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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Exploração espacial: de Marte a cometa, a humanidade dá novos saltos

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Apesar de um acidente que abalou o programa espacial americano, como a experiência humana chegou a lugares nunca antes visitados
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TOPO
Por BBC

Postado em 09 de dezembro de 2021 às 11h15m

Post.- N.\ 10.125

O foguete Falcon 9 e a cápsula Crew Dragon, da Space X, iniciaram uma nova fase do programa espacial americano — Foto: Getty Images via BBC
O foguete Falcon 9 e a cápsula Crew Dragon, da Space X, iniciaram uma nova fase do programa espacial americano — Foto: Getty Images via BBC

No século 20, um tema acompanhava quase todo pensamento associado ao futuro depois dos anos 2000: o espaço. Os primeiros anos do século 21, no entanto, ficaram longe das expectativas mais fantásticas. O programa espacial americano precisou ser revisto, os esforços russos já não repetiam as glórias dos tempos da União Soviética, e alguns questionavam se era mesmo necessário investir em viagens rumo ao desconhecido.

Um sonho, porém, continuou vivo: a conquista de Marte — sonho que, aos poucos, foi se tornando realidade. Em passos históricos, a humanidade expandiu sua exploração do Planeta Vermelho, para onde enviou novas sondas e veículos e onde confirmou a existência de água.

Além disso, mirando outros pontos do universo vimos pela primeira vez a imagem de um buraco negro, objetos construídos pelo ser humano saíram do Sistema Solar, e os primeiros turistas compraram passagens para um passeio na estratosfera.

No século 21, a exploração do espaço colocou a humanidade mais perto de outros mundos.

Desastre no céu

No começo do novo milênio, o mundo já se acostumara com as idas e vindas ao espaço dos ônibus espaciais americanos. Columbia, Atlantis, Discovery, Endeavour e Challenger já haviam retornado do espaço aterrissando tranquilamente sobre uma pista um total de 111 vezes. Uma trágica missão, em 1986, terminara na explosão da Challenger durante o lançamento, mas a aterrissagem era garantia de um espetáculo belo e seguro. Até o desastroso dia 1º de fevereiro de 2003.

O acidente com o Columbia, em que morreram sete astronautas, abalou o programa espacial dos EUA — Foto: Brett Coomer/Getty Images
O acidente com o Columbia, em que morreram sete astronautas, abalou o programa espacial dos EUA — Foto: Brett Coomer/Getty Images

O Columbia era o mais antigo ônibus espacial do programa iniciado pelos EUA no final da década de 1970, tendo realizado até então 27 missões bem-sucedidas. Naquele dia de fevereiro, depois de passar mais de 15 dias em órbita em torno da Terra numa missão científica, longe da Estação Espacial Internacional, a nave entrava na atmosfera a caminho de Cabo Canaveral, no Estado da Flórida. A apenas 16 minutos da aterrissagem, o Columbia se despedaçou. Pouco depois de perder contato com o centro de controle em Houston, partes da nave riscaram o céu sobre o Estado do Texas.

"Perdemos o Columbia. Não há sobreviventes", disse o presidente George W. Bush, num sombrio pronunciamento à nação em que confirmava a morte dos sete astronautas. O desastre, causado pelo descolamento de um pedaço de espuma do tanque de combustível que atingiu e danificou a asa esquerda da nave, durante sua decolagem, levou à suspensão imediata dos voos dos ônibus espaciais.

Em 14 de janeiro de 2004, Bush anunciou a futura aposentadoria das naves e o fim do programa — que, entre suas inúmeras realizações colocara em órbita o telescópio Hubble, em 1990. Os EUA, disse o presidente, apenas cumpririam os compromissos de conclusão da Estação Espacial, previstos até 2010. As viagens com os ônibus seriam retomadas em 2005, com a volta do Discovery ao espaço, mas a missão do Atlantis de maio de 2011 seria a última do programa.

Os trabalhos e as estratégias da Nasa, a agência espacial americana, começavam a ser reinventados.

O Atlantis fez a última missão de todos os ônibus espaciais americanos, em julho de 2011 — Foto: Nasa
O Atlantis fez a última missão de todos os ônibus espaciais americanos, em julho de 2011 — Foto: Nasa

As razões para o gradual fim do programa com os ônibus espaciais foram muitas, mas se resumiam a dois aspectos: segurança e, principalmente, custo. O então engenheiro da Nasa Mark Adler escreveu em 2015, no site de ciência e tecnologia Gizmodo, que o programa era "caro demais".

"O ônibus nunca cumpriu sua promessa de acesso de baixo custo ao espaço graças à reutilização do sistema", disse Adler. "O ônibus e a Estação Espacial dominavam completamente o orçamento da Nasa para voos espaciais com seres humanos, a ponto de não ser possível nenhum outro desenvolvimento significativo."

As consequências da progressiva aposentadoria dos ônibus espaciais foram significativas.

Primeiro, os EUA ficariam sem um veículo próprio para enviar astronautas ao espaço. Segundo, as limitações orçamentárias foram uma forte sinalização para a iniciativa privada de que, a partir de então, o setor espacial estava aberto para visionários e ambiciosos empresários.

China, Europa e Marte

O mundo ainda se recuperava do chocante desparecimento do Columbia quando uma nova potência entrou na cena espacial.

Em 15 de outubro de 2003, a China colocou em órbita seu primeiro astronauta, Yang Liwei, um piloto de 38 anos da Força Aérea do país.

Depois de contornar a Terra 14 vezes, durante 21 horas, em sua nave Shenzhou, Yang pousou no norte da China e foi recebido como herói por cerca de 600 pessoas da região. Com o feito, a China tornou-se apenas o terceiro país a colocar uma pessoa no espaço, depois da União Soviética e dos EUA, ambos nos anos 1960.

O feito de Yang Liwei ocupou as capas dos jornais chineses e fez de seu país uma nova potência da exploração espacial — Foto: Getty Images
O feito de Yang Liwei ocupou as capas dos jornais chineses e fez de seu país uma nova potência da exploração espacial — Foto: Getty Images

"Os americanos estão muito preocupados", disse à BBC News na época o professor Phil Deans, especialista em China da Universidade de Londres.

"Desde o fim da Guerra Fria, eles têm tido quase um completo monopólio em ir ao espaço. Agora tem muito mais concorrência."

A viagem de Yang ao espaço seria apenas o primeiro passo do ambicioso programa espacial chinês. Os objetivos de Pequim incluíam a construção de uma estação espacial e a exploração da Lua.

Também em 2003, em junho, fora aberta a temporada marciana, impulsionada pelas movimentações no Sistema Solar.

Naquele período, Terra e Marte estariam mais pertos um do outro do que jamais haviam estado desde que se tinha registro, fazendo com que uma viagem durasse apenas sete meses.

No dia 2, a ESA (Agência Espacial Europeia) usou um foguete russo Soyuz, a partir do Cazaquistão, para lançar sua missão Mars Express.

Após o bem-sucedido lançamento, a BBC News noticiava: "A Europa vai para Marte". Além do satélite de mesmo nome, cujo objetivo era orbitar e investigar o planeta do alto, a missão incluía o módulo Beagle 2, que seria lançado sobre a superfície para coletar material e investigar a possibilidade de vida em Marte.

O Beagle 2 deveria colher investigar sinais de vida em Marte, mas se acidentou no pouso e não cumpriu sua missão — Foto: ESA-SPL
O Beagle 2 deveria colher investigar sinais de vida em Marte, mas se acidentou no pouso e não cumpriu sua missão — Foto: ESA-SPL

Aqueles fascinados pelo Planeta Vermelho mal tiveram tempo de se recuperar da euforia com o lançamento europeu. Uma semana depois, no dia 10, a Nasa usou um foguete Delta II para levar ao espaço o veículo de exploração Spirit.

Continuando a tradição iniciada em 1997 com a missão Pathfinder, que incluiu o veículo Sojourner, o Spirit era um robô que passearia sobre o solo rochoso do planeta para aprender mais sobre ele.

"Temos muitos desafios pela frente, mas este lançamento correu tão bem, que estamos encantados", disse na época Pete Theisinger, gerente de projetos das missões a Marte da Nasa.

Menos de um mês depois, um novo foguete Delta II partiu da Flórida levando um irmão gêmeo do Spirit, chamado Opportunity. Igual ao primeiro, o segundo robô enviado pela Nasa em menos de um mês tinha como endereço um ponto diferente de Marte. Ambos investigariam a possibilidade de ter havido vida no planeta vizinho num passado distante.

Os lançamentos a Marte e o feito dos chineses serviram de alívio em um ano que vinha marcado pela tragédia do Columbia. Como disse uma reportagem do site da rede americana NBC em 23 de dezembro, 2003 foi "o pior dos tempos e o melhor dos tempos" para a exploração espacial.

Haveria uma decepção extra, porém. No dia de Natal, o módulo Beagle 2 deveria aterrissar em Marte e começar a enviar dados de volta à Terra, seis dias depois de ter se separado da sonda Mars Express, que orbitava o planeta.

Tudo parecia ir bem até que o Beagle 2 — um equipamento pequeno, de menos de 1 metro de largura — ficou em silêncio. Dois meses depois, ele seria dado como perdido, para a tristeza dos cientistas do programa europeu.

Missões inéditas

O sorriso voltaria logo aos rostos dos cientistas da agência europeia, mas por outro motivo. Em 2 de março de 2004, um foguete Ariane foi lançado na Guiana Francesa. Num projeto da ESA, o Ariane carregava a sonda Rosetta, cuja missão era das mais ousadas já imaginadas: alcançar, fotografar e estudar um cometa.

O plano, um projeto de cerca de US$ 1 bilhão, previa que a Rosetta viajasse 7 bilhões de quilômetros na direção do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Dez anos depois da partida, a sonda entraria em órbita em torno do 67P e lançaria um pequeno módulo em sua superfície para estudar sua composição.

"A Rosetta é parte da nossa busca por conhecimento e nossos sonhos", afirmou o diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain. O público, intrigado com a missão, ainda teria de esperar uma década para saber se o plano daria mesmo certo.

Em 19 de janeiro de 2006, foi a vez de a Nasa fazer algo que nunca fora feito antes. Após dois dias de suspense e adiamentos devido ao mau tempo, um foguete Atlas 5 partiu de Cabo Canaveral, na Flórida, carregando a sonda New Horizons.

Em 2006, o foguete Atlas 5 partiu de Cabo Canaveral, na Flórida, carregando a sonda New Horizons em direção a Plutão — Foto: Bruce Weaver/Getty Images
Em 2006, o foguete Atlas 5 partiu de Cabo Canaveral, na Flórida, carregando a sonda New Horizons em direção a Plutão — Foto: Bruce Weaver/Getty Images

O destino: Plutão, o último planeta do Sistema Solar, misterioso como o Deus grego que inspirou seu nome. Alan Stern, um dos chefes da missão New Horizons, dizia que provavelmente a viagem mudaria muito do que se sabia sobre o planeta. "Eu acho emocionante que todos os livros didáticos terão de ser reescritos", afirmou Stern, segundo o site Space.com.

A verdade é que os livros tiveram mesmo de ser reescritos, mas muito antes de a New Horizons enviar qualquer novidade sobre Plutão. Em agosto de 2006, apenas sete meses depois do lançamento da sonda, cerca de 2.500 cientistas reunidos em Praga (República Tcheca), durante encontro da União Astronômica Internacional, tomaram uma decisão dramática. Determinaram que, a partir de então, Plutão não seria mais um planeta.

Diante da descoberta de outros corpos celestes que também circundavam nosso Sol e eram maiores que Plutão, os cientistas estabeleceram três principais critérios para determinar o que era um planeta.

Primeiro, ele precisaria orbitar uma estrela; em segundo, precisaria ter massa e tamanho suficientes para obter um formato redondo; e, em terceiro, precisaria ter uma órbita só sua, tendo forçado outros objetos a afastar-se de seu caminho.

A órbita de Plutão não é exclusiva, já que ele invade a do muito maior Netuno, portanto ele não sobreviveu à terceira exigência. Com isso, os cientistas decidiram que o longínquo planeta ganharia uma nova definição: planeta anão.

Água em Marte

Março de 2004 foi mesmo um mês importante para os europeus. No dia 30, a ESA comunicou que a Mars Express havia detectado metano na atmosfera de Marte. Em pequena quantidade, é verdade, mas o suficiente para que os cientistas voltassem a associar o vizinho da Terra àquela palavra de quatro letras que tanto entusiasma astrônomos e leigos: vida.

O interesse por Marte aumentou, com o envio de várias sondas de exploração e planos para uma viagem tripulada — Foto: Science Photo Library
O interesse por Marte aumentou, com o envio de várias sondas de exploração e planos para uma viagem tripulada — Foto: Science Photo Library

A primeira hipótese sobre a origem do gás metano na atmosfera marciana era a de que seria resultado de "atividade vulcânica ou termo-hídrica", como explicou em nota a agência europeia. No mesmo anúncio, a ESA lembrou que "na Terra, o metano é subproduto de atividade biológica, como a fermentação". Tal relação permitia considerar uma possível associação a alguma forma de vida alienígena, disse o técnico da ESA Vittorio Formisano: "Se tivermos de excluir a hipótese vulcânica, nós ainda podemos considerar a possibilidade de vida".

Os robôs Spirit e Opportunity continuavam se movimentando na superfície do Planeta Vermelho, enviando dados e imagens impressionantes.

Previstos originalmente para operar por no máximo 90 dias, os dois ultrapassaram um ano de missão e no início de 2006 chegaram ao segundo aniversário em solo marciano. Na mesma época, a festa humana em Marte ficou ainda mais animada com a chegada à órbita marciana da sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter).

Lançada pela Nasa em agosto de 2005, a MRO era mais um par de olhos eletrônicos observando a superfície vermelha do alto — um céu cada vez mais movimentado.

No entanto, enquanto Spirit e Opportunity investigavam possíveis sinais de vidas passadas, a MRO tinha uma principal coisa em mente: água, especialmente em estado líquido.

Segundo a Nasa, seus instrumentos iriam "obter fotos da superfície marciana de bem de perto, analisar minérios, procurar água sob a superfície", entre outras tarefas necessárias para decifrar o histórico da presença do líquido. A Nasa parecia confiante de que havia chance de haver água no mundo desértico marciano — e tinha razão.

O trabalho da MRO seria em certa medida uma continuação do que fazia a sonda MGS (Mars Global Surveyor), lançada em 1996 e que ficou em órbita por incansáveis dez anos.

Antes de se aposentar de vez, a MGS produziu imagens da superfície que levaram cientistas da Nasa a uma grande descoberta. Em 2006, eles disseram que marcas na superfície marciana, algo como grandes escoadouros, haviam aparecido recentemente, depois de 1999. Segundo eles, era grande a chance de que haviam sido feitos pela passagem de água saída do interior das montanhas.

A tese foi questionada por especialistas, para quem avalanches causadas por rochas eram a causa mais provável das marcas, mas retornou anos depois, com ainda mais força.

A sonda europeia Mars Express identificou a presença de água em lagos substerrâneos de Marte — Foto: ESA/DLR/FU BERLIN/DUNFORD
A sonda europeia Mars Express identificou a presença de água em lagos substerrâneos de Marte — Foto: ESA/DLR/FU BERLIN/DUNFORD

Em setembro de 2015, veio a grande notícia. A Nasa informou que novos dados coletados pela sonda MRO indicavam que era mesmo água a responsável pelas marcas registradas superfície de Marte, dependendo da época do ano e das condições.

"Marte não é o planeta seco, árido que pensávamos no passado", disse o cientista da Nasa James Green. "Sob certas circunstâncias, água em estado líquido foi encontrada em Marte."

A descoberta da MRO foi possível graças a um de seus equipamentos, chamado Crism, que conseguia determinar a composição química de materiais na superfície do planeta. O Crism conseguiu estabelecer que os caminhos deixados no relevo marciano eram cobertos por sais — perclorato de magnésio, clorato e cloreto —, que por sua vez criavam condições para que a água se mantivesse líquida por tempo suficiente para percorrer um trecho da superfície. Mais champanhe na Nasa.

Três anos depois, mais água em Marte, agora subterrânea. Dessa vez a sonda europeia Mars Express, que como a MRO orbitava o planeta, foi a responsável pelas boas novas.

O radar da nave identificou um grande lago subterrâneo, de cerca de 20 quilômetros de extensão, no polo sul de Marte, a 1,5 quilômetro de profundidade. Foi a primeira vez que um foco permanente de água líquida existente no planeta foi encontrado — e não ficaria apenas nisso.

Em 2020, a ESA anunciou que outros três lagos subterrâneos na mesma região haviam sido identificados.

Na superfície, os avanços no conhecimento sobre a atmosfera, o solo e o subsolo de Marte ganharam impulso e emoção com chegada de um módulo ainda mais moderno a Marte: o Curiosity.

Enviado ao planeta pela Nasa em 2011, o Curiosity era maior, mais completo e mais robusto que qualquer um de seus antecessores. Com três metros de comprimento e quase três de largura, o novo robô chegou com a autoridade de um carro feito para circular pela superfície árida dourada.

Aterrissou em agosto de 2012 e gerou renovado interesse no mundo todo pelas aventuras marcianas da humanidade, ocupando a capa da influente revista americana Time em agosto de 2012. "O que podemos aprender com um robô distante 154 milhões de milhas", dizia a publicação.

Como se esperava, aprendeu-se muito. Em primeiro lugar, as imagens que o Curiosity passou a enviar para a Terra eram impressionantes.

O Curiosity, com mais mobilidade, chegou a Marta em 2012 e registrou imagens incríveis, inclusive de si mesmo — Foto: Nasa
O Curiosity, com mais mobilidade, chegou a Marta em 2012 e registrou imagens incríveis, inclusive de si mesmo — Foto: Nasa

Chamavam a atenção de muitos seus autorretratos — ou "selfies" —, produzidos com seu eficiente braço mecânico — o equivalente a um "pau de selfie".

Como para concluir cada autorretrato o robô da Nasa precisava produzir 86 imagens, já que as fotos registravam apenas uma área pequena do módulo, a foto final não exibia o braço mecânico, dando a impressão de que alguém mais teria produzido a fotografia. No que realmente importava, sua missão, o Curiosity também não decepcionou.

O robô-carro fora a Marte para investigar a possibilidade de o planeta já ter abrigado alguma forma de vida, e em 2018 fez seu maior avanço.

Em junho daquele ano, a Nasa anunciou que o Curiosity havia descoberto "antigo material orgânico", em rochas de 3 bilhões de anos na superfície, e "misterioso metano" na atmosfera, reforçando a descoberta anterior dos europeus.

"Embora comumente associadas com a vida, moléculas orgânicas também podem ser criadas por processos não-biológicos e não são necessariamente indicadores de vida", explicou a Nasa.

Não eram garantia de vida. Tampouco as várias sondas e robôs enviados ao Planeta Vermelho fotografaram alienígenas verdes em sua superfície. As missões da MRO, da Mars Express, do Curiosity e outras, porém, foram sem dúvida alguns dos maiores sucessos espaciais, de público e crítica, do início do século.

Fronteira final

A exploração espacial também aproximou mais a humanidade do espaço longínquo — a chamada fronteira final. Em setembro de 2013, uma equipe da Nasa anunciou que a sonda Voyager-1, lançada ao espaço em 1977, já estava numa região interestelar - entre diferentes estrelas. Ou seja, ela havia saído do nosso sistema solar.

Apesar de confirmada apenas naquela data, a passagem ocorrera em agosto de 2012, a primeira vez na história que um objeto fabricado pelo ser humano saía da área dominada pelo nosso Sol.

Na época, o professor de ciência e mídia da Universidade de Lincoln Chris Riley disse à BBC News: "Um feito como esse pode ser a maior coisa que nós, seres humanos, jamais consigamos realizar, um monumento à nossa existência que pode durar mais que a própria civilização".

As sondas gêmeas Voyager 1 e 2 foram os primeiros objetos fabricados pelo ser humano a deixar o Sistema Solar — Foto: Nasa
As sondas gêmeas Voyager 1 e 2 foram os primeiros objetos fabricados pelo ser humano a deixar o Sistema Solar — Foto: Nasa

Seis anos depois, em novembro de 2018, foi a vez da Voyager-2, sua sonda gêmea. Lançada também em 1977, duas semanas antes da Voyager-1, a sonda fez um caminho mais longo até se lançar rumo à fronteira final, na direção de outras estrelas e sistemas.

A Voyager-2 encontrava-se então a 18 bilhões de quilômetros da Terra, viajando a 54 mil km/h, enquanto sua sonda irmã já estava a 22 bilhões de quilômetros de nosso planeta, viajando a 61 mil km/h.

Desde então, ambas desbravam uma área completamente nova, numa viagem para qual nem haviam sido preparadas — suas missões envolviam os estudos dos planetas mais distantes do sistema solar.

Com as duas Voyagers no espaço interestelar, outro acontecimento lembrou a todos na Terra dos mistérios em pontos distantes do universo.

Em 2016, cientistas anunciaram ter identificado ondas gravitacionais geradas pela colisão entre dois buracos negros — o que causou uma dobra do chamado "espaço-tempo", central na teoria da relatividade do alemão Albert Einstein (1879-1955).

A descoberta, feita pela equipe do projeto americano Ligo Scientific Collaboration, foi vista como uma comprovação da teoria de Einstein, cem anos depois de sua publicação final, em 1916.

"É a primeira vez que o universo falou conosco por intermédio de ondas gravitacionais. Até agora, nós estávamos surdos", disse David Reitze, diretor-executivo do Ligo, criado para estudar esse tema e explorar os fundamentos físicos da gravidade.

Como diria Spock, fascinante! No entanto, talvez o que muitos quisessem mesmo era ver um buraco negro, saber como ele é. Pois isso foi possível três anos depois.

Oito telescópios foram usados para registrar a imagem do buraco negro no centro da galáxia Messier 87 — Foto: EHT
Oito telescópios foram usados para registrar a imagem do buraco negro no centro da galáxia Messier 87 — Foto: EHT

Em 2019, pela primeira vez na história foi captada a imagem desse que é um dos elementos mais enigmáticos do universo. "Um buraco negro é um objeto extremamente denso do qual nenhuma luz consegue escapar", disse de forma didática o comunicado da agência americana que anunciou a imagem, em abril de 2019, para depois mergulhar no que soa como ficção científica.

"Qualquer coisa que chegue ao 'horizonte de eventos' do buraco negro, seu ponto sem volta, será consumido, para nunca mais voltar, por causa da gravidade inimaginavelmente forte do buraco negro."

A incrível fotografia desse assustador devorador de matéria mostrava um buraco negro no centro da galáxia Messier 87, ou M87, localizada a 55 milhões de anos-luz da Terra — ou seja, viajando à velocidade da luz, seriam necessários 55 milhões de anos para chegar a ela.

A imagem rodou o mundo, revelando seu centro escuro, cercado por um anel laranja e avermelhado, ardente como fogo. Na base do círculo, um trecho mais intenso parecia compor um sorriso. O tamanho do buraco negro era tão impressionante quanto a distância: 6,5 bilhões de vezes a massa do nosso Sol.

Para conseguir obter uma imagem desse tipo, antes se acreditava que seria necessário construir um gigantesco telescópio apenas para esse objetivo.

Mas a missão foi cumprida de forma mais criativa: com o projeto Event Horizon Telescope, ou EHT, que reuniu oito telescópios baseados em diferentes regiões da Terra.

Combinados, eles atuaram como um telescópio do tamanho do nosso planeta. "É um sonho realizado", disse à BBC News o chefe do EHT, Heino Falcke. "Você pensa nisso por 20 anos, e aí você finalmente vê, e se parece como nos seus sonhos."

Cometa e Plutão

A segunda década do século 21 trouxe recompensas por esforços feitos na primeira.

Dez anos após sua partida num foguete Ariane, a sonda Rosetta, da agência espacial europeia, alcançava seu mais importante objetivo: orbitar um cometa.

"Depois de uma jornada de uma década buscando seu alvo, a Rosetta, da ESA, tornou-se hoje a primeira nave espacial a se encontrar com um cometa, abrindo um novo capítulo na exploração do Sistema Solar", disse o orgulhoso comunicado da ESA, em 6 de agosto de 2014.

"O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e a Rosetta estão agora a 405 milhões de quilômetros da Terra, no meio do caminho entre as órbitas de Júpiter e Marte, correndo na direção do Sistema Solar interior a quase 55 mil km/h."

Viajando a uma distância de apenas 100 quilômetros do cometa — a órbita chegaria a 50 quilômetros —, a Rosetta começava a enviar imagens surpreendentes de seu relevo.

Uma das pontas do 67P/Churyumov-Gerasimenko logo ficou conhecida como "bico de pato", devido a seu formato. O momento mais esperado da missão, porém, viria em novembro do mesmo ano.

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foi orbitado e fotografado pela sonda europeia Rosetta — Foto: ESA/ROSETTA/MPS
O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foi orbitado e fotografado pela sonda europeia Rosetta — Foto: ESA/ROSETTA/MPS

Em novembro de 2014, a Rosetta lançou sobre o 67P o módulo Philae, a primeira vez na história que um objeto artificial pousou num cometa.

O pouso não foi dos mais suaves, e o Philae acabou caindo sobre o relevo e se instalando num ponto relativamente encoberto.

Comunicou-se e enviou informações por três dias, incluindo algo que entusiasmou os cientistas: o módulo identificara a presença de "moléculas orgânicas" na fina atmosfera do 67P, incluindo compostos ricos em carbono e nitrogênio.

A descoberta reforçou a tese de muitos de que cometas podem ter tido um papel essencial no desenvolvimento de vida na Terra, ao espalhar componentes orgânicos necessários para seu surgimento.

"Cometas poderiam entregar esses requerimentos necessários para vida pelo Sistema Solar. Como você 'cozinha' o sistema de uma forma que nós finalmente emergimos, vivendo num planeta como a Terra, é uma outra questão", disse à BBC News o professor David Southwood, que trabalhou no projeto da sonda Rosetta.

"Mas os cometas ou estão carregando o que é às vezes chamado de 'panspermia', entregando vida, ou o material estava lá e de alguma forma acabou chegando ao nosso planeta."

Sem energia devido a sua posição, que dificultava a entrada de luz do Sol para alimentar seus painéis solares, após três dias o Philae ficou em silêncio, em estado de hibernação.

O cometa seguia na direção do Sol, e sete meses depois o módulo despertou, com baterias recarregadas. Ficou ativo por cerca de um mês, entre junho e julho de 2015, quando voltou a ficar em silêncio, desta vez para sempre.

Após um pouso difícil, o Philae ficou instalado num local de pouca luz solar do cometa, o que dificultou sua operação — Foto: ESA
Após um pouso difícil, o Philae ficou instalado num local de pouca luz solar do cometa, o que dificultou sua operação — Foto: ESA

Um ano depois, o Philae foi oficialmente desligado, o que gerou mensagens carinhosas de adeus nas redes sociais.

No início de setembro de 2016, a Rosetta, semanas antes de concluir sua missão, enviou uma imagem que solucionou o mistério sobre o destino do módulo. "O Philae foi encontrado!", dizia o título do comunicado da europeia ESA.

A foto mostrava, num canto da imagem, a pequena estrutura metálica, de apenas 1 metro de largura e extensão, num ponto relativamente escuro da superfície, no que parecia a entrada de uma gruta.

No fim daquele mês, a missão e a própria Rosetta chegariam ao fim. A sonda lançou-se contra o 67P/Churyumov-Gerasimenko, não num pouso leve, mas num choque, planejado para colocá-la fora de operação.

A agência americana Nasa também colheu os frutos de uma ousada e longa missão iniciada na década anterior. O rebaixamento de Plutão à categoria de planeta anão não reduziu a empolgação com a viagem de nove anos da sonda New Horizons ao limite do Sistema Solar, pelo contrário.

Os cientistas da Nasa sabiam que a sonda revelaria imagens e dados incríveis sobre esse pequeno corpo celeste, localizado a mais de 6 bilhões de quilômetros da Terra e sobre o qual pouco se sabia. Ninguém imaginava, porém, encontrar um coração.

O registro de Plutão feito pela New Horizons revelou detalhes inéditos do agora planeta anão — Foto: Nasa
O registro de Plutão feito pela New Horizons revelou detalhes inéditos do agora planeta anão — Foto: Nasa

Até julho de 2015, quando a sonda enviou suas primeiras fotos feitas durante sua passagem pelo ex-planeta, a melhor imagem de Plutão disponível fora feita pelo telescópio Hubble em 2003.

Ela mostrava uma esfera sem definição ou relevo, e o mundo que a New Horizons revelou era muito mais definido e interessante.

Exibido em detalhes pela primeira vez, Plutão continha montanhas com mais de 3 mil metros de altura, largas planícies e uma região no formato de um enorme coração.

Imediatamente identificada como o traço mais marcante da superfície, o coração recebeu o nome de Tombaugh Regio, em homenagem a Clyde Tombaugh, o astrônomo que em 1930 descobriu Plutão.

Com a exploração de um cometa e de Plutão, a humanidade esclarecia dois mistérios ainda não desvendados do Sistema Solar, agora mais explorado do que nunca.

China e espaço privatizado

O sucesso da exploração do Sistema Solar por meio de sondas e módulos não eliminou a fascinação exercida pelo envio de pessoas para fora da Terra.

As temporadas de astronautas na Estação Espacial Internacional continuaram, com o uso de naves russas Soyuz, produzindo fotos e vídeos impressionantes do cotidiano humano na órbita terrestre.

Desde sua inauguração, em dezembro de 1998, até o fim de 2020, a estação recebeu 101 missões tripuladas, 94 delas no século 21. Além de americanos e russos, estiveram na instalação astronautas de países como Reino Unido, Alemanha, Itália e Japão, numa verdadeira experiência internacional.

A conquista espacial, porém, avançava em ritmo acelerado num projeto paralelo. Provavelmente ainda na década de 2020, a Estação Espacial Internacional deveria deixar de ser a única residência humana fora da Terra, com a construção da estação chinesa.

O feito seria o resultado de duas décadas de conquistas espaciais da China. Desde o envio de seu primeiro cidadão ao espaço, em 2003, Pequim continuou colocando mais pessoas em órbita, inclusive a primeira mulher chinesa, Liu Yang, em 2012.

No ano seguinte, o país enviou uma nave à Lua, onde deixou um módulo lunar e para onde enviou novas missões não tripuladas, em 2019 e 2020. Esta última, com Chang'e-5, em dezembro de 2020, trouxe de volta amostras do solo lunar e plantou a bandeira da República Popular da China na superfície do satélite natural da Terra - apenas o segundo país a deixar sua flâmula, após os Estados Unidos, em 1969.

Enquanto o Estado chinês abraçava sua exploração do espaço, o abandono dos ônibus espaciais pelos Estados Unidos criou novas oportunidades para o setor privado.

Desde 2011, por nove anos os americanos dependera das naves russas para visitar a estação espacial, e o futuro novo veículo americano para viagens espaciais não viria da Nasa. Seria um empreendimento privado.

Em 30 de maio de 2020, num primeiro voo com tripulação reduzida, o foguete Falcon 9 levou a cápsula Crew Dragon para a estação espacial, com dois astronautas a bordo.

Foi o primeiro voo espacial tripulado a partir de solo americano, com nave do próprio país, em nove anos. A missão foi concluída em agosto, quando a nave voltou à Terra. Numa nova viagem, a dupla Falcon e Crew Dragon, projetada e construída pela empresa americana Space X, transportaria uma tripulação de quatro pessoas à estação em novembro de 2020.

A primeira missão tripulada da Crew Dragon para a estação espacial ocorreu entre maio e agosto de 2020 — Foto: Handout
A primeira missão tripulada da Crew Dragon para a estação espacial ocorreu entre maio e agosto de 2020 — Foto: Handout

Fundada em 2002 pelo empreendedor Elon Musk, dono da fabricante de veículos elétricos Tesla, a Space X desenvolveu vários avanços tecnológicos. Entre eles, a capacidade do foguete Falcon 9 de retornar ao solo, pousando verticalmente minutos após o lançamento e liberação da nave, permitindo seu reaproveitamento.

A Space X também está no centro do projeto de Musk de enviar os primeiros humanos a Marte, missão que, em 2020, ele considerava ser possível realizar talvez já em 2026. "Se tivermos sorte, talvez daqui a quatro anos", disse Musk - ou seja, 2024.

Menos ousado, mas não menos fascinante, era o projeto de outra empresa privada que encontrou no setor espacial, a Virgin, do empresário britânico Richard Branson.

A Virgin Galactic, empresa do grupo dedicada aos projetos fora da Terra, desenvolveu uma nave dedicada ao turismo espacial, a VSS Unity. Ainda em fase de testes no final de 2020, a Unity deverá levar turistas para a mesosfera - a camada da atmosfera terrestre acima da estratosfera. De lá, os passageiros terão uma vista do planeta e do espaço, sem gravidade - muitos já compraram a passagem.

Enquanto isso, outras partes do mundo lançavam-se para fora do planeta, entre eles a Índia, com seu programa de exploração da Lua, e os Emirados Árabes Unidos, que em 2020 enviaram uma sonda rumo a Marte.

Da tragédia com o Columbia à movimentada ocupação de Marte, a visita a um cometa e a entrada no espaço interestelar, o início do século 21 foi do drama a conquistas históricas.

Lançou a humanidade mais rapidamente para o futuro, enquanto aumentou nosso conhecimento sobre as origens do Sistema Solar e do próprio universo. Comprovou, caso ainda houvesse dúvidas, que a aventura humana além da Terra estava só começando.

Este artigo é parte da série "21 Histórias que Marcaram o Século 21", da BBC News Brasil.

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Robô chinês que explora o 'lado oculto' da Lua capta imagem de estrutura em forma de cubo

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Em tom de brincadeira com internautas, site ligado à agência espacial chinesa disse que estrutura se parece com uma "cabana misteriosa". Robô vai se aproximar do ponto dentro de até 3 meses.
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Por g1

Postado em 09 de dezembro de 2021 às 11h50m

Post.- N.\ 10.124

Em tom de brincadeira com internautas, site ligado à agência espacial chinesa disse que estrutura se parece com uma cabana. Robô vai se aproximar do ponto dentro de até 3 meses. — Foto: Our Space/Divulgação
Em tom de brincadeira com internautas, site ligado à agência espacial chinesa disse que estrutura se parece com uma cabana. Robô vai se aproximar do ponto dentro de até 3 meses. — Foto: Our Space/Divulgação

O robô chinês Yutu-2 capturou a imagem do que parece ser uma estrutura em formato cúbico na Lua. De acordo com o site Our Space, ligado à agência espacial da China, o registro foi feito em 3 de dezembro.

O veículo de exploração autônomo e movido a energia solar deve se aproximar da estrutura dentro de dois ou três meses. Ele é parte da missão que chegou ao lado oculto da Lua em janeiro de 2019, levado pela sonda espacial Chang'e 4.

Em tom de brincadeira com internautas, o site ligado à agência espacial chinesa disse que estrutura se parece com uma cabana. O ponto está a cerca de 80 metros da atual posição do robô, que deve se aproximar do cubo dentro de até 3 meses.

Ele é parte da missão que chegou ao lado oculto da Lua em janeiro de 2019, levado pela sonda espacial Chang'e 4. — Foto: Our Space/Divulgação
Ele é parte da missão que chegou ao lado oculto da Lua em janeiro de 2019, levado pela sonda espacial Chang'e 4. — Foto: Our Space/Divulgação

China no lado oculto da lua

Depois de decolar da Terra em dezembro, o módulo de exploração Chang'e-4 aterrissou na Lua em janeiro de 2019, tendo escolhido a região da cratera de Von Karman como destino.

Sonda chinesa pousa com sucesso no lado oculto da Lua
Sonda chinesa pousa com sucesso no lado oculto da Lua

Diferentemente da face da Lua mais próxima da Terra, que está sempre voltada para o nosso planeta, nenhuma sonda, nem qualquer módulo de exploração espacial havia pousado no outro lado da superfície lunar.

A Lua gira em torno de si mesma em 29 dias e meio, o mesmo ritmo de sua rotação ao redor da Terra, o que explica porque metade do satélite natural do nosso planeta não é visível para os seres humanos. A face oculta é montanhosa e acidentada, cheia de crateras, enquanto o lado visível tem várias superfícies planas para o pouso.

Missão da sonda Chang'e-4 em 11 de janeiro de 2019 — Foto: Programa de Exploração Lunar Chinês/Twitter
Missão da sonda Chang'e-4 em 11 de janeiro de 2019 — Foto: Programa de Exploração Lunar Chinês/Twitter

Satélite próprio

Um dos maiores desafios é conseguir se comunicar com o robô lunar. Como a face escura da Lua está orientada no sentido oposto à Terra, não há uma "linha de visão" direta para transmitir sinais. Assim, a China lançou em maio o satélite Queqiao, posicionado na órbita lunar, para transmitir ordens e dados trocados entre a Terra e o módulo.

A missão tem, entre outros objetivos científicos, analisar o terreno e o relevo da Lua, detectar a composição mineral e a estrutura da superfície lunar e até a observação do cultivo de tomates.

Esta é a segunda vez que a China envia um veículo para explorar a superfície lunar. O primeiro foi o Yutu, em 2013. Ele permaneceu ativo por 31 meses.

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Vendas do comércio caem pelo 3º mês seguido, mostra IBGE

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Em outubro, setor registrou queda de 0,1%, na comparação com setembro, contrariando expectativa de alta.
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Por Darlan Alvarenga, g1

Postado em 08 de dezembro de 2021 às 13h25m

Post.- N.\ 10.123

IBGE: vendas no varejo têm queda de 0,1% em outubro
IBGE: vendas no varejo têm queda de 0,1% em outubro

As vendas do comércio varejista caíram 0,1% em outubro, na comparação com setembro, na terceira retração mensal consecutiva, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com outubro do ano passado, houve queda de 7,1% – também a terceira queda seguida.

Com esse resultado, o varejo encontra-se 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 6,4% abaixo do nível recorde de vendas alcançado em outubro de 2020, e segundo o IBGE.

Vendas do comércio mês a mês   — Foto: Economia g1
Vendas do comércio mês a mês — Foto: Economia g1

O resultado veio menor do que o esperado. A expectativa era de alta de 0,8% na base mensal e queda de 5,60% na comparação anual, conforme pesquisa da Reuters.

O IBGE revisou o resultado de setembro, para uma queda menos acentuada, de -1,1%, ante leitura inicial de -1,3%. Já o índice de agosto foi atualizado de -4,3% para -4,1%.

No ano, setor ainda acumula crescimento de 2,6%. Em 12 meses até outubro, a alta desacelerou para 2,6%, contra 3,9% nos 12 meses imediatamente anteriores, evidenciando a perda de fôlego da economia.

Vendas do comércio no acumulado em 12 meses — Foto: Economia g1
Vendas do comércio no acumulado em 12 meses — Foto: Economia g1

A receita nominal do varejo teve alta de 0,7% em outubro, frente a setembro. Na comparação com outubro de 2020, houve alta de 6,2%.

O volume de vendas, entretanto, cresceu em 17 das 27 unidades da federação, com destaque para: Acre (3,0%), Alagoas (2,4%) e Rondônia (2,4%). Já as maiores quedas foram registradas no Amapá (-2,8%), Roraima (-2,3%) e Rio de Janeiro (-2,2%).

Veja o desempenho de cada um dos segmentos em outubro, na comparação com setembro:

  • Combustíveis e lubrificantes: -0,3%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,3%
  • Tecidos, vestuário e calçados: 0,6%
  • Móveis e eletrodomésticos: -0,5%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -0,1%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -1,1%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 5,6%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 1,4%
  • Veículos, motos, partes e peças: -0,5% (varejo ampliado)
  • Material de construção: -0,9% (varejo ampliado)

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e material de construção, a queda foi de 0,9% em relação a setembro e de 7,1% na comparação anual.

O que puxou a queda

Em outubro, cinco das oito atividades pesquisadas tiveram queda, com destaque para Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%), Móveis e eletrodomésticos (-0,5%), Combustíveis e lubrificantes (-0,3%), e Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%).

"A inflação continua exercendo impacto nos indicadores, uma vez que a variação de receita nominal de vendas do varejo é positiva, na passagem de setembro para outubro, em 0,9%. Tal impacto pode ser observado sobretudo nas atividades de Combustíveis e lubrificantes, Hiper e supermercados e Tecidos, vestuário e calçados", destacou o IBGE.

Com o novo recuo, o nível de vendas dos supermercados, que tem um peso grande no índice, agora está 0,2% abaixo do patamar pré-pandemia.

Com as revisões dos meses anteriores, a atividade no comércio geral voltou a ficar em níveis abaixo da pré-pandemia, em queda de 0,1%. A última vez que o setor havia caído abaixo desse patamar tinha sido em março passado, quando ficou 0,9% aquém de fevereiro de 2020.

Distância (%) do patamar pré-pandemia por segmento do varejo — Foto: Economia g1
Distância (%) do patamar pré-pandemia por segmento do varejo — Foto: Economia g1

Já o forte recuou na comparação interanual, segundo o IBGE, é explicada principalmente pela base de comparação.

Em outubro e novembro do ano passado, tivemos o recorde da série histórica da PMC. Isso significa que a base de comparação estava bastante elevada. Essa queda foi bastante equilibrada entre todas as atividades, que ficaram no campo negativo, afirmou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Piora das expectativas

Na avaliação do economista-chefe da Necton, André Perfeito, o resultado abaixo das expectativas mostra que o 4º trimestre "começou mal" e reforça a perspectiva de desaceleração.

No 3º trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 0,1%, colocando o país em recessão técnica. O comércio acompanhou a retração da economia e acumulou queda de 0,4% na comparação com o trimestre anterior, voltando a ficar abaixo do patamar pré-pandemia.

A desaceleração do setor vem sendo pressionada pela escalada da inflação, queda de renda das famílias, aumento do endividamento e desemprego ainda elevado no país. A confiança do consumidor cai em novembro para o menor nível desde abril, segundo sondagem da Fundação Getúlio Vargas.

Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial caiu 0,6% em outubro, na comparação com setembro, na quinta retração mensal consecutiva. O mercado financeiro tem revisado para baixo as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e elevado as estimativas para a inflação e para a taxa básica de juros (Selic).

Os analistas projetam atualmente uma inflação de 10,18% em 2021, segundo o último boletim Focus do Banco Central. Para 2022, a previsão subiu para 5,02%. Para a Selic, a projeção é de uma taxa de 9,25% ao fim de 2021, chegando a 11,25% ao ano em 2022.

Para a alta do PIB deste ano, o mercado passou a projetar um avanço de 4,71%. Já a previsão de crescimento para o ano que vem agora está em apenas 0,51%. E parte dos analistas já fala em estagnação e até mesmo uma nova recessão.

"Em linhas gerais, as atividades varejistas permanecem em trajetória cadente em meio à inflação persistentemente elevada, aperto das condições financeiras, aumento do endividamento das famílias e deslocamento de maior proporção do consumo privado do mercado de bens para o setor de serviços (decorrente da flexibilização das restrições sanitárias e maior mobilidade)", destacou Rodolfo Margato, economista da XP, acrescentando em relatório ao mercado que a recuperação do nível de emprego e a implementação do Auxílio Brasil "permitirão algum crescimento da massa de renda ampliada disponível às famílias em 2022, ainda que modestamente".

A Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC) revisou de +3,6% para +3,1% sua expectativa de variação do volume de vendas do comércio varejista para este ano e passou a projetar avanço de 1,2% para o setor em 2022.

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Mancha gigante de plástico no oceano cria novo habitat para animais marinhos

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Pesquisadores encontraram espécies marinhas costeiras vivendo em pedaços flutuantes de plástico a quilômetros de seus ambientes originais.
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TOPO
Por Victoria Gill, BBC

Postado em 08 de dezembro de 2021 às 12h05m

Post.- N.\ 10.122

Os pesquisadores colaboraram com o Ocean Voyages Institute para coletar detritos do oceano — Foto: Ocean Voyages Institute via BBC
Os pesquisadores colaboraram com o Ocean Voyages Institute para coletar detritos do oceano — Foto: Ocean Voyages Institute via BBC

Cientistas encontraram animais marinhos que estão vivendo em restos de plástico numa área de mar aberto conhecida como a "grande mancha de lixo do Pacífico".

Muitas dessas criaturas são espécies costeiras, que passaram a viver a quilômetros de seus habitats usuais, numa área que fica entre a costa da Califórnia (EUA) e o Havaí.

Plantas e animais, incluindo anêmonas, pequenos insetos marinhos, moluscos e caranguejos, foram encontrados em 90% dos pedaços de plástico.

Cientistas estão preocupados com o fato de que o plástico está ajudando a transportar espécies invasoras.

O estudo examinou itens de plástico com mais de 5 centímetros de diâmetro coletados de um giro — uma área onde correntes em círculo fazem com que detritos se acumulem — no Pacífico.

A pesquisadora líder, Linsey Haram, que conduziu o trabalho no Smithsonian Environmental Research Centre, disse: "Plásticos são mais permanentes que muitos dos detritos naturais que você costumava ver no mar aberto. Eles estão criando um habitat mais permanente nesta área".

Haram trabalhou com o Ocean Voyages Institute, uma ONG que coleta plásticos poluentes em expedições marítimas, e com oceanógrafos da Universidade do Havaí em Manoa.

Mais da metade dos itens examinados continha espécies normalmente encontradas em zonas costeiras. — Foto: Smithsonian via BBC
Mais da metade dos itens examinados continha espécies normalmente encontradas em zonas costeiras. — Foto: Smithsonian via BBC

O mundo tem pelo menos cinco giros infestados de plástico. Acredita-se que este do Pacífico tenha a maior quantidade de plástico — cerca de 79 mil toneladas numa região de mais de 1,6 quilômetros quadrados.

"Todo tipo de coisa vai parar lá", disse Haram. "Não é uma ilha de plástico, mas há definitivamente uma grande quantidade de plástico presa ali."

Boa parte disso é microplástico — muito difícil de ver a olho nu. Mas também há itens maiores, incluindo redes de pesca abandonadas, boias e até barcos que têm flutuado no giro desde o tsunami no Japão em 2011.

Os pesquisadores, que relataram suas descobertas no periódico Nature Communications, começaram a investigação ao analisar o tsunami devastador.

O desastre fez com que toneladas de detritos fossem jogadas no Oceano Pacífico, e centenas de espécies japonesas costeiras foram vistas vivas em itens que chegaram às costas do Pacífico na América do Norte e a ilhas havaianas.

"Queremos saber como o plástico pode ser um meio de transporte para espécies invasoras", disse Haram à BBC News.

A pesquisa começou com uma análise do impacto do tsunami de 2011 no Japão — Foto: Reuters via BBC
A pesquisa começou com uma análise do impacto do tsunami de 2011 no Japão — Foto: Reuters via BBC

Alguns dos organismos que os pesquisadores encontraram no plástico eram espécies de mar aberto — organismos que sobrevivem ao navegar no plástico flutuante. Mas a descoberta mais impressionante, diz Haram, foi a diversidade de espécies costeiras no plástico.

"Mais da metade dos itens tinha espécies costeiras neles", ela disse. "Isso cria uma série de questões sobre o que significa ser uma espécie costeira."

Os cientistas dizem que a descoberta joga luz sobre outras "consequências não intencionais" da poluição por plástico — um problema que só deve crescer.

Um estudo anterior estimou que um total de 25 bilhões de toneladas de lixo plástico terão sido geradas até 2050.

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Como e quando os humanos começaram a ficar de pé e andar

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O bipedismo, que significa andar sobre duas pernas, foi resultado de uma evolução gradual que começou há muitos milhões de anos.
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TOPO
Por BBC

Postado em 08 de dezembro de 2021 às 09h45m

Post.- N.\ 10.121

Lucy (ao centro) e dois indivíduos da espécie Australopithecus sediba, um ancestral dos humanos modernos de 2 milhões de anos atrás — Foto: Wikimedia Commons
Lucy (ao centro) e dois indivíduos da espécie Australopithecus sediba, um ancestral dos humanos modernos de 2 milhões de anos atrás — Foto: Wikimedia Commons

Quando e como começamos a andar? — Rayssa, 11 anos, Newark, New Jersey.

Esta é uma pergunta importante porque muitos antropólogos veem o bipedismo — que significa andar sobre duas pernas como uma das características que definem os "hominídeos", ou humanos modernos, e seus ancestrais.

Mas é difícil dar uma resposta simples porque o bipedismo não apareceu da noite para o dia. Foi resultado de uma evolução gradual que começou há muitos milhões de anos.

E é claro que não há vídeos da primeira pessoa que andou ereta. Então, como os cientistas tentam responder às perguntas sobre como os humanos se moviam em um passado remoto?

Felizmente, a forma dos ossos de uma criatura e a maneira como eles se encaixam podem contar a história de como aquele corpo se movia quando estava vivo. E os antropólogos podem encontrar outras evidências na paisagem, por exemplo, que indicam como os povos antigos caminhavam.

Em 1994, os primeiros fósseis de um hominídeo até então desconhecido foram encontrados na Etiópia. Os antropólogos responsáveis pela descoberta descreveram os restos mortais como sendo de uma mulher adulta, e decidiram chamar a espécie de Ardipithecus ramidus, apelidada de "Ardi".

Ao longo dos dez anos seguintes, mais de cem fósseis da espécie de Ardi foram encontrados e datados entre 4,2 milhões e 4,4 milhões de anos.

Quando os cientistas examinaram essa coleção de ossos, eles identificaram certas características que indicavam bipedismo. O pé, por exemplo, tinha uma estrutura que permitia dar passos com o impulso dos dedos, como fazemos hoje, o que os símios que caminham sobre quatro patas não fazem.

A forma dos ossos pélvicos, a maneira que as pernas estavam posicionadas sob a pélvis e como os ossos das pernas se encaixavam, também sugeriam que andavam eretos.

Pode ser que Ardi não andasse exatamente como fazemos hoje, mas o bipedismo, como forma normal de movimento, parece ser uma característica desses fósseis de 4,4 milhões de anos atrás.

Reprodução do que viria a ser Lucy, da espécie de Australopithecus afarensis — Foto: Getty Images
Reprodução do que viria a ser Lucy, da espécie de Australopithecus afarensis — Foto: Getty Images

Antropólogos já haviam encontrado quase 40% do esqueleto completo de uma espécie de hominídeo que viveu cerca de 1 milhão de anos depois de Ardi, também na Etiópia.

Por causa de sua semelhança com outros fósseis encontrados no sul e no leste da África, chamaram a espécie de Australopithecus afarensis, que em latim significa "símio do sul de uma região distante".

Os restos mortais encontrados também eram do sexo feminino, então eles apelidaram de "Lucy" em homenagem a uma música dos Beatles (Lucy In The Sky With Diamonds) popular na época.

Vários outros fósseis desta espécie — mais de 300 indivíduos — foram adicionados ao grupo, e hoje os pesquisadores sabem muito sobre Lucy e seus parentes.

Lucy tinha uma pelve parcial, mas bem preservada, que foi como os antropólogos sabiam que ela era do sexo feminino.

A pélvis e os ossos da coxa se encaixavam de uma maneira que mostrava que ela caminhava ereta sobre as duas pernas. Nenhum osso dos pés foi preservado, mas descobertas posteriores de A. afarensis incluem pés e indicam também o andar bípede.

Além de restos fósseis, os cientistas encontraram outras evidências notáveis de como a espécie de Lucy se deslocou na região de Laetoli, na Tanzânia.

Sob uma camada de cinzas vulcânicas que data de 3,6 milhões de anos atrás, antropólogos encontraram pegadas fossilizadas no que antes havia sido uma superfície úmida de cinzas vulcânicas.

Os rastros se estendem por quase 30 metros, e 70 impressões individuais indicam a presença de pelo menos três indivíduos caminhando eretos sobre os dois pés.

Dada a idade presumida, os donos das pegadas eram provavelmente Australopithecus afarensis.

As pegadas comprovam que esses hominídeos caminhavam sobre duas pernas, mas o andar parece um pouco diferente do nosso de hoje. Ainda assim, Laetoli fornece evidências sólidas do bipedismo há 3,5 milhões de anos.

Um hominídeo com anatomia tão parecida com a nossa e que podemos dizer que caminhava como nós só apareceu na África há 1,8 milhão de anos.

O Homo erectus foi o primeiro a ter pernas longas e braços mais curtos que tornariam possível andar, correr e se deslocar pelas paisagens da Terra como fazemos hoje.

O Homo erectus também tinha um cérebro muito maior do que os hominídeos bípedes anteriores, e fabricava e usava ferramentas de pedra chamadas instrumentos acheulianos.

Antropólogos consideram o Homo erectus nosso parente próximo e um dos primeiros membros de nosso próprio gênero, Homo.

Então, como você pode ver, o andar humano demorou muito para se desenvolver. Surgiu na África há mais de 4,4 milhões de anos, muito antes do início da fabricação de ferramentas.

Por que os hominídeos andam eretos? Talvez isso tenha permitido que eles avistassem os predadores com mais facilidade ou corressem mais rápido, ou talvez o ambiente tenha mudado e houvesse menos árvores para subir, como os primeiros hominídeos faziam.

Seja como for, os humanos e seus ancestrais começaram a caminhar muito cedo em sua história evolutiva.

Embora o bipedismo tenha vindo antes da fabricação de ferramentas, a postura ereta liberou as mãos deles para fazer e usar ferramentas, o que acabou se tornando uma das marcas registradas dos humanos como nós.

*Jan Simek é professor de Antropologia na Universidade do Tennessee, nos EUA.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado pela BBC sob uma licença Creative Commons.

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