Total de visualizações de página

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Como animais têm 'amizades' surpreendentemente parecidas com as humanas

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


A amizade evoluiu ao longo dos anos porque trouxe benefícios, tanto para os humanos quanto para os animais.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
TOPO
Por Beki Hooper, Delphine de Moor e Erin Siracusa, BBC, The Conversation

Postado em 17 de agosto de 2023 às 07h10m

#.*Post. - N.\ 10.916*.#

 — Foto: GETTY IMAGES
— Foto: GETTY IMAGES

Quando você pensa em amizade, o que vem à sua mente? Uma conversa telefônica até tarde da noite? Ver um filme e dividir uma pizza? Dar algumas risadas bebendo uma cerveja?

A amizade é uma parte central da experiência humana. Nossas histórias, nossas canções e nossas conversas são tecidas com fios de amizade.

Em termos científicos, duas pessoas são consideradas amigas se consistentemente preferem uma à outra ao invés de outros indivíduos. No entanto, os humanos não são os únicos que fazem amizades.

Talvez não seja tão surpreendente que nossos parentes mais próximos, como os chimpanzés e os bonobos, também tenham amigos.

Mas espécies de todo o reino animal, de pássaros e peixes a cavalos e golfinhos, também têm amigos. E é surpreendente o quanto essas amizades são semelhantes às humanas.

Semelhanças

Quando pensamos em nossos próprios amigos, percebemos que eles são iguais em vários sentidos.

Talvez vocês tenham crescido na mesma cidade e tenham estudado juntos, compartilhem hobbies ou tenham empregos semelhantes.

Essa propensão à semelhança, ou o que os cientistas chamam de "homofilia", não é exclusiva dos humanos. Acredita-se que essa preferência pela semelhança aumenta a previsibilidade e a confiança em um amigo.

Macacos, zebras, marmotas, elefantes e baleias mostram preferência por interagir com indivíduos próximos de sua faixa etária.

🐵 🐬 Chimpanzés e macacos-de-assam gostam de estar com outros que têm personalidades semelhantes (sim, os animais também têm personalidades) e os golfinhos preferem outros golfinhos que encontram sua comida de maneira semelhante.

Uma das tendências homofílicas mais estabelecidas é a afinidade por outros que compartilham os mesmos genes, ou seja, pela família.

Em todo o reino animal, as espécies mostram uma predileção por interagir com parentes.

Portanto, apesar das teimosas rivalidades entre irmãos, os membros de sua família podem estar entre seus melhores amigos.

Veja as finalistas do concurso que premia fotos mais engraçadas de animais selvagensVeja as finalistas do concurso que premia fotos mais engraçadas de animais selvagens

Conexão física
A conexão física é importante em qualquer tipo de relacionamento — Foto: GETTY IMAGES
A conexão física é importante em qualquer tipo de relacionamento — Foto: GETTY IMAGES

Quando consideramos a importância do toque nos relacionamentos, muitas vezes pensamos em parcerias românticas. Mas a conexão física pode ser importante em qualquer tipo de relacionamento.

Os animais nos provam isso. Alguns dos comportamentos que eles adotam para formar e manter amizades são bastante práticos.

Gralhas limpam seus amigos gentilmente com o bico, enquanto macacos usam as mãos. Esses comportamentos não são tão diferentes da forma como nós, humanos, abraçamos nossos amigos.

No entanto, no caso de alguns animais, os rituais de amizade podem parecer selvagens. Os macacos-prego-de-cara-branca cumprimentam seus melhores amigos enfiando os dedos nas órbitas oculares. Babuínos machos da Guiné testam seus laços acariciando os órgãos genitais um do outro.

Embora não recomendemos cutucar os olhos, um abraço na próxima vez que você disser olá ao seu melhor amigo pode ser uma boa ideia.

Mas é claro que nem todas as amizades exigem proximidade.

As amizades podem até se formar entre indivíduos de espécies que se evitam ativamente.

🐿️ Os esquilos-vermelhos-americanos são territoriais, o que significa que cada um deles defende sua própria casa e raramente entra em contato além do acasalamento.

Mas pesquisas mostram que esquilos que vivem juntos por muito tempo desenvolvem amizades que os ajudam a viver mais e a ter mais bebês. Quanto mais tempo esses esquilos vivem perto do mesmo vizinho, mais eles relaxam e gastam menos tempo e energia defendendo seu território.

Embora no passado as amizades dependessem de presença física, viagens internacionais, redes sociais e videochamadas mudaram a maneira como nos conectamos hoje.

🧫 A amizade humana está cada vez mais diferente, especialmente desde a pandemia de covid, mas nossos colegas animais têm nos mostrado que boas amizades podem ser cultivadas mesmo à distância.

Os golfinhos, por exemplo, mantêm proximidade se comunicando com outros golfinhos por meio de chamados de longas distâncias. Os sons emitidos podem viajar até 740 metros para ajudar a preservar relacionamentos de longa distância.

Muitos primatas, incluindo lêmures, macacos-japoneses, bonobos e chimpanzés, também usam vocalizações para manter laços sociais.

A amizade evoluiu ao longo dos anos porque trouxe benefícios, tanto para os humanos quanto para os animais.

Animais (incluindo humanos) que têm aliados vivem vidas mais longas e saudáveis, ajudando seus companheiros a lidar com os desafios.

Amigos podem oferecer apoio em tempos de conflito e fornecer proteção contra ameaças como predadores e escassez de alimentos.

Essa aliança pode ajudar a evitar ferimentos e morte. Por exemplo, orcas e lobos socialmente integrados têm maior probabilidade de sobreviver quando a comida é escassa do que aqueles que vivem nos limites de seus grupos.

Isso ocorre porque seus amigos compartilham alimentos e informações sociais sobre onde encontrá-los.

Ainda temos muito a aprender sobre a amizade animal, e alguns cientistas estão trabalhando para aprofundar nossa compreensão dos laços sociais dos animais.

👉 A vida humana moderna tende a estar longe de riscos como ser caçado por ursos ou lobos, mas o resultado final da amizade permanece verdadeiro.

Os humanos fazem amigos porque há benefícios mútuos. Esses benefícios podem ser um ombro para chorar, uma babá para cuidar de nossos filhos ou um aviso sobre vagas de emprego.

Como demonstram baleias, pássaros e primatas, os amigos nos ajudam. Sem eles, temos menos chances de sobreviver e prosperar.

* Beki Hooper, Delphine De Moor e Erin Siracusa são pesquisadoras de pós-doutorado em comportamento animal, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

** Este artigo foi publicado no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original em inglês.

Concurso elege a melhor foto engraçada de pets; confira as imagens finalistasConcurso elege a melhor foto engraçada de pets; confira as imagens finalistas

------++-====-----------------------------------------------------------------------=======;;==========--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS; veja FOTOS

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


São mais de 50 fragmentos encontrados de partes do crânio, bico e fêmur. De acordo com os pesquisadores, o réptil viveu no mesmo período dos dinossauros e tem parentesco com os pterossauros, os répteis voadores.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Mauricio Rebellato, RBS TV e g1 RS

Postado em 16 de agosto de 2023 às 15h10m

#.*Post. - N.\ 10.915*.#

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

Um estudo coordenado por paleontólogos do Rio Grande do Sul descobriu um fóssil de réptil pré-histórico, que viveu há 230 milhões de anos em um sítio arqueológico em São João do Polesine, na Região Central do estado. De acordo com os pesquisadores, o réptil, conhecido como Venetoraptor gassenae, viveu no mesmo período dos dinossauros e tem parentesco com os pterossauros, os répteis voadores.

São mais de 50 fragmentos encontrados de partes do crânio, bico e fêmur. A descoberta é destaque na edição desta quarta-feira (16) da revista Nature. A publicação é considerada uma das importantes de ciência do mundo.

"Esse fóssil foi descoberto em 2022. Aí ele passou por um processo de preparação, depois a gente analisa ele, junta dados para poder fazer a publicação, então é um estudo bem minucioso demora bastante. Além disso, ele passa por revisão de outros pesquisadores", explica o coordenador do Centro de Apoio a Pesquisas Paleontológicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rodrigo Temp Müller.

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

Os pesquisadores fizeram a reconstituição de como seria o esqueleto do Venetoraptor gassenae. O réptil tinha cerca de um metro de comprimento. O bico lembra o das aves de rapina e as garras eram longas e afiadas, característica que permitia ao animal segurar presas e escalar árvores.

"Eles tinham uma diversidade morfológica muito maior do que se imaginava. Então a gente derruba aquela ideia de que os precursores são animais simples fadados a extinção. A gente viu que existe uma diversidade muito maior e que a gente precisa explorar mais, para encontrar mais exemplares e completar esse quebra-cabeça evolutivo", complementa Müller.

O estudo contou com a participação de pesquisadores do Rio de Janeiro, da Argentina e dos Estados Unidos.

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

Região Central: abrigo de fósseis

A Região Central do RS é conhecida por abrigar alguns dos fósseis mais antigos do mundo. Desta vez, a descoberta foi no sítio arqueológico dentro de uma propriedade rural.

"Para nós, aqui da família Buriol, foi muito interessante. A gente deu um valor muito grande para isso, para todo mundo que nos conhece assim, né? Muito importante para nós", comemorou o agricultor Onélio Buriol.

As escavações continuam na região. Os estudiosos destacam que descobertas como essa ajudam a entender como era o ecossistema.

"Como viviam, o que faziam e, enfim, comparar com outros locais ao redor do mundo também", diz o pesquisador Mauricio Garcia.

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

------++-====-----------------------------------------------------------------------=======;;==========--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

terça-feira, 15 de agosto de 2023

'Titanic brasileiro': o naufrágio de 5 minutos do Príncipe de Astúrias, a maior tragédia marítima brasileira

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


Naufragado em 1916 perto de Ilhabela (SP), transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha e tinha estrutura de duplo casco, como o Titanic.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
TOPO
Por Simone Machado, BBC

Postado em 15 de agosto de 2023 às 12h15m

#.*Post. - N.\ 10.914*.#

O transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha — Foto: DIVULGAÇÃO via BBC
O transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha — Foto: DIVULGAÇÃO via BBC

Era madrugada de 5 de março de 1916 quando o transatlântico Príncipe de Astúrias passava pela costa de Ilhabela (SP) em direção ao porto de Santos (SP).

A bordo, oficialmente, estavam 588 pessoas, sendo 193 tripulantes. No entanto, estima-se que havia mais pessoas — imigrantes que viajavam sem registros.

A embarcação havia saído de Barcelona, na Espanha, com destino a Buenos Aires, na Argentina. Ela passaria por Las Palmas, Santos e Montevidéu até chegar ao seu destino.

O transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha e tinha 150 metros de comprimento. Era composto por dezenas de confortáveis cabines, subdivididas em 1ª e 2ª classes, classe econômica e setor de imigrantes, que concentrava quase a metade das pessoas que estavam a bordo.

O navio tinha ainda: restaurante, biblioteca, deck com vidros de cristal e sala de música.

Além da separação por pavimentos, cada classe tinha a sua cozinha e seu restaurante próprio. Assim, a cozinha internacional e requintada da primeira classe servia um cardápio diferente dos demais, explica Plácido Cali, arqueólogo e historiador.

As famílias ricas ficavam nos camarotes especiais da primeira classe, com quarto, sala e banheiro com banheira. Enquanto o chamado setor de imigrantes não tinha luxo, com quartos pequenos e até mesmo sem janelas.

Os passageiros eram de várias origens. Além de espanhóis, em sua maioria, havia italianos, portugueses, brasileiros, franceses, sírios, turcos, argentinos e ingleses. Dentre esses passageiros, havia trabalhadores do comércio, jornaleiros, domésticas, artistas, agricultores, industriários, curtidores, cozinheiros, carpinteiros, sapateiro e estudantes, detalha o historiador.

A lista de passageiros do transatlântico registrada no Porto de Santos — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC
A lista de passageiros do transatlântico registrada no Porto de Santos — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC

Naufrágio durou 5 minutos

Já fazia 16 dias que o Príncipe de Astúrias estava em alto mar. Era uma segunda-feira de carnaval. Durante a noite, havia ocorrido um baile e os tripulantes dançaram marchinhas no salão principal do navio.

Naquela madrugada, chovia muito e a visibilidade estava péssima até mesmo para o experiente capitão José Lotina. Era a oitava viagem dele no comando do Príncipe de Astúrias.

O historiador conta que foram encontrados registros de várias passagens do Príncipe de Astúrias pelo litoral do Brasil.

Os documentos da 'Inspectoria de Immigração no Porto de Santos' registram a passagem do Príncipe de Astúrias em outubro e novembro de 1914, janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro de 1915; janeiro e março de 1916, a última viagem dele, explica.

Uma das alternativas encontradas por Lotina para fugir da tempestade e melhorar a navegabilidade naquela madrugada foi mudar a rota. Em vez de seguir em mar aberto em direção a Santos (SP), ele ordenou que um desvio fosse feito. Ele não sabia que a nova rota ia em direção à parte mais rasa do mar e que ali havia uma área de corais.

Às 4h15, o luxuoso transatlântico bateu em formações rochosas na área da Ponta da Pirabura, na costa de Ilhabela (SP). O choque danificou sua estrutura, abrindo uma fenda de aproximadamente 40 metros no casco. Em poucos minutos, a casa de máquinas do navio foi inundada, causando a explosão das caldeiras, que partiu a embarcação em três pedaços.

Em cinco minutos, a tragédia aconteceu: o Príncipe de Astúrias naufragou e levou à morte mais de 440 pessoas, o que rendeu ao transatlântico o apelido de "Titanic brasileiro.

Para se ter uma ideia da rapidez do naufrágio, o Titanic levou mais de duas horas para afundar completamente.

Foram resgatadas 143 pessoas que estavam no Príncipe de Astúrias e diversos cadáveres foram retirados do mar por um navio inglês que passou pelo local após a tragédia.

Mais de um século depois, a razão do naufrágio do Príncipe de Astúrias ainda é motivo de controvérsia.

O corpo do capitão José Lotina nunca foi encontrado, assim como o de seu primeiro oficial, Antônio Salazar Linas.

Especula-se que havia imigrantes europeus sendo transportados clandestinamente porque o número de sepulturas encontradas nas praias passou de mil.

O Príncipe de Astúrias

O salão de música do navio — Foto: Divulgação via BBC
O salão de música do navio — Foto: Divulgação via BBC

O navio foi construído na Escócia, dois anos antes do naufrágio, em 1914, sob encomenda de uma companhia espanhola.

Ele tinha uma estrutura de duplo casco, assim como o Titanic. Essa tecnologia, na época, era considerada capaz de tornar a viagem mais rápida e segura.

O transatlântico era um navio misto: transportava pessoas e também cargas.

Na viagem que resultou na tragédia, além dos passageiros e tripulantes, a embarcação estava carregada com fios elétricos, vinho português, metais como estanho e cobre, e também 12 estátuas de mármore e bronze que tinham como destino o Monumento dos espanhóis (La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas), em Buenos Aires.

Acredita-se também que no navio havia 40 mil libras-ouro, porém elas nunca foram encontradas.

Veja a lista completa dos itens que estavam sendo transportado pelo transatlântico no dia da tragédia:

  • 12 estátuas de bronze, destinadas ao Monumento dos espanhóis, do Parque Palermo, em Buenos Aires;
  • 1.470 toneladas de peças de cobre; 668 toneladas de estanho; 25 toneladas de tungstênio; 150 toneladas de vanádio;
  • 106 toneladas de cromite; 490 toneladas de fios elétricos de alta tensão; 260 toneladas de chapas de cobre; 960 toneladas de chumbo; 450 toneladas de aços especiais; 80 garrafões de mercúrio.
  • Arsenal destinado à Marinha Argentina: 14 hélices de bronze de duas toneladas e nove hélices de uma tonelada; 20 âncoras de ferro de duas toneladas, 14 de uma tonelada e, ainda, 900 toneladas de correntes de ferro.
  • Fardos de cortiça.
Mergulho difícil

Hoje, mais de 100 anos depois do naufrágio, muitos dos destroços do navio estão em uma profundidade de 9 a até 30 metros, no litoral norte de São Paulo, e é possível mergulhar no local para vê-los.

No entanto, a área é um ponto de mergulho desafiador devido à movimentação da água no local.

Além disso, a cor turva deixa o local onde estão os destroços mais escuro, o que pode confundir os mergulhadores – especialistas alertam para o risco de entrar nos destroços do navio sem perceber e se perder no local. Apenas profissionais experientes conseguem acessar a área.

Assim, durante os mergulhos, é difícil ver os restos do transatlântico com clareza. Entretanto, ainda é possível avistar itens que compunham o cenário, como banheiras, chuveiros e até mesmo encontrar itens que eram levados a bordo, como pratos e outros utensílios.

Mergulhador profissional há 35 anos, João Paulo Franco, de 52 anos, mais conhecido como Johnny, já visitou os destroços do Príncipe de Astúrias seis vezes.

É um mergulho difícil porque é um local em que a água sempre está muito mexida, mesmo quando o mar está tranquilo. Mas é uma experiência muito interessante, é possível identificar onde eram a primeira e segunda classes, encontrar itens como as banheiras que tinham as cabines, e ver a parte das caldeiras e os porões. É um verdadeiro mergulho na história, diz.

Materiais recuperados compõem museu

Museu Náutico foi inaugurado em Ilhabela em 2022 — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC
Museu Náutico foi inaugurado em Ilhabela em 2022 — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC

Muitas dessas relíquias que estavam no Príncipe de Astúrias foram retiradas dos escombros pelos mergulhadores ao longo dos anos.

Elas e diversos itens encontrados na época do naufrágio por moradores do litoral compõem o Museu Náutico, que foi inaugurado em Ilhabela, em junho de 2022.

No museu, é possível encontrar talheres e pratos utilizados pelos hóspedes a bordo e até mesmo bonecas pertencentes a meninas que estavam viajando.

Também foi recuperada uma das 12 estátuas de bronze, destinadas ao Monumento dos espanhóis, do Parque Palermo, em Buenos Aires. Hoje ela está no Museu da Marinha, no Rio Janeiro (RJ). Há mais peças retiradas do navio Príncipe de Astúrias, no momento em poder de particulares, e é objeto de Inquérito Civil e de processo no IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para que esse material seja destinado ao Museu de Ilhabela, explica o historiador.

Cerca de 85 mil visitantes já passaram pelo museu desde a inauguração.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=======;;==========--------------------------------------------------------------------------------====-++-----

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Aumento da temperatura no planeta: Pesquisadores brasileiros que estiveram no Ártico falam sobre degelo;

<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>


'Muito maior do que esperávamos encontrar' Professores de Brasília foram ao Polo Norte na primeira expedição brasileira oficial, em julho, e presenciaram mudanças climáticas. Cientistas estão preocupados com possibilidade de gelo marinho desaparecer; entenda.
<<<===+===.=.=.= =---____--------   ----------____---------____::____   ____= =..= = =..= =..= = =____   ____::____-----------_  ___----------   ----------____---.=.=.=.= +====>>>
Por Caroline Cintra, g1 DF

Postado em 14 de agosto de 2023 às 07h00m

 #.*Post. - N.\ 10.913*.#

Calor e degelo no Ártico — Foto: Paulo Câmara
Calor e degelo no Ártico — Foto: Paulo Câmara

Pesquisadores que estiveram na primeira expedição brasileira oficial ao Círculo Polar Ártico foram surpreendidos pelas condições climáticas que encontraram na região: calor e degelo. A viagem foi em julho e três professores de Brasília participaram — dois deles estiveram no Polo Norte também em 2016.

"[Em 2016] estava sempre chovendo e sempre muito frio. Em 2023 estava um clima totalmente diferente. Nós tivemos dias que chegamos a usar mangas curtas. Pegamos dias com 10ºC. Foi muito quente mesmo, muito diferente do que imaginávamos e esperávamos encontrar", conta a professora Micheline Carvalho Silva, do departamento de Botânica da Universidade de Brasília (UnB).

Os cientistas estão preocupados com a possibilidade de o gelo marinho desaparecer em poucos anos, as previsões são pessimistas já para o verão de 2030. Um estudo recente na revista Nature Communications, que analisou mudanças de 1979 a 2019 na região, comparando diferentes dados de satélite e modelos climáticos, revelou que, mesmo se forem feitos cortes significativos nas emissões de gases de efeito estufa, o Ártico ainda poderia enfrentar verões sem gelo marinho até 2050.

Diferenças encontradas entre 2016 e 2023
Professora do Departamento de Botânica da UnB Micheline Carvalho Silva durante expedição no  Ártico — Foto: Arquivo pessoal
Professora do Departamento de Botânica da UnB Micheline Carvalho Silva durante expedição no Ártico — Foto: Arquivo pessoal

A professora Micheline Carvalho Silva esteve no Ártico em 2016. Ela conta que, à época, "era um lugar que chovia muito e era bastante frio". Por causa do clima, usavam roupas pesadas e o topo das montanhas eram tomados por neve, mesmo não sendo época de nevasca.

Neste ano, os pesquisadores se depararam com o solo seco e nenhum dia de chuva. "Era sol todos os dias. Sim, batia um ventinho, mas não era um vento muito frio", diz a pesquisadora.

"A gente conseguiu perceber que os topos das montanhas estavam bem descongelados, e tivemos a oportunidade de visitar uma geleira. A geleira está retraindo com o derretimento. Ela ainda existe, mas é uma geleira pequena" conta Micheline.

Calor e degelo no Ártico — Foto: Paulo Câmara
Calor e degelo no Ártico — Foto: Paulo Câmara

Também do Departamento de Botânica da UnB, o professor Paulo Câmara também esteve no Ártico nos dois períodos. Ao comparar as duas idas ao Polo Norte, ele afirma que a impressão que teve é que "agora está muito mais seco".

"Agora está muito mais quente, tem muito menos água, muito menos neve, muito menos gelo. A gente talvez até tenha que retornar lá para coletar amostra de neve e gelo, que não encontramos. Não foi possível coletar", conta o professor.

Segundo Câmara, o clima no Ártico, agora, é quase um "semiárido". "O aumento da temperatura no Ártico é bem documentada já, né? Não é uma novidade, isso já é um assunto conhecido da comunidade científica, levando esse derretimento que existe lá, a abrir novas rotas comerciais. As navegações agora vão poder passar por regiões no Ártico que não podiam passar antes. O que vai encurtar a distância".

"Nosso grupo de pesquisa está interessado em entender essas mudanças porque acreditamos que processos semelhantes estão começando a acontecer também na Antártica. Isso, certamente, afeta a vida de todos aqui no Brasil, uma vez que o Brasil é o sétimo país mais próximo da Antártica", diz o professor. 
Clima atípico

Pesquisadores durante primeira expedição brasileira ao ÁrticoPesquisadores durante primeira expedição brasileira ao Ártico

O professor Marcelo Ramada, da Universidade Católica de Brasília, conta que os pesquisadores foram preparados para o verão do Ártico, que tem temperatura média entre 2ºC e 4ºC, semelhante ao que já viram durante expedição na Antártica, com alguns dias a 0ºC. "Não foi isso que a gente vivenciou, foi bem atípico".

"Até olhamos a previsão do clima antes de irmos. Eu vi que realmente a previsão estava até 10ºC, 11ºC, o que eu já achei um pouco alto. Mas assim, o que a gente vivenciou foi ainda mais alto do que isso. É bem chocante a gente ver realmente as imagens dos locais", diz o pesquisador.

Com a mudança climática, Ramada reforça a importância da preservação e conservação do meio ambiente. "É cuidar de uma forma da gente poder evitar alguns possíveis desastres futuros. Porque, querendo ou não, se você tem um total descongelamento da Antártica, por exemplo, que é o local onde temos mais de 50% de toda água potável do mundo e, de repente, isso se torna uma água que vai para o oceano, os níveis dos oceanos vão subir absurdamente. Então, várias regiões costeiras certamente desaparecerão, tornando uma situação catastrófica".

"Uma coisa que até o professor Paulo Câmara fala bastante é que a Antártica pode se tornar um dos poucos locais de terra do mundo ainda habitáveis, dependendo do nível de aquecimento que a gente tiver. Só que assim, lógico, isso é bem catastrófico. Não seria algo para nossa geração. Mas nós não vivemos e planejamos coisas fazendo ciência pensando apenas na nossa geração. A gente sempre tem que pensar isso também para o futuro", diz o professor.
'Era da fervura global': gráficos mostram 'oceanos com febre', recordes de calor e gelo derretendo, tudo agora
------++-====-----------------------------------------------------------------------=======;;==========--------------------------------------------------------------------------------====-++-----