não está ditando as regras do jogo na geopolítica mundial. Eles se aliarão à China por exclusão", afirmou.

Em paralelo, o governo chinês também busca ampliar a influência na América Latina, a maior zona de influência dos Estados Unidos.

Também na sexta, o ministro do Comércio da China falou por telefone com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Segundo ambas as partes, a conversa, solicitada pelo governo chinês, girou em torno de fortalecer organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), um dos pilares da globalização.

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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Guerra de tarifas: China diz que 'jamais' se curvará à pressão dos EUA e que governo americano deve parar com atitudes 'destrutivas'

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Pequim aumentou suas tarifas sobre as importações dos EUA para 125% nesta sexta-feira, em resposta à decisão de Trump de aumentar para 145% os impostos sobre produtos chineses.
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Por Redação g1

Postado em 11 de Abril de 2.025 às 17h00m

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Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China — Foto: Reuters
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China — Foto: Reuters

Em meio à guerra de tarifas, o Ministério das Relações Exteriores da China informou nesta sexta-feira (11) que os Estados Unidos devem parar de ser "imprevisíveis" e "destrutivos" e que "jamais" se curvará à pressão feita pelo governo americano.

"Se os Estados Unidos realmente querem diálogo, devem parar com suas atitudes imprevisíveis e destrutivas", informou o ministério na rede social X.

"Pelo bem do povo chinês e dos povos do mundo, e em nome da justiça e da equidade na ordem global, a China jamais se curvará à pressão dos Estados Unidos", disse o ministério.

Mais cedo, o premiê Li Qiang, que está na Espanha acompanhando o presidente Xi Jinping, disse:

"A imposição das chamadas tarifas recíprocas pelos EUA prejudicou seriamente a ordem econômica e comercial internacional, e causou grandes impactos negativos".

Em um comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças, a Comissão Tarifária do governo chinês afirmou, também nesta sexta, que "vai ignorar", a partir de agora, qualquer nova alta de tarifas anunciada pelos Estados Unidos.

Xi Jinping pede união contra guerra comercial dos EUA

Presidente da China e primeiro-ministro espanhol — Foto: Reuters
Presidente da China e primeiro-ministro espanhol — Foto: Reuters

Mais cedo, o presidente da China, Xi Jinping, também falou sobre tarifaço de Trump, em encontro com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez.

Xi intimou o país e a União Europeia a "cumprir suas responsabilidades internacionais".

"[Os países] devem manter a tendência de globalização econômica e o ambiente do comércio internacional e resistir conjuntamente ao unilateralismo e à intimidação. China e União Europeia devem não apenas resguardar seus próprios direitos e interesses legítimos, mas também a justiça e a equidade internacionais, bem como as regras e a ordem internacionais", disse.

O encontro dos dois líderes serviu para estreitar laços comerciais entre a Espanha e a China. Segundo o primeiro-ministro espanhol, os países assinaram acordos de cooperação nas áreas de ciência, tecnologia, educação e cinema.

Entenda a guerra tarifária entre China e EUA

A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou na última semana, após o anúncio de novas medidas por Trump.

A medida entraria em vigor na quarta-feira seguinte (9), mas Trump anunciou uma "pausa" de 90 dias para todos os países, com exceção da China. Durante esse período, as tarifas seriam reduzidas para 10%.

Tarifas já em vigor, como as de 25% sobre aço e alumínio, continuam valendo e não são afetadas pela medida.

💲A China, alvo principal das novas medidas, foi um dos países mais penalizados. Os percentuais foram subindo progressivamente, ao longo dos dias, até atingir os atuais 145%.

  • A alíquota começou em 34%, que se somou aos 20% já cobrados em tarifas sobre os itens chineses.
  • Em resposta, Pequim impôs, na sexta (4), tarifas extras de também 34% sobre as importações americanas.
  • Trump, então, ameaçou cobrar taxas extras de 50% à China se o país não recuasse da retaliação na terça (8).
  • Como Pequim não desistiu, as tarifas subiram para 104%.
  • A resposta chinesa veio na manhã de quarta (9): o governo elevou as tarifas sobre os EUA de 34% para 84%.
  • Trump anunciou mais uma vez a elevação para a China, agora de 125%.
  • Na quinta (10), a Casa Branca explicou que as taxas de 125% se somariam à outra tarifa de 20% já aplicada anteriormente sobre a China, resultando numa alíquota total de 145%.
  • Como resposta, nesta sexta (11), Pequim elevou as tarifas sobre produtos americanos para 125%.

Trump eleva para 125% tarifas contra China

Também nesta sexta, a missão da China junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) informou que apresentou uma queixa adicional ao órgão contra as tarifas impostas pelos EUA.

"Em 10 de abril, os EUA emitiram uma ordem executiva anunciando um novo aumento das chamadas 'tarifas recíprocas' sobre produtos chineses. A China apresentou uma queixa à OMC contra as mais recentes medidas tarifárias dos EUA," disse o comunicado da missão chinesa, citando um porta-voz do Ministério do Comércio.

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Tarifaço de Trump provoca boicote internacional a produtos dos EUA

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Taxas de Trump têm gerado reações na Europa e Canadá. Ações incluem apelos por boicote e iniciativas para destacar negativamente produtos americanos nas prateleiras de supermercados e dissuadir compra.
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TOPO
Por Matthew Ward Agius, Arthur Sullivan

Postado em 11 de Abril de 2.025 às 05h20m

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Mercado canadense comunica a interrupção da venda de bebidas americanas — 'Pergunte-nos sobre ótimas alternativas canadeses e locais', diz o folheto — Foto: Reuters
Mercado canadense comunica a interrupção da venda de bebidas americanas — 'Pergunte-nos sobre ótimas alternativas canadeses e locais', diz o folheto — Foto: Reuters

Apesar de o pacote das assim chamadas "tarifas do Dia da Libertação" de Donald Trump ter sido momentaneamente suspenso e um tanto amenizado, consumidores internacionais têm mantido o boicote a produtos dos Estados Unidos.

Os parceiros comerciais tradicionais estão entre os mais atingidos e, do Canadá à Europa, ganham cada vez mais adeptos as iniciativas de "compre local", quer organizadas nas redes sociais, quer em lojas físicas.

Em 2 de abril, Trump impôs uma sobretaxa geral sobre todas as importações para os EUA e supostas "tarifas recíprocascontra determinadas nações – embora, em 9 de abril, tenha abrandado o tom, anunciando uma pausa de 90 dias no tarifaço e baixando a maioria das sanções para a taxa básica de 10%.

A única exceção a esse esquema mais brando é a China, que agora enfrenta tarifas de 125%, pois, segundo o mandatário americano, teria demonstrado "falta de respeito" com "os mercados do mundo".

Enquanto os governos de alguns países afetados decretam suas próprias barreiras comerciais, os cidadãos reagem com campanhas próprias.

Na União Europeia – castigada com uma sobretaxa de 20% sobre suas exportações, antes do recuo de 9 de abril –, os consumidores estão tentando pôr de cabeça para baixo – em parte literalmente – a posição dos EUA no mercado.


Norueguesa Haltbakk Bunkers vai parar de fornecer combustível para navios Marinha dos EUA — Foto: Nicolas Maeterlinck/BELGA/picture alliance
Norueguesa Haltbakk Bunkers vai parar de fornecer combustível para navios Marinha dos EUA — Foto: Nicolas Maeterlinck/BELGA/picture alliance

Mobilização virtual e empresarial

Desde que a Casa Branca ameaçou com medidas tarifárias, foram criados no Facebook diversos grupos para organizar boicotes e campanhas.

O francês "Boycott USA: Achetez Français et Européen!" (Comprem francês e europeu!) já passa de 30 mil participantes. E os suecos "Bojkotta varor från USA" e "Boykot varer fra USA" (Boicote aos produtos dos EUA), já contam, juntos, mais de 180 mil membros, unidos com o fim de pressionar pelo fim das sanções.

Na Alemanha, parece haver apoio para uma postura semelhante. O grupo de pesquisa Cuvey concluiu que 64% da população preferiria evitar os artigos americanos, se possível. Uma pequena maioria afirmou que suas decisões de consumo já estão sendo afetadas pelas políticas trumpistas.

Por sua vez, um movimento online nas redes sociais e fóruns como o Reddit conclamou os consumidores europeus e canadenses a colocarem os produtos dos EUA de cabeça nas prateleiras dos supermercados, como sinal visual para dissuadir eventuais compradores.

Companhias europeias estão igualmente se articulando contra as firmas americanas: o maior varejista da Dinamarca, Salling Group, prometeu marcar os produtos da Europa com uma estrela negra para ajudar os consumidores a identificá-los.

No LinkedIn, o diretor executivo da companhia, Anders Hagh, informou que continuará vendendo produtos americanos, mas a nova etiqueta é "um serviço extra para fregueses que querem comprar artigos de marcas europeias".

Outras empresas estão tomando medidas ainda mais concretas: a fornecedora norueguesa de óleo e combustível para navios Haltbakk Bunkers anunciou que vai parar de suprir as embarcações da Marinha dos EUA.

Vendas da Tesla despencam

A marca americana mais exposta à ira dos consumidores globais é a Tesla, de Elon Musk – maior doador da campanha eleitoral trumpista e atual consultor especial da Casa Branca para cortar a burocracia estatal através força-tarefa do Departamento de Eficiência Governamental (Doge).

A empresa perdeu 40% de sua cotação na bolsa de valores, e tem sido alvo de protestos públicos – por vezes violentos – em todo o mundo.

Suas vendas globais caíram 13% no primeiro trimestre de 2025, apesar de descontos e ofertas de financiamento nas concessionárias. A queda foi mais pronunciada na Europa, onde as vendas de janeiro de 2025 foram 45% inferiores às do ano anterior, segundo a Associação de Construtores de Automóveis Europeus.

Quem sai ganhando são os fabricantes locais: no primeiro trimestre de 2025, a Volkswagen foi a campeã de vendas de carros elétricos, à frente da BMW e de três subsidiárias do conglomerado VW, a Skoda, Audi e Seat. A Tesla, antes no topo do setor, ficou apenas em oitavo lugar.

Governador do Ontário, Doug Ford, tem criticado abertamente a política de tarifas americana — Foto: Chris Young/The Canadian Press/picture alliance
Governador do Ontário, Doug Ford, tem criticado abertamente a política de tarifas americana — Foto: Chris Young/The Canadian Press/picture alliance

Clima anti-Trump no Canadá favorece liberais

Em março, Trump impôs uma sobretaxa de 25% ao aço, alumínio e automóveis canadenses, assim como aos bens não incluídos no acordo de livre-comércio EUA-México-Canadá (USMCA).

O crescente clima anti-Trump valeu um aumento dramático de popularidade para o Partido Liberal, antes liderado pelo ex-primeiro-ministro Justin Trudeau e atualmente por seu sucessor, Mark Carney, ao ponto de a legenda apresentar uma dianteira apertada nas intenções de voto para as eleições de 24 de abril.

A rejeição popular no Canadá contra os produtos americanos também é forte. Em março, o governador de Ontário, Doug Ford, encerrou um contrato de 100 milhões de dólares canadenses (R$ 412 milhões) com a empresa de telecomunicações Starlink, de Elon Musk. E comentou na plataforma X, do multibilionário: "Ontário não faz negócios com quem está doido para destruir a nossa economia."

Várias firmas lançaram campanhas "Buy Canadian". O Conselho de Bebidas Alcoólicas de Ontário disse que pararia de estocar o uísque bourbon e vinhos dos EUA, entre outras bebidas. Províncias como Colúmbia Britânica e New Brunswick adotaram medidas semelhantes.

Criaram-se ainda diversos websites e apps, como Buy Beaver e Maple Scan, para ajudar o consumidor a identificar e evitar artigos americanos. Comentando o sucesso recente de seu site Made in CA, o fundador Dylan Lobo comentou à revista Business Insider: "Há muito patriotismo no momento, neste país. Há um forte sentimento de que os canadenses querem apoiar outros canadenses."

Mais um caso de "freedom fries"?

Para além da Europa e do Canadá, diversos líderes econômicos estão cientes das potenciais retaliações contra os produtos dos EUA e de como elas poderão afetar seus negócios. Entre eles, chefes de companhias que adquiriram marcas americanas.

Poucas semanas após Trump retomar a Casa Branca, Takeshi Niinami, diretor executivo da gigante japonesa de bebidas Suntory Holdings – proprietária de marcas como o uísque bourbon Jim Beam – antecipou que os produtos do país seriam boicotados pelos consumidores internacionais.

"Nós elaboramos o plano estratégico e orçamentário para 2025 partindo do princípio de que os produtos americanos, inclusive o uísque, serão menos aceitos fora do país, por causa, em primeiro lugar, das tarifas, e em segundo, de emoção", comentou à revista Financial Times.

O professor de história Garritt van Dyk percebe nesse repúdio às mercadorias americanas ecos de uma famigerada campanha de 2003, quando a oposição da França à invasão do Iraque resultou em que as batatas fritas fossem rebatizadas de french fries para "freedom fries" (da liberdade).

"Em outros momentos no passado houve essa reação esquisita de 'a gente não quer mais pertencer a essa cultura'", observa o docente da Universidade de Waikato, na Nova Zelândia. Em sua opinião, o sentimento de dano à reputação pelas firmas e fabricantes americanos pode acabar sendo relevante, já que, "num mercado superlotado, as pessoas podem fazer suas próprias escolhas".

Trump diz que tarifaçoé algo que já deveria ter sido feito


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