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domingo, 2 de agosto de 2020

Mico-leão-dourado ganha 1º viaduto vegetado do Brasil, uma ponte para o futuro da espécie

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Dia do Mico-Leão-Dourado é celebrado neste domingo (2). Viaduto conecta fragmentos da Mata Atlântica para unir populações isoladas e se torna um dos marcos da conservação da biodiversidade no país.
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Por Rodrigo Marinho, G1 — Região dos Lagos  
02/08/2020 07h00 Atualizado há 5 horas
Postado em 02 de agosto de 2020 às 13h50m

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Primeiro viaduto vegetado do Brasil foi inaugurado na BR-101, em Silva Jardim, no RJ — Foto: Andréia Martins/Divulgação AMLD e Divulgação/Arteris FluminensePrimeiro viaduto vegetado do Brasil foi inaugurado na BR-101, em Silva Jardim, no RJ — Foto: Andréia Martins/Divulgação AMLD e Divulgação/Arteris Fluminense

Neste domingo (2), Dia do Mico-Leão-Dourado, a espécie endêmica do Rio de Janeiro e que está ameaçada de extinção ganhou o primeiro viaduto vegetado do Brasil. A obra é um dos marcos da conservação da biodiversidade do país e vai contribuir para o futuro da espécie.

A obra, com orçamento de R$ 9 milhões, começou em 2018 no km 218 da BR-101, em Silva Jardim, no interior do Rio de Janeiro, e foi concluída na última segunda-feira (27) pela Arteris Fluminense, concessionária que administra a rodovia.

O viaduto recebeu o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica. Toda a estrutura, que inclui uma cerca de condução de fauna, já está pronta para cumprir um importante papel: conectar a Reserva Biológica Poço das Antas, um dos principais habitats do Mico-Leão-Dourado, à Área de Proteção Ambiental Rio São João/Mico-Leão-Dourado.
O mico-leão-dourado poderá usar o viaduto vegetado daqui a alguns anos, quando a vegetação crescer dando mais segurança aos micos — Foto: Reprodução ICMBio e Divulgação Arteris FluminenseO mico-leão-dourado poderá usar o viaduto vegetado daqui a alguns anos, quando a vegetação crescer dando mais segurança aos micos — Foto: Reprodução ICMBio e Divulgação Arteris Fluminense

Daqui a alguns anos, com o crescimento da vegetação no viaduto, a travessia dos animais se tornará mais segura e permitirá o encontro deles com outros membros da espécie que estavam isolados em outros fragmentos da Mata Atlântica.

Esse encontro é fundamental para a reprodução do mico, já que contribuirá para um intercâmbio genético, reduzindo o cruzamento entre parentes e, assim, os problemas de consanguinidade.
Viaduto vegetado foi construído para auxiliar na travessia de animais silvestres na BR-101, no RJ — Foto: Divulgação/Arteris FluminenseViaduto vegetado foi construído para auxiliar na travessia de animais silvestres na BR-101, no RJ — Foto: Divulgação/Arteris Fluminense

O trecho onde o viaduto se encontra foi escolhido após mapeamento que identificou os locais mais sensíveis ambientalmente e com altos índices de atropelamento de animais.

O secretário executivo da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), Luís Paulo Ferraz, ressalta que as florestas de baixada do interior do estado do Rio de Janeiro são a única área do mundo onde vivem os micos-leões-dourados. Ao G1, ele falou sobre a chegada do tão esperado viaduto vegetado.

"As matas da região são muito fragmentadas e a duplicação da rodovia forma uma barreira impedindo a circulação dos animais e isolando populações. Os micos utilizam as árvores para mover, eles precisam se sentir protegidos de predadores. Se tudo der certo no plantio realizado, acreditamos que de dois a três anos já teremos um bosque que possibilite o uso. Mas o projeto é de longo prazo e o importante é que nas próximas décadas essa movimentação dos animais seja feita com mais segurança e permita o equilíbrio ecológico na reserva", explicou Luís Paulo.

A Reserva Biológica de Poço das Antas foi a primeira unidade de conservação da espécie no Brasil, sendo criada em 1974 pelo então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, atualmente Ibama).

Luís Paulo disse ainda que está previsto um segundo viaduto no licenciamento ambiental da duplicação da rodovia.

"Este problema com as infraestruturas que cortam a paisagem de conservação dos micos foi bem encaminhado e esperamos excelentes resultados. Outras passagens mais leves também foram construídas como túneis para a fauna terrestre e passagens copa a copa (como uma passarela de pedestres) que permitem os animais cruzarem a rodovia", afirma.
Dia do mico-leão-dourado é comemorado neste domingo (2) — Foto: Haroldo PaloDia do mico-leão-dourado é comemorado neste domingo (2) — Foto: Haroldo Palo

Febre amarela e a redução da população

Por volta da década de 1970, a população estimada do mico-leão-dourado era de apenas 200 animais. Em 2014, após um intenso trabalho para recuperação da espécie, que envolveu a articulação com zoológicos de várias partes do mundo, vários animais foram reintroduzidos na natureza e a população foi elevada para 3.200, como mostrou o Fantástico numa reportagem exibida em agosto de 2014 (Relembre no vídeo abaixo).

Porém, atualmente, esse número já é bem menor devido ao surto de febre amarela que atinge a espécie.
Mico-leões-dourados começam a superar risco de extinção Mico-leões-dourados começam a superar risco de extinção

"A estimativa atual é de 2.500 micos-leões-dourados. O surto de febre amarela que ocorreu na região a partir de 2017 causou um sério impacto na população. Mesmo assim, a situação é bem melhor de quando o trabalho foi iniciado nos anos 1980, quando a população estimada na natureza era de cerca de 200 animais", disse Luís Paulo.
Área de Proteção Ambiental Rio São Joao é o berço dos micos-leões-dourados no RJ — Foto: Luiz Thiago de JezusÁrea de Proteção Ambiental Rio São Joao é o berço dos micos-leões-dourados no RJ — Foto: Luiz Thiago de Jezus

Mesmo com o aumento da população, o trabalho de preservação da espécie ainda enfrenta muitos obstáculos e está longe de terminar.

"Apesar de estar em situação muito melhor hoje, atualmente corre risco, seja por doenças, como a febre amarela, seja pela redução das florestas na região onde ele [o mico] ocorre. Esta região foi muito desmatada. A fragmentação florestal dificulta a reprodução da espécie. Há outras estruturas como linhas de transmissão, oleodutos e gasodutos que influenciam também [para a redução da espécie]. Ainda temos sérios problemas de queimadas, desmatamentos por diversos motivos e muitas áreas de pastos. 

A restauração das florestas é uma atividade muito importante em nossa região e já temos diversas áreas plantadas conectando fragmentos isolados de florestas. Hoje a maior preocupação é com o impacto da febre amarela na população que pode ainda demorar para ser recuperada", alerta Luís.

A AMLD

Foi no início dos anos 1960 que o primatologista Adelmar F. Coimbra Filho estabeleceu as bases para um programa de salvamento do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), espécie endêmica do estado do Rio de Janeiro que contava com população de apenas 200 micos. E foi na década de 1970 que o Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado teve início, por meio da cooperação entre o Instituto Smithsonian /Zoológico Nacional de Washington, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF, atual Ibama) e a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (atualmente INEA), através do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ).

De acordo com o Luís Paulo, a AMLD se mantém por meio de diversas estratégias de captação de recursos.

"Através da execução de projetos em parcerias, patrocínio, prestação de serviços, doações, ecoturismo e venda de produtos. Atualmente, temos parcerias com diversas organizações, do Brasil e do exterior, tais como Fundo Disney para a Conservação, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade-Funbio, ExxonMobile, EDF Norte Fluminense, DOB Ecology, Zoológicos de Copenhague, Atlanta e Filadélfia entre outros".

Veja outras notícias da região no G1 Região dos Lagos.
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Nasa monitora cápsula da SpaceX com astronautas em retorno à Terra; acompanhe Doug Hurley e Bob Behnken passaram dois meses em órbita.

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Pela 1ª vez, o voo tripulado foi realizado por uma empresa privada, a SpaceX, do empresário Elon Musk.  
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Por G1  
02/08/2020 13h13 Atualizado há 2 minutos
Postado em 02 de agosto de 2020 às 13h20m

            .      Post.N.\9.432     .        
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Transmissão ao vivo: Cápsula da SpaceX com astronautas da Nasa retorna à Terra
Transmissão ao vivo: Cápsula da SpaceX com astronautas da Nasa retorna à Terra

Os astronautas americanos que passaram dois meses na Estação Espacial Internacional (ISS), transportados pela cápsula Crew Dragon, da Space X, estão retornando para Terra neste domingo (2). Este é o primeiro voo tripulado feito por uma empresa privada, a SpaceX, de Elon Musk.

Acompanhe no vídeo acima.
A nave trazendo Doug Hurley e Bob Behnken têm pouso no mar previsto para às 15h41 (de Brasília), no Golfo do México. Esta é a primeira missão tripulada da Nasa em solo norte-americano em quase uma década.

Veja no VÍDEO abaixo o lançamento do foguete da SpaceX
Pela 1ª vez, foguete tripulado de empresa privada entra em órbita
Pela 1ª vez, foguete tripulado de empresa privada entra em órbita

Quem são os astronautas?

Os astronautas Douglas Hurley e Robert Behnken foram os escolhidos para tripular a missão e viajar até a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Os astronautas da NASA Douglas Hurley e Robert Behnken posam para foto durante ensaio para o lançamento no Kennedy Space Center no Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, neste sábado (23) — Foto: Kim Shiflett/NASA/Divulgação via ReutersOs astronautas da NASA Douglas Hurley e Robert Behnken posam para foto durante ensaio para o lançamento no Kennedy Space Center no Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, neste sábado (23) — Foto: Kim Shiflett/NASA/Divulgação via Reuters

Behnken e Hurley são astronautas da Nasa desde 2000 e já foram ao espaço duas vezes em ônibus espaciais. Estão entre os membros mais experientes da equipe da agência, segundo a BBC, e foram treinados como pilotos de testes (o que tem sido crucial para preparar a nova aeronave).

Hurley, de 53 anos, já passou 28 dias e 11 horas no espaço, e Behnken, de 49, acumula 29 dias e 12 horas, incluindo 37 horas de caminhada espacial (fora do veículo ou da estação).

Ambos têm esposas astronautas: Behnken é casado com a oceanógrafa e engenheira aeroespacial Megan McArthur, que tem quase 13 dias de missões no espaço, segundo a Nasa. Já Hurley é casado com a ex-astronauta da agência Karen Nyberg, engenheira com 180 dias de missões espaciais.

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sábado, 1 de agosto de 2020

Espermatozoides nadam com 'giro de pião', e não com movimentos paralelos, aponta cientista brasileiro

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Descoberta foi feita a partir de um microscópio 3D e revela o que estava escondido há mais de 300 anos: espermatozóides 'perfuram' o fluido, como parafusos.  
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Por Fabio Manzano, G1  
01/08/2020 07h36 Atualizado há 4 horas
Postado em 01 de agosto de 2020 às 11h40m

            .      Post.N.\9.431     .        
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Cientistas descobrem que espermatozoides na verdade ‘giram’, não ‘nadam’Cientistas descobrem que espermatozoides na verdade ‘giram’, não ‘nadam’


A forma com que a ciência pensou, por mais de três séculos, o nado dos espermatozoides estava errada. É o que diz um estudo publicado nesta sexta-feira (31) pela revista "Science Advances", a partir de imagens coletadas por um microscópio 3D que revelou um deslocamento em espiral.

O primeiro cientista a descrever o movimento dos espermatozoides foi o holandês Antonie van Leeuwenhoek. Com seu microscópio, ele avistou em 1678 uma "cauda, que, quando nadava, se mexia como uma serpente, como enguias na água".
Cientistas descobrem que espermatozoides na verdade ‘giram’, não ‘nadam’ — Foto: Divulgação/polymaths-lab.com
A constatação de Leeuwenhoek foi pouco questionada, porque justamente era isso que se podia ver com um microscópio comum. Mas em 2020, com a tecnologia de microscopia tridimensional, pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e da Universidade Autônoma do México viram algo mais: um movimento espiralado e giratório em todas as direções.
Estudo revela que espermatozóides nadam em espiral — Foto: Divulgação/polymaths-lab.comEstudo revela que espermatozóides nadam em espiral — Foto: Divulgação/polymaths-lab.com

"O flagelo bate de uma maneira assimétrica somente para um lado, mas ele vai rotacionando gradualmente e faz com que o espermatozoide anule sua assimetria", explicou ao G1 o brasileiro Hermes Gadêlha, professor da Universidade de Bristol e primeiro autor do estudo. "Com isso, se consegue criar uma simetria através da assimetria."

Para explicar, o matemático deu como exemplo o movimento de um pião em que ele gira ao redor de si mesmo e também ao redor de seu eixo. Segundo ele, é como se o gameta estivesse "perfurando o fluido".

"É um movimento de precessão, um termo emprestado da física", comentou o pesquisador. "A terra tem um movimento de precessão, e é isso que dá diferença do equinócio, solstício. Com o espermatozoide é quase como se você tivesse dois movimentos rotatórios perfurando o fluido de uma maneira muito bonita, muito elegante porque é aparentemente simétrico."

55 mil fotos

Para enxergar como o gameta menor que a espessura da metade de um fio de cabelo se move, os pesquisadores usaram uma potente câmera capaz de tirar 55 mil fotos a cada um segundo. Com isso, eles conseguiram escanear os espermatozoides e identificar este movimento giratório.

"Ele é muito pequeno, tem 50 micrômetros", disse Gadêlha. "Além disso, ele é muito rápido, ele nada em uma frequência entre 20 e 30 batimentos por segundo e quando for escanear, tem que ser em uma velocidade tão rápida que parece que o espermatozoide não está se movendo, ou como se estivesse em slow motion."
Estudo revela que espermatozóides nadam em espiral — Foto: Divulgação/polymaths-lab.comEstudo revela que espermatozóides nadam em espiral — Foto: Divulgação/polymaths-lab.com

Pode até parecer simples, mas os pesquisadores ficaram quatro anos calibrando os equipamentos e registrando as imagens coletadas para poder provar que o movimento identificado não era um erro na captação.

"Uma vez que você consegue fazer a observação em três dimensões, a pergunta principal se torna como é que a cauda bate realmente", contou o brasileiro. "Para responder a essa pergunta, tem que ir para o referencial do espermatozoide, é quase como se você pegasse uma 'Go Pro' e colasse na cabeça do gameta."
"Essa pesquisa é um casamento de várias áreas do conhecimento", explicou o matemático. 

"Somos biólogos, engenheiros, matemáticos trabalhando juntos. Só a observação no microscópio não é suficiente, precisamos combinar com a modelagem matemática, mas ela sozinha não vai dar as respostas."

Ciência de base

A descoberta dos pesquisadores abre caminho para entender melhor os mecanismos da origem de todos nós: "Eu não estaria aqui se não tivesse um espermatozoide chegado a um óvulo", reforçou o cientista e professor de matemática aplicada.

A próxima pergunta que eles fazem é justamente qual a relevância deste movimento para a infertilidade. Gadêlha explicou que muitos testes de fertilidade humana levam em conta a forma com que os gametas masculinos conseguem nadar.

"A única coisa que eu posso dizer, é que isso é menos de 10% do que a gente ainda estuda", disse o pesquisador. "Vendo no microscópio, o futuro parece muito mágico."
Estudo revela que espermatozóides nadam em espiral — Foto: Divulgação/polymaths-lab.comEstudo revela que espermatozóides nadam em espiral — Foto: Divulgação/polymaths-lab.com

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sexta-feira, 31 de julho de 2020

Novo coronavírus pode ter ficado por até 70 anos em circulação silenciosa entre os morcegos, aponta estudo

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Pesquisadores analisam a 'árvore genealógica' do vírus e indicam três possíveis datas para o 'nascimento' da linhagem causadora da Covid: 1948, 1969 e 1982.  
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Por G1  
31/07/2020 05h01 Atualizado há 4 horas
Postado em 31 de julho de 2020 às 09h05m

            .      Post.N.\9.430     .        
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Pessoas compram morcegos em um mercado em Tomohon, na Indonésia, em foto de arquivo de 2014 — Foto: Michel Gunther/Biosphoto via AFPPessoas compram morcegos em um mercado em Tomohon, na Indonésia, em foto de arquivo de 2014 — Foto: Michel Gunther/Biosphoto via AFP

Uma parceria internacional entre cientistas tenta determinar a origem do novo coronavírus (Sars CoV-2). Divulgado na última edição da revista "Nature Microbiology", um estudo indica que a linhagem causadora da Covid-19 pode estar em circulação entre os morcegos há décadas.

Participaram da pesquisa especialistas dos Estados Unidos, Bélgica, Reino Unido e China. Para chegar ao resultado, o grupo tentou recriar a "árvore genealógica" do vírus.
Como há uma troca fácil de material genético entre os vírus, os cientistas dizem que não é simples descobrir esse caminho. Além disso, "regiões diferentes do genoma do vírus podem ter ancestrais diferentes", segundo Maciej F. Boni, autor principal do estudo e pesquisador pela Universidade Estadual da Pensilvânia.

Para superar esse obstáculo, Boni e seus colegas usaram três técnicas diferentes para identificar partes do genoma do vírus que permaneceram estáveis, que não passaram por essas trocas genéticas.

Após comparar o Sars-CoV-2 com genomas de vírus do mesmo subgênero (sarcovírus), as três técnicas indicam que ele compartilha uma linhagem ancestral com seu parente mais próximo conhecido, catalogado como RaTG13. Cada técnica fornece uma data provável para a separação: 1948, 1969 e 1982.

Os cientistas também alertam que podem ter existido mais linhagens de coronavírus com características apropriadas para infectar humanos. Além disso, como os vírus têm alta capacidade de trocar material genético, "será difícil identificar um com potencial para causar grandes problemas aos humanos antes que os surtos surjam", afirmam os autores.

Eles ressaltam a necessidade da criação de uma "rede global de sistemas de vigilância de doenças humanas em tempo real", como o que identificou os casos incomuns de pneumonia em Wuhan em dezembro de 2019.

O estudo também sugere que o novo coronavírus pode ter sido transmitido diretamente do morcego para o ser humano, embora não descarte a possibilidade de que os pangolins possam ter agido como um hospedeiro intermediário.
"As evidências atuais são consistentes com o vírus ter evoluído em morcegos, dando origem a variantes capazes de se replicar no trato respiratório superior de humanos e pangolins", cita trecho do artigo.
Seleção natural

Imagem colorida artificialmente mostra célula, em azul, infectada pelo Sars CoV-2, em vermelho — Foto: NIAIDImagem colorida artificialmente mostra célula, em azul, infectada pelo Sars CoV-2, em vermelho — Foto: NIAID

Outra pesquisa, ainda não publicada em nenhuma revista científica, aponta que a seleção natural do Sars-CoV-2 nos morcegos é que fez com que o vírus se tornasse "altamente capaz" de infectar humanos.

Os cientistas, de universidades na Escócia, Estados Unidos e Bélgica, chegaram à conclusão depois de comparar o novo coronavírus com vírus semelhantes que infectavam morcegos – do mesmo subgênero que o Sars-CoV-2, dos sarbecovírus.
"Surpreendentemente, o Sars-CoV-2 não precisou de adaptação significativa para humanos desde o início da pandemia de Covid-19", escreveram os pesquisadores.

Os cientistas lembraram que, desde que o genoma do novo coronavírus começou a ser sequenciado, não foram observadas muitas mutações nele em humanos; apesar disso, o vírus pareceu "surgir" dos morcegos já com uma habilidade adaptada para infectar células humanas.

Comparando as linhagens, eles perceberam que o vírus antecessor mais próximo do Sars-CoV-2, que infectava os morcegos, já tinha mudanças na proteína usada para infectar as células hospedeiras. Essas mudanças, apesar de serem aleatórias, acabaram sendo benéficas para o vírus.

Os vírus de RNA, como o novo coronavírus, são muito competentes em "trocar" de espécie hospedeira, explicam os cientistas, passando por adaptações, por seleção natural, que permite que eles infectem novas células hospedeiras de maneira eficiente.

A pesquisa ainda precisa passar pela revisão de outros cientistas (a chamada "revisão por pares" ou, em inglês, "peer review") para ser validada e publicada em revista científica.
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OMS vai mandar equipe à China para pesquisar origem do novo coronavírus
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CORONAVÍRUS

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