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quinta-feira, 21 de abril de 2022

Unicamp cria gel de óleo vegetal capaz de substituir gordura saturada em pães e sorvetes e reduzir riscos à saúde

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'Oleogel' promete diminuir chances de infarto e AVC a partir da diminuição do consumo de gordura animal. Pesquisa da Engenharia de Alimentos foi publicada em duas revistas científicas.
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Por EPTV

Postado em 21 de abril de 2022 às 10h50m

Post.- N.\ 10.297

Pesquisa da Unicamp desenvolve óleo gel que pode substituir gordura saturadaPesquisa da Unicamp desenvolve óleo gel que pode substituir gordura saturada

Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um gel feito de óleos de soja, linhaça ou girassol que pode ser usado na alimentação para substituir a gordura saturada. O novo produto promete ser menos prejudicial ao coração e ao cérebro, já que reduz as chances de acidente vascular cerebral (AVC).

O "oleogel" foi criado a partir dos óleos tradicionais de gordura insaturada, que aumentam os níveis do colesterol HDL, popularmente chamado de colesterol bom. Segundo os pesquisadores do Departamento de Engenharia de Alimentos, o gel poderá ser usado em sorvetes, embutidos, margarinas e biscoitos.

Para dar mais consistência ao produto, a pesquisa da Universidade Estadual de Campinas usou uma cera natural extraída de frutas vermelhas, além de um emulsificante a base de soja para garantir a mistura. Ao fim do estudo, a pesquisa foi publicada em duas revistas científicas.

"O que a gente procurou aqui é que fosse saudável, mas que mantivesse as características que o consumidor está acostumado no seu alimento tradicional. Ele é um sólido, embora mais de 90% seja de óleo líquido", explicou a professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos, Rosiane Lopes da Cunha.

Gel produzido a base de gorduras vegetais pode ser usada em alimentos, diz pesquisa da Unicamp — Foto: Reprodução/EPTV
Gel produzido a base de gorduras vegetais pode ser usada em alimentos, diz pesquisa da Unicamp — Foto: Reprodução/EPTV

A junção dos três elementos gerou o produto. Os pesquisadores indicam que o gel pode ser usado na indústria alimentícia para compor a textura dos alimentos, papel que atualmente é das gorduras saturadas.

Enquanto as gorduras insaturadas são originárias de óleo vegetal, como azeite, amêndoas, nozes e castanha de caju, as saturadas são encontradas em fontes de origem animal, como carne, leite e ovos. Quando consumidas em excesso, aumentam o colesterol ruim e as chances de infarto e AVC.

"Vai fazer com que a gente forme placa de ateroma, que são placas mesmo, dentro dos nossos vasos, e vai causar a deficiência do fluxo de sangue, provocando um entupimento, desencadeando um infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral", disse a nutricionista Adriana Passos.

As gorduras de origem animal estão presentes no nosso cotidiano alimentar, mas Adriana alerta que elas devem ser ingeridas com parcimônia.

"Vou dar um exemplo: um indivíduo que consume 2 mil calorias no dia. Dessas 2 mil, no máximo 7% era gordura saturada. Então vai fazer parte da nossa alimentação, não tem como excluir totalmente. Porém, quando a gente excede, começa a ser prejudicial".

Pesquisadora da Unicamp mostra 'oleogel' produzido a partir do óleo de cozinha — Foto: Reprodução/EPTV
Pesquisadora da Unicamp mostra 'oleogel' produzido a partir do óleo de cozinha — Foto: Reprodução/EPTV

Parece banha ou toucinho

Segundo Rosiane, o novo produto tem uma textura familiar, bem parecida com a da banha, por exemplo. "Nós pegamos um óleo comum, aquele que a gente usa na cozinha, e transformamos em um gel que é parecido com uma gordura sólida, como banha ou toucinho, que a gente também conhece".

Agora, a meta é buscar métodos para introduzir o gel na indústria.

"Existe uma série de indústrias que podem se beneficiar dessa tecnologia: a indústria de produtos panificados, os biscoitos, recheios de biscoito... Os produtos como salame, mortadela, presunto. As margarinas, os chocolates, os sorvetes", completou a professora.

Gel criado por pesquisadores da Unicamp foi produzido com óleos de soja, linhaça ou girassol  — Foto: Reprodução/EPTV
Gel criado por pesquisadores da Unicamp foi produzido com óleos de soja, linhaça ou girassol — Foto: Reprodução/EPTV

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terça-feira, 19 de abril de 2022

FOTOS: Exposição revela belezas do Parque Nacional do Iguaçu com registros de funcionários

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Mostra tem 41 imagens de 20 fotógrafos da concessionária do parque. Fotografias estão expostas no Centro de Visitantes das Cataratas do Iguaçu, uma das Sete Maravilhas da Natureza.
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Por Mari Kateivas, g1 PR — Londrina

Postado em 18 de abril de 2022 às 09h35m

Post.- N.\ 10.296

Fotografia das Cataratas do Iguaçu faz parte de exposição no parque, em Foz do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A
Fotografia das Cataratas do Iguaçu faz parte de exposição no parque, em Foz do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A

Visitar o Parque Nacional do Iguaçu (PNI) e não voltar para casa com pelo menos uma fotografia é quase impossível diante das belezas da Unidade de Conservação (UC), em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Mas indo além dos registros apressados dos turistas, uma exposição fotográfica no parque tem destacado a riqueza da Mata Atlântica que abriga as Cataratas do Iguaçu, uma das Sete Maravilhas da Natureza. Veja, abaixo, algumas das fotos expostas.

A mostra “Belezas do Parque" conta com 41 fotografias feitas pela equipe de 20 fotógrafos da concessionária Cataratas do Iguaçu S.A., empresa responsável pela administração do lugar.


Registro com longa exposição dá ideia de desenho em foto das Cataratas do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A.
Registro com longa exposição dá ideia de desenho em foto das Cataratas do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A.

Os profissionais que participam da exposição são responsáveis por fotografar momentos únicos dos visitantes brasileiros e estrangeiros nas Cataratas. Registros que são, frequentemente, com muita água diante dos olhos e das lentes.

Entretanto, para a exposição, o foco e os cliques se voltaram especialmente para a fauna, a flora e natureza da unidade.

"Pessoal começou a marcar para fotografar depois do horário comercial, que pega o pôr do sol, tem muita imagem de pôr do sol bonita. Alguns grupos vieram na primeira hora da manhã, onde os animais saem para se alimentar, ficam mais ativos. Quando têm turistas na trilha, esses animais se escondem um pouco mais. Então teve um empenho muito grande por parte dos fotógrafos", contou o curador e supervisor da exposição, Nilton Rolin.

Quati foi flagrado próximo da passarela das Cataratas do Iguaçu — Foto: Bruno Santos/Cataratas S.A
Quati foi flagrado próximo da passarela das Cataratas do Iguaçu — Foto: Bruno Santos/Cataratas S.A

A iniciativa começou com um concurso interno de fotografia na concessionária, com duração de três meses para captação das imagens.

Segundo Rolin, após o resultado ser ainda melhor do que o esperado, a direção aceitou a ideia de expor o material no Centro de Visitantes da Unidade de Conservação.

"Essa exposição contempla a beleza da nossa Mata Atlântica, fauna e tudo mais, muito bem representado nessas imagens."

Ave foi registrada com quedas d'água ao fundo, em Foz do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A.
Ave foi registrada com quedas d'água ao fundo, em Foz do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A.

Fotografias

Nilmar Fernando trabalha como fotógrafo no parque há mais de 10 anos. Ele teve sete imagens selecionadas para a exposição.

Segundo o profissional, as Cataratas são como uma segunda casa para ele.

"Sempre que possível, costumo ficar no pôr do sol fotografando porque o parque se transforma depois que os turistas vão embora. Nós possuímos um dos pores de sol mais lindos do Brasil, senão do mundo. Poder eternizar esses momentos me enche de alegria, é como se fosse uma terapia, a qual sempre estou em busca da foto perfeita", contou.

Pôr do sol foi fotografado nas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Ana Paula Ferreira/Cataratas S.A.
Pôr do sol foi fotografado nas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Ana Paula Ferreira/Cataratas S.A.

Já a fotógrafa Ana Paula Ferreira, que trabalha na área há sete anos, explicou que se sente honrada em poder registrar a emoção das pessoas ao sentirem a energia das águas no parque.

Entretanto, disse que se surpreendeu com o resultado dos registros que fez apenas da natureza, pois nunca tinha fotografado no horário do pôr do sol no parque.

Com a foto acima, ela ganhou o 1º lugar do concurso fotográfico do PNI na categoria natureza.

"Foi uma experiência única. [...] Estava acostumada a tirar só fotos de dia, dos turistas ali na frente das principais quedas. Aí ir lá, sair a rotina e registrar coisas totalmente diferentes, foi muito bom. A luz do sol nas águas, entre 18h30 e 19h, é divina. É um dos melhores pores de sol que vi na vida. O sol se pondo reflete na água, dando aqueles reflexos bonitos que tem a foto," contou.

Passarela do Parque Nacional do Iguaçu vazia após fechamento da unidade para visitantes — Foto: Lucas Demetrio/ Cataratas S.A
Passarela do Parque Nacional do Iguaçu vazia após fechamento da unidade para visitantes — Foto: Lucas Demetrio/ Cataratas S.A


Quati se molha com água das Cataratas do Iguaçu — Foto: Lucas Demetrio/Cataratas S.A.
Quati se molha com água das Cataratas do Iguaçu — Foto: Lucas Demetrio/Cataratas S.A.


Cataratas do Iguaçu são fotografadas ao cair da noite — Foto: Jonny Benitez/Cataratas S.A.
Cataratas do Iguaçu são fotografadas ao cair da noite — Foto: Jonny Benitez/Cataratas S.A.


Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Fábio Júnior/ Cataratas S.A
Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Fábio Júnior/ Cataratas S.A


Fauna, a flora e natureza são registradas na exposição das Cataratas do Iguaçu — Foto: Alexandre Klein/Cataratas S.A.
Fauna, a flora e natureza são registradas na exposição das Cataratas do Iguaçu — Foto: Alexandre Klein/Cataratas S.A.


Vazão média das Cataratas do Iguaçu é de 1,5 milhões de litros por segundo — Foto: Henrique Britez/Cataratas S.A.
Vazão média das Cataratas do Iguaçu é de 1,5 milhões de litros por segundo — Foto: Henrique Britez/Cataratas S.A.


Lagarto nas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Halisson Denior Kock/Cataratas S.A.
Lagarto nas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Halisson Denior Kock/Cataratas S.A.


Coruja nas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Wesley Wanderley/Cataratas S.A.
Coruja nas Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Wesley Wanderley/Cataratas S.A.


Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A.
Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando/Cataratas S.A.


Exposição fotográfica Belezas do Parque está no Centro de Visitantes — Foto: Alexandro Soto/Cataratas S.A.
Exposição fotográfica Belezas do Parque está no Centro de Visitantes — Foto: Alexandro Soto/Cataratas S.A.

Sobre o Parque Nacional do Iguaçu

A criação do parque aconteceu no dia 10 de janeiro de 1939 por meio de um decreto do presidente Getúlio Vargas. Já em 1986, a unidade de conservação recebeu o título de Patrimônio Natural da Humanidade.

O principal atrativo do parque são as Cataratas do Iguaçu, consideradas uma das Sete Maravilhas da Natureza desde 2011.

A unidade de conservação é um dos principais destinos turísticos do Brasil.

O parque conta com uma área de 185 mil hectares de Mata Atlântica que abriga diversas espécies de plantas e animais, como a onça-pintada.

A unidade, localizada em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, recebe anualmente visitantes de diversas regiões do Brasil e do mundo.

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domingo, 17 de abril de 2022

Como o próximo supercontinente da Terra vai se formar

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Longe de serem fixos, os continentes não estiveram sempre organizados da forma como vemos hoje — será que é possível saber onde estarão localizados daqui a milhões de anos?
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TOPO
Por BBC

Postado em 17 de abril de 2022 às 11h35m

Post.- N.\ 10.295

Mapa de Mercator do século 16 — Foto: Getty Image
Mapa de Mercator do século 16 — Foto: Getty Image

Há quase 500 anos, o cartógrafo flamengo Gerardus Mercator produziu um dos mapas mais importantes do mundo.

Certamente não foi a primeira tentativa de se criar um atlas mundial, e tampouco era particularmente preciso: a Austrália está ausente, e as Américas estão apenas esboçadas.

Desde então, os cartógrafos produziram versões cada vez mais precisas desse nosso arranjo continental, corrigindo os erros de Mercator, assim como os vieses entre hemisférios e latitudes criados por sua projeção.

Mas o mapa de Mercator, junto a outros produzidos por seus contemporâneos do século 16, revelou uma imagem verdadeiramente global das massas terrestres do nosso planeta — uma perspectiva que, desde então, povoa a mente das pessoas.

O que Mercator não sabia é que os continentes nem sempre foram organizados desta maneira. Ele viveu cerca de 400 anos antes de a teoria das placas tectônicas ser confirmada.

Ao olhar para a posição dos sete continentes em um mapa, é fácil supor que são fixas. Durante séculos, os seres humanos têm travado guerras e selado acordos de paz para conquistar esses territórios, supondo que a terra deles — e de seus vizinhos — sempre esteve e sempre estará lá.

Da perspectiva da Terra, no entanto, os continentes são folhas à deriva em um lago. E as preocupações humanas são uma gota de chuva na superfície da folha.

Os sete continentes já estiveram reunidos em uma única massa, um supercontinente chamado Pangeia. E, antes disso, há evidências de outros que remontam a mais de três bilhões de anos: Panótia, Rodinia, Columbia/Nuna, Kenorland e Ur.

Os sete continentes já foram uma única massa de terra, um supercontinente chamado Pangeia — Foto: Getty Image
Os sete continentes já foram uma única massa de terra, um supercontinente chamado Pangeia — Foto: Getty Image

Os geólogos sabem que os supercontinentes se dispersam e se juntam em ciclos: estamos na metade de um agora.

Então, que tipo de supercontinente poderia existir no futuro na Terra? Como as massas terrestres que conhecemos hoje vão se reorganizar no longo prazo?

Há pelo menos quatro trajetórias diferentes possíveis pela frente. E elas mostram que os seres vivos da Terra um dia residirão em um planeta muito diferente, que mais parece um mundo alienígena.

Para o geólogo João Duarte, da Universidade de Lisboa, em Portugal, o caminho para explorar os futuros supercontinentes da Terra começou com um evento incomum no passado: um terremoto que sacudiu Portugal numa manhã de sábado em novembro de 1755.

Foi um dos terremotos mais poderosos registrados nos últimos 250 anos, com um total de 60 mil mortos e provocando um tsunami no Oceano Atlântico. Mas o que fez dele particularmente estranho foi sua localização.

"Não deveria haver grandes terremotos no Atlântico", diz Duarte. "Foi estranho."

Ilustração do terramoto de Lisboa de 1755 — Foto: Getty Image
Ilustração do terramoto de Lisboa de 1755 — Foto: Getty Image

Terremotos dessa magnitude geralmente acontecem em (ou perto de) grandes zonas de subducção, em que as placas oceânicas mergulham sob os continentes, sendo derretidas e consumidas no manto quente. Envolvem colisão e destruição.

O terremoto de 1755, no entanto, aconteceu ao longo de uma borda "passiva", em que a placa oceânica subjacente ao Atlântico se transforma suavemente nos continentes da Europa e da África.

Em 2016, Duarte e seus colegas propuseram uma teoria para o que poderia estar acontecendo: as "costuras" entre estas placas podem estar se desfazendo e uma grande ruptura pode estar se aproximando.

"Pode ser uma espécie de mecanismo infeccioso", explica. Ou como o vidro se fragmentando entre dois pequenos orifícios no para-brisa de um carro.

Se for isso mesmo, uma zona de subducção poderia estar prestes a se espalhar do Mediterrâneo ao longo da África Ocidental e talvez até a Irlanda e o Reino Unido, gerando vulcões, formação de montanhas e terremotos nessas regiões.

Duarte percebeu que, se isso acontecer, pode levar, num futuro distante, ao fechamento do Atlântico. E se o Pacífico continuar a encolher também — o que já está acontecendo ao longo do "Anel de Fogo" que o rodeia —, um novo supercontinente acabaria se formando.

Ele o chamou de Aurica, porque as antigas massas de terra da Austrália e das Américas ficariam em seu centro.

Seria algo assim:

Aurica, o supercontinente que poderia se formar se o Atlântico e o Pacífico fechassem — Foto: Davies et al
Aurica, o supercontinente que poderia se formar se o Atlântico e o Pacífico fechassem — Foto: Davies et al

Depois que Duarte publicou sua proposta sobre a Aurica, ele se perguntou sobre outros cenários futuros. Afinal, a sua não era a única trajetória de supercontinente que os geólogos haviam proposto.

Ele começou então a conversar com o oceanógrafo Matthias Green, da Universidade de Bangor, no País de Gales. Os dois perceberam que precisavam de alguém com habilidades computacionais para criar modelos digitais.

"Essa pessoa tinha que ser alguém um pouco especial, que não se importasse de estudar algo que nunca aconteceria em escalas de tempo humanas", explica.

Acabou sendo sua colega Hannah Davies, outra geóloga da Universidade de Lisboa.

"Meu trabalho consistia em transformar desenhos e ilustrações de geólogos do passado em algo quantitativo, georreferenciado e em formato digitalizado", diz Davies.

A ideia era criar modelos que outros cientistas pudessem desenvolver e aperfeiçoar.

Mas não foi simples. "O que nos deixava nervosos é que é um tema incrivelmente blue sky (em que as aplicações do "mundo real" não são imediatamente aparentes). Não é o mesmo que um artigo científico comum", afirma Davies.

"Queríamos dizer: 'Ok, entendemos muito sobre as placas tectônicas depois de 40 ou 50 anos (de pesquisas científicas). E entendemos muito sobre a dinâmica do manto e todos os outros componentes do sistema. Até onde podemos levar esse conhecimento para o futuro?'"

Isso levou a quatro cenários. Além de delinear uma imagem mais detalhada da Aurica, eles exploraram três outras possibilidades, cada uma delas projetando o futuro cerca de 200 a 250 milhões de anos a partir de agora.

A primeira foi o que poderia acontecer se o status quo continuar: o Atlântico permanece aberto, e o Pacífico fecha. Nesse cenário, o supercontinente que se formará vai se chamar Novopangeia.

"É o mais simples e mais plausível com base no que entendemos agora", diz Davies.

A Novopangeia se formará se a atividade tectônica conhecida hoje continuar sem surpresas — Foto: Davies et al
A Novopangeia se formará se a atividade tectônica conhecida hoje continuar sem surpresas — Foto: Davies et al

No entanto, também pode haver eventos geológicos no futuro que levem a arranjos diferentes.

Um exemplo é um processo chamado "ortoversão", em que o Oceano Ártico se fecha, e o Atlântico e o Pacífico permanecem abertos.

Isso muda as orientações dominantes da expansão tectônica, e os continentes se movem para o norte, todos dispostos ao redor do Polo Norte, exceto a Antártida.

Neste cenário, um supercontinente chamado Amásia se forma:

Se a Amásia se formar, é porque os continentes se deslocaram para o norte  — Foto: Davies et al
Se a Amásia se formar, é porque os continentes se deslocaram para o norte — Foto: Davies et al

Finalmente, também é possível que a expansão do fundo do mar no Oceano Atlântico possa desacelerar. No meio do oceano, há uma crista gigante que divide duas placas, atravessando a Islândia até o Oceano Antártico. Aqui, uma nova litosfera está se formando, como uma esteira rolante.

Se essa expansão diminuir ou parar, e se uma nova borda de placas de subducção se formar ao longo da costa leste das Américas, teremos um supercontinente chamado Pangeia Ultima, que parece um enorme atol:

A Pangeia Ultima seria cercada por um grande oceano, mas teria um mar no seu interior — Foto: Davies et al
A Pangeia Ultima seria cercada por um grande oceano, mas teria um mar no seu interior — Foto: Davies et al

Estes quatro modelos digitais agora significam que os geólogos têm uma base para testar outras teorias.

Por exemplo, os cenários podem ajudar os cientistas a entender os efeitos de diferentes arranjos supercontinentais nas marés, assim como no clima num futuro distante — como seria o clima em um mundo com um enorme oceano e uma massa terrestre gigante?

Para simular o clima de um supercontinente, "não dá para usar os modelos do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas], porque não foram feitos para isso", diz Duarte.

"Você não consegue mudar as variáveis ​​que precisa mudar (para uma simulação do tipo)."

As simulações dos futuros supercontinentes da Terra também podem servir como um indicador para compreender o clima dos exoplanetas.

"A Terra do futuro é completamente alienígena", diz Davies. "Se você estivesse em órbita sobre a Aurica, ou a Novopangeia, provavelmente não reconheceria como sendo a Terra, mas sim outro planeta com cores semelhantes."

Essa ideia levou o trio a colaborar com Michael Way, físico do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da Nasa, a agência espacial americana. Ele e seus colegas se dedicam a estudar climas em mundos alienígenas por meio de simulações das variações do nosso ao longo do tempo.

"Não temos tantos exemplos de como pode ser um clima temperado. Bem, temos um exemplo para ser honesto: a Terra, mas temos a Terra ao longo do tempo", diz Way.

"Temos os cenários do passado, mas ao avançar para o futuro e usar estes maravilhosos modelos tectônicos para o futuro, isso nos dá outra combinação para adicionar à nossa coleção."

Você precisa desses modelos porque pode ser difícil saber o que procurar ao analisar de longe exoplanetas potencialmente habitáveis​.

Que tipo de configuração continental os mundos alienígenas podem ter? — Foto: Getty Images
Que tipo de configuração continental os mundos alienígenas podem ter? — Foto: Getty Images

Idealmente, você quer saber se um planeta tem um ciclo de supercontinente, porque a presença de vida e placas tectônicas ativas podem estar entrelaçadas. O arranjo continental também poderia afetar a probabilidade de haver água em estado líquido.

Através das lentes dos telescópios, não dá para ver os continentes, e a composição atmosférica só pode ser inferida. Assim, modelos de variações climáticas poderiam revelar algum sinal indireto que os astrônomos poderiam detectar.

A simulação de Way dos climas dos supercontinentes — que levou meses usando um supercomputador — revelou algumas variações impressionantes entre os quatro cenários.

A Amásia, por exemplo, levaria a um planeta muito mais frio do que o resto. Com a terra concentrada em torno do Polo Norte, e os oceanos menos propensos a transportar correntes quentes para latitudes mais frias, as camadas de gelo se acumulariam.

O clima na Aurica, em contrapartida, seria mais ameno, com o interior seco, mas costas parecidas com as do Brasil de hoje, com mais água em estado líquido.

Um planeta com uma configuração continental diferente teria um outro tipo de clima — Foto: Getty Images
Um planeta com uma configuração continental diferente teria um outro tipo de clima — Foto: Getty Images

É útil saber tudo isso porque se um exoplaneta semelhante à Terra tem placas tectônicas, não saberemos em que etapa do ciclo do supercontinente se encontra atualmente e, por isso, precisaremos saber o que procurar para inferir sua habitabilidade.

Não devemos supor que as massas terrestres vão se dispersar, no meio do ciclo, como as nossas.

Quanto ao futuro do nosso próprio planeta, Davies reconhece que os quatro cenários de supercontinentes que eles simularam são especulativos, e pode haver surpresas geológicas imprevistas que mudem o resultado.

"Se eu tivesse uma máquina do tempo para ver, não ficaria surpresa se, em 250 milhões de anos, o supercontinente não se parecesse em nada com nenhum desses cenários. Há muitos fatores envolvidos", diz ela.

No entanto, o que se pode dizer com certeza é que as massas terrestres que damos hoje como certas um dia vão se reorganizar em uma configuração inteiramente nova.

Países que outrora estiveram isolados uns dos outros, serão vizinhos próximos. E se a Terra ainda abrigar seres inteligentes, eles poderão viajar entre as antigas ruínas de Nova York, Pequim, Sydney e Londres sem nunca ver um oceano.

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sábado, 16 de abril de 2022

Registro mais antigo do Calendário Maia é descoberto dentro de pirâmide na Guatemala

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Um glifo – espécie de desenho ou gravura – representando o dia chamado "7 Veado", desenhado em um fragmento de mural do século 3 a.C., foi encontrado dentro em ruínas de um famoso sítio arqueológico.
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TOPO
Por Will Dunham, Reuters

Postado em 16 de abril de 2022 às 09h45m

Post.- N.\ 10.294

Pedaços de mural com ilustração do Calendário Maia descobertos dentro de pirâmide na Guatemala — Foto: Karl Taube/Courtesy of the Proyecto Regional Arqueologico San Bartolo/Reuters
Pedaços de mural com ilustração do Calendário Maia descobertos dentro de pirâmide na Guatemala — Foto: Karl Taube/Courtesy of the Proyecto Regional Arqueologico San Bartolo/Reuters

Um glifo – espécie de desenho ou gravura – representando um dia chamado "7 Veado" do Calendário Maia, desenhado em um fragmento de mural datado do século 3 a.C., foi encontrado dentro das ruínas de uma pirâmide na Guatemala. Essa é a mais antiga referência deste calendário já encontrada, informaram os arqueólogos responsáveis pela descoberta na quarta-feira (13).

Os fragmentos foram encontrados no sítio arqueológico de San Bartolo, nas selvas do norte da Guatemala, que ficou famoso com a descoberta, em 2001, de uma câmara enterrada com murais coloridos datados de 100 a.C., representando cenas cerimoniais e mitológicas dos Maias.

As peças com o glifo "7 Veado" foram desenterradas dentro da mesma pirâmide de Las Pinturas, onde os murais ainda intactos foram localizados.

Como era o caso dessa estrutura, os Maias geralmente construíam o que inicialmente eram templos de tamanho modesto, depois construíam versões cada vez maiores sobre os anteriores. Esta pirâmide atingiu cerca de 30 metros de altura.

Ilustração mostra como seria a construção religiosa sobreposta por uma pirâmide na Guatemala — Foto: Heather Hurst/Reuters
Ilustração mostra como seria a construção religiosa sobreposta por uma pirâmide na Guatemala — Foto: Heather Hurst/Reuters

O glifo encontrado nos fragmentos do mural para "7 Veado", um dos 260 dias nomeados do calendário, consistia na antiga escrita maia para o número sete sobre o contorno da cabeça de um cervo.

David Stuart, principal autor da descoberta publicada na revista Science Advances e professor da Universidade do Texas, descreveu os fragmentos encontrados como "dois pequenos pedaços de gesso branco que já foram presos a uma parede de pedra".

"A parede foi intencionalmente destruída pelos antigos Maias quando eles estavam reconstruindo seus espaços cerimoniais – e acabou se transformando em uma pirâmide. As duas peças se encaixam e têm caligrafia pintada de preto, abrindo com a data '7 Veado'. O resto é difícil de ler", disse Stuart.

"As pinturas desta fase estão todas muito fragmentadas, ao contrário de qualquer uma das câmaras posteriores e mais famosas", afirmou o pesquisador do Texas. Até agora, a notação mais antiga do Calendário Maia datava do 1º século a.C.

O calendário, enraizado nas observações dos movimentos do Sol, da Lua e dos planetas, baseava-se em um ciclo ritual de 260 dias cada um com um nome próprio.

O calendário de 260 dias, chamado de tzolk'in, foi um dos vários sistemas maias de contagem de tempo, que funcionavam em conjunto e incluía também um ano solar de 365 dias, além de um sistema maior chamado "Larga Contagem" e um sistema lunar.

O calendário foi uma das conquistas de uma cultura que também desenvolveu um sistema de escrita com 800 glifos, com os primeiros exemplos também de San Bartolo. Os Maias construíram templos, pirâmides, palácios e observatórios e se dedicaram à agricultura sofisticada sem usar ferramentas de metal ou a roda.

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