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domingo, 12 de fevereiro de 2023

O que é o enigmático quadrado de Sator, o quebra-cabeça sem solução há 150 anos

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Um símbolo cristão, um amuleto, um enigma ou apenas um conto: o antigo palíndromo de cinco palavras continua a provocar debates.
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TOPO
Por Dalia Ventura, BBC

Postado em 12 de fevereiro de 2023 às 07h15m

 #.*Post. - N.\ 10.680*.#

Um símbolo cristão, um amuleto, um enigma ou apenas um conto: o antigo palíndromo de cinco palavras continua a provocar debates — Foto: GETTY IMAGES
Um símbolo cristão, um amuleto, um enigma ou apenas um conto: o antigo palíndromo de cinco palavras continua a provocar debates — Foto: GETTY IMAGES

Pode ser só um enigma engraçado, criado por um cidadão romano por brincadeira. Mas o que ele não imaginava é que havia inventado um quebra-cabeça para os eruditos que o estudam até hoje, dois mil anos depois.

"A composição de palíndromos era um passatempo da nobreza romana", segundo Duncan Fishwick, autoridade mundial na história de Roma.

Eles eram frequentemente gravados nas paredes. Um dos exemplos mais antigos foi encontrado em Pompeia, ao lado de mais de 70 outros grafites. Mas esta é apenas uma das muitas teorias sobre o fascinante quadrado de Sator.

Não é de se estranhar que existam tantas explicações para o seu significado. Afinal, o quadrado passou 19 séculos sendo reproduzido em papiros, tábuas de argila e livros. Ele foi transformado em amuleto, receitado como remédio e copiado em ossos, madeira, pão, telhas, portas e muros de monumentos com diversos estilos e propósitos, na Europa, Ásia, África e na América.

Alguma coisa fez com que o quadrado de Sator fosse considerado especial. Mas seu significado original se perdeu. Estudiosos tentam reencontrá-lo há 150 anos, sem chegar a nenhuma conclusão que seja universalmente aceita.

Mas isso não diminui nossa atração pelo quadrado e sua maravilhosa criatividade.

25 em 5x5

Com suas 25 letras ordenadas em uma grade de 5x5, o quadrado de Sator não é um palíndromo comum.

Palíndromos são palavras ou frases que podem ser lidas igualmente em qualquer direção. Mas este é muito mais sofisticado que o clássico "socorram-me, subi no ônibus em Marrocos".

Ele é composto por cinco palavras em latim que interagem entre si: SATOR, AREPO, TENET, OPERA e ROTAS, dispostas de forma que possam ser lidas em quatro direções diferentes:

Sator — Foto: GETTY IMAGES
Sator — Foto: GETTY IMAGES

  • Horizontalmente, a partir do canto superior esquerdo;
  • Também horizontalmente, a partir do canto inferior direito;
  • Verticalmente, a partir do canto superior esquerdo;
  • E também verticalmente, mas a partir do canto inferior direito.

Trata-se do chamado palíndromo quádruplo.

Além disso, as palavras da primeira e da quinta linha são as mesmas, apenas invertidas. O mesmo ocorre na segunda e na quarta linha. E, como se ainda fosse pouco, a palavra central, na terceira linha — TENET — é um palíndromo.

O quadrado é também um acróstico múltiplo — qualquer letra de uma palavra no quadrado exterior é também a primeira letra de outra palavra que parte dela em ângulo reto.

E, se você desenhar uma linha diagonal partindo da letra "S", no canto superior esquerdo até o "S" no canto inferior direito, todas as letras de cada lado da linha estarão refletidas em perfeita simetria. O mesmo acontece se a linha for traçada entre as letras "R" no canto superior direito e inferior esquerdo.

Fantástico, mas... há um significado?

É aqui que tudo se complica. Vamos começar separando cada palavra, individualmente.

O quadrado de Sator, gravado em uma porta de Grenoble, na França. Quem poderá decifrá-lo? Os filólogos, os matemáticos ou os teólogos? — Foto: TUX-MAN
O quadrado de Sator, gravado em uma porta de Grenoble, na França. Quem poderá decifrá-lo? Os filólogos, os matemáticos ou os teólogos? — Foto: TUX-MAN

"Sator", em latim, significa semeador, agricultor, fundador, autor ou progenitor (geralmente, divino).

"Tenet" significa manter, sustentar, conservar, compreender, possuir, dominar.

"Opera" pode significar "com cuidado" ou "trabalho"; mas também quer dizer ajuda, serviço, esforço/problema ou obras e feitos.

Acredita-se ainda que "rotas" se refira a "rodas". Como verbo, quer dizer "fazer girar".

Por fim, "arepo". Esta é a mais obscura. Ela não aparece em nenhum lugar no mundo latino. Por isso, a maioria dos especialistas concorda que se trata de um nome próprio, embora, mesmo assim, não figure em nenhum outro lugar.

E...?

Se lermos de cima para baixo, começando com "Sator", pode-se construir a oração: "o fazendeiro Arepo domina suas rodas com dificuldade".

Ou, alterando-se a ênfase das palavras: "o semeador Arepo guia com as rodas com destreza".

É claro que não é o mesmo sentido. De qualquer forma, seria possível que o quadrado de Sator tenha sobrevivido por tanto tempo e atravessado tantas fronteiras geográficas e culturais, só para contar uma história tão trivial sobre um lavrador?

Pode ser, mas os estudos e debates continuam oferecendo outras hipóteses e interpretações. Estas traduções simples já foram reformuladas, resultando, por exemplo, na oração mais metafórica: "o Criador das terras domina as rodas celestiais".

Seria excesso de licença poética?

A frase pode ser justificada, considerando que a imagem de um agricultor todo-poderoso é encontrada na obra dos escritores latinos. Além disso, a palavra "sator" — com a imagem de "pai" no sentido de "criador" — era usada no final do século 1° para referir-se tanto ao deus da agricultura romano, Saturno, quanto a Júpiter, pai de todos os deuses e dos seres humanos.

O deus romano Saturno, em um afresco do século 1° d.C. em Pompeia. Ele poderia ser o semeador do quadrado de Sator. Seu nome, 'Sautran', aparece abaixo do mais antigo dos quadrados. — Foto: GETTY IMAGES
O deus romano Saturno, em um afresco do século 1° d.C. em Pompeia. Ele poderia ser o semeador do quadrado de Sator. Seu nome, 'Sautran', aparece abaixo do mais antigo dos quadrados. — Foto: GETTY IMAGES

Outros estudiosos acreditam que o quadrado deve ser lido em estilo bustrofédico — uma forma de escrever empregada na Grécia Antiga, lida em direções alternadas.

O bustrofédon pode indicar origens estoicas greco-romanas ou pitagóricas para o quadrado. Sua leitura resulta em frases como SATOR OPERA TENET — TENET OPERA SATOR que significa algo como: "o que você semear, irá colher".

Mas a questão incômoda sobre a palavra desconhecida "arepo" permanece. E, com ela, as tentativas de decodificação.

Uma delas parte do princípio de que "arepo" seria uma contração de Aerópago (Corte Suprema). Neste caso, a frase SATOR OPERA TENET AREPO ROTAS poderia ser traduzida como:

"O semeador decide seus trabalhos diários, mas só a Corte Suprema decide sobre o seu destino." Em outras palavras, os mortais escolhem seus caminhos, mas os destinos são escolhidos pelos deuses.

Mas, enquanto alguns estudiosos continuavam se concentrando nas palavras, outros romperam os limites do quadrado e começaram a brincar com as letras.

Deus e o diabo

Uma das formas elaboradas foi SAT ORARE POTEN ET OPERA ROTAS. Seu significado mais comumente aceito é "poder suficiente para orar e trabalhar diariamente". Ou, resumidamente, o lema "ora et labora" (ore e trabalhe).

Já outros encontram relações com o diabo. Em 1883, o historiador alemão Gustav Fritsch reformulou as letras para descobrir uma invocação a Satanás.

Já o historiador francês Guillaume de Jerphanion (1877-1948) encontrou, com as mesmas letras, exemplos de fórmulas conhecidas para exorcismos, como este:

RETRO SATANA, TOTO OPERE ASPER ("afasta-te, Satanás, cruel em todas as tuas obras").

Mas a reorganização de letras mais impressionante talvez seja a formação da palavra "PATERNOSTER" ("Pai nosso"), duas vezes, intercaladas na letra "N" para formar uma cruz.

PATERNOSTER — Foto: BBC
PATERNOSTER — Foto: BBC

Esta foi uma das razões que convenceram muitas pessoas de que o quadrado de Sator era um símbolo originalmente cristão. Chegou-se até a dizer que as duas letras "A" e as duas letras "O" que sobraram representariam Alfa e Ômega — a primeira e a última letra do alfabeto grego, atribuídas a Jesus pelo apóstolo João, quando escreveu o livro do Apocalipse:

"Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim" (22:13).

Também é preciso destacar que, no quadrado, a palavra TENET forma uma cruz. E não há dúvida de que o quadrado de Sator foi significativo no cristianismo.

Sua presença nas igrejas e em contextos e conteúdos que incluem páginas da Bíblia é testemunha dessa importância. Em diferentes épocas e lugares, o quadrado de Sator esteve relacionado à tradição cristã das formas mais variadas.

Um texto bizantino garante que o quadrado contém os nomes de batismo dos três Reis Magos, que não aparecem na Bíblia: Ator, Sator e Peratoras. Já o Livro Etíope dos Mortos atribui aos pregos da cruz de Cristo nomes similares às palavras do quadrado: Sador, Alador, Danet, Areda e Rodas.

Uma hipótese é que o quadrado de Sator foi projetado para ajudar os fiéis na contemplação, fornecendo uma recordação da presença de Deus. Outra possibilidade muito difundida é que os primeiros cristãos o tenham usado para comunicar-se secretamente quando eram perseguidos pelas autoridades do império romano — como fizeram com o símbolo do peixe, o Ichthus.

Placa de fogo com inscrição mágica, utilizada para expulsar os maus espíritos do fogo, no combate a incêndios. Faz parte do acervo do Museu Oberhaus, em Passau, na Alemanha. — Foto: GETTY IMAGES
Placa de fogo com inscrição mágica, utilizada para expulsar os maus espíritos do fogo, no combate a incêndios. Faz parte do acervo do Museu Oberhaus, em Passau, na Alemanha. — Foto: GETTY IMAGES

Origem desconhecida

Embora se tenha como certo que os cristãos adotaram o quadrado enigmático, é pouco provável que eles tenham sido seus criadores.

Os exemplos mais antigos conhecidos do quadrado foram encontrados sob as cinzas da erupção do vulcão Vesúvio, na Itália, que soterrou Pompeia no ano 79 d.C. E existe um consenso entre os estudiosos de que a presença do cristianismo na cidade, naquela época, era improvável.

E há outras razões que precisam ser consideradas:

  • O idioma comum do cristianismo naquela época era o grego, não o latim;
  • O conceito de Deus como alfa e ômega só seria difundido entre os cristãos posteriormente;
  • Pai Nosso era uma expressão que já era utilizada por outros credos. O nome do deus romano Júpiter, por exemplo, era uma contração de "lou" ("deus do céu") e "pater" ("pai"). Júpiter era, portanto, o seu pai que estava nos céus;
  • A cruz só se tornaria um símbolo popular de Cristo ao longo do século 2°;
  • Os símbolos cristãos codificados são mais fortemente relacionados aos períodos de perseguição generalizada, especialmente a partir do século 3°.

Por todas estas razões, muitas pessoas concluem que o quadrado de Sator foi reciclado e reapropriado pelos cristãos posteriormente.

Sobre as suas verdadeiras origens, existem muitas teorias que o relacionam às escolas filosóficas pitagórica e estoica, além de religiões como o orfismo e o misterioso mitraísmo. Também se afirma que referências a divindades gregas ou egípcias tenham sido codificadas no quadrado.

Mas uma das teorias mais dominantes, respaldada por importantes acadêmicos, é que suas raízes provavelmente se encontram no judaísmo antigo.

O quadrado de Sator, em hebraico. — Foto: BBC
O quadrado de Sator, em hebraico. — Foto: BBC

Havia muitos judeus residentes em Pompeia, que falavam latim. Sua afinidade pelos símbolos de palavras místicas e codificadas é conhecida e alguns estudiosos consideram que interpretar o palíndromo como uma equação matemática representa a divindade judaica.

Os mesmos motivos que, para alguns, provam que o símbolo era cristão também parecem ser válidos para o judaísmo. Por exemplo:

  • As letras "T" de TENET podem ser explicadas como cruzes cristãs, mas também como a forma latina do símbolo judaico da salvação "tau" (de Ezequiel);
  • A palavra latina "Paternoster" também era comum no judaísmo. Diversas orações judaicas já faziam referência ao "Pai Nosso";
  • O conceito de alfa e ômega aparece no judaísmo muito antes do cristianismo (Êxodo 3:14 e Isaías 41:4 e 44:6). Já as letras "aleph" e "tau" são usadas no Talmud como símbolos de totalidade.

O quadrado pode ter sido criado durante as perseguições aos judeus nos anos 19 ou 49 d.C. e caído em desuso, para ser posteriormente resgatado pelos cristãos que enfrentavam perseguições similares e apreciavam o simbolismo oculto do quadrado.

Encanto

Seja qual for a origem do quadrado, ele resistiu... e modificou-se.

Com o passar dos séculos, foram atribuídas a ele propriedades mágicas, sendo considerado um amuleto para afastar o mal ou as enfermidades.

Placa de fogo com inscrição mágica, utilizada para expulsar os maus espíritos do fogo, no combate a incêndios. Faz parte do acervo do Museu Oberhaus, em Passau, na Alemanha. — Foto: WOLFGANG SAUBER
Placa de fogo com inscrição mágica, utilizada para expulsar os maus espíritos do fogo, no combate a incêndios. Faz parte do acervo do Museu Oberhaus, em Passau, na Alemanha. — Foto: WOLFGANG SAUBER

O quadrado era usado para curar qualquer coisa, desde mordidas de cachorro e raiva (comia-se pão com o quadrado modelado na manteiga) até dores de dente, medo de água ou a loucura.

Na Alemanha medieval, acreditava-se que um disco talhado com o quadrado podia apagar incêndios. Na Islândia, ele era gravado nas unhas para curar icterícia. No Brasil, era usado para curar picadas de cobras.

Seu significado original e até as primeiras interpretações podem ter se perdido, mas o quadrado de Sator serviu de linha para conectar práticas místicas através do tempo e da distância e tecer parte da colcha de retalhos que forma a cultura global. E continua cumprindo com esta função, gerando comentários acadêmicos e polêmica entre os eruditos.

Um desses eruditos descreveu o quadrado de Sator como morador da "região misteriosa onde se encontram a religião, a superstição e a magia, onde se acredita que as palavras, os números e as letras, quando adequadamente combinados, exercem poder sobre os processos da natureza..."

É possível que o criativo autor do quadrado ficasse satisfeito com esta observação.

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sábado, 11 de fevereiro de 2023

Cerrado registra mais que o dobro do desmatamento da Amazônia em janeiro

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Apesar da queda de 10% em comparação com ano passado, tamanho da área devastada é de 441,85 km², maior que Curitiba, por exemplo. Dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nesta sexta (10).
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Por Walder Galvão, g1 DF

Postado em 11 de fevereiro de 2023 às 14h45m

 #.*Post. - N.\ 10.679*.#

Incêndio no Cerrado do Distrito Federal — Foto: Joelson Maia / TV Globo
Incêndio no Cerrado do Distrito Federal — Foto: Joelson Maia / TV Globo

O desmatamento no Cerrado Brasileiro atingiu 441,85 km² em janeiro de 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (10). Conforme o levantamento, a área devastada no bioma é mais que o dobro registrado na Amazônia (167 km²) (saiba mais abaixo).

A área de Cerrado desmatada apresentou queda de 10% em comparação com igual período do ano passado, quando o registro ficou em 491,64 km². Apesar disso, o perímetro desmatado é maior do que a cidade de Curitiba inteira – a capital do Paraná tem 434,892 km².

De acordo com o WWF Brasil, o patamar de destruição no Cerrado é considerado "alto". Conforme a organização, o bioma já perdeu quase 50% da cobertura original e, apesar da redução, "não é momento para se comemorar, já que as perdas anuais são superiores às da Amazônia".

Cerrado: berço das águas

Área de Cerrado desmatada — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT
Área de Cerrado desmatada — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT

O Cerrado é chamado de berço das águas porque alimenta oito das 12 principais bacias hidrográficas do país. Ele responde por mais de 90% da vazão da bacia do São Francisco e por quase metade de toda a vazão da bacia do rio Paraná, que abastece a Hidrelétrica de Itaipu.

O monitoramento do bioma é feito pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).

Desmatamento nas unidades da federação

Veja em quais estados do Brasil o Cerrado foi mais devastado:

  • Na Bahia, o Inpe registrou a maior área de devastação: 156,37 km²
  • O Piauí, que perdeu 123,79 km² do bioma, segue em segundo lugar
  • O Maranhão perdeu 44,57 km² de Cerrado
  • Mato Grosso perdeu 39,41 km²
Comparação de áreas de Cerrado devastadas em janeiro de 2019 até 2023

Em janeiro de 2021, a área desmatada de Cerrado no país foi de 138,01 km². Em 2020, foram 194,87 km².

Apenas 2019, que registrou 544,5 km², superou os patamares de devastação dos demais períodos (veja gráfico abaixo).

Áreas de desmatamento no Cerrado em janeiro (km²)
544,5544,5194,87194,87138,01138,01491,64491,64441,85441,85201920202021202220230100200300400500600
Fonte: Deter/Inpe

Devastação na Amazônia

A área de 167 km² devastada na Amazônia em janeiro de 2023 foi a quarta menor marca para o mês na série história do Deter, que começou em 2015.

No ano passado, o índice chegou a 430 km² no mesmo mês. Assim, a queda em relação ao mesmo período de 2022 foi de 61%.

No ano passado, o índice chegou a 430 km² no mesmo mês. Assim, a queda em relação ao mesmo período de 2022 foi de 61%.

VÍDEO: destruição do Cerrado

Cerrado brasileiro perde mais de 20% da vegetação nativa que tinha na década de 1980Cerrado brasileiro perde mais de 20% da vegetação nativa que tinha na década de 1980
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Garimpo aumentou 787% em terras indígenas entre 2016 e 2022, aponta Inpe

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Dados do Inpe mostram crescimento da mineração ilegal em áreas de reservas protegidas e especialista vê projeto de exploração econômica da Amazônia como fator determinante para a prática.
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Por Arthur Stabile e Poliana Casemiro, g1

Postado em 11 de fevereiro de 2023 às 09h40m

 #.*Post. - N.\ 10.678*.#

Garimpo ilegal em fazenda no Pará — Foto: Ascom PRF
Garimpo ilegal em fazenda no Pará — Foto: Ascom PRF

O garimpo ilegal em terras indígenas na região Norte do Brasil aumentou mais de oito vezes entre 2016 e 2022, apontam dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

As atividades foram detectadas nas Terras Indígenas Yanomami, em Roraima, e em seis reservas do Pará: Sai-Cinza, Munduruku, Baú, Kayapó, Apyterewa e Trincheira/Bacajá.

Avanço do garimpo em terras indígenas de 2016 a 2022 — Foto: Arte/g1

A atividade de garimpo em terras indígenas ganhou projeção nacional em razão da crise sanitária na Terra Indígena Yanomami, a maior do país. Devido ao avanço do garimpo ilegal na região, crianças e adultos enfrentam casos severos de desnutrição e malária.

Segundo os dados do Inpe, em 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB), a área de mineração ilegal em terras indígenas estava em 12,87 km², o equivalente a quase metade do arquipélago de Fernando de Noronha.

Em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), o número registrado aumentou 787%, cerca de 114,26 km² --787%. Houve queda em 2022, também sob Bolsonaro, quando 62,1 km² foram detectados como área de mineração ilegal.

Os dados são fornecidos por meio de alertas pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (além de mineração, ele detecta exploração de madeira e queimadas, por exemplo).

Evolução do garimpo ano a ano:

  • 2016 - 12,87 km²
  • 2017 - 48,72 km²
  • 2018 - 79,17 km²
  • 2019 - 97,24 km²
  • 2020 - 92,38 km²
  • 2021 - 114,26 km²
  • 2022 - 62,1 km²

Para Luciana Gatti, pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Inpe, houve um projeto de exploração econômica na Amazônia durante o governo Bolsonaro. As iniciativas envolviam desmatamento para plantação de soja, milho e explorar minérios, diz.

"Ele foi alterando as políticas públicas, desmantelando órgãos de fiscalização e tomando um monte de medidas para tornar inefetivas as leis de proteção ambiental —tentando, deliberadamente, alterar leis no Congresso", afirma Luciana.

O impacto é direto no solo e nos rios, com a fauna e flora afetadas, além da higiene e sobrevivência da população local, segundo a pesquisadora. "É um desastre do ponto de vista humano e ambiental.", diz.

No início de 2022, Bolsonaro assinou um decreto criando o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala.

O principal objetivo, segundo o texto, era "estimular o desenvolvimento da mineração artesanal e em pequena escala", com o objetivo de alcançar o "desenvolvimento sustentável regional e nacional", mas que incentivou a mineração em terras protegidas, como apontam especialistas.

Para além dos resultados locais imediatos, o desmatamento causado pelo garimpo influencia no aquecimento global. A devastação ambiental à queda no volume de chuva e ao aumento na temperatura.

"Esse estrago causa mudanças climáticas e vai tornando mais difícil recuperar a floresta. O crime que ocorre ali é hediondo e afeta a coletividade de uma maneira que todos nós vamos pagar a conta", afirma Luciana Gatti.

Emergência na TI Yanomami

No dia 20 de janeiro, o Ministério da Saúde do governo Lula (PT) decretou emergência na Terra Indígena Yanomami para atender indígenas com fome e sem atendimento médico. Entre as causas de malária desenfreada na região está a exploração ilegal de mineiros por parte de garimpeiros.

A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros estejam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami. São pouco mais de 30 mil Yanomami na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, a comunidade sofre com o avanço do garimpo ilegal, que apenas em 2022 cresceu 54%.

Na quarta-feira (8), uma força-tarefa do governo federal destruiu um avião, um trator de esteira e estruturas usadas na logística do garimpo. Dois dias depois, na sexta (10), a Polícia Federal deflagrou a operação Libertação para combater o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.

Entre os alvos da operação está Vanda Garcia de Almeida, irmã do governador de Roraíma, Antonio Denarium (PP), e o sobrinho dele, Fabrício de Souza Almeida.

Operação contra garimpo ilegal na Terra Yanomami destrói equipamentosOperação contra garimpo ilegal na Terra Yanomami destrói equipamentos

A suspeita da PF é de que havia um esquema de lavagem de dinheiro era de oriundo da extração ilegal de ouro da Terra Indígena Yanomami.

Além da irmã e do sobrinho, outros parentes do governador estão entre os alvos das buscas da PF.

Dados coletados pelo MapBiomas indicam que 9,3% de toda atividade de garimpo no país, em 2020, ocorreu dentro de áreas indígenas. As Terras Indígenas Kayapó e Munduruku, ambas no Pará, e a Yanomami, em Roraima, lideram o ranking. A expulsão de garimpeiros em Roraima tem potencial para agravar a situação em outras TIs da região Norte, em especial no Pará.

Com Roraima no radar das autoridades e a Aeronáutica no controle do espaço aéreo, garimpeiros fogem de barco, arriscam voos e passam dias em caminhadas para cidades no entorno. Além disso, seguem rumo a outros pontos de garimpo já conhecidos. A 1,2 mil quilômetros da TI Yanomami fica a reserva Munduruku, a mais próxima dentro do Pará.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Ferramentas pré-históricas encontradas no Quênia têm origem misteriosa e intrigam arqueólogos

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Pesquisadores encontraram 330 ferramentas de pedra de 2,9 milhões de anos no local. No entanto, não se sabe qual espécie de hominídeo criou e usou artefatos.
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Por g1

Postado em 10 de fevereiro de 2023 às 05h00m

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Da esquerda para direita: uma ferramenta percussiva encontrada em 2016, um núcleo Olduvaiense encontrado em 2017 e flocos Olduvaienses encontrados em 2016 e 2017. Sítio de Nyayanga no sudoeste do Quênia. — Foto: T.W. Plummer, J.S. Oliver, E. M. Finestone/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Da esquerda para direita: uma ferramenta percussiva encontrada em 2016, um núcleo Olduvaiense encontrado em 2017 e flocos Olduvaienses encontrados em 2016 e 2017. Sítio de Nyayanga no sudoeste do Quênia. — Foto: T.W. Plummer, J.S. Oliver, E. M. Finestone/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

Às margens do Lago Vitória, no Quênia, uma equipe de arqueólogos encontrou 330 ferramentas de pedra de 2,9 milhões de anos, algumas das mais antigas já descobertas. A origem dos artefatos, no entanto, é um mistério: não se sabe qual espécie de hominídeo criou e usou os objetos.

Os cientistas responsáveis pela pesquisa disseram na quinta-feira (9) que encontraram três tipos de ferramentas no sítio arqueológico de Nyayanga: martelos e núcleos de pedra para triturar plantas, ossos e carne, e lascas afiadas para cortar carne. Esses artefatos são exemplos de um tipo de tecnologia da Idade da Pedra chamada de Olduvaiense.

Essa tecnologia:

  • Consiste em objetos feitos de pedra;
  • Foi revolucionária para os hominídeos da época;
  • Permitiu processamento de alimentos e expansão do cardápio;
  • Já foi encontrada em diversas regiões da África;
  • Foi utilizada por pelo menos 1 milhão de anos;
  • Chegou até a Geórgia e a China graças ao Homo erectus.

Acreditava-se que as ferramentas Olduvaienses eram utilizadas apenas por espécies pertencentes ao gênero Homo, um agrupamento que inclui nossa espécie e nossos parentes mais próximos. Entretanto, a recente descoberta colocou esta teoria em xeque.

Além dos artefatos, dois dentes foram encontrados em Nyayanga. Após análises, os arqueólogos concluíram que os molares são os fósseis mais antigos já localizados de um hominídeo do gênero Paranthropus.

"A associação dessas ferramentas de Nyayanga com o 'Paranthropus' pode reabrir o caso de quem fez as ferramentas Olduvaienses mais antigas. Talvez não apenas os 'Homo', mas outros tipos de hominídeos estivessem processando alimentos com a tecnologia", disse Thomas Plummer, principal autor da pesquisa, à Reuters.

 Molares de 'Paranthropus' recuperados no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia.  — Foto: S. E. Bailey/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Molares de 'Paranthropus' recuperados no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia. — Foto: S. E. Bailey/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

A descoberta, então, deu lugar a um mistério, pois não se sabe ao certo quem foram os criadores das ferramentas encontradas no sítio arqueológico do Quênia.

"Existem várias possibilidades. E, a menos que encontremos ossos de mão fossilizados enrolados em uma ferramenta de pedra, o criador das primeiras ferramentas Olduvaienses pode ser desconhecido por muito tempo", afirmou Rick Pott, paleoantropólogo e coautor do estudo, à AP.

Outros hominídeos, como o Australopithecus, também perambulavam pelo planeta naquela época. Os Homo sapiens surgiram mais tarde, apenas cerca de 300.000 anos atrás.

Enquanto algumas espécies de primatas não humanos produzem tecnologias que auxiliam no forrageamento, os humanos são exclusivamente dependentes da tecnologia para sobreviver, explicou Plummer.

Exemplo disso são alguns ossos de hipopótamo encontrados em Nyayanga. As marcas de corte nos fósseis indicam que a carne foi cortada para alimentação — essas são as evidências mais antigas do consumo de um animal grande já registrado.

Esqueleto fóssil de hipopótamo e artefatos Olduvaienses no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: T.W. Plummer/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Esqueleto fóssil de hipopótamo e artefatos Olduvaienses no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: T.W. Plummer/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

Os primeiros humanos provavelmente também usaram os objetos para quebrar ossos de antílopes para retirar sua medula gordurosa, triturar material vegetal e descascar as cascas externas de raízes de plantas duras.

Ferramentas de pedra permitiam, mesmo nesta data tão inicial, extrair muitos recursos do meio ambiente, disse Plummer. Se você pode abater um hipopótamo, pode abater praticamente qualquer coisa.

Esta foto fornecida pelo Projeto de Paleoantropologia da Península Homa mostra a escavação no local de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: J.S. Oliver/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Esta foto fornecida pelo Projeto de Paleoantropologia da Península Homa mostra a escavação no local de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: J.S. Oliver/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

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