Total de visualizações de página

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Mundo tem o 12º mês consecutivo de recorde de calor, e temperatura global anual deve ultrapassar 1,5°C

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


"Estamos jogando roleta russa com nosso planeta", definiu o secretário-geral da ONU, António Guterres.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 05 de junho de 2024 às 11h50m

#.*Post. - N.\ 11.224*.#

— Foto: Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas
— Foto: Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas

Maio de 2024 marcou o décimo segundo mês consecutivo de recordes de calor na Terra, anunciaram cientistas do observatório europeu Copernicus nesta quarta-feira (5). O dado considera a temperatura média do ar no planeta.

Desde junho de 2023, temos registrado um mês mais quente a cada novo período, dado que cientistas e autoridades destacam para apontar que vivemos uma emergência climática.

Em um comunicado, Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), explicou que, mesmo se essa sequência de recordes for interrompida, a assinatura geral das mudanças climáticas permanece e não há sinal de uma mudança nesta tendência.

É chocante, mas não surpreendente que tenhamos alcançado essa sequência de 12 meses. Estamos vivendo em tempos sem precedentes, mas também temos habilidades sem precedentes para monitorar o clima e isso pode ajudar a informar nossas ações.
— Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S).

Ainda de acordo com o observatório europeu, maio de 2024 foi o maio mais quente já registrado globalmente porque teve uma temperatura média do ar de superfície 0,65°C acima da média de abril de 1991-2020.

📝 Os cientistas chamam isso de anomalia de temperatura. Em outras palavras, é um indicador que mostra quanto a temperatura se desvia de uma determinada média histórica.

Essas datas são usadas como referência porque esse período representa umponto médio do aumento da temperatura global, ou seja, o intervalo logo antes das mudanças climáticas se tornarem mais intensas e evidentes.

Além disso, a temperatura média global nos últimos doze meses (junho de 2023 - maio de 2024) é a mais alta já registrada, 0,75°C acima da média de 1991-2020 e 1,63°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.

Temperatura global acima de 1,5ºC

Nesta quarta, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) também anunciou que existe uma chance de 80% de que, em pelo menos um dos próximos cinco anos, a temperatura média global anual ultrapasse temporariamente 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

📝 CONTEXTO: 1,5°C é o chamado “limite seguro” das mudanças climáticas, ou seja, o limiar de aumento da taxa média de temperatura global que temos que atingir até o final do século para evitar as consequências da crise climática provocada pelo homem por causa da crescente emissão de gases de efeito estufa na nossa atmosfera.

Essa é uma taxa que é medida em referência aos níveis pré-industriais, a partir de quando as emissões de poluentes passar a afetar significativamente o clima global.

"Este é um aviso claro de que estamos cada vez mais próximos dos limiares estabelecidas no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, que se referem a aumentos de temperatura a longo prazo ao longo de décadas, não de um a cinco anos", disse a OMM, em nota.

De acordo com o relatório da OMM:

  • a temperatura média global próxima à superfície de cada ano entre 2024 e 2028 deve ficar entre 1,1°C e 1,9°C acima da média de 1850-1900.
  • o relatório também indica uma probabilidade de 86% de que pelo menos um desses anos estabeleça um novo recorde de temperatura, superando 2023, atualmente o ano mais quente já registrado.

Ainda de acordo com a agência da ONU, existe uma probabilidade de 47% de que a temperatura média global durante o período de 2024-2028 seja mais de 1,5°C acima dos níveis da era pré-industrial. Este valor representa um aumento em relação aos 32% previstos no relatório do ano passado para o período de 2023-2027.

Com isso, a probabilidade de pelo menos um dos próximos cinco anos exceder 1,5°C tem aumentado consistentemente desde 2015, quando era praticamente zero. Durante os anos de 2017 a 2021, essa probabilidade era de 20%, mas aumentou para 66% entre 2023 e 2027.

"Estamos jogando roleta russa com nosso planeta", definiu o secretário-geral da ONU, António Guterres.

"Precisamos de uma saída da rodovia para o inferno climático. E a boa notícia é que temos o controle do volante. A batalha para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus será vencida ou perdida nos anos 2020 – sob a vigilância dos líderes de hoje", acrescentou.

O secretário-Geral da ONU, António Guterres. — Foto: REUTERS/David 'Dee' Delgado
O secretário-Geral da ONU, António Guterres. — Foto: REUTERS/David 'Dee' Delgado

Guterres pediu ainda um "imposto extraordinário" sobre os lucros das empresas de combustíveis fósseis para financiar a luta contra o aquecimento global, rotulando-as como os emprendimentos "padrinhos do caos climático".

Ele enfatizou ainda a necessidade de uma redução drástica nas emissões globais de carbono em 9% anualmente até 2030 para manter a meta de 1,5ºC.

Lista de recordes

A marca de temperatura de maio se soma à lista de recordes globais de calor neste e no último ano:

  • Primeiro, o planeta registrou o mês de junho mais quente da história.
  • Depois, a marca foi sendo quebrada a cada novo mês: julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril e agora maio.
  • Além disso, o número de dias que ultrapassou o limiar de aquecimento politicamente significativo de 1,5ºC já atingiu um novo máximo;
  • E, para piorar, pela 1ª vez, o mundo registrou um dia com a temperatura média global 2°C acima da era pré-industrial.
  • Fora tudo isso, julho de 2023 foi tão quente que pode ter sido o mês mais quente em 120 mil anos, enquanto as temperaturas médias de setembro quebraram o recorde anterior em 0,5°C.
Caos climático em gráficos

Como mostrou o g1, 2024 ainda está longe de terminar, mas um conjunto de gráficos atualizados com os dados mais recentes disponíveis gritam que o ano será marcante na trajetória da emergência climática. Veja abaixo:

Temperatura da superfície do mar: maio é o décimo terceiro mês consecutivo em que a temperatura da superfície do mar tem sido a mais quente nos registros de dados do observatório europeu Copernicus para o respectivo mês do ano.

Degelo na Antártida: em 2024, a extensão do gelo marinho antártico atingiu um dos níveis mais baixos já registrados pelo terceiro ano consecutivo. Em 20 de fevereiro, a redução de 200 mil km² superou o recorde do ano anterior.

Degelo no Ártico: as altas temperaturas contribuem para uma das menores extensões de gelo marinho já observadas na região: cobertura está abaixo do registrado em maio de 2012, sugerindo a possibilidade de um novo recorde mínimo este ano.

Listras do aquecimento global: Esse gráfico foi criado pelo cientista climático Ed Hawkins, da Universidade de Reading, no Reino Unido. Ele foi apresentado publicamente pela primeira vez em 2018 e mostra o aumento da temperatura global desde a Revolução Industrial. E em 2023, as temperaturas foram tão altas que ultrapassaram a escala de representação das listras do aquecimento.

Consumo de combustíveis fósseis: quando queimamos combustíveis fósseis liberamos na nossa atmosfera quantidades significativas de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, que absorve e irradia calor.

Desde a Revolução Industrial no século XVIII, quando passamos a queimar grandes quantidades de combustíveis fósseis, esta instabilidade está em um curso cada vez mais perigoso.

Década de recordes: todos os 10 anos mais quentes que temos registro ocorreram na última década (2014-2023). Além disso, antes de 2015, nenhum dia do ano registrava taxas de temperatura acima de 1.5°C. Agora, na última década, cada vez mais dias estão superando essa marca. O ano de 2023 foi especialmente preocupante, marcando um recorde com 173 dias registrando temperaturas acima de 1.5°C.

No vídeo a seguir, o g1 explica a crise do clima em gráficos:

Entenda em 10 gráficos o que está acontecendo com o planeta

Caos climático: gráficos mostram que efeitos do aquecimento global estão mais intensos em 2024; entenda

Caos climático: gráficos mostram que efeitos do aquecimento global estão mais intensos em 2024; entendaInpe

------++-====-----------------------------------------------------------------------=======;;==========--------------------------------------------------------------------------------====-++---

terça-feira, 4 de junho de 2024

PIB do Brasil sobe 0,8% no 1° trimestre de 2024 puxado por comércio, diz IBGE

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


Em valores correntes, a economia brasileira acumulou R$ 2,7 trilhões entre janeiro e março, com forte contribuição do setor de serviços.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Bruna Miato, g1

Postado em 04 de junho de 2024 às 10h00m

#.*Post. - N.\ 11.223*.#

Movimento do comércio em Macapá - Amapá — Foto: Instituto Fecomercio/Divulgação
Movimento do comércio em Macapá - Amapá — Foto: Instituto Fecomercio/Divulgação

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil subiu 0,8% no primeiro trimestre de 2024, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGEnesta terça-feira (4). Em valores correntes, a economia brasileira acumulou R$ 2,7 trilhões entre janeiro e março.

O crescimento foi puxado, sobretudo, pelo setor se serviços, que teve uma alta de 1,4% no período. A agropecuária também cresceu, registrando variação positiva de 11,3%. A indústria, porém, apresentou leve queda de 0,1%.

Dentro do setor de serviços, o destaque do trimestre ficou com o Comércio, que avançou 3% entre janeiro e março. Além disso, os segmentos de Informação e Comunicação e Outras atividades de serviços também tiveram crescimento, de 2,1% e 1,6%, respectivamente.

PIB do Brasil cresce 0,8% no primeiro trimestre de 2024

O resultado veio em linha com as expectativas do mercado financeiro.

Em relação ao primeiro trimestre de 2023, a economia brasileira cresceu 2,5%, também como uma consequência positiva do setor de serviços.

Em 2023, o PIB cresceu 2,9% e somou R$ 10,9 trilhões, em termos nominais, o que voltou a colocar o Brasil no grupo das 10 maiores economias do mundo.

Brasil volta ao grupo das 10 maiores economias do mundo com resultado do PIB de 2023

Brasil volta ao grupo das 10 maiores economias do mundo com resultado do PIB de 2023

Variação trimestral do PIB brasileiro no 1º trimestre de 2024 — Foto: Arte/g1
Variação trimestral do PIB brasileiro no 1º trimestre de 2024 — Foto: Arte/g1


PIB brasileiro em primeiros trimestres até 2024 — Foto: Arte/ g1
PIB brasileiro em primeiros trimestres até 2024 — Foto: Arte/ g1

Demanda interna em alta, setor externo em baixa

Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, "neste trimestre tivemos um crescimento da economia totalmente baseado na demanda interna".

Sobre as atividades que se destacaram na composição do PIB do primeiro trimestre, da ótica da oferta, Palis pontua "o comércio varejista e os serviços pessoais, ligados ao crescimento do consumo das famílias, a atividade internet e desenvolvimento de sistemas, devido ao aumento dos investimentos e os serviços profissionais, que transpassam à economia como um todo".

Além disso, pela ótica da demanda, a especialista comenta que o consumo das famílias continua crescendo, o que seria um reflexo:

  • da melhora no mercado de trabalho brasileiro;
  • das quedas na Selic, taxa básica de juros;
  • da inflação mais baixa;
  • da continuidade dos programas governamentais de auxílio às famílias;
  • e de uma queda na inadimplência após o Desenrola, programa de renegociação de dívidas do Governo Federal.

Em contrapartida, Palis explica que houve uma mudança na contribuição do setor externo para o crescimento da economia nos primeiros meses do ano em relação ao que foi observado nos anos anteriores.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE destaca que, com as importações (6,5%) bem maiores que as exportações (0,2%), o setor externo está, na verdade, puxando o PIB para baixo.

Isso porque, com um dólar mais barato, ficou mais fácil importar, principalmente com os investimentos em bens de capital, enquanto a demanda pelas principais commodities exportadas pelo Brasil tem sido mais baixo em nível global.

"Em 2022 e 2023, o setor externo havia contribuído positivamente, com as exportações crescendo mais do que as importações. Nesse primeiro trimestre, essa contribuição virou negativa. Estamos importando muitas máquinas e equipamentos e bens intermediários e o Real se valorizou", afirma.

Ela afirma, ainda, que a agropecuária, apesar de ter registrado crescimento no primeiro trimestre, "não está com um desempenho favorável como em anos anteriores", o que acaba afetando as exportações deste ano.

Segundo Palis, a razão para esse pior desempenho é um cenário ruim para a agricultura, que tem um peso de cerca de 70% em toda a agropecuária. Os eventos climáticos, com destaque para o El Niño, são os principais responsáveis pelos impactos negativos no setor.

No trimestre, a taxa de investimento no Brasil foi de 16,9% do PIB, número levemente menor que os 17,1% registrados no mesmo período do ano anterior. A taxa de poupança também caiu, de 17,5% no primeiro trimestre de 2023 para 16,2% agora.

Análise do PIB do 1º trimestre de 2024 pela ótica da oferta — Foto: Arte/ g1
Análise do PIB do 1º trimestre de 2024 pela ótica da oferta — Foto: Arte/ g1


Análise do PIB do 1º trimestre de 2024 pela ótica da demanda. — Foto: Arte/ g1
Análise do PIB do 1º trimestre de 2024 pela ótica da demanda. — Foto: Arte/ g1

Contribuições em valores correntes

O PIB totalizou R$ 2,7 trilhões nos primeiros três meses de 2024, dos quais R$ 2,4 trilhões são referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 361,1 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios, explica o IBGE.

Deste total, a maior contribuição (mais da metade) da ótica da oferta vem do setor de serviços: R$ 1,6 trilhão. A indústria contribuiu com R$ 573,7 bilhões para o PIB do primeiro trimestre, enquanto a agropecuária somou R$ 192,2 bilhões.

Já da ótica da demanda, o consumo das famílias totalizou R$ 1,8 trilhão do PIB, enquanto o consumo do governo foi de R$ 442,8 bilhões, e Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF) foi de R$ 458,8 bilhões.

PIB veio dentro das projeções, mas deve ter volatilidade nos próximos trimestres

Especialistas do mercado financeiro destacam que, embora o resultado do PIB tenha vindo em linha com o que era projetado, a expectativa é que, nos próximos meses, esses dados possam apresentar maior volatilidade.

"O ritmo é inegavelmente forte no começo de 2024", aponta Leonardo Costa, economista do ASA Investments.

"Para o segundo trimestre, há dois movimentos distintos em ação: os efeitos deletérios da crise do RS (ainda incipientes nos dados de alta frequência) e o ritmo ainda forte do mercado de trabalho. De todo modo, os dados do segundo e terceiro trimestres deste ano conterão mais volatilidade, com redução no curto prazo e reaceleração na segunda metade do ano", comenta Costa.

Igor Cadilhac, economista do PicPay, compartilha de um ponto de vista parecido e afirma que, olhando para frente, "nosso cenário base segue observando um bom momento da atividade econômica brasileira, que vem se beneficiando de um mercado de trabalho em pleno emprego, de uma massa salarial crescente e da inflação bem comportada".

O economista também destaca o "bom momento do crédito, uma retomada do setor industrial, impulsionada pela normalização dos estoques, e a permanência de alguns estímulos governamentais dado, inclusive, às eleições regionais".

"Os riscos negativos residem nos efeitos finais da calamidade no RS e a perspectiva de um ciclo de corte de juros menor que o esperado anteriormente. Por ora, mantemos a nossa projeção de crescimento em 2,1%", diz Cadilhac.
IBGE
    ------++-====-----------------------------------------------------------------------=======;;==========--------------------------------------------------------------------------------====-++---

    segunda-feira, 3 de junho de 2024

    As ilhas de R$ 63 bilhões que se tornaram 'projeto mais inútil do mundo' em Dubai

    <<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


    Em 2003, foi apresentado um ambicioso projeto chamado 'O Mundo', que previa a construção de centenas de ilhas. Elas seriam urbanizadas e teriam o formato de um mapa-múndi.
    <<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
    TOPO
    Por BBC

    Postado em 03 de junho de 2024 às 19h35m

    #.*Post. - N.\ 11.222*.#

    O complexo 'O Mundo' é um dos projetos imobiliários mais ambiciosos que os Emirados Árabes Unidos já desenvolveram. — Foto: Getty Images via BBC
    O complexo 'O Mundo' é um dos projetos imobiliários mais ambiciosos que os Emirados Árabes Unidos já desenvolveram. — Foto: Getty Images via BBC

    No final do século passado, os Emirados Árabes Unidos iniciaram um ambicioso projeto para construir luxuosos complexos em ilhas artificiais.

    Embora não tenha sido uma ideia original — no Lago Titicaca, entre o Peru e a Bolívia, existem ilhas artificiais com vários séculos de história — o projeto chamou atenção, entre outras coisas, por apresentar um desenho de figuras elaboradas e simétricas que podiam ser apreciadas do alto.

    Um desses projetos, talvez o mais ambicioso deles, era chamado de "O Mundo": ele compreendia um arquipélago de quase 300 ilhas artificiais que recriava a forma dos sete continentes, como visto nos mapas.

    O plano foi lançado pelo próprio primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Rashid Al Maktoum, em 2003.

    A ideia era que os compradores interessados ​​pudessem escolher uma ilha que simulasse o formato de um país ou uma região — desde o Reino Unido e os Estados Unidos até a Groenlândia.

    Com um investimento de US$ 12 bilhões (aproximadamente R$ 63 bilhões na cotação atual), somado à utilização de quase 321 milhões de metros cúbicos de areia e 386 milhões de toneladas de pedra, o objetivo era criar ilhas que pudessem ser convertidas em propriedades luxuosas para as pessoas mais ricas do mundo.

    "Os Emirados Árabes Unidos queriam encontrar uma forma de substituir a dependência do petróleo como principal fonte de recursos. E a escolha foi o negócio imobiliário", explica o professor Alastair Bonnett, geógrafo da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e autor do livro Elsewhere – A Journey into Our Age of Islands ("Outro lugar - Uma Viagem à Nossa Era das Ilhas", em tradução livre).

    "O modelo de ilhas artificiais, que foi copiado por outros países como a Nigéria, teve sucessos e fracassos", salienta ele.

    E esse empreendimento nos Emirados Árabes Unidos parece ser um dos que não prosperaram como planejado: o portal Top Luxury acaba de declarar "O Mundo" como o "megaprojeto mais inútil do planeta".

    A razão é simples: 21 anos após o início da iniciativa, apenas algumas ilhas foram completamente construídas. Além disso, vistas do céu, elas parecem uma série de pontos desertos e abandonados que estão longe de formar um mapa-múndi.

    "Nenhum dos planos traçados foi realizado ainda. Do jeito que as coisas estão, a maioria das ilhas que compõem 'O Mundo' ficou deserta e forma terrenos vazios de areia", descreve o portal.

    O prognóstico é ainda mais sombrio. Com 60% do empreendimento vendido e com os próprios promotores assegurando que os planos continuam em pé, várias investigações indicam que as ilhas já apresentam alguns sinais de erosão.

    Mas como um empreendimento que contava com o apoio de um país em expansão se tornou um complexo fantasma?

    A palmeira e o mundo

    Em 1999, os Emirados Árabes Unidos apresentaram-se ao planeta como um país moderno e internacional.

    Nesse mesmo ano, foi inaugurado o hotel Burb al Arab, que redefiniria o conceito de luxo no mundo.

    Além disso, o xeque dos Emirados Árabes Unidos também anunciou a construção do projeto "A Palmeira Jumeirah", um complexo residencial e hoteleiro que se ergueria numa ilha artificial que, como o nome indica, teria o formato de uma palmeira.

    Esse projeto teve um bom desempenho em vendas e incentivou planos de construção de outros empreendimentos semelhantes.

    Em 2003, o próprio Al Maktoum deu luz verde à construção do empreendimento "O Mundo", a rede de 300 ilhas ao largo das praias de Dubai que tentava, numa escala muito maior, replicar o sucesso da "Palmeira Jumeirah".

    Existem apenas algumas ilhas com projetos desenvolvidos n'O Mundo. — Foto: Getty Images via BBC
    Existem apenas algumas ilhas com projetos desenvolvidos n'O Mundo. — Foto: Getty Images via BBC

    "O projeto era ainda muito mais ambicioso: tratava-se de um complexo de ilhas chamado 'O Universo', onde também foram desenhados espaços como a Via Láctea, o Sol, a Terra", lembra Bonnett.

    O plano era amplo, mas também trazia simplicidade: consistia basicamente em instalar cerca de 300 ilhas artificiais, para que as pessoas ricas pudessem adquirir um "pedaço do mundo" e construíssem o que quisessem.

    Como salienta Oliver Wainwright, repórter do jornal britânico The Guardian, "os projetos em cada ilha também foram bastante marcantes: um bilionário chinês traçou planos para refazer o horizonte de Xangai na sua ilha, com uma réplica da icônica Torre de Televisão da cidade".

    Uma empresa chamada Opulence Holdings adquiriu o pedaço de areia equivalente à Somália, "com a ambição de esculpi-la na forma de um cavalo-marinho, onde os residentes pudessem jogar golfe a partir das suas varandas", acrescenta Wainwright.

    Na prática, porém, apenas alguns complexos foram construídos.

    Um deles, com o formato da Groenlândia, recebeu uma espécie de "casa modelo" e expunha tudo o que o projeto incluiria no futuro — não apenas espaços residenciais, mas também resorts e restaurantes.

    Outro empreendimento foi um casa doada, já totalmente construída, ao heptacampeão mundial de Fórmula 1, Michael Schumacher.

    Em 2003, o projeto foi apresentado assim pelo xeque dos Emirados Árabes Unidos. — Foto: Getty Images via BBC
    Em 2003, o projeto foi apresentado assim pelo xeque dos Emirados Árabes Unidos. — Foto: Getty Images via BBC


    Esta é a situação atual das ilhas — Foto: Getty Images via BBC
    Esta é a situação atual das ilhas — Foto: Getty Images via BBC

    No entanto, a crise financeira de 2008 acelerou o colapso do projeto.

    Muitos dos investidores que se comprometeram em comprar as casas ficaram sem recursos para continuar adiante,

    Desse modo, os planos iniciais continuam de pé, embora sem grandes avanços.

    "Um dos grandes problemas do projeto 'O Mundo' é que, ao contrário da 'Palmeira', ele não tem ligação física com Dubai. Não existe uma ponte ou qualquer ligação entre as ilhas", acrescenta Bonnett.

    A empresa Nakheel Properties, que é a atual responsável pelo projeto, indicou em diversas ocasiões que "O Mundo" continua e que eles buscam recursos para seguir em frente.

    Outros projetos

    Mas o fato de "O Mundo" não ter avançado como o esperado não significa que a ideia de transformar Dubai num centro de negócios imobiliários naufragou.

    Atualmente, a "Palmeira Jumeirah" abriga cerca de 4 mil casas, onde residem ao redor de 25 mil pessoas. Dezenas de hotéis e outras atrações também funcionam lá.

    Mas, apesar do bom desempenho, o negócio das ilhas artificiais para criar espaço de novos desenvolvimentos urbanos comerciais é um tanto arriscado.

    "O aumento do nível do mar torna arriscado o investimento em ilhas. Mas se há algo que caracteriza Dubai é assumir riscos, mesmo que sejam dispendiosos", acrescenta o professor Bonnett.

    Além disso, a construção de Jumeirah e de outros complexos como "O Mundo" ou a enorme "Ilha Deira" — cuja construção foi interrompida também por falta de recursos — teve um impacto ambiental alvo fortes críticas.

    A organização Greenpeace salientou que o projeto não é sustentável e que a construção das ilhas artificiais afetou gravemente os recifes de coral localizados nas proximidades da costa dos Emirados Árabes Unidos.

    A Nakheel Properties, embora tenha admitido que alguns ecossistemas marinhos foram afetados pelo desenvolvimento do projeto, disse que contratou uma equipe de biólogos marinhos para reconstruir e reabilitar os recifes afetados.

    Luana Piovani e Neymar trocam farpas sobre PEC das praias

    ------++-====-----------------------------------------------------------------------=======;;==========--------------------------------------------------------------------------------====-++---