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sábado, 30 de março de 2024

3 curiosos enigmas sobre o tempo (e por que há quem viva nos séculos 15 e 30 simultaneamente)

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Alguém escreve uma carta na França que chega à Inglaterra 3 dias antes... Como isso é possível? Peculiaridades do nosso tempo.
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TOPO
Por BBC

Postado em 30 de março de 2024 às 16h30m

#.*Post. - N.\ 11.155*.#

Como no século 19, estamos novamente observando a tendência de padronização dos calendários pelo mundo – é a história correndo em círculos — Foto: Emmanuel Lafont/BBC
Como no século 19, estamos novamente observando a tendência de padronização dos calendários pelo mundo – é a história correndo em círculos — Foto: Emmanuel Lafont/BBC

Poucas coisas são mais misteriosas do que o tempo. E, se você gosta de enigmas, aqui estão alguns aguardando para serem resolvidos.

Preparamos três enigmas relacionados ao tempo com o auxílio da professora de história Helen Parish, da Universidade de Reading, no Reino Unido.

Depois de ler e tentar resolvê-los, basta rolar a tela para encontrar as respostas — e conhecer outras curiosidades sobre o tempo que existem pelo mundo até hoje.

1. A carta impossível

Uma mulher se senta para escrever uma carta na França, no dia 8 de novembro de 1582. E a carta é recebida na Inglaterra três dias antes.

Como isso pode ser possível?

Teria a carta voltado no tempo ao atravessar o mar, entre a França e a Inglaterra? — Foto: Emmanuel Lafont/BBC
Teria a carta voltado no tempo ao atravessar o mar, entre a França e a Inglaterra? — Foto: Emmanuel Lafont/BBC

2. O mistério dos aniversários desaparecidos

Uma criança nasce em Roma, na primavera do ano 46 a.C. Ela vive até os 60 anos de idade, mas nunca comemorou o seu aniversário. Por quê?

Será possível viver uma vida longa sem comemorar um único aniversário? — Foto: Emmanuel Lafont/BBC
Será possível viver uma vida longa sem comemorar um único aniversário? — Foto: Emmanuel Lafont/BBC

3. O estranho envelhecimento do agricultor

Depois de trabalhar nos campos no último dia de dezembro do ano 800 a.C., um agricultor guarda suas ferramentas e vai dormir.

No primeiro dia do Ano Novo, ele pega de volta suas ferramentas e recomeça o trabalho. Mas ele está dois meses mais velho.

O que aconteceu?

As respostas

Você sai do trabalho em um dia e volta no dia seguinte – quanto tempo durou o seu descanso? — Foto: Getty Imagens/Via BBC
Você sai do trabalho em um dia e volta no dia seguinte – quanto tempo durou o seu descanso? — Foto: Getty Imagens/Via BBC

1. A carta impossível

Nos anos 1500, o velho calendário juliano foi substituído pelo calendário gregoriano.

Mas os diversos países da Europa adotaram o novo calendário em épocas diferentes. Com isso, os dias do continente ficaram fora de sincronia, deixando alguns países vários dias ou semanas atrás dos outros.

2. O mistério dos aniversários desaparecidos

Os romanos costumavam usar meses adicionais, conhecidos como "meses intercalados". Eles eram acrescentados em situações específicas, para realinhar o ano romano de 355 dias ao ano solar.

A criança em questão nasceu no mês intercalado, chamado mercedônio.

E o mercedônio foi acrescentado pela última vez na primavera do ano 46 a.C., de forma que o dia do aniversário daquela pessoa nunca mais se repetiu.

3. O estranho envelhecimento do agricultor

Antes do calendário juliano, o ano em Roma tinha apenas 10 meses. Os cerca de 60 dias de inverno, durante os quais não havia trabalho agrícola, não eram incluídos no calendário.

De forma que, nesse período do inverno, não havia o conceito real de "meses".

2024, 1385 ou 2973?

Estes enigmas podem parecer curiosidades do passado. Mas, mesmo no nosso mundo moderno, existem peculiaridades no calendário tão interessantes quanto estas.

Muitas culturas contam os anos e as idades de forma diferente – e se dão bem com isso.

Estamos no ano de 2024 em todo o mundo. Mas, em Mianmar, o ano é 1385. E, se você for à Tailândia, irá embarcar rumo ao ano 2567.

Os marroquinos estão rezando em 1445 e cultivando a terra em 2973, segundo o calendário berbere.

Já a Etiópia está em 2016. Lá, o ano tem 13 meses. Pagumē, o mês adicional, pode ter cinco dias — ou seis, se o ano for bissexto.

E, na Coreia do Sul, o dia de Ano Novo é o aniversário de todas as pessoas.

Os sul-coreanos consideram tradicionalmente que nascem com um ano de idade. A partir dali, eles têm a todo momento duas ou três idades oficiais: a idade doméstica tradicional, a idade internacional (que conta a partir do zeroe um ano de bônus quando todo o país envelhece junto, no dia 1º de janeiro — ou, simbolicamente, no Ano Novo Lunar.

E os coreanos ainda podem escolher se comemoram seus aniversários pelo calendário gregoriano ou pelo calendário lunar tradicional — embora toda esta tradição esteja se alterando.

O lento caminho até aqui

As datas servem de base para as nossas vidas. São uma daquelas coisas que parecem simplesmente existir.

Mas é claro que qualquer data específica (1º de janeiro de 2024, por exemploé a convenção estabelecida por um sistema de contagem do tempo – neste caso, o calendário gregoriano.

Por ser o calendário padrão global aprovado pela Organização Internacional de Normalização (ISO, na sigla em inglês), adotado em todos os setores internacionais, desde a aviação até a política, é fácil imaginar que o calendário gregoriano deve ser absolutamente preciso e eficiente – o que não é verdade.

O calendário gregoriano cresceu até dominar o mundo, em grande parte, por ter surgido no lugar certo, no momento certo e na cultura imperialista certa.

O papa Gregório 13 (1502-1585) ordenou a reformulação do calendário para corrigir distorções acumuladas ao longo dos séculos — Foto: Domínio público
O papa Gregório 13 (1502-1585) ordenou a reformulação do calendário para corrigir distorções acumuladas ao longo dos séculos — Foto: Domínio público

O papa Gregório 13 (1502-1585) ordenou a reformulação do calendário para corrigir distorções acumuladas ao longo dos séculos.

Produto da doutrina religiosa e da ciência do Renascimento, o calendário gregoriano foi criado para corrigir a diferença entre o ano litúrgico católico (baseado, na época, no calendário julianoe o ano solar real.

Na época em que o papa Gregório 13 ordenou a reforma do calendário, no final do século 16, o calendário juliano estava fora de sincronia com as estações do ano em cerca de 10 dias.

Isso ocorreu porque o calendário juliano apresentava um pequeno erro de 11 minutos e 14 segundos por ano. Era uma matemática impressionante para o ano 45 a.C., mas essa discrepância inevitavelmente se acumulava ao longo dos séculos.

A reforma do papa reduziu o erro anual do calendário para 26 segundos. Mas sua introdução, em 1582, imediatamente encontrou resistência.

Nem os protestantes, nem os cristãos ortodoxos, estavam dispostos a reelaborar seu conceito de tempo com base em um decreto papal. Por isso, apenas os países católicos da Europa adotaram o novo calendário a tempo para o ano de 1600.

Outras regiões começaram a adotar o novo calendário nos séculos que se seguiram. A Alemanha e a Holanda, protestantes, oficializaram a mudança em 1700, enquanto a Inglaterra e suas colônias fizeram o mesmo em 1800.

Em 1900, países não cristãos distantes, como o Japão e o Egito, já haviam adotado o novo calendário, mas países ortodoxos como a Romênia, a Rússia e a Grécia ainda resistiram por boa parte do século 20.

Foi somente no ano 2000 que a Europa inteira saudou a chegada de um novo século no dia primeiro de janeiro, pelo calendário gregoriano.

Mas a maior parte das principais potências imperiais já adotava o novo calendário em meados do século 19, quando o período colonial colocou mais de 80% do planeta sob domínio europeu.

Esse período coincidiu com um movimento das comunidades científicas e comerciais europeias e norte-americanas pela adoção de um calendário universal para facilitar o comércio. E, quase por falta de alternativas, o calendário gregoriano venceu.

Nas regiões que não foram conquistadas pela Europa, o calendário se espalhou por outros meios.

No seu livro The Global Transformation of Time ("A transformação global do tempo", em tradução livre), a historiadora Vanessa Ogle sugere que o capitalismo, a evangelização e a paixão científica pela uniformidade fizeram mais para padronizar o tempo do que qualquer política imperialista.

O colonialismo não chegou a ser um fator essencial. Beirute estava sob domínio otomano quando as datas gregorianas apareceram nos seus almanaques, no final do século 19. E o Japão nunca foi colonizado, mas adotou o calendário gregoriano em 1872.

Calendários simultâneos

Vivemos em muitas linhas do tempo diferentes, muitas vezes sem perceber. — Foto: Emmanuel Lafont/BBC
Vivemos em muitas linhas do tempo diferentes, muitas vezes sem perceber. — Foto: Emmanuel Lafont/BBC

Esta aceitação pode ter sido mais fácil porque se sabia que não seria uma relação monogâmica. Afinal, o uso de vários calendários paralelos já existia milênios antes da criação do calendário gregoriano.

Os antigos egípcios e os maias, por exemplo, usavam dois calendários, o religioso e o administrativo.

O rei coreano Sejong, o Grande, encomendou especificamente dois sistemas para sua reforma do calendário nos anos 1430. Um deles era adaptado do calendário chinês e o outro, do calendário árabe.

Na Beirute dos anos 1880, o calendário gregoriano era apenas um dos quatro calendários usados no dia a dia.

E o próprio Japão, que adotou inteiramente o calendário gregoriano, manteve seu sistema de datas imperiais, o calendário Rokuyo de dias auspiciosos e o calendário 24 Sekki de mudanças das estações do ano. Todos eles são utilizados até hoje.

A antropóloga social Clare Oxby estudou o uso de calendários na região do Sahel e no Saara. Ela cunhou a expressão "pluralismo de calendários" para descrever a coexistência de diversos sistemas de contagem do tempo, da mesma forma que o pluralismo legal indica sociedades com diversos sistemas de legislação.

Pode parecer malabarismo, mas, na prática, calendários diferentes atendem diferentes funções.

No norte da África, as comunidades imazighen, os tuaregues e outros povos de fala berbere podem usar três ou quatro sistemas simultaneamente: calendários estelares marcam as estações agrícolas; o calendário lunar islâmico orienta as práticas religiosas; e o calendário gregoriano determina as interações com o governo.

Viver em diversas linhas do tempo pode ser uma forma prática de unificar diferentes necessidades temporais.

Este conceito não é totalmente desconhecido na Europa e na América do Norte. As pessoas têm anos escolares e anos fiscais, por exemplo. De certa forma, é apenas questão de quando você começa a contar.

"Provavelmente, o uso de diversos calendários paralelos está muito mais presente no nosso mundo contemporâneo do que pensamos", afirma Oxby.

Mas, embora o pluralismo tenha sido uma presença constante ao longo da história, os calendários mudam todo o tempo. Os calendários atuais podem sofrer alterações daqui a apenas algumas décadas.

"Você pode ter mais [calendários] e eles podem ser diferentes. A cultura humana está em constante evolução", explica ela.

A comunidade imazighen comemora o Ano Novo conforme o seu próprio calendário em Tizi-Ouzou, na Argélia.

Os calendários na era digital

Uma mudança cultural em andamento hoje em dia é o crescimento do mundo digital.

Os cabos de fibra óptica substituíram as antigas rotas comerciais, levando o calendário gregoriano para lugares que o colonialismo não conseguia alcançar. E, pelo menos até agora, a conectividade criou um novo tipo de pluralismo de calendários.

O Nepal é um dos poucos países do planeta em que o calendário nacional não é o gregoriano. Oficialmente, o país vive no ano 2080 (pelo calendário Bikram Sambatou 1144 (segundo o Newari Nepal Sambat), ou ambos.

Ao todo, pelo menos quatro calendários são usados entre diferentes grupos étnicos do país, com diversos dias de Ano Novo.

O Nepal também está 15 minutos fora de sincronia com os demais fusos horários. É um país com sua própria linha temporal.

Ainda assim, muitos cidadãos nepaleses não veem motivo para usar diversos calendários simultaneamente. O caso de Sanjeev Dahal é um exemplo.

"Uso apenas o calendário Bikram Sambat", explica ele. "Nunca usei o Nepal Sambat na vida."

Esta não é exatamente uma questão monotemporal. O calendário Bikram Sambat inclui diversas formas religiosas e culturais de contagem do tempo ao longo do seu ano solar, com 12 meses lunares e seis estações.

Mas Dahal é hindu e mora na capital do Nepal, Katmandu. E, para ele, este sistema cobre todos os aspectos da sua vida, dos dias de jejum até o dia de pagamento.

Dahal precisa de apenas um calendário dentro do Nepal, mas ele é estudante de PhD à distância do Boston College, nos Estados Unidos. Ele estuda a diáspora nepalesa.

Por isso, ele mantém uma complicada interação com o calendário de outra cultura: a cultura digital, que é quase exclusivamente gregoriana, como a Europa imperialista do século 19.

"Eu existo em dois espaços e tempos", explica Dahal.

Ele encontrou uma solução tecnológica para esse enigma. Seu laptop está em 2024 e seu telefone celular em 2080. E um aplicativo o ajuda a se orientar entre os dois.

Para Dahal, existe uma divisão geracional no uso do calendário. Seus pais não usam o calendário gregoriano para nada.

Mas, entre seus amigos, existe também uma divisão funcional, com o gregoriano sendo usado comercialmente e o Bikram Sambat para eventos sociais e familiares.

O calendário ocidental pode dominar as redes sociais (e, portanto, decidir quando as pessoas enviam votos de feliz aniversário), mas é inútil para aspectos importantes da cultura nepalesa, como determinar dias auspiciosos e acompanhar os ciclos lunares.

Por todos estes motivos, Dahal não acredita que o calendário gregoriano venha a ser oficializado no futuro próximo.

No Nepal, a sensação de tempo é diferente do resto do planeta.

Padronização x diversidade cultural

A história pode correr em círculos.

Como no movimento pelo Calendário Mundial no final do século 19, o século 21 vem observando uma tendência pela unificação do calendário, por razões econômicas.

Em 2016, a Arábia Saudita mudou o cronograma de pagamento dos funcionários do governo do calendário islâmico para o gregoriano, o que foi interpretado, em grande parte, como uma medida de redução de custos.

E, em dezembro de 2022, a Coreia do Sul aprovou uma lei alinhando a contagem de idade das pessoas aos padrões internacionais. A contagem tradicional deixou de ser oficial no país, já que o sistema de múltiplas idades é considerado economicamente ineficiente.

Mas o que se ganha e o que se perde ao consolidar o calendário em um só, especialmente um calendário criado para ser usado em outra época e em um lugar diferente?

"Bem, os governos podem aumentar seu controle impondo calendários centralizados", afirma Clare Oxby. Ela também escreveu sobre a dinâmica de poder do uso dos calendários.

Mas "o país pode perder em história e diversidade cultural. As pessoas podem sair perdendo. Se elas fizerem parte de uma cultura regional minoritária, elas podem se sentir subvalorizadas nacionalmente."

Mais uma vez, 150 anos de globalização não tornaram o pluralismo obsoleto. Os calendários vão e vêm – e, mais frequentemente, eles mudam.

E, se há uma coisa que os seres humanos fazem muito bem, é mudar.

Leia a versão original (em inglês) das duas matérias que deram origem a esta reportagem:

"Leap year: Can you solve these time riddles?", de Martha Henriques.

"The people who live in multiple timelines", de Erin Craig.

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sexta-feira, 29 de março de 2024

Metal retorcido, destroços e barris jogados: imagens revelam interior do navio que bateu em ponte nos EUA; VÍDEO

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O cargueiro Dali levava material tóxico, e nas imagens é possível ver barris retorcidos espalhados pelo convés. Incidente ocorreu na terça em Baltimore.
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Por g1

Postado em 29 de março de 2024 às 06h15m

#.*Post. - N.\ 11.154*.#


Metal retorcido, barris jogados: o interior do navio que bateu em ponte nos EUA

Imagens divulgadas nesta quinta-feira (28) mostram a destruição por dentro do navio cargueiro Dali, que bateu contra a ponte Francis Scott Key, em Baltimore, na última terça-feira (veja no vídeo acima).

As imagens são de uma inspeção do Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA (NTSB, na sigla em inglês). O órgão enviou inspetores de materiais tóxicos e engenheiros para uma vistoria na embarcação.

É possível ver pedaços retorcidos da ponte que despencou depois da batida do Dali. Há também chapas de metal que se desprenderam, e partes desfiguradas do casco.

Também há barris espalhados pelo convés do Dali. Esse é um dos motivos pelos quais os inspetores entraram na embarcação: há receio de que o conteúdo desses barris, que é tóxico, vaze na água do rio. Em trechos do vídeo do NTSB é possível ver um líquido no convés do cargueiro.

Os inspetores também visitaram a cabine de comando e testaram os painéis das instalações.

Após a ponte colapsar, duas pessoas morreram ao cair no rio Patapsco, e outras quatro estão desaparecidas --e possivelmente mortas, segundo as autoridades. Eles eram operários que trabalhavam na manutenção da ponte.

Caixa-preta

Jennifer Homendy, a diretora-geral do NTSB, afirmou que o órgão investiga se o uso de combustível impróprio causou de alguma forma uma queda de energia do navio que o tornou incontrolável.

A embarcação, um porta-contêiner com bandeira da Singapura, havia acabado de sair do porto de Baltimore e iria ao Sri Lanka. Minutos antes do choque com a ponte, no entanto, o comandante reportou ter pedido o controle do navio.

Minutos antes da colisão

O navio começou a desviar de sua rota original dois minutos antes de colidir contra a ponte , apontam dados do MarineTraffic, site que monitora em tempo real o deslocamento de embarcações em todo o mundo.

A embarcação atingiu um pilar da ponte, em vez de passar por baixo dela.

Os dados do MarineTraffic, no horário local de Baltimore, apontam que:

  • 1h23 de terça: a embarcação seguia em linha reta, no curso de 140 graus, em direção ao vão central da ponte, a 15,7 km/h
  • 1h25: o navio passa a desviar para a direita, a 141 graus, com velocidade de 16,1 km/h. Imagens mostram que as luzes do navio se apagaram
  • 1h27: acontece o impacto com um dos pilares da ponte, com curso de 152 graus e velocidade de 14 km/h

O navio chegou a declarar emergência ("mayday", no código internacional). O comandante da embarcação informou às autoridades portuárias de Baltimore que havia perdido o controle da direção, depois de sofrer queda de energia e relatar problema nos propulsores, de acordo com Wes Moore, governador de Maryland.

Veja os detalhes no infográfico abaixo:

Infográfico apresenta detalhadamente como foi o acidente que derrubou uma ponte nos EUA em Baltimore
Foto: Arte g1 (Bárbara Miranda, Gabs, Guilherme Gomes e Wagner Magalhães)

Navio atinge ponte nos EUA

A ponte

O navio Dali, que carregava diversos contêineres, bateu no pilar da ponte Francis Scott Kay à 1h27, a cerca de 14 km/h, segundo o MarineTraffic.

Veja mais detalhes sobre a ponte e o navio no infográfico abaixo:

Infográfico apresenta mais detalhes sobre a ponte que desmoronou nos EUA em Baltimore e sobre o navio Dali.
Foto: Arte g1 (Bárbara Miranda, Gabs, Guilherme Gomes e Wagner Magalhães)

Infográfico apresenta como era a ponte e o navio

Navio começou a desviar dois minutos antes de impacto

Navio bateu contra ponte em Baltimore, nos EUA, causando o colapso da estrutura — Foto: NTSB via Reuters
Navio bateu contra ponte em Baltimore, nos EUA, causando o colapso da estrutura — Foto: NTSB via Reuters

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quinta-feira, 28 de março de 2024

O ano que durou 445 dias por confusão no calendário

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Para domar um calendário romano irremediavelmente desorganizado, Júlio César acrescentou meses, retirou alguns e introduziu os anos bissextos. Mas todo esse grande projeto quase foi frustrado por um erro básico de contagem.
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TOPO
Por BBC

Postado em 28 de março de 2023 às 14h00m

#.*Post. - N.\ 11.153*.#

O projeto de Júlio César de organizar o confuso calendário romano quase naufragou devido a um erro básico de contagem. — Foto: Getty Images
O projeto de Júlio César de organizar o confuso calendário romano quase naufragou devido a um erro básico de contagem. — Foto: Getty Images

Houve uma época em que o calendário era muito confuso. A festa da celebração da colheita, por exemplo, caía no meio da primavera.

Era o século 1º a.C. Segundo os rituais, deveria haver verduras e legumes prontos para comer durante a festa. Mas bastava o agricultor olhar para o campo e ficava claro que ainda faltavam vários meses para a colheita.

O motivo era o primeiro calendário romano. Ele ficou tão desregulado que importantes festivais anuais tinham cada vez menos semelhança com o que acontecia no mundo real. Até que Júlio César (100 a.C.-44 a.C.) quis corrigir esse sistema que não fazia mais sentido.

Não era uma tarefa fácil. Era preciso acertar o calendário do Império Romano e ajustá-lo para a rotação da Terra sobre seu eixo (um dia) e sua órbita em torno do Sol (um ano).

🧮 A solução encontrada por César nos deu o ano mais longo da história. Ele acrescentou meses ao calendário e os retirou em seguida, fixou o calendário às estações e criou o ano bissexto. Foi um projeto enorme, que quase deu errado devido a uma peculiaridade da matemática romana.

Estamos em 46 a.C. – o Ano da Confusão.

Os dias de festa e de jejum, entre outras datas importantes em Roma, eram sujeitos aos caprichos de um calendário que mudava de forma imprevisível ano após ano. — Foto: Getty Images via BBC
Os dias de festa e de jejum, entre outras datas importantes em Roma, eram sujeitos aos caprichos de um calendário que mudava de forma imprevisível ano após ano. — Foto: Getty Images via BBC

O ano de 46 a.C. pode ter sido complicado, mas não tanto quanto o anterior, segundo a professora de história Helen Parish, visitante da Universidade de Reading, no Reino Unido.

O primeiro calendário romano era determinado pelos ciclos da Lua e do ano agrícola. Observando com os olhos modernos, a impressão é que está faltando alguma coisa.

🗓️ O ano tinha apenas 10 meses. Ele começava em março (primavera do hemisfério norte) e o décimo mês do ano – o último – era o que conhecemos hoje como dezembro.

Seis desses meses tinham 30 dias e quatro tinham 31. Ao todo, o ano tinha 304 dias.

Como ficavam, então, os dias restantes?

"Os dois meses do ano em que não havia trabalho a se fazer no campo simplesmente não eram contados", explica Parish.

Em outras palavras, o Sol nascia e se punha, mas oficialmente não havia se passado nenhum dia no primeiro calendário romano"Foi aí que começaram a surgir as complicações", segundo a professora.

Em 731 a.C., o segundo rei de Roma, Numa Pompílio (753 a.C.-673 a.C.), decidiu melhorar o calendário romano. Ele acrescentou meses adicionais para cobrir o período de inverno.

"Qual o propósito de um calendário que cobre apenas uma parte do ano?", questiona Parish.

A resposta de Pompílio foi acrescentar 51 dias ao calendário, criando os meses que hoje chamamos de janeiro fevereiro. Esta extensão aumentou o ano-calendário para 355 dias. O número pode parecer estranho, mas foi escolhido de propósito.

Este número faz referência ao ano lunar (12 meses lunares), que tem 354 dias de duração. Mas, "devido à superstição romana com os números pares, foi acrescentado mais um dia, totalizando 355", segundo Parish.

Nesta reorganização, os meses foram dispostos de forma que todos tivessem números ímpares de dias, exceto fevereiro (28).

"Por isso, fevereiro é considerado de má sorte e a época de purificação social, cultural e política", segundo Parish. "É o momento em que você tenta apagar o passado."

Para a professora, o calendário de Pompílio foi um bom progresso, mas ainda faltavam cerca de 11 dias para atingir o ano solar de 365 dias e algumas horas.

👉🏾 "Mesmo esse calendário melhorado de Pompílio ainda fica dessincronizado com as estações com muita facilidade."

Perto do ano 200 a.C., o calendário estava tão adiantado que os romanos registraram como tendo ocorrido em 11 de julho um eclipse solar quase total observado em Roma no que hoje seria o dia 14 de março.

Quando o calendário atingiu esse ponto de "erro tão catastrófico", nas palavras de Parish, o imperador e os sacerdotes romanos recorreram à inserção pontual de um mês "intercalado" adicional, chamado mercedônio, para tentar realinhar o calendário às estações.

Mas isso não funcionou muito bem. Havia, por exemplo, a tendência de acrescentar o mercedônio quando autoridades públicas favorecidas estavam no poder e não para alinhar rigorosamente o calendário às estações.

O historiador e escritor clássico Suetônio (69-c. 141) queixava-se de que "muito tempo atrás, a negligência dos pontífices havia desordenado muito [o calendário], com seu privilégio de acrescentar meses ou dias segundo sua própria vontade, de forma que os festivais da colheita não caíam no verão, nem o das uvas, no outono."

O que nos traz de volta a Júlio César.

No ano de 46 a.C., já estava programada a inclusão de um mercedônio. Mas o astrônomo Sosígenes de Alexandria, consultor de César, afirmou que o mês adicional não seria suficiente daquela vez.

Seguindo o conselho de Sosígenes, César acrescentou mais dois meses nunca vistos antes ao ano de 46 a.C. – um com 33 e outro com 34 dias – para alinhar o calendário ao Sol. Estas adições criaram o ano mais longo da história, com 445 dias, ou 15 meses.

Após 46 a.C., o mercedônio, os dois meses novos e a prática de meses intercalados como um todo foram abandonados. Se tudo corresse bem, eles não seriam mais necessários.

"Então, voltamos a ter um calendário mais parecido com o que reconhecemos", conta Parish. "Excelente! Isso parece familiar e renovador!"

Os eventos agrícolas e as comemorações religiosas eram intimamente relacionados na Roma Antiga. O difícil era acompanhar essas datas com o instável sistema de calendário da época. — Foto: Getty Images
Os eventos agrícolas e as comemorações religiosas eram intimamente relacionados na Roma Antiga. O difícil era acompanhar essas datas com o instável sistema de calendário da época. — Foto: Getty Images

Mas, infelizmente, alinhar o calendário ao Sol é uma coisa – mantê-lo alinhado é outra, bem diferente. O inconveniente é que a quantidade de dias (rotações da Terra) em um ano (órbitas da Terra em torno do Sol) não é um número redondo.

"É onde todo o problema começa", explica o astrônomo Daniel Brown, da Universidade Trent de Nottingham, no Reino Unido. O número de rotações terrestres em uma volta do planeta em torno do Sol é de cerca de 365,2421897... dias.

Em outras palavras, a Terra acrescenta quase um quarto de volta a mais sempre que completa uma órbita em torno do Sol. Por isso, Sosígenes calculou que acrescentar um dia a cada quatro anos – em fevereiro – ajudaria a compensar o desalinhamento.

Este sistema teria funcionado muito bem, pelo menos por algum tempo, não fosse a forma idiossincrática em que os romanos contavam os anos.

"Eles olhavam para os anos e contavam: um, dois, três, quatro", explica Parish. "Depois, eles recomeçavam a partir de quatro – então, eles contavam: quatro, cinco, seis, sete. Depois, eles começavam em sete – eram sete, oito, nove, 10."

"Eles contavam acidentalmente um desses anos duas vezes. Não levou muito tempo para perceber o início do desalinhamento."

Isso foi corrigido no reinado de Augusto. Os anos bissextos passaram a acontecer a cada quatro anos em vez de três e o calendário juliano começou a funcionar bem.

"Júlio César está quase chegando aonde o calendário precisa estar", afirma Parish. 
Novas correções

O calendário juliano poderia ter sido o calendário definitivo, se a rotação da Terra, de fato, completasse exatamente um quarto de volta a mais todos os anos. Mas essa diferença é um pouco menor, em cerca de 11 minutos.

"Ou seja, lentamente ainda estamos ficando dessincronizados", segundo Brown.

Os eventos agrícolas e as comemorações religiosas eram intimamente relacionados na Roma Antiga. O difícil era acompanhar essas datas com o instável sistema de calendário da época. — Foto: Getty Images
Os eventos agrícolas e as comemorações religiosas eram intimamente relacionados na Roma Antiga. O difícil era acompanhar essas datas com o instável sistema de calendário da época. — Foto: Getty Images

A solução surgiu apenas muito tempo depois, em 1582, quando o papa Gregório 13 fez novos ajustes no calendário.

"Foi a correção feita pela reforma do calendário gregoriano – observar esse ponto e adaptar um pouco mais o calendário, cuidando para que [o ano bissexto] não seja apenas a cada quatro anos, mas para pular essa regra a cada 100 anos", explica Brown.

"Mas, depois, eles observaram que isso não coincide completamente – a compensação é excessiva. Por isso, a cada 400 anos, você não pula a regra."

É por isso que o ano 2000, por exemplo, foi bissexto: porque ele é divisível por 100 e por 400.

Para Parish, "tudo isso parece muito organizado", mas é aqui que a política começa a influenciar o curso do tempo. "É um calendário implementado por uma bula papal e, na verdade, não tem valor fora da Igreja e da tutela do bispo de Roma."

Houve pessoas que se queixaram de que o papa, na verdade, roubou 10 ou 11 dias do seu tempo ao ajustar o calendário, segundo Parish. Ainda assim, ao longo dos séculos, cada vez mais países passaram a adotar o calendário gregoriano.

"Mas, gloriosamente, eles não adotaram todos ao mesmo tempo", afirma Parish. "Se arrumou o calendário, mas passou a haver calendários em diferentes países seguindo modelos muito distintos."

Essas discrepâncias fazem com que "você possa ter a situação mais bizarra, na qual uma resposta escrita na Inglaterra para uma carta que chegou da Espanha pode parecer ter sido enviada antes da chegada da primeira", explica Parish, "porque a Inglaterra está na frente da Espanha no calendário."

Desde que foi amplamente adotado e sincronizado internacionalmente, o calendário gregoriano passou a oferecer alguns milênios de precisão. Mas ele ainda não é perfeito.

Na verdade, em meados do século 56, "alguém irá coçar a cabeça e dizer, 'espere um minuto, hoje deveria ser segunda, mas na verdade parece terça-feira'", segundo Parish. "Acho que provavelmente é uma margem de erro que iremos acabar aceitando."

Pelo menos, o calendário gregoriano nos fez ganhar algum tempo, até que chegue essa segunda-feira. Ou será que é terça?

Leia a versão original desta reportagem (em inglêsno site BBC Future.

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Na ONU, Brasil lança ferramenta contra mudanças climáticas que será adotada por 70 países

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Liderado pelo TCU, projeto reúne instituições superiores de controle internacionais que irão monitorar ações dos governos sobre o clima
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www.cnnbrasil.com.br/blogs/mariana-janjacomo
25/03/2024 às 21:17 | Atualizado 25/03/2024 às 21:35
Postado em 28 de março de 2024 às 06h45m


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Na ONU, Brasil lança ferramenta contra mudanças climáticas que será adotada por 70 países
Na ONU, Brasil lança ferramenta contra mudanças climáticas que será adotada por 70 países

Representantes de instituições superiores de controle de 70 países se reuniram nesta segunda-feira (25) na sede da ONU em Nova York para implementar uma ferramenta de monitoramento de ações governamentais sobre o clima.

A ideia é coletar e publicar informações sobre como os governos lidam com questões relacionadas ao meio-ambiente.

A plataforma, chamada Climate Scanner, foi idealizada pelo Tribunal de Contas da União do Brasil em 2022, quando o órgão começou a busca por parcerias.

Desde então, representantes de instituições superiores de controle têm dialogado para criar um mecanismo de trabalho e uma linguagem em comum, que possibilite a coleta e a divulgação dos dados de forma padronizada, igual para todos os países.

O que nós queremos fazer enquanto instituições superiores de controle é mostrar que, para além do debate político sobre o combate às mudanças climáticas, há também um dever de casa técnico que precisa ser visto, explica o presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, que participou da reunião na sede da ONU.

Essas medidas podem servir também para que a população cobre seus governos e, se for o caso, os aplauda, se a performance estiver sendo boa, adicionou.

Dantas conta que, em 2022, apresentou a proposta do projeto ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e recebeu um retorno positivo. Ele me disse que seria, sem dúvida alguma, a maior contribuição que instituições superiores de controle poderiam dar na defesa do planeta, relatou.

Os resultados obtidos pelo Climate Scanner serão apresentados em novembro, durante a COP20, a conferência da ONU para o Clima, que neste ano acontece no Azerbaijão.