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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Nível de gelo marinho atinge baixa histórica na Antártida e gera preocupação

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Degelo pode afetar a reprodução dos pinguins, além de acelerar o aquecimento global.
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TOPO
Por Reuters

Postado em 26 de setembro de 2023 às 06h15m

#.*Post. - N.\ 10.961*.#

Pequenos pedaços de gelo flutuam na água perto da Baía de Fournier, na Antártica, em 2020. — Foto: Reprodução/Reuters
Pequenos pedaços de gelo flutuam na água perto da Baía de Fournier, na Antártica, em 2020. — Foto: Reprodução/Reuters

O gelo marinho que contorna a Antártida atingiu neste inverno os níveis mais baixos já registrados, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC, em inglês). Divulgada na segunda-feira (25), a informação agravou a preocupação dos cientistas quanto aos impactos das mudanças climáticas no Polo Sul.

O derretimento do gelo pode impactar animais como os pinguins, que dependem dos grandes blocos de água congelada para se reproduzir e criar seus filhotes. Além disso, o degelo acelera o aquecimento global por reduzir a quantidade de luz refletida para o espaço.

Em 10 de setembro o gelo marinho da Antártida atingiu seu pico, cobrindo 16,96 milhões de quilômetros quadrados. Essa é a menor máxima para o inverno desde o início dos registros por satélite, em 1979.

Trata-se de aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados a menos do que o recorde anterior, em 1986.

"Não é apenas um ano de recorde, é um ano de quebra extrema de recorde", afirmou Walt Meier, cientista sênior do NSIDC.   

Embora as mudanças climáticas estejam contribuindo para o derretimento dos glaciares da Antártida, há pouca certeza sobre o impacto das temperaturas mais elevadas no gelo marinho perto do Polo Sul. A extensão do gelo na área cresceu entre 2007 e 2016.

A mudança nos últimos anos para condições de baixas recordes tem deixado cientistas preocupados com a possibilidade de as mudanças climáticas estarem finalmente refletindo no gelo marinho da Antártida.   

Um artigo acadêmico publicado neste mês pelo jornal Communications Earth and Environment descobriu que as maiores temperaturas dos oceanos, provocadas principalmente pelos gases causadores do efeito estufa, estão contribuindo para baixar os níveis de gelo marinho desde 2016. 

"A mensagem-chave aqui é a de que precisamos proteger essas partes congeladas do mundo que são muito importantes por uma série de fatores", afirmou um dos co-autores do estudo, Ariaan Purich, da Universidade Monash, na Austrália.

Entenda a crise do clima em gráficos e mapasEntenda a crise do clima em gráficos e mapas

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segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Fernando Alonso vai leiloar McLaren rara: só há 149 no mundo

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Carro foi ainda customizado pelo bicampeão mundial de Fórmula 1, que há três meses leiloou uma Ferrari por mais de R$ 28 milhões
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Por Redação do ge — Rio de Janeiro

Postado em 25 de setembro de 2023 às 14h25m

#.*Post. - N.\ 10.960*.#

O bicampeão mundial de Fórmula 1 Fernando Alonso vai leiloar o McLaren Elva que adquiriu em 2022. Um caro raro, já que apenas 149 unidades foram fabricadas - a do piloto é a de número 114. O leilão será realizado pela Bonhams no dia 25 de novembro, em Yas Marina, na véspera do Grande Prêmio de Fórmula 1 de Abu Dhabi, que marca o encerramento da temporada de 2023. E o próprio Alonso vai entregar as chaves para o comprador.

Bicampeão mundial de F1 Fernando Alonso vai leiloar seu McLaren Elva

- Oi, pessoal, Fernando aqui. Meu McLaren Elva pessoalmente customizado vai estar à venda com a Bonhams Car no Grande Prêmio de Abu Dhabi, em novembro. Então, estou ansioso para conhecer o comprador e entregar as chaves para ele. Boa sorte com o leilão, vejo você em breve - disse Alonso em um vídeo postado na página de Instagram da Bonhams, que realizará o leilão.

O piloto conheceu o carro pela primeira vez em 2019, como mostra o vídeo abaixo:

McLaren Elva customizado de Fernando Alonso vai a leilão — Foto: Bonhams
McLaren Elva customizado de Fernando Alonso vai a leilão — Foto: Bonhams

Não é a primeira vez que Alonso leiloa um carro raro esse ano. Em junho, o piloto espanhol já havia vendido o seu Ferrari Enzo - o primeiro de apenas 399 exemplares fabricados - por 5,4 milhões de euros. Na cotação da época, a cifra corresponde a mais de R$ 28 milhões.

Fernando Alonso vendeu Ferrari Enzo em leilão por mais de R$ 28 milhões — Foto: Divulgação/Monaco Car Auctions
Fernando Alonso vendeu Ferrari Enzo em leilão por mais de R$ 28 milhões — Foto: Divulgação/Monaco Car Auctions

O McLaren Elva

O McLaren Elva é um carro conversível de dois lugares e sem parabrisas, e por isso exige que seu piloto use capacete, como se estivesse numa prova de automobilismo. E teve seu interior customizado sob medida para Alonso, com toques de laranja mamão, a cor clássica da McLaren Racing. O bicampeão só o dirigiu por 5 km, o que torna o carro praticamente novo.

McLaren Elva customizado de Fernando Alonso vai a leilão — Foto: Bonhams
McLaren Elva customizado de Fernando Alonso vai a leilão — Foto: Bonhams

A expectativa da casa de leilões Bonhams para o leilão varia de 2,5 a 3 milhões de dólares, algo entre R$ 12.400 e R$ 14.900 - o preço original do Elva está em torno de 1,6 milhões, ou R$ 7.900.

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domingo, 24 de setembro de 2023

Maior amostra de asteroide já coletada cai de paraquedas nos EUA

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Cápsula da Nasa transportando amostras de solo que retirou da superfície do asteroide Bennu, do início do sistema solar, fez pouso bem sucedido no estado de Utah.
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TOPO
Por Reuters

Postado em 24 de setembro de 2023 às 13h35m

#.*Post. - N.\ 10.959*.#

Cápsula com maior amostra de asteroide já coletada chega de paraquedas à Terra
Cápsula com maior amostra de asteroide já coletada chega de paraquedas à Terra

Uma cápsula espacial da Nasa transportando a maior amostra já coletada da superfície de um asteroide atravessou a atmosfera da Terra no domingo e caiu de paraquedas no deserto de Utah.

Agora, a rocha celestial, que pode conter pistas valiosas sobre a origem da Terra (leia mais abaixo), ficará nas mãos dos cientistas, que analisarão o material.

👉Esta é a terceira e, de longe, a maior amostra de asteroide a ser trazida à Terra para análise, depois de duas missões semelhantes da agência espacial japonesa que terminaram em 2010 e 2020.

🪂A cápsula em forma de bala de goma, liberada da espaçonave robótica OSIRIS-REx, aterrissou em uma área prevista a oeste da cidade de Salt Lake City, em Utan. No local, ficam um vasto campo de testes e treinamento do Exército norte-americano.

A descida e o pouso finais, transmitidos ao vivo pela Nasa, encerraram uma missão conjunta de seis anos entre a agência espacial americana e a Universidade do Arizona.

A OSIRIS-REx coletou a amostra há três anos de Bennu, um pequeno asteroide rico em carbono descoberto em 1999. A rocha espacial é classificada como um "objeto próximo à Terra" porque passa relativamente perto do nosso planeta a cada seis anos, embora as chances de um impacto sejam consideradas remotas.

🪨 Aparentemente formado por uma coleção de rochas soltas, como uma pilha de entulho, Bennu mede apenas 500 metros de diâmetro, o que o torna um pouco mais largo do que o Empire State Building - um dos mais icônicos prédios de Nova York -, mas minúsculo em comparação com o asteroide Chicxulub, que se chocou com a Terra há cerca de 66 milhões de anos, eliminando os dinossauros.

Relíquia

Imagem feita pela Nasa mostra o asteroide Bennu, que teve uma amostra coletada em 2020 e que chegou à Terra em 24 de setembro de 2023. — Foto: Nasa/ Goddard/Universidade do Arizona via Reuters
Imagem feita pela Nasa mostra o asteroide Bennu, que teve uma amostra coletada em 2020 e que chegou à Terra em 24 de setembro de 2023. — Foto: Nasa/ Goddard/Universidade do Arizona via Reuters

Assim como outros asteroides, Bennu é uma relíquia do início do sistema solar. Como sua química e mineralogia atuais estão praticamente inalteradas desde que se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, ele contém pistas valiosas sobre as origens e o desenvolvimento de planetas rochosos como a Terra.

Ele pode até conter moléculas orgânicas semelhantes às necessárias para o surgimento de micróbios.

🌍Há três anos, a missão japonesa Hayabusa2 recuperou amostras de Ryugu, outro asteroide próximo à Terra, contendo dois compostos orgânicos, reforçando a hipótese de que objetos celestes como cometas, asteroides e meteoritos que bombardearam a Terra primitiva semearam o jovem planeta com os ingredientes primordiais para a vida.

🚀A OSIRIS-REx foi lançada em setembro de 2016 e chegou a Bennu em 2018, depois passou quase dois anos orbitando o asteroide antes de se aventurar perto o suficiente para coletar amostras de material solto da superfície com seu braço robótico em 20 de outubro de 2020.

A espaçonave partiu de Bennu em maio de 2021 para uma viagem de 1,9 bilhão de km de volta à Terra, incluindo duas órbitas ao redor do Sol.

☄️A cápsula entrou na atmosfera superior a 35 vezes a velocidade do som, cerca de 13 minutos antes do pouso, e brilhou em brasa enquanto se aproximava da Terra. Esperava-se que as temperaturas no interior da espaçonave atingissem 5.000 graus Fahrenheit (2.800 °C).

Os paraquedas foram acionados perto do final da descida, reduzindo a velocidade da cápsula para cerca de 20 km/h antes de aterrissar suavemente no chão do deserto do noroeste de Utah.

A amostra de Bennu foi estimada em 250 gramas, superando em muito os 5 gramas transportados do Ryugu em 2020 ou o minúsculo espécime entregue do asteroide Itokawa em 2010. Mas a quantidade de material entregue no domingo só será quantificada com mais precisão daqui a uma semana.

Uma equipe de recuperação de cientistas e técnicos estava de prontidão para recuperar a cápsula e confirmar se a integridade da espaçonave e do contêiner interno que contém o material do asteroide foi mantida durante a reentrada e o pouso.

Seu objetivo era manter a amostra intacta e livre de qualquer contaminação terrestre.

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sábado, 23 de setembro de 2023

Da pedra na vesícula ao chifre: como até partes inusitadas do boi são aproveitadas pela indústria

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Chifres são usados na fabricação de extintores de incêndio e a gordura bovina vai para a produção de sorvetes, segundo a Embrapa.
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Por g1

Postado em 23 de setembro de 2023 às 09h45m

#.*Post. - N.\ 10.958*.#

Chifres são usados na fabricação de extintores de incêndio  — Foto: Daniel Ochoa de Olza/AP
Chifres são usados na fabricação de extintores de incêndio — Foto: Daniel Ochoa de Olza/AP

De um boi se aproveita tudo, até mesmo os chifres. E se engana quem acha que essas partes inusitadas do animal são menos valorizadas do que uma peça de picanha ou o filé mignon.

As pedras retiradas da vesícula dos gados, por exemplo, podem custar até US$ 50 por grama, no mercado asiático. De olho nesse item de luxo, ladrões chegaram a invadir uma empresa exportadora e roubaram cerca de R$ 2 milhões em produtos, na última terça-feira (19), em Barretos (SP).

Também conhecido como pedra de fel ou cálculo biliar bovino, o item é usado na medicina tradicional chinesa para o tratamento de convulsões, desmaios, febre e várias outras doenças, afirmou pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Daniela Gomes, em entrevista ao g1.

De acordo com a Embrapa, ao todo, 49 segmentos industriais dependem do boi. Abaixo, você confere como algumas partes inusitadas são aproveitadas.

🐮Chifres e ossos🧯

Dos chifres dos bovinos são extraídos componentes presentes no pó dos extintores de incêndio e na fabricação de pentes e botões.

Já os ossos - fonte de cálcio e fósforo - são usados na produção de farinhas e rações para cães, gatos e aves. Uma vez calcinados, eles também podem ser aproveitados na fabricação de porcelana e cerâmica.

Além disso, usinas utilizam a ossada do animal como carvão para alvejar e refinar açúcar.

🐂Pele✂️

Após ser tratada, a pele do boi passa a ser chamada de couro. A partir daí, o material é usado na fabricação de roupas, bolsas, calçados, revestimentos, bancos e em material esportivo.

Da pele do boi se extrai ainda o colágeno, uma substância poderosa utilizada em cosméticos, como cremes e esmaltes. O produto também é usado na fabricação de medicamentos, de filmes radiológicos e de chicletes.

🧈Gordura e sebo 🍧

A gordura dos bovinos é aproveitada em receitas de sorvetes e produtos de confeitaria. Já o sebo, que não é comestível, serve para produção de velas, de sabão e de sabonetes perfumados.

🥩Glândulas 💉

Das suprarrenais, da tiróide e do pâncreas são extraídas substâncias usadas em medicamentos e perfumaria.

A insulina para diabéticos, por exemplo, é extraída do pâncreas bovino. Enquanto isso, do intestino, produzem-se fios usados em cirurgias.

🐄Pelos🖌️

Até mesmo os pelos dos animais são aproveitados na fabricação de pincéis e escovas de cabelo, de roupa e de limpeza. Já os pelos localizados nas orelhas dos bois são produzidos por pincéis, finíssimos, de pintura.

🩸Sangue 🌱

O sangue dos bovinos também é usado na produção de plasma, de soro, de farinha de sangue ou sangue solúvel. Conforme divulgado pela Embrapa, o plasma é usado na fabricação de alimentos embutidos (como a linguiça) e, do seu soro, confeccionam-se vacinas.

Por seu alto teor de nitrogênio, a farinha de sangue ainda é aplicada como fertilizante.

Tendões 🍮

Por fim, tendões e ligamentos dos bovinos são transformados, pela indústria, em gelatina.

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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

O satélite lançado pelo Brasil em 1993 que ainda funciona e é o mais antigo em operação atualmente

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O SCD-1 foi totalmente projetado, desenvolvido e integrado pelo Inpe, com significativa participação da indústria nacional
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TOPO
Por Evanildo da Silveira

Postado em 22 de setembro de 2023 às 06h20m

#.*Post. - N.\ 10.957*.#

SCD-1, o primeiro satélite brasileiro de coleta de dados a ir ao espaço. — Foto: INPE
SCD-1, o primeiro satélite brasileiro de coleta de dados a ir ao espaço. — Foto: INPE

Às 10h15 — 11h15 no horário de Brasília — da manhã de 9 de fevereiro de 1993, um avião B52 da Nasa decolou do Centro Espacial Kennedy, no Estado americano da Flórida.

Sob uma de suas asas, a aeronave carregava o foguete Pegasus, que, por sua vez, levava em seu "bico" o Satélite de Coleta de Dados 1, o SCD-1, o primeiro artefato brasileiro do tipo a ir ao espaço.

Às 11h41, ele foi colocado em órbita, a uma altitude de 750 km.

Tudo transcorreu de acordo com o previsto. Menos por um detalhe: seu tempo de operação previsto era de um ano, mas o SCD-1 está há mais de 30 anos em funcionamento, o que o torno o objeto mais antigo do mundo operando no espaço atualmente.

Em 17 de junho, quando completou 30 anos, 4 meses e 4 dias em órbita, ele superou o satélite japonês Geotail, cujas operações foram encerradas em novembro de 2022.

Segundo o pesquisador Adenilson Roberto da Silva, coordenador-geral de Engenharia, Tecnologia e Ciências Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a longevidade do SCD-1 se deve ao fato dele ser um satélite simples e robusto, além da alta qualidade do seu projeto e dos seus componentes.

"O projeto de um satélite envolve tecnologia e o conceito que está por trás dele, para que cumpra a missão a ele destinada", explica.

"O SCD-1 foi projetado para coleta de dados. Trata-se uma missão diferente de uma de imageamento, por exemplo. Ele não precisa ficar apontando para lugares diferentes, nem ter muita estabilidade."

A equipe responsável pelo satélite. — Foto: INPE
A equipe responsável pelo satélite. — Foto: INPE

Fomento à pesquisa tecnológica

Silva conta que esse satélite tem o princípio de estabilidade por rotação, e não por controle em três eixos.

É como se fosse um pião, que enquanto está girando fica em pé. Quando a rotação diminuiu ele tomba.

"O SCD-1 não precisa de computador de bordo, nem de softwares, nem de bateria, porque o próprio lançador deu o giro inicial, colocando-o em 120 rotações por minuto", diz.

Assim, combinando-se o projeto, o tipo de estabilização e componentes de alta qualidade se chega a uma vida útil tão longa.
— Adenilson Roberto da Silva

O SCD-1 começou a operar logo depois de ter sido colocado em órbita, quando seus primeiros sinais foram captados pela Estação Terrena de Alcântara, no Maranhão.

Hoje, ele continua cumprindo sua função de receber dados ambientais coletados por centenas de plataformas distribuídas no território brasileiro e retransmitir as informações para as estações terrestres localizadas em Cuiabá e Natal.

Os dados são armazenados em um sistema nacional e disponibilizados para os usuários.

De acordo com Silva, são principalmente dados meteorológicos, como chuvas, velocidade e direção do vento, umidade do ar e níveis de rios, por exemplo, que servem para fazer e aprimorar previsões do tempo.

Essas informações são vendidas para mais de uma centena de usuários, entre os quais empresas, universidades, institutos e centro de pesquisas e centrais elétricas.

O SCD-1 e seu irmão mais novo, o SCD-2, lançado em 22 de outubro de 1998, também por um foguete Pegasus, e ainda em operação, foram desenvolvidos no âmbito da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), criada em 1979 pelo Governo Federal.

O objetivo era promover a pesquisa científica, a capacitação de pessoal e a geração de tecnologia espacial no Brasil, com envolvimento da indústria nacional.

O satélite brasileiro está em operação desde 1993. — Foto: INPE
O satélite brasileiro está em operação desde 1993. — Foto: INPE

Formato de prisma

Para isso, a meta era o desenvolvimento de quatro satélites, um veículo lançador e de toda a infraestrutura de solo, na qual se inclui uma base de lançamentos.

Coube ao Inpe a responsabilidade pela fabricação dos satélites, sendo dois de coleta de dados e dois de sensoriamento remoto, bem como pela infraestrutura de solo para sua operação em órbita.

No caso do SCD-1, trata-se de um satélite com o formato de um prisma octogonal com diagonal de um metro e altura de 1,45 metro e que pesa 115 kg.

Ele foi totalmente projetado, desenvolvido e integrado pelo Inpe, com significativa participação da indústria nacional. Para seu desenvolvimento, o instituto investiu muito em laboratórios modernos e na formação de seus recursos humanos.

Houve também, no entanto, o uso de tecnologia de outros países, como grande parte dos componentes eletrônicos e o painel solar, que fornece energia ao satélite.

"O transmissor de dados é outro componente que veio de fora, no caso, do Japão", acrescenta Silva.

"Mas é importante ressaltar que se trata do primeiro desenvolvimento de um país na área de satélites. Isso mostra a competência tanto no projeto, quanto na fabricação."
— Adenilson Roberto da Silva

Silva também destaca a importância do SCD-1 para a atuação do Brasil na área espacial.

"Ele foi desenvolvido há 30 anos e se hoje somos capazes de projetar, desenvolver, integrar e lançar artefatos complexos, como o Amazônia 1, de 638 Kg – o primeiro satélite de observação da terra completamente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil, lançado em 28 de fevereiro de 2021 –, é porque tivemos uma curva de aprendizado muito grande", diz.

O pesquisador do Inpe lembra que são poucos os países do mundo que a partir de uma folha em branco são capazes de projetar um satélite, colocá-lo em órbita, operá-lo e receber os dados e processá-los.

"Somos um deles", orgulha-se. "O SCD-1 foi o precursor e um dos grandes pilares das atividades espaciais do Brasil."

Para Silva, é impossível que algum satélite moderno bata o recorde do SCD-1, não pela qualidade deles, mas pela sua complexidade.

"Hoje, além do avanço na eletrônica e da miniaturização dos componentes, estão sendo solicitadas funções cada vez mais complexas desses objetos", explica. "Não se faz mais artefatos simples como o SCD-1."

Segundo ele, hoje, por exemplo, há satélites que fazem processamento de imagem a bordo. "Imagina a complexidade da eletrônicas e dos computadores necessários para isso", diz.

"E quanto maior a complexidade e o nível de eletrônica envolvida maior a possibilidade de falhas. Elas são mais frequentes em equipamentos mais complexos, com mais eletrônica embarcada."

Por isso, ele acredita que se há um satélite capaz de superar o recorde do SCD-1 é o SCD-2. "Ele é uma evolução do primeiro", explica.

"Esse segundo possui um dispositivo eletromagnético, que controla sua velocidade de rotação. Ela não está caindo, ao contrário do que ocorre com a do SCD-1, que baixou de 120 para 5 rotações por minuto ao longo de 30 anos."

Silva acrescente que "quando ela chegar a zero, o satélite irá parar de operar. É difícil precisar quando isso vai acontecer, mas acredito que em cerca de dois anos. O SCD-2, por sua vez, deverá continuar por mais alguns anos".


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