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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Com socorro federal, prefeitos encerram gestão com dinheiro em caixa, mas alívio é de curto prazo

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Em 2020, mesmo com a pandemia do novo coronavírus, municípios tiveram um ganho de caixa de R$ 45 bilhões até agosto. Levantamento mostra que 11 capitais têm situação financeira confortável.  
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Por Bianca Lima e Luiz Guilherme Gerbelli, GloboNews e G1  
01/12/2020 06h00 Atualizado há 5 horas
Postado em 01 de dezembro de 2020 às 11h00m


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Socorro da União reforça caixa das prefeituras em R$ 45 bi
Socorro da União reforça caixa das prefeituras em R$ 45 bi

O socorro do governo federal, destinado a reduzir os impactos da pandemia do novo coronavírus, turbinou o caixa dos municípios em 2020. O alívio, no entanto, é apenas de curto prazo. Nos próximos anos, os prefeitos terão de endereçar medidas de ajuste fiscal, em especial no gasto com pessoal, para que os serviços públicos não fiquem comprometidos.

O tamanho da transferência da União para os municípios foi medido em um estudo realizado pelo economista e professor do Insper Marcos Mendes. Ao todo, os prefeitos tiveram um ganho de caixa de R$ 45 bilhões entre janeiro e agosto:

  • Os gestores foram beneficiados com R$ 43,1 bilhões em transferências federais;
  • Tiveram R$ 7,4 bilhões em pagamentos de dívidas suspensos; e
  • Só registraram R$ 5,5 bilhões em perdas com receita tributária.

Mesmo com o aumento de gastos adotado pelos municípios para combater os efeitos do coronavírus, o levantamento mostra que eles ainda teriam uma folga de caixa de R$ 23,9 bilhões.

"A ajuda do governo federal foi muito maior do que as perdas registradas pelos municípios", diz Mendes. "A mensagem importante é que não há espaço para se falar em novos socorros para as cidades, porque elas já estão se mobilizando para pedir dinheiro para a União, mas têm um saldo de caixa muito grande e estão numa situação muito favorável."

O excesso de caixa não foi exclusividade dos municípios. Boa parte dos estados também conseguiu mais do que repor as perdas provocadas pela crise.

Estados compensam perdas com arrecadação durante pandemia
Estados compensam perdas com arrecadação durante pandemia

"Agora, isso não significa que os novos prefeitos vão ter esse dinheiro para torrar à vontade, porque essa ajuda federal não vai acontecer e a gente não sabe o que vai ser da atividade econômica no ano que vem, não sabe qual vai ser o desempenho da receita. Portanto, os municípios precisam se precaver", alerta Mendes.

O fato de a recessão ter sido menos intensa do que a esperada também contribuiu para as finanças municipais. No início da pandemia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa que a contração do Produto Interno Bruto (PIB) do país poderia chegar a 9,1% neste ano. Hoje, no entanto, os analistas estimam apenas metade dessa queda: -4,5%.

Com o recuo mais brando da atividade econômica, sobretudo por causa do impacto do Auxílio Emergencial, a arrecadação de estados e municípios não foi tão afetada.

"O Auxílio Emergencial sustentou o consumo e, portanto, o pagamento de impostos. Foi muito pequena a queda de arrecadação de estados e municípios", diz Mendes.

Um levantamento da consultoria Tendências, porém, alerta que a situação financeira das capitais ainda é frágil, apesar da melhora em meio à pandemia. Das 26, apenas 11 têm um orçamento equilibrado. Fazem parte desse grupo as prefeituras de Curitiba, Rio Branco, Boa Vista, São Paulo, Palmas, Vitória, Belo Horizonte, Manaus, João Pessoa, Cuiabá e Porto Velho.

Num mesmo estudo, realizado no início deste ano, eram oito as capitais com situação financeira confortável.

Fragilidade das contas públicas — Foto: Fernanda Garrafiel/Economia G1
Fragilidade das contas públicas — Foto: Fernanda Garrafiel/Economia G1

Para analisar as finanças dos municípios, a Tendências concede notas de 0 a 10 para indicadores de endividamento, poupança corrente, liquidez, despesa com pessoal e investimento. O desempenho dos municípios é apurado com base numa média ponderada dos últimos três anos, até o primeiro semestre deste ano.

"Os municípios estavam gradualmente melhorando as finanças públicas e, no estudo mais recente, foi possível fazer a captura dessa melhora", afirma o analista de contas públicas da Tendências e autor do levantamento, Fabio Klein. "Mas uma parte importante (desse avanço) é efeito do auxílio que o governo federal prestou aos estados e município, e não dá para a gente desprezar isso."

Historicamente, a saúde financeira das cidades sempre foi melhor que a dos estados. Com a Constituição de 1988, os municípios foram os entes federativos mais beneficiados com aumento de receita, explica Mendes. O endividamento também sempre foi mais controlado, já que poucos puderam emitir títulos de dívida - o que hoje é proibido. Atualmente, apenas a União tem autorização para emitir títulos públicos.

"Os municípios comem pelas beiradas. Eles têm a marcha nacional dos prefeitos, vão para Brasília e conseguem uma receitinha a mais aqui, uma transferência a mais ali", afirma Mendes. "Nunca é um grande repasse, é sempre alguma coisa na margem e, com isso, vão equilibrando as contas."

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CMN), as contas dos municípios têm sido pressionada anualmente porque eles "têm assumido mais responsabilidades sem que, no entanto, sejam geradas ou apontadas as fontes de custeio para responder às mesmas."

Nas contas da entidade, a perda estimada de receita dos municípios é de R$ 74 bilhões por causa da crise sanitária.

Gasto com pessoal é desafio

Mesmo com as finanças temporariamente mais ajustadas, os municípios ainda enfrentam problemas estruturais com o gasto de pessoal, sobretudo nas áreas de educação e saúde.

A solução, na avaliação dos analistas, é que os prefeitos encampem uma reforma da Previdência, como ocorreu no plano federal e seguindo o exemplo do que alguns estados estão fazendo, e também uma reforma administrativa.

Quando as despesas com pessoal crescem, elas passam a consumir boa parte do orçamento público, deixando pouco espaço para investimentos, por exemplo.

"A maior parte do orçamento é de gastos de natureza obrigatória de pessoal, e os investimentos acabam sendo sempre a variável de ajuste", diz Klein, da Tendências.

Na cidade de São Paulo, a reforma da Previdência foi aprovada em dezembro de 2018, numa sessão na Câmara de Vereadores marcada por tumulto e confronto entre servidores. A mudança na legislação municipal elevou a alíquota de contribuição dos funcionários públicos de 11% para 14%.

"Boa parte dos municípios tem um passivo de previdência muito grande. Tem planos de previdência que são desequilibrados", afirma Mendes. "E vão ter muita dificuldade de fazer a reforma da Previdência. É uma coisa complexa, difícil de se discutir numa câmara municipal."  
O que dizem as prefeituras

O G1 procurou as prefeituras classificadas com uma situação fiscal fraca ou muito fraca. Veja abaixo o que elas informaram:

  • Belém

A prefeitura de Belém contestou a pesquisa realizada pela Tendências, "uma vez que a situação fiscal (...) se encontra como estável, com pagamento integral de suas despesas compulsórias, como as folhas de pessoal, precatórios, dívida pública, aquelas não suspensas a partir de julho, mesmo diante de um cenário atípico de calamidade pública devido a pandemia de Covid-19."

  • Florianópolis

A prefeitura de Florianópolis disse que atual administração passou os dois primeiros anos num processo de "reorganização da casa". "Nesse período algumas ações contribuíram para a recuperação do equilíbrio como: a reforma administrativa, a limitação e o controle das despesas de custeio, bem como, a gestão tributária e da dívida, permitindo a capital ficar com todas as certidões em dia."

  • Goiânia

A prefeitura de Goiânia informou que, a partir de 2019, "passou a receber nota B do Tesouro Nacional na análise de sua capacidade de pagamento e em 2020 houve melhoria em todos os indicadores de desempenho da avaliação" e que a "atual gestão promoveu uma série de medidas de austeridade" e atua comprometida com o ajuste das contas públicas.

  • Natal

Em nota, a prefeitura de Natal disse que "ao verificarmos o horizonte temporal (2017 a 2019), tempo de nossa gestão, fizemos avanços positivos, preocupados com a saúde financeira do município, com a responsabilidade fiscal e sem deixar de prestar os bens e serviços para a sociedade natalense."

  • Recife

Em nota , a secretaria de Finanças afirmou que "desconhece os dados apresentados pelo estudo e entrou em contato com a Tendências para pedir esclarecimentos."

As demais não se manifestaram até a última atualização desta reportagem.

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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Consumo de plásticos explode na pandemia e Brasil recicla menos de 2% do material

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Plano do governo para combate ao lixo no mar está paralisado desde março. 
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TOPO
Por BBC  
30/11/2020 14h42 Atualizado há 07 horas
Postado em 30 de novembro de 2020 às 21h45m


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Homem buscando comida em meio à pandemia; delivery, comércio eletrônico e materiais hospitalares descartáveis fizeram uso de plástico explodir — Foto: Reuters
Homem buscando comida em meio à pandemia; delivery, comércio eletrônico e materiais hospitalares descartáveis fizeram uso de plástico explodir — Foto: Reuters

Com o avanço do delivery de alimentos e do comércio eletrônico, além do maior uso de material hospitalar descartável como máscaras e luvas, o consumo de plásticos explodiu durante a pandemia do coronavírus.

O aumento do volume de lixo plástico é bastante problemático num país onde apenas 1,28% deste material é reciclado, segundo dados da WWF citados pelo Atlas do Plástico, estudo inédito realizado pela organização sem fins lucrativos alemã Fundação Heinrich Böll.

A título de comparação, o índice de reciclagem de latas de alumínio chegou a 97,6% em 2019, segundo dados da Abal (Associação Brasileira do Alumínio) e da Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas).

A fundação alemã chama atenção ainda para as 70 mil a 190 mil toneladas de lixo despejadas por ano no mar brasileiro pela população que vive na costa, um problema para a fauna e flora marinha, para a saúde das pessoas, comunidades tradicionais e o turismo, uma das atividades econômicas mais afetadas pela pandemia.

Política lançada pelo governo em abril de 2019 para endereçar o problema, o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar está paralisado desde março deste ano devido à pandemia e sem previsão de retorno. Os R$ 40 milhões destinados para esta finalidade até agora não foram desembolsados.

O Atlas do Plástico, que será lançado nesta segunda-feira (30). Conforme a fundação, os dados foram verificados pela Agência Lupa.

Lixo plástico em números

Segundo o estudo, em 2018, o Brasil produziu cerca de 79 milhões de toneladas de lixo, com os plásticos representando 13,5% desse volume, ou 11,3 milhões de toneladas. O número faz do país o quarto maior produtor de resíduos plásticos do mundo.

Da parcela de lixo plástico, apenas 145 mil toneladas são recicladas, ou 1,28% do total, comparado a média global de 9% e índices de 34,6% e 21,9% nos Estados Unidos e China, respectivamente.

De todos os tipos de plástico produzidos no Brasil, o PET (sigla para polietileno tereftalato), utilizado nas garrafas de refrigerante e água mineral, é o que tem a mais alta taxa de reciclagem, chegando a 60%.

Conforme pesquisa Ibope citada pelo levantamento, também em 2018, 75% dos brasileiros não separam recicláveis. Desses, 39% não separavam o lixo orgânico dos demais. E 77% sabiam que o plástico é reciclável, mas apenas 40% de fato reciclavam o material.

Política de resíduos sólidos completa 10 anos sem efetividade

"Por um lado, temos uma enormidade de plástico sendo produzido e consumido e, por outro, há uma carência de processos de reciclagem, muito porque ainda não está efetivada de forma concreta a Política Nacional de Resíduos Sólidos", avalia Marcelo Montenegro, coordenador do Atlas do Plástico.

Criada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos determinou uma série de metas com o objetivo de reduzir o impacto dos resíduos sólidos sobre o meio ambiente.

Entre elas, estavam a elaboração de planos municipais de resíduos sólidos, eliminação dos lixões, declarações anuais sobre quantidade de resíduos produzidas por região, sistemas de coleta seletiva e política de logística reversa - prática em que os próprios setores produtivos ficam responsáveis pela destinação dos resíduos produzidos pelas suas cadeias.

Dez anos depois, no entanto, o plano falhou em atingir diversos desses objetivos.

Larisse Faroni-Perez, presidente do Instituto Geração Oceano X e coautora de um dos artigos do Atlas, cita ainda como um fator de desincentivo à reciclagem no país a dupla tributação, pois os produtos plásticos são taxados no momento da produção e novamente na reciclagem.

Abiplast diz que reciclagem é maior

Questionado, o MMA (Ministério do Meio Ambiente) afirmou que "o descarte inadequado, a falta de coleta seletiva e a baixa infraestrutura para reciclagem, somados às dimensões continentais do país, que muitas vezes comprometem a viabilidade técnica e econômica, podem ser apontados como os principais motivos para o baixo índice de reciclagem".

Já a Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) afirma que o estudo mais atual sobre reciclagem realizado pela consultoria MaxiQuim mostra que o Brasil reciclou 22% do plástico pós-consumo em 2018. Segundo a entidade, o índice nos Estados Unidos é de 24,2%, pouco superior à performance do mercado brasileiro.

Quanto à baixa efetividade da Política de Resíduos Sólidos após dez anos de sua implementação, o MMA diz que, apenas a partir de 2019, os principais instrumentos da política saíram do papel, citando como exemplos o SINIR (Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos), medidas de apoio a municípios e consórcios, além de sistemas de logística reversa para os setores de eletroeletrônicos, baterias automotivas de chumbo e medicamentos.

"A partir do momento que o assunto é priorizado pela gestão, como está sendo feito agora, os resultados começam a surgir", diz a pasta.

A Abiplast, por sua vez, afirma que, apesar da existência de um acordo setorial de embalagens, que prevê a implementação do sistema de logística reversa desses itens, ainda há muito a ser feito.

"É preciso que sejam cumpridas as metas do Ministério do Meio Ambiente, é necessária uma integração das lideranças executivas de União, estados e municípios. Além disso, é necessário que essa responsabilidade seja de fato compartilhada entre todos os elos da cadeia, passando pela indústria, Executivo, Ministério Público, Estado, consumidores etc."

Lixo no mar

Conforme o Atlas do Plástico, estudos realizados sobre a quantidade de lixo em 170 praias brasileiras mostram que a maior parte desses locais (54%) está suja ou extremamente suja.

Ainda segundo o levantamento, no ranking dos maiores poluidores do oceano por plástico, o Brasil ocupa a 16ª posição.

No entanto, destacam os autores do estudo, assim como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, criado em 2019 pelo governo para endereçar esse problema, também tem se mostrado nada efetivo.

"As ações do plano foram resumidas à instalação de coletores metálicos de resíduos em formatos de peixes em algumas praias e ao apoio a mutirões de limpeza. Essas ações chamam a atenção da mídia e da população, mas são extremamente ineficientes no combate ao lixo no mar", consideram os pesquisadores.

Os autores lembram ainda que, logo após o lançamento do plano, o governo brasileiro deu um sinal contraditório, ao não assinar, em maio de 2019, acordo internacional para combater o lixo plástico no contexto da COP-14 (14ª Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica), realizada pelas Nações Unidas em Genebra, na Suíça.

Questionado sobre a paralisação do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar desde março, devido à pandemia, o MMA informou que "as atividades, em especial as que envolvem alguma aglomeração, como os mutirões de limpeza, serão retomadas tão logo as condições sanitárias permitam".

Quanto ao fato de os R$ 40 milhões destinados à ação ainda não terem sido desembolsados, a pasta disse que "o projeto está pronto, aprovado e orçado, porém sua implantação teve de ser postergada devido às restrições da pandemia".

Com relação à não assinatura do acordo internacional para combate ao lixo plástico, o ministério argumenta que seu Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar "vai muito além" do acordo e "busca resultados concretos, o que muitas vezes não consta de propostas de acordos e coalizões internacionais, que muitas vezes representam apenas carta de boas intenções".

'Era para ser um sucesso'

"O Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar era para ser um sucesso", lamenta Faroni-Perez, do Instituto Geração Oceano X.

"Ele foi desenvolvido de modo participativo, aberto para a população e com a contribuição de diversos setores. Mas ele prevê uma série de ações e medidas que precisam ser coordenadas e orquestradas. O que que foi feito até o momento não ataca o problema na raiz, o que depende da conscientização das pessoas e de políticas públicas efetivas."

Entre essas políticas, Faroni-Perez e Montenegro destacam medidas de incentivo à redução da produção e do consumo de plásticos, como o banimento de plásticos de uso único e o incentivo do consumo através de granéis, com o uso de embalagens reaproveitáveis levadas de casa pelos consumidores.

"O problema não é o plástico em si, ele tem usos nobres. Mas o que precisa ser feito é reduzir o consumo do que não é potencialmente reciclável e manter na cadeia de valor o que é", diz Faroni-Perez.

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Alta do desmatamento não é 'surpresa' diante do desmonte das políticas ambientais, dizem entidades

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Amazônia teve 11 mil km² de desmatamento entre agosto de 2019 e julho de 2020, apontam dados do Inpe divulgados nesta segunda-feira (30).  
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Por Carolina Dantas, G1  
30/11/2020 16h29 Atualizado há 4 horas
Postado em 30 de novembro de 2020 às 20h35m


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Pesquisadores e entidades avaliam que o aumento de 9,5% no desmatamento na Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020 não é "surpresa" diante do que classificam como "desmonte das políticas ambientais" durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro.

O balanço da temporada foi divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e aponta que os estados da Amazônia Legal somaram 11 mil km² de desmatamento no período.

"Nada disso é uma surpresa para quem acompanha o desmonte das políticas ambientais no Brasil desde janeiro de 2019. Os números do Prodes simplesmente mostram que o plano de Jair Bolsonaro deu certo" - Observatório do Clima

De acordo com a avaliação do Observatório do Clima, que é uma rede com 56 organizações não governamentais e movimentos sociais, os números do desmatamento anual "refletem o resultado de um projeto bem-sucedido de aniquilação da capacidade do estado Brasileiro e dos órgãos de fiscalização de cuidar de nossas florestas e combater o crime na Amazônia".

"É o preço da 'passagem da boiada" - Observatório do Clima

O Greenpeace, organização internacional que atua na proteção do meio ambiente no Brasil, tem um posicionamento semelhante:

"A visão de desenvolvimento do governo Bolsonaro para a Amazônia nos leva de volta ao passado, marcado por altas taxas de desmatamento. É uma visão retrógrada, que não conversa com a maioria dos brasileiros e não condiz com os esforços necessários para lidar com as crises do clima e da biodiversidade." Cristiane Mazzetti, Gestora Ambiental do Greenpeace.

"A incômoda verdade se revela por meio de números que dão a dimensão do descaso e da ineficácia", disse Cristiane Mazzetti.

Antônio Oviedo, cientista ambiental e parte do conselho do Instituto Socioambiental, observa que "esses dados do Prodes se referem a uma estimativa e que os dados oficiais devem ser divulgados no ano que vem". Ele diz que, no geral, os números consolidados têm um acréscimo de 4% a 5%.

"É um valor muito grande. Cerca de 180% maior do que o governo se comprometeu a apresentar como meta de redução pro desmatamento, como meta pra contribuição para as mudanças do clima", disse.

De qualquer forma, o número de 11 mil km² mostra que a gestão do preside Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles não conseguiram cumprir a intenção anunciada no ano passado. Sem citar meta, Salles disse que pretendia eliminar o desmate ilegal.

Redução de multas do Ibama

Em reportagem do G1, com base nos dados abertos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), constatou-se que apenas três de quase mil autuações aplicadas na Amazônia Legal foram pagas.

A baixa reversão das autuações por desmatamento em multas está relacionada ao enfraquecimento da ação do Ibama. Ex-presidente do Ibama e especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo diz que a falta de fiscais em campo é um problema antigo, neste ano impulsionado pela pandemia e pelo aumento no pedido de aposentadorias.

Ela diz que há anos o Ibama não tem feito novos concursos públicos para a contratação, com um quadro que ficou ainda mais reduzido com parte dos servidores em quarentena.

Além disso, há uma tendência em tentar substituir os fiscais e reforçar a ação do Exército na Amazônia. Na visão de Araújo, a medida também enfraquece o combate ao desmatamento.

"Os fiscais ambientais sabem olhar imagens, pegar o computador e ver o que está acontecendo na região. Tem toda uma sofisticação de como fazer essas operações, que é totalmente diferente de colocar um monte de gente do Exército. A solução é repor esse quadro de pessoal", completou.

Veja as recentes polêmicas sobre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles
Veja as recentes polêmicas sobre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

Incentivo ao garimpo

Em fevereiro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro assinou um projeto de lei para regulamentar a mineração e a geração de energia elétrica em terras indígenas.

O projeto também abria a possibilidade de as aldeias explorarem as terras em outras atividades econômicas, como agricultura e turismo. A exploração mineral e hídrica está prevista na Constituição Federal, mas nunca foi regulamentada.

Meses depois, uma pesquisa feita por quatro instituições apontou que a liberação da mineração em terras indígenas poderia aumentar em 22% a área afetada. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Instituto Socioambiental (ISA) e Universidade de Queensland assinaram o estudo:

"Grandes empresas de mineração não estariam inclinadas a correr o risco reputacional de se associarem com à destruição ambiental, uma vez que os fundos de investimentos levam esse aspecto em consideração. Assim, existe a possibilidade de que essa lei atraia apenas a ação de garimpeiros ilegais que, além de não pagarem impostos, degradam o meio ambiente sem qualquer prestação de contas", disse Britaldo Soares-Filho, professor da UFMG e coautor.

Fundo Amazônia

O Fundo Amazônia, que capta doações para projetos de preservação e fiscalização do bioma, tem cerca de R$ 2,9 bilhões parados e está sem atividade desde 2019, apontou a rede Observatório do Clima em uma audiência pública que analisou a paralisação das contas do Fundo pelo governo federal.

"Informações prestadas pelo BNDES, gestor dos recursos, na ação que corre no Supremo indicam que a extinção dos comitês ou qualquer estabelecimento de governança diferente da original, sem prévia negociação com os doadores, afeta os compromissos já estabelecidos, podendo ensejar, inclusive, a restituição de recursos já doados", diz o documento apresentado por Suely Araújo.

A audiência foi convocada por Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF). O tribunal analisa uma ação de partidos de oposição, que apontam omissão da União ao não executar a verba doada pelos países europeus. Eles pedem a retomada imediata das atividades do Fundo Amazônia.

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domingo, 29 de novembro de 2020

Ciência, inteligência artificial, políticas públicas: a longevidade nos livros

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Autores chamam a atenção de governos e empreendedores para necessidades não atendidas dos mais velhos  
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TOPO
Por Mariza Tavares -- Rio de Janeiro  
Jornalista, mestre em comunicação pela UFRJ e professora da PUC-RIO, Mariza escreve sobre como buscar uma maturidade prazerosa e cheia de vitalidade.
29/11/2020 06h00 Atualizado há 7 hora
Postado em 29 de novembro de 2020 às 13h00


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Livros sobre o envelhecimento saindo do forno. Ou ainda em pré-venda, com lançamento previsto para o começo do ano que vem – um bom sinal de que o assunto está em alta. O painel Longevity: read all about it (Longevidade: leia tudo sobre o tema) era parte do seminário on-line, realizado de 9 a 13, que foi objeto da coluna do dia 19. O moderador foi Andrew Scott, professor de economia da London Business School e ele próprio autor de uma obra que estará disponível em dezembro: The new long life (A nova vida longa). Anna Dixon, presidente do Centro para Envelhecer Melhor, no Reino Unido, lançou The age of ageing better? – a manifesto for our future(A era para envelhecer melhor – um manifesto para nosso futuro) em junho. O livro, segundo a autora, pretende desafiar a narrativa negativa sobre a velhice, dando ênfase às ações que visem a transformar o envelhecimento numa fase na qual possamos viver prazerosamente. Na sua opinião, a sociedade terá falhado se não se mobilizar para atender às mudanças do perfil demográfico da população: os governos têm que focar em políticas públicas que possibilitem que idosos longevos vivam decentemente.

Andrew Steele: “com as terapias gênicas, será possível curar uma doença mudando uma única letrinha do DNA”  — Foto: Divulgação
Andrew Steele: “com as terapias gênicas, será possível curar uma doença mudando uma única letrinha do DNA” — Foto: Divulgação

Físico e especialista em biologia computacional, que usa tecnologia para resolver problemas da biologia, Andrew Steele escreveu Ageless – the new science of getting older without getting older (Sem idade: a nova ciência de envelhecer sem ficar velho), previsto para março de 2021. Diz que, como cientista, se entusiasma com o potencial desse campo de conhecimento. Não há uma data para a cura de senescência, mas são muitas frentes de pesquisa. Com as terapias gênicas, será possível curar uma doença mudando uma única letrinha do DNA utilizando o CRISPR (um sistema de edição genética). É algo para daqui a cinco, dez anos, muitos dos idosos estarão vivos para se beneficiar, afirma. Para ele, a principal barreira é financiamento: a biogerontologia, ou seja, a biologia do envelhecimento, ainda tem pouca visibilidade. Os investimentos se concentram no câncer. No entanto, é o envelhecimento que leva ao câncer, às doenças coronarianas, às demências. Deveria interessar aos governos, empreendedores e filantropos, acrescentou.

A empreendedora social Tina Woods, autora de Live longer with AI (Viva mais com a inteligência artificial), publicado em setembro, é uma defensora da tecnologia para trazer qualidade de vida aos idosos: a inteligência artificial está em todos os lugares e será usada maciçamente nos cuidados de saúde. Pode ser a peça chave para mudanças no estilo de vida. Além disso, drogas poderão ser personalizadas. A indústria de seguros deveria estar interessada em investir para que as pessoas tenham ferramentas para manter a saúde pelo maior tempo possível. Por último, Andrew Scott também falou sobre seu livro, em nova parceria com Lynda Gratton. Os dois abordam as muitas questões relacionadas à longevidade: como manter a saúde; se preparar para a aposentadoria; e o que fazer com o bônus de uma existência estendida.

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